A Stopped Clock escrita por Nekoclair


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá. Olá. Nem lembro quando foi a última vez que postei um capítulo. Só sei que este acabou de sair do forno. ^^'
Não tenho muito tempo para me concentrar na fic, mas vou continuar me esforçando - isso se que o apoio continuar, of course!
Capítulo betando por mim, então já esperem por erros - e me avisem deles!
Boa leitura. ^^



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Estou inconformado.

E foi assim que, no dia seguinte, eu me vi parado diante de uma porta extravagantemente exagerada.

Aperto pela segunda vez a campainha e, mais uma vez, aguardo uma resposta do outro lado da porta. Como se eu já não estivesse ansioso o suficiente, esse maldito francês ainda me faz esperar do lado de fora. Suspiro, cansado, bem em tempo de ver a porta sendo finalmente aberta.

– Bonjour. Roderich Edelstein. Certo? – ele pergunta, em um forte sotaque francês, enquanto me estende a mão.

– Isso mesmo. – respondo, de pronto.

Aperto a mão do loiro, que por algum motivo insiste em segurar a minha incessantemente, sorrindo largo e me olhando de cima a baixo de forma nada discreta. Sinto-me estremecer, perante gestos e feições tão familiares. Com certeza o senhor Bonnefoy e Gilbert se dariam muito bem, e afirmo isso só de ver a incrível semelhança nos gestos dos dois.

– Então, ao que devo a honra da visita de um homem tão charmoso à minha humilde residência? – ele diz, enquanto finalmente me soltava.

– Como eu já havia lhe dito antes ao telefone, gostaria de vender ao senhor o meu piano, por uma quantia mínima de cem mil euros. Ele está em ótimo estado e é um modelo clássico. Garanto que não estará fazendo um mau negócio.

– Bem, eu precisaria dar uma olhada nele antes, se me entende.

– Claro, apenas vim para conhecer pessoalmente o comprador e para ter certeza de que estava interessado.

– Será uma honra fazer negócios com você, monsieur Edelstein. – ele diz, em um tom provocante, enquanto piscava um dos olhos.

Novamente o albino me veio à mente: ele vive me provocando e brincando comigo, muitas vezes até ferindo meus sentimentos, e o loiro, por algum motivo, estava a fazer o mesmo, apesar de não ter o mesmo efeito intenso que acontece no caso do prussiano. Por que todos adoram brincar com os meus sentimentos?

– Então vamos até minha casa para que eu possa lhe mostrar o instrumento? – eu digo, tentando encurtar o máximo o tempo que eu teria de passar com o francês.

– Sim. Sim. Não mais nos demoremos, que a manhã já tarda!

Concordo em um aceno e logo seguimos à minha residência. O francês fala exageradamente alto durante todo o trajeto, e nunca desejei tanto que tudo se inquietasse; se não posso ouvir a voz com que sonho todas as noites, é bem mais preferível ouvir o silêncio.

Caminhamos, a passos razoavelmente rápidos, enquanto que o francês se limita a repetir várias e várias vezes o mesmo pedido para que eu fosse mais devagar. No trajeto, por um momento, pensei ter visto finos fios de cabelo esbranquiçados ao longe, sendo balançados pela fraca brisa. Acho que a ausência do albino já começara a me afetar.

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Enquanto isso, escondido atrás de árvores e prédios, um jovem, de pele e cabelos muito claros, observava o loiro e o moreno na rua, tomado por extrema desconfiança. E talvez até um pouco de raiva e ciúmes - afinal todos conheciam a fama de pervertido do francês.

– O que diabos está acontecendo aqui? Por que o meu Rod está em tão má companhia? – murmurava baixo, mas não o suficiente para que as pessoas que passavam ao seu lado não escutassem, encarando-o com estranheza.

Seguiu os dois, nervoso e irritado. Não deixaria nunca que o barbicha roubasse seu amado aristocrata, mesmo que para isso ele tivesse que cometer as maiores loucuras do mundo!


-|-

Depois de adentrar, seguido por Francis, me pus a trancar a porta, enquanto ele observava minha casa, ainda no átrio - mostrando certa educação ao não invadir a casa alheia, coisa que Gilbert nunca se preocupou em respeitar.

Um pouco depois, direcionei-me à sala, seguido pelo francês que ainda fitava cada mínimo canto. E seus olhos logo penderam sobre o piano, e lá estacionaram por alguns segundos, ao que se manteve calado e sério.

