A Stopped Clock escrita por Nekoclair


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu sei que estou atrasada, mas por favor não me matem! ^^
Se eu não estivesse com block e em provas a fic teria ficado pronta antes - ou não - por isso peço que me desculpem. Eu juro que estou me esforçando. ^^'
Bem, chega de enrolações. Desculpa pelo capítulo pequeno, mas se não cortasse ai ia ficar grande demais e o atraso ia ser ainda maior. Vou tentar recompensá-los no próximo - apenas de não garantir nada.
Boa leitura!



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Estou perdido.

De repente me vejo sem saber o que fazer. Ainda com a folha presa firmemente nas mãos - já estando agora um tanto amassada pela tensão que me domina -, sinto fortes tremores me percorrerem a pele. Eu não sei ao certo o que fazer e tudo me parece uma grande surpresa.

Não eram números exageradamente enormes, porém eram muito maiores do que eu pudera imaginar. Então era esse o nível de complicação da sua situação? Gilbert, como você pode deixar chegar a um estado tão alarmante como este? E o que fazer com esse prazo de três dias, ao qual vocês foram sujeitados? Por que você nunca me disse nada?

Sinto minha cabeça pesar e latejar. Afundo mais ainda a cabeça no braço do sofá. Eu simplesmente me vejo perdido: o que fazer agora, se me vejo totalmente encurralado?

-|-

Depois de me despedir do suíço, caminhei até em casa - o que demorou no máximo três minutos -, acompanhado de algumas poucas nuvens que flutuavam despreocupadas pelo céu de um tom anil claro. A visita ao meu velho amigo e vizinho não me havia sido de toda ruim ou desagradável, mas também não fora nem um pouco proveitosa: eu continuava estagnado.

Depois de adentrar o átrio e retirar os sapatos, de forma a poder relaxar um pouco, direciono-me até o sofá e me sento, ato logo seguido de um suspiro cansado e perdido, que não demora em me escapar pelos lábios. O que eu faria agora?

Deito as costas no sofá branco da sala, mantendo os pés vestidos de meias pretas para fora, apoiados no braço acolchoado. Qualquer um que entrasse neste momento e me visse em uma cena como esta, pensaria imediatamente que enlouqueci, porém tudo que sinto é cansaço.

“Você faz isso por se importar com o bem dos dois irmãos ou tudo é apenas por interesse próprio?”

As palavras do suíço voltam a ressonar em meus pensamentos. Era assim então que todos me viam? Como alguém aproveitador? Não que eu esteja chateado pelo o que me foi dito, mas, de certa forma, aquilo me abalara no momento. Seria isso que o Gilbert também pensaria se soubesse que estou tentando resolver este problema?

Bem. Certamente ele não sabe, pelo menos não ainda, pois caso isso fosse de seu conhecimento, ele, com certeza, já me teria batido à porta há muito tempo. Afinal ele odeia que os outros se envolvam em seus problemas; e odeia ainda mais quando se preocupam com ele. Mas o que posso fazer?!

Eu quero ajudá-lo, e talvez eu finalmente tenha entendido o motivo – que até então me era desconhecido. Vash tinha razão no final das contas: eu não passo de um egoísta, já que tudo no que penso é em mim mesmo. Afinal, o que mais desejo é ver aquele sorriso, que ainda está fortemente marcado em minha memória e que não quero que se torne apenas mais uma lembrança: quero vê-lo sempre. Aquele sorriso que era tão puro e diferente dos que o albino geralmente mostra - transbordando uma alegria real e sincera.

Bem. Acabou que o meu querer em ajudá-los com a dívida era tudo para ver o Gil sorrir, e se aquela casa é a alegria dele, então farei de tudo para protegê-la, porque a sua alegria agora também é minha. Farei tudo para salvá-la, se isso o fizer sorrir daquela forma novamente.

Aos poucos meus olhos pesaram mais e mais, e não pude impedir de cair no sono, sendo finalmente vencido pelo cansaço. O estreito sofá nunca me parecera tão confortável.

 .

Quando finalmente acordo, a sala, além de silenciosa, também já está mergulhada em penumbras. A luz que antes adentrava pela janela não mais se faz presente. Ajeito um pouco os cabelos com os dedos e olho para o relógio da parede, só então lembrando que isso não levaria a nada: pois estava parado.

