Secrets escrita por Sky


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um prontinho pra vocês. Até as notas finaais :)



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Rose Weasley

Aquela poção, Wiggenweld, era realmente muito fácil. Já tinha reproduzido-a muitas vezes antes. Primeiro era preciso esmagar uma flor, Moly, com o cabo de uma faca (quando terminei com ela, a flor refletia meu estado de espírito); depois cortar Ditamno em pequenas fatias, assim como a casca de Wiggentree (ambos ficaram irregulares e um pouco grosseiras); o próximo passo era adicionar Muco de Verme Gosmento com a Moly amassada e o Ditamno ao caldeirão, mexendo até a fervura do conteúdo. Deveria mexer sempre no sentido horário até que alcançasse a coloração indicada. Verde.

Infelizmente, a minha poção tinha uma tonalidade grotesca de laranja, que lembrava-me a cor de abóboras apodrecidas que eu encontrava ás vezes na horta de Hagrid.

Droga.

Aquela poção com certeza não iria revigorar ninguém como deveria. No máximo serviria como um bom veneno ou daria uma boa indigestão. Simplesmente brilhante.

Recolhi uma amostra de meu mais recente fracasso, colocando num frasco, e depositando-o sobre a mesa do professor. Horácio Slughorn limitou-se apenas a lançar-me um olhar preocupado. Normalmente minhas poções não eram tão desapontadoras. Principalmente as ridiculamente fáceis. Desviei de seu olhar desapontando, só queria sair daquelas masmorras escuras.

Ignorando meus colegas, terminei de recolher meus pertences e comecei a dirigir-me a Biblioteca. Tinha de fazer alguma coisa da maneira certa, já bastava meu fracasso na vida amorosa, não precisava estragar também minha vida acadêmica.

Há exatas duas semanas atrás, cometi um dos maiores erros da minha vida, e talvez um dos mais inebriantes. O que aconteceu entre mim e Scorpius fazia-me sorrir, ao mesmo tempo em que causava-me náuseas e uma insistente dor de cabeça. A mais sutil lembrança já me provocava uma avalanche de arrepios por uma gama de motivos diferentes, alguns bons e outros nem tanto.

Primeiro: Eu tinha beijado meu melhor amigo, e o infeliz correspondeu ao mesmo. No mínimo, significava que ele sentia algo por mim, certo? Eu estava determinada a pensar que sim, alguma parte de Scorpius, por mais insignificante que fosse, sentia algo por mim. Essa era uma das partes positivas.

            Segundo: Eu fiz com que meu amigo traísse a própria namorada, mesmo ela sendo uma garota que ele conhecia a uma mísera semana. Em outras palavras, ele nem a conhecia. Poderia ser uma aproveitadora, promíscua, ladra de melhor amigos, e... ok, já estou exagerando. Eu também não conhecia a sonserina para falar qualquer coisa a seu respeito. Talvez a garota não fosse tudo isso, devia dar a ela o benefício da dúvida. No entanto, o ciúmes deixa as pessoas cegas. Ou seria o amor? Aquela altura aquilo não tinha muita importância.

Essa era uma parte ruim e tremendamente confusa.

Terceiro: Eu beijei meu melhor amigo e ele beijou-me de volta. Sim, eu sei que já disse isso, mesmo assim, acredito que é bom reforçar minha alegria por isso. Mesmo que ela fosse quase nula, por ser eclipsada pela pouca vergonha da minha cara de pau. Eu estava questionando seriamente a índole que eu julgava possuir, ela não parecia merecer muito crédito depois do episódio.

Scorpius tinha tentado falar comigo inúmeras vezes depois daquilo, mas eu não conseguia encará-lo sem que as lágrimas conspiratórias voltassem. Enfim, depois do que pareceram ser centenas de dias, só descobri que meus olhos podem arder muito de tanto expelir uma grande quantidade de fluído lacrimal. Nenhuma outro pensamento útil ou conclusão veio até mim.

Bufei irritada ao passar por um casal qualquer envolvido em um abraço afetuoso no caminho que levava a biblioteca. Aparentemente, a felicidade alheia agora me dava náuseas. Sim, era só isso que me faltava, estar tornando-me outra versão de minha tia Muriel (que descanse em paz), amarga e mau amada.

Com certeza daqui a muitos anos eu passaria a viver numa casa sobre uma colina isolada. Uma casa mal cheirosa e repleta de quinquilharias.