– É um belo piano. – diz ele, simplesmente, voltando finalmente o olhar a mim.

– É...

Ele me encara, confuso. Não digo nada; não havia palavras a serem ditas.

– Você não me parece muito animado. Há algo errado, monsieur Roderich?

– Ah. Nada. – digo, simplesmente – Eu preciso vender este piano e estou muito grato por ter se sujeitado a comprá-lo. – agradeço mais uma vez.

– Você não me parece nada feliz por eu o estar comprando. Na verdade, seus olhos dizem totalmente o contrário. Tem certeza de que quer vendê-lo?

– Não é como se eu tivesse muitas opções, afinal preciso ajudar um amigo a pagar uma dívida.

– Um amigo?... – ele sorri largo – Por acaso alguém está apaixonado?

– O-Obviamente que não! – respondo, de pronto. – E não sei de onde surgiu tal argumento!

Meu rosto se enquenta, e o francês ri baixo.

– Ok. Não precisa dizer mais nada. – ele diz, escondendo um sorriso sarcástico atrás dos dedos. – Bem... – ele volta a olhar o piano – Não vejo problemas em comprar este piano: ele ficará lindo em minha sala de estar. – ele pôs a mão nas calças, pegando a carteira. – Quanto disse que quer?

– Eh? Cem mil... – apresso-me em dizer, nervoso e surpreso. Ele iria comprá-lo agora? E em dinheiro vivo?

– Hum...

– O que foi?

– Seu piano não vale tudo isso. – ele diz, fechando a carteira.

– Pensei que tivéssemos entrado em um acordo...

– Eu apenas disse que queria vê-lo antes da compra. Não me lembro de ter dito que iria comprá-lo, pelo menos não por tudo isso.

Nada respondo. Minha única opção estava indo embora e eu não sabia como impedi-la. E de forma alguma eu poderia aceitar por menos que o estabelecido.

– Mas... – ele começa.

– Eu faço qualquer coisa! Por favor, senhor Bonnefoy, compre o meu piano. Eu realmente preciso do dinheiro.

Primeiro ele se calou e encarou-me, surpreso com meu desespero, depois abriu um sorriso largo, logo diminuindo a nossa distância e levando a mão ao meu rosto de forma delicada.

– Qualquer coisa? – pergunta ele.

– S-Sim...

Ele sorri e afasta a mão de mim. Talvez um pouco decepcionado.

– Você deveria medir melhor suas palavras, meu caro Roderich.

– Eu realmente quero muito ajudá-lo e para isso o dinheiro é necessário. Não me importo com as consequências. – claro que eu, como uma pessoa que não é de sair muito ou de sequer conversar com os vizinhos, não fazia ideia da má fama do francês pela região.

Ele leva a mão à boca, tampando-a e segurando uma gargalhada que insistia em escapar. Eu o observo, confuso e um tanto ofendido.

– Você é tão sincero e puro... – ele dá uma curta pausa, cruzando os braços sobre o peito, ainda sorrindo – Você deve amar muito esse seu amigo. Não dá nem vontade de brincar com você...

– Eu já disse que...

Ele suspira, fazendo-me calar, e me lança um olhar reprovador, que me faz estremecer. Ele caminha e se senta no sofá, ainda em silêncio. Decido por permanecer em pé, e apenas o observo, esperando que continuasse com seu discurso.

– Vamos fazer o seguinte, monsieur Roderich, eu comprarei o seu piano, já que você não podia estar mais desesperado, mas sob uma condição. – ele diz, firme.

O encaro, dando meu consentimento em um singelo gesto, e, tomado por imensurável ansiedade, espero que continue.

– Um beijo.

Meu rosto se tinge de escarlate, acompanhado pelo meu coração que acelera involuntariamente. Eu não poderia beijá-lo! Não assim do nada... Não sem conhecê-lo antes! Ele observa-me, confuso, ao que um “Oh” sai de sua boca e ele novamente sorri, provocantemente.

– Se quiser me beijar, não será problema acredite. – ele gargalha um pouco, aumentando meu constrangimento e confusão – Mas eu estava a falar de seu amigo. Comprarei o piano se concordar em beijá-lo.

Encaro-o, estupefado. E-Eu não devo ter ouvido corretamente.

– Co-Como?

– Quero que beije a pessoa por quem está apaixonado, monsieur Edelstein. – ele diz, abrindo novamente um largo sorriso.

