POV's Eduarda

Escutava vozes. Mas estava tudo preto. Estava eu sonhando? Calma. Onde eu estava? Havia morrido? É acho que foi isso. Devo estar na sala de julgamento após a morte pra receber a devida sentença por ser culpada por não salvar meus pais.

Não conseguia identificar as vozes. Elas ecoavam na minha cabeça, mas não conseguia entender muito menos saber de quem eram. Minha cabeça, ai.

Parecia que alguém havia metido ela contra a parede. Aos poucos fui ficando mais "acordada". Ainda hesitava em abrir os olhos. Então eles permaneceram fechados. Com o passar dos minutos fui sentindo as partes doloridas de meu corpo, que ao meu visto não era só a cabeça. Meu braço estava amortecido e minhas pernas, bem eu não as sentia.

- Ela deve acordar em instantes. Apesar de ter sido um acidente grave, felizmente identificamos apenas duas costelas fraturadas, um braço quebrado e uns ferimentos na cabeça...

- APENAS? Minha amiga esta deitada nessa cama há dois dias, sem sinal de vida, com um braço quebrado, duas costelas fraturadas e uma faixa na cabeça escondendo os ferimentos e o senhor diz APENAS? 

Opa, opa. Era a voz de Amanda, ela gritava e chorava ao mesmo tempo. Perai, eu não morri, não fui pro inferno, ainda. Mas calma estou no hospital! O que aconteceu? Tentava abrir os olhos mas eles estavam muito pesados.

- Senhorita acalme-se. Apesar de tudo, ela sobreviveu ao acidente, o que já é grande coisa porque afinal, foi gravíssimo. Ela poderia ter morrido. Vamos aguardar ela acordar. Vou deixa-los sozinhos. Licença.

Escutei a porta se fechando, e outra voz, que me era familiar mas não conseguia associar a voz com a imagem da pessoa. Só sei que a conhecia, e era masculina.

- Hey calma, ela esta bem, jaja irá acordar. Não quer ir na lanchonete tomar um chá ou uma água com açúcar pra relaxar? Eu fico aqui não se preocupe.

- Relaxar??! Quem disse que eu preciso relaxar?! Não se preocupe? Como não se preocupar?! Minha melhor amiga esta nessa cama inconsciente há dois dias, e não se esqueça que foi por sua causa. Se acha o famisinho andando em alta velocidade na rua. Meu bem, só porque é famoso, não quer dizer que você pode andar com seu brinquedinho em alta velocidade. Afinal, oque você faz aqui ainda? Ninguém precisa de você! Você já estragou nossas vidas demais.

- Não se esqueça que ela que atravessou correndo sem olhar. E eu estou aqui porque estou me sentindo culpado e quero ajudar o maxímo possível.

- Você não entende que já AJUDOU demais??

Escutei novamente a porta batendo só que dessa vez com mais força. Amanda chorava mais do que antes.

Ela sentou ao meu lado, pegou na minha mão e sussurrou "Duda, por favor acorde"

Aos poucos fui abrindo os olhos. A primeira coisa que vi foi um quarto totalmente branco. Amanda debruçada em meu braço e eu ali paralizada. Fiz algum movimento que fez com que ela percebesse. Ela levantou rapidamente. Seus olhos estavam vermelhos, parecia que não dormia a muito tempo. Ao me olhar a expressão de seus olhos mudaram. Ela começou a chorar mais ainda e me abraçou. Foi até a porta e deu um grito "ela acordou".

Aos poucos, o quarto havia lotado.

Amanda, dois médicos, três enfermeiras e um menino. Não conseguia reconhece-lo. Meus olhos estavam "ruins" ainda. Deduzi que era com quem Amanda gritava.