Repreendi a mim mesmo por ser tão pessimista e exagerada. Claro que aquilo não aconteceria. Tinha certeza de que um de meus primos ou mesmo meu irmão estariam mais do que de dispostos a abrigar-me em um de deus sótãos escuros e bolorentos. “Rose Weasley era uma garota centrada e muito focada”, alguns diziam. Não, obviamente ela não é.

Chegando a entrada da biblioteca, procurei uma mesa vaga e distante dos outros alunos, o que não foi uma tarefa tão difícil. Um jogo importante de Quadribol entre a Sonserina e Grifinória aproximava-se, deixando a todos num frenesi e eufóricos por todo o castelo. Deixar os deveres em dia era uma das últimas preocupações da maioria naquela sexta-feira.

Não importava-me particularmente com o desfecho daquele jogo, obviamente gostaria que o time de minha casa vencesse, mesmo assim, minha pilha de “coisas á fazer” era tão longa que não me permiti ficar lamentando nem mesmo minhas péssimas escolhas, muito menos pensando em vários bruxos voando atrás de bolas encantadas. Não tinha tempo para aquilo. Eu poderia ser uma boa aluna, mas esforçava-me para tal. Vinha tenho dificuldade em Transfigurações, em especial. Pensando na missão que teria pela frente, meti a cabeça nos livros para recuperar o tempo perdido.

Passei várias horas lá, sentada e encurvada sobre muitos pergaminhos, e pelo barulho suspeito que meu estômago fazia, provavelmente já passava da hora do almoço. Encarei orgulhosa para os deveres que consegui finalizar. Cinquenta centímetros de pergaminho para um trabalho extra para Transfiguração, um outro de Poções para a outra sexta e outros menores das outras disciplinas. Pelo menos tinha avançado com meus estudos.

Fechei alguns livros e empilhei-os para colocá-los de volta aos seus lugares nas estantes da biblioteca. A pilha era maior do que eu pensava, e com certeza bem mais pesada. Passei a caminhar com muito cuidado, equilibrá-la e ver onde eu pisava ao mesmo tempo não era uma opção. Torci para que as pessoas tivessem o bom senso de desviarem-se da pilha de livros viva.

Aparentemente aquilo era pedir demais. Dei dois passos curtos antes de esbarrar em alguém, derrubando todos os livros. O baque dos mesmos sobre o chão da silenciosa biblioteca fez vários olhares curiosos virarem naquela direção. Senti o rosto esquentar enquanto eu os recolhia o mais rápido que pude.

Quando levantei os olhos, vi que era Bryce quem me ajudava. O garoto sorriu assim que recuperamos os livros. O rapaz ajudou-me a carregá-los enquanto íamos devolvendo-os aos respectivos lugares.

— Oi, Rose. Sabia que ia te encontrar por aqui. – disse ele.

— É, oi Bryce, desculpe pela bagunça. – disse sem graça – Estava terminando alguns trabalhos, sabe como é.

— Sei sim. Confesso que não estou me dando muito bem em Transfiguração...

— Eu também! Tem sido um pesadelo pra mim.

Continuamos conversando até que enfim acabaram-se os livros. Era bom conversar com O’Connor.

— Gostaria de dar uma volta pelo castelo comigo? – ele perguntou.

Pensei por algum tempo em como não queria causar ainda mais danos a ninguém, e aquela poderia não ser uma boa ideia. Não queria ferir seus sentimentos mais ainda, O’Connor era um garoto legal e gentil. Merecia alguém melhor do que uma menina confusa como eu. Bryce deve ter percebido meu conflito interno, porque logo acrescentou:

— Como amigos, não precisa se preocupar. – sorriu – Estou superando o fato de você gostar do Malfoy.

— Shhhhh! – disse colocando minha mão em sua boca, calando-o – Ficou maluco?

Ele apenas riu e começou a caminhar para fora da biblioteca. Passei a segui-lo apressadamente. Pelo menos ele era um amigo, e eu realmente precisava de um naquele momento. Todos enfrentavam seus próprios demônios naquele ano, minhas primas e até mesmo Hugo, meu irmão imune a emoções.

Uma nova companhia poderia vir a calhar.