– Na-Não posso simplesmente beijá-lo! – meu rosto esquenta, mas eu estava escandalizado demais com o loiro para virar o rosto, ou sequer perceber a vermelhidão.

– Por que não? – ele pergunta, parecendo realmente confuso. – É tão simples!

– Não é nada simples! – eu digo, cada vez mais escandalizado.

– Ah... Entendo. – ele novamente ri, ao que o encaro, desagradado. Ele só podia estar a brincar comigo. Certo? Por que diabos ele estava agora a rir? – Então você faz o tipo passivo... Você só tem que ter coragem, monsieur! Tudo que falta a um passivo, para que se torne ativo, é coragem. – ele diz, ainda em tom sério.

– Você só pode estar brincando... – eu digo, desacreditado. E que papo é esse de passivo e ativo?!

– Ah? Claro que não!

– Eu não vou beijá-lo. – digo, já irritado, decidido por encerrar de vez aquela discussão nada prazerosa.

Ele franze as sobrancelhas e segura a cabeça com uma das mãos, de forma impaciente.

– Então não comprarei seu piano, e assim seu amigo afundará em dívidas e Deus sabe o que acontecerá em seguida! – ele diz, firme e em um só fôlego.

Encaro-o, minha boca entreaberta, tentando pronunciar algum argumento decente - ato, claro, em vão. Esse francês não é nada estúpido. Ele sabe ser bem manipulador, e eu cai feito um idiota.

– E por que logo isso? – pergunto, a voz baixa e enfraquecida. Eu nem mais tinha vontade de discutir, afinal eu sabia que não chegaria a nada.

– Por que, meu caro Roderich, você é uma daquelas pessoas que morreriam sozinhas sem a ajuda de seres bondosos como eu. Só estou fazendo um favor a você. – ele dá uma curta pausa, ao que o encaro. O que ele pensa que eu sou? Virgem? – E porque parece que vai ser divertido... – ele abre um sorriso, satisfeito.

Ele deveria agradecer por eu não ter nada arremessável por perto, pois senão já teria sentido minha irritação; uma irritação sólida e machucável. Como alguém pode ser tão manipulador e detestável?! E, além disso, um pervertido! Onde já se viu chantagear as pessoas dessa forma?!

Suspiro, levando a mão à têmpora. E, enquanto massageava o local, sendo obviamente encarado pelo loiro que se mantinha finalmente quieto, eu via Gilbert retornando à minha mente, seguido do sorriso - aquele sorriso que eu tanto amava...

Bato a mão de leve em minha própria testa, já prevendo o arrependimento que se seguiria. Mas o que mais eu poderia fazer?

– Certo. Certo. Você venceu.

O loiro sorri, abrindo novamente a carteira e contando o dinheiro cuidadosamente. E, enquanto fazia isso, levantou o rosto para mim, ainda com as feições irritantes.

– Certamente não irá se arrepender. E seu amigo ficará muito agradecido por sua ajuda.

Ele ri, enquanto eu me constrangia com a indireta, não tão indireta assim. Eu certamente não me sentia confortável com o envolvimento desnecessário de Francis Bonnefoy em minha vida amorosa.

Ele logo me entregou o dinheiro - que aprecei em colocar no bolso - e o acompanhei até a porta. As feições vitoriosas permaneceram em sua face até a nossa despedida, quando finalmente pude dar graças por me ver sozinho.

Ou fora isso que eu pensara.

Quando me virei, decidido por ir para cama e dormir um pouco, me vi sendo encarado por uma sombra albina, irritada e desconfiada, que se escondia atrás da parede que separava a sala da cozinha. Sinto-me estremecer com a repentina aparição; tremores estes que aumentaram ainda mais quando as palavras “desde quando” vieram-me à mente.

– Roderich, por que você estava com aquele francês pervertido?... – ele diz, ainda “escondendo-se” atrás da parede. Seus olhos vermelhos queimavam em chamas.

– Isso não é de seu interesse. – digo, tentando mostrar-me firme.

Ele saiu de trás da parede e se aproximou, sendo observado cada instante por mim. Apesar de que, por fora, eu me mostrasse impassível, eu lutava para impedir que os tremores aflorassem e acabassem por me denunciar.

– E por que está em minha casa? – eu digo, tentando impedir que o ambiente se inquietasse por completo.

O albino se sobressalta, um pouco chocado.

– Eu não podia deixar você sozinho com aquele francês pervertido! Rod, ele não te fez nada? – ele pergunta, puxando meu braço, aparentemente procurando por alguma marca na minha pele clara.