Scorpius Malfoy

Meu quarto estava uma bagunça infernal. Pergaminhos amassados por todo o lugar e peças de roupas penduradas sobre o dossel de minha cama. Floy, minha coruja, piava descontente com a visão, bicando-me vez ou outra, lançando-me olhares intensos com seus olhos escuros e luzidios. Ótimo, até ela reprovava meus métodos de viver minha própria vida.

 Estava deitado em minha cama há algum tempo, fugindo de minha namorada ciumenta e psicótica. Além disso, sentia-me terrivelmente culpado por ter me envolvido com outra garota. Eu pensava em diversas justificativas para amenizar minha culpa. “Eu não estava apaixonado por Cêce; Rose não era qualquer garota; Foi apenas um beijo...”.

Não adiantava. Só fazia-me sentir pior ainda. Não havia justificativas. Só havia o erro e calor que eu sentia ao lembrar-me do modo como Rose puxava delicadamente meus cabelos, suspirando calidamente entre o beijo.

Não tinha sido um beijo.

No entanto, eu não conhecia as palavras para descrever. Só sabia que tinha sido uma experiência única, e eu gostaria de torná-la freqüente.

Toda minha confusão tinha sumido. Eu realmente amava Rose, depois daquela noite eu não pensava em outra coisa. Entretanto, não podia negar que era um canalha. Feri os sentimentos da garota que amo apenas por ciúmes, e agora teria de machucar o coração de outra garota. Eu começava a questionar a decisão do chapéu Seletor, talvez eu pertencesse a casa das cobras, afinal, não estava medindo minhas ações para conseguir aquilo que eu queria.

Tinha de pensar em algo, resolver aquela situação antes que as coisas se complicassem ainda mais. No entanto, quanto mais em pensava, menos conseguia chegar a qualquer lugar. Por isso eu desenhava freneticamente, tentando expressar no papel aquilo que sentia em vida. Mas tudo que eu produzia parecia sem emoção. Frio e sem qualquer sentimento. Como se algo estivesse faltando.

Fui tirado de meus devaneios por um barulho vindo de minha janela, era Dorothea, a coruja de Cêce, com um pequeno envelope no bico. Cuidadosamente desloquei-me até a janela deixando com que a ave entrasse em meu quarto.

Busquei proteger-me com os braços, já que o animal sempre atacava-me quando tinha a chance. Dorothea me odiava, pode pensar que é coisa da minha cabeça, mas ela sabia que eu não tratava sua dona do jeito que deveria. E todas as vezes que entregava uma carta dela para mim, direcionava-me seu pior olhar reprovador para logo depois me bicar. Empoleirou-se ao lado de Floy, e então eu tinha duas corujas piando zangadas para mim.

Corujas são animais inteligentes. Dorothea não era diferente. Mais de uma vez me perguntei se não era um tipo de animago, fadado a essa forma para sempre.

Ela não demonstrava sinais de que iria partir tão cedo, provavelmente estava esperando uma resposta, então me sentei em minha cama abrindo o envelope.

Scorpius,

Precisamos conversar. Encontre-me em frente a sala de Feitiços.

Com carinho,

Cêce.

Franzi o cenho. Aquela era com certeza a carta mais estranha que a garota tinha me mandado. Era seca e direta, Cêce nem ao menos tinha se dado ao trabalho de colocar corações no lugar dos pingos nos “i”. “Precisamos conversar” nunca é um presságio de uma boa conversa. Tinha alguma coisa errada. Talvez ela quisesse terminar, pensei sonhador. Logo em seguida xingando-me mentalmente por ser tão insensível.

Mesmo que tudo indicasse que aquela não seria uma conversa agradável, eu sentia que não deveria deixá-la esperando, seja para bem ou para mal, eu precisava colocar um ponto final em toda aquela loucura.

Troquei-me rapidamente pensando o que a motivado a escrever-me uma carta como aquela. Será que de alguma forma a menina havia descoberto minha traição? Não podia ser possível. Mas a incerteza preencheu-me, acompanhada da vergonha. Definitivamente eu desejava que nada daquilo estivesse acontecendo. Chegando ao lugar marcado, Cêce possuia alguns pergaminhos nas mãos, os olhos meio vermelhos e o cabelo loiro preso num rabo de cavalo. Ah não. Ela tinha chorado.

— O que houve? – perguntei preocupado.

— Olha, eu vou falar primeiro e peço para que não me interrompa, certo? – disse, eu simplesmente confirmei com um aceno de cabeça.

— Eu estava com um dos seus livros que você me emprestou para que eu visse como eram as matérias do seu ano, e no meio de um deles eu encontrei algumas coisas. – disse devagar. Ela apertou os contra si – Seja sincero comigo, certo?

— Eu prometo.

— Depois do primeiro livro, passei a folhear os outros, e em todos eles eu só encontrava as mesmas coisas, não podia ignorar algo como isso. – ela indicou os pergaminhos sem ainda me mostrar. – Você em algum momento pensou em me namorar? – Cêce perguntou. Apesar dos olhos vermelhos, ela não dava sinal de que iria chorar.

A pergunta pegou-me desprevenido, e eu não sabia o que responder sem deixá-la ainda mais chateada. Acho que ela já sabia a resposta, ela abanou a cabeça e deu um sorriso tímido e contido. Estendeu o que tinha em mãos para que pudesse ver. Eram dezenas desenhos meus. A maioria deles mostrava uma garota de cabelos cacheados e sardas por todo rosto. Rose.

Senti-me péssimo. Ela tinha afinal descoberto meu segredo de uma forma estranha, não podia mentir para ela, merecia a verdade contada por mim, e não por alguns rabiscos dentro dos livros de um idiota.

— Desculpe. – foi tudo o que consegui dizer.

— Você está apaixonado por ela, não é?

— Estou. Me desculpe colocar você nessa posição.

— Está tudo bem. – fungou uma vez pelo nariz – Pelo menos foi honesto comigo.

Conjurei um lenço, entregando-lhe logo em seguida.

 – Você vai encontrar alguém que vai amar você, assim como eu amo a Rose, não fique mal por minha causa. Eu não valho essas lágrimas, Cêce. – Era verdade. Ela era uma boa pessoa por baixo da maquiagem, que pessoa agiria calmamente depois de saber que o namorado nunca tinha se quer gostado dela? Mas não era quem eu amava.

Cêce sorriu secando as últimas lágrimas.

 – Tem razão, minha máscara para os olhos é deveras cara para gastar chorando por cara qualquer. – ela disse rindo secando os olhos no lenço. – Além disso, também nunca fui apaixonada por você.

Ergui uma sobrancelha.

— Oras, e eu aqui me sentindo culpado! – disse brincando e ela logo desatou a rir – Estava tirando proveito de mim não, é?

— Ah, cale a boca, Malfoy! – falou dando-me um soco no ombro.

O momento durou pouco, seu sorriso logo se desfez, Cêce olhava para algo atrás de mim. Quando me virei encontrei Rose e Bryce conversando animados, ambos riam parecendo velhos amigos. Senti meu estômago embrulhar.   

Cêce continuou encarando os dois por alguns minutos e depois virou-se para mim.

— Espero que faça a coisa certa. – A menina caminhou até os dois.

— Seu nome é Bryce, não é? – ela lançou um sorriso encantador para o rapaz.

Mas o que, em nome de Godric Gryffindor, ela pensava que estava fazendo? Rose parecia tão aturdida quanto eu, virava os olhos de um para o outro, seguidas vezes. Ela estava prestes a ter um ataque de raiva, os olhos semicerraram-se e as mãos pequeninas se fecharam em punhos.

— É sim, gostaria de dar uma volta? – perguntou o Sonserino, ruborizado.

— Pensei que não fosse pedir. – enlaçou seu braço ao dele.

Fiquei atônito. O que diabos estava acontecendo? Mas antes que tivesse minhas respostas respondidas, percebi que estávamos sozinhos. Eu e ela. Rose estava corada, olhando para baixo. Encarou Bryce zangada, como se tivesse sido traída pelo garoto.

— Tchau, Rose, a gente se vê depois – foi tudo o que ele disse, empurrando-a de leve na minha direção. Ela gemeu de frustração, cruzando os braços em sinal de desconforto.

— Olá, Malfoy. – ela disse sem olhar-me nos olhos.

— Olá, Weasley.


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Notas finais do capítulo

E então? O que será que vai rolar nessa conversa entre os dois? Façam suas apostas! Vão se reconciliar? Ficar brigados mesmo? Ou acabar matando um ao outro? Todas as alternativas são bem prováveis ahaha Bem, por enquanto é isso, até o próximo.

Beijos da Sky .



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