O súbito contato me surpreende, fazendo-me puxar rápido o braço para mais perto de mim. Qual o problema dele?

– Obviamente que não! Diferente de você, existem pessoas respeitosas. E não vou nem perguntar como você entrou. – eu digo, levemente irritado.

Minhas palavras pareceram afetar o albino mais do que eu imaginara. Ele me encara, pasmo e quieto, logo fazendo uma careta.

– Só para a sua informação, eu entrei pela janela da cozinha!

Ajeito os óculos, impaciente. Sinto-me um suspiro escapar-me à boca, mas minha cabeça latejava um pouco pelo cansaço - e os berros do albino não estavam a colaborar.

– Você poderia ir embora?

Ele cerra os dentes, irritado. Eu nem mais me dava ao trabalho de encará-lo, eu estava cansado demais para mais discussões. Ele estrala língua, talvez desagradado por estar literalmente sendo expulso.

– Ok. Mas fique sabendo que estou indo embora porque tenho mais o que fazer.

Levanto os olhos, a tempo de vê-lo se encaminhando ao átrio. O sigo, apenas para ter certeza de que a porta seria trancada - e não esquecida aberta. Permanecemos em silêncio, até que o albino deu o primeiro passo para fora, onde o sol poente já se deitava.

– Gilbert... – eu ainda preciso me certificar de algo – Desde quando você estava ali, escondido? – eu digo, sério.

Ele olha-me, confuso, mas responde em óbvia sinceridade.

– Lamentavelmente só cheguei um pouco depois de vocês se despedirem. Por quê?

Perante meu silêncio, que se resultara por pura preguiça minha em respondê-lo - até porque não tinha algo realmente a ser respondido -, o albino arregala os olhos.

– Eu sabia! Ele fez alguma coisa!

– Ele não fez nada...

– Por que fica mentindo? Se ele fez. Admita e eu vou atrás dele! Ai ele nunca mais vai tocar em você e...

– Por que você se importaria? – eu o interrompo, sentindo-me cada vez mais cansado. Meu corpo pesava e eu não esperava por deitar em minha confortável e macia cama. Nos últimos tempos, não tenho tido minhas melhores noites de sono.

O albino nada responde, apenas fecha as mãos com força, ainda tendo os braços pendidos ao lado do corpo.

– Porque... – ele dá uma curta pausa – Por que isso seria da sua conta? Eu só estava de passagem e, como amigos, não queria que ele te estuprasse!

“Quero que beije a pessoa por quem está apaixonado, monsieur Edelstein.”

Estremeço e bato a porta, ouvindo logo as reclamações do albino. Eu havia me esquecido... Como eu iria beijá-lo?

– Boa noite para você também!

Encosto a cabeça na porta, ouvindo assim os passos do albino contra o concreto da calçada. Ele estava indo embora...

Suspiro e puxo o dinheiro do bolso. Eu estava fazendo o que era certo? Será que meus atos seriam vistos com bons olhos pelos irmãos Beilchmidt?

Eu não iria me arrepender depois? Iria?

Caminho até o piano e logo inicio uma melodia. Qual era não sei dizer, eu estava atordoado demais para me concentrar em detalhes tão ínfimos, sei apenas que era uma melodia triste. Triste e confusa, cheia de altos e baixos.

Tudo que sei é que ela era especial, e que era nela que eu me despedia.

No dia seguinte, pela manhã, o piano não mais estaria aqui. Tudo que sobrará será o vão, que nunca será preenchido novamente.




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Notas finais do capítulo

CAHAM. DESCULPA, EU SEI QUE PODIA ESTAR 2099X MELHOR, MAS EU SIMPLESMENTE NÃO PODIA ATRASAR AINDA MAIS. O.O
Acho que a idéia que o capítulo queria passar está... entendível...
Bem, já sabem. Review. Já. Não esqueçam. Senão~ ♥ hehehe
Agora vou fazer propagando da minha outra fic! Que ainda nem postei! Mas devo postar hoje ou amanhã (com sorte)! O nome é Luzes da cidade e é uma one-shot PruAus. Quem tiver um tempinho, sinta-se a vontade. Ela é uma das colaboradoras para o meu atraso neste capítulo - junto da escola, of couse. Ler não mata e juro que seus olhos não vão sangrar. ^^
Vou ficando por aqui.
BJJS e até uma próxima! ♥