Meu estômago se remexe de fome, reclamando e me levando ao desconforto. Depois de umas poucas tentativas de resistência, levanto e caminho até a cozinha. Estou exausto e, além disso, eu não dormia ou comia bem há dias. Eu realmente precisava relaxar um pouco, mas como se o albino não me saia da cabeça?

Caminho até a cozinha e me sirvo de uma caprichada xícara de café. Até cogito a ideia de preparar um bolo, mas meu cansaço não me permite tal feito. Depois disso, sento-me à mesa, acompanhado apenas de um copo. Bebi tudo, até não restar sequer uma gota. Talvez aquilo já aliviasse um pouco de minha fome, ou assim eu esperava.

...

O que o Gilbert estaria a fazer agora? Estaria sozinho? Ou então quem sabe admirando os livros e o piano do avô... Balanço a cabaça, numa tentativa falha de me livrar de tais pensamentos. Eu realmente precisava de algo a mais para pensar. Aquele assunto já me ocupava a mente tempo suficiente...

Levanto da cadeira e volto à sala, decidido a lavar o copo e a chaleira mais tarde. Afinal eu não precisava fazer aquilo agora. Eu voltava à sala, quando uma estranha claridade me despertou de meus pensamentos: eu esquecera a luz do átrio acesa.

Caminho até lá, reprimindo-me pelo descuido. Eu desligava a luz quando um pequeno e discreto envelope me foi percebido, deitado ao pé da porta de entrada. Não tardo em apanhá-lo, apesar de ainda estar um pouco confuso. O que diabos é isto?

Volto até a sala e me sento no sofá, ereto. Eu segurava o envelope com cuidado. Sua origem era desconhecida e sua aparição suspeita. Do que se tratava? Abro o envelope pardo com cuidado, de onde retiro uma pequena e dobrada folha de papel sulfite.

“500.000; prazo de 3 dias.

 Agora você está oficialmente envolvido, meus parabéns. Espero que você saiba o que está fazendo, porque agora não há mais volta. – Ass: Vash Zwingli.”

Li uma, duas, três vezes o pequeno papel, até finalmente compreender aquela sequência de números e palavras aleatórias. Senti-me engasgar com uma tímida e atrapalhada gargalhada e um sorriso alegre teimava em se formar em meus lábios. Eu finalmente tinha o que queria. Eu agora possuía as informações da dívida. E como aquele suíço maldito conseguia ser irônico até por correspondência?

Mas nada mais me importava: eu estava feliz, pois uma oportunidade finalmente se mostrava existente. Eu iria poder ser útil ao albino. Eu poderia ver aquele sorriso mais uma vez. Deito as costas no sofá novamente, ainda tomado por imensurável alegria e euforia.

         Foi quando tudo me atingiu como uma bomba. Automaticamente volto a mirar o conteúdo da folha, ao que meu coração pula-me para a garganta. Exatamente como eu pensara ter visto... Os números não são tão desprezíveis assim... E...

Afundei mais a cabeça no braço acolchoado. Mas é claro... O que eu estava pensando? É agora que as coisas realmente ficam complicadas. Tudo que enfrentei até agora foi a etapa mais tranquila do processo, e era exatamente como o suíço dissera: não havia mais volta.

Quinhentos mil euros... Isso é uma quantia grande demais para ser simplesmente desperdiçada, ainda mais perante uma crise econômica como a que enfrentamos, onde ninguém se interessa por músicos como eu. Todo mês dou meu suor em várias apresentações e entregar tudo ao Gilbert não me parece uma aplicação confiável.

Se pelo menos eu pudesse descontar uma parte dessa quantia... Não vejo problemas em colaborar com, no máximo, quatrocentos mil de minha poupança – eu posso muito bem cobrar do albino mais tarde-, mas e o resto? Preciso da quantia cheia, para acabar logo com esse estorvo. Mas onde eu arrumaria cem mil euros da noite para o dia?

Ainda deitado, rodo os olhos pela sala, até ela cair sobre meu velho amigo, o piano que eu tanto estimava. Levanto do sofá e caminho até lá, sentando-me no banco do instrumento. Toco as teclas com um cuidado e carinho exagerado, mas que não pudera ser evitado. Ele me era tão precioso e estivera comigo em momentos tão decisivos. Fora com ele que aprendi minhas primeiras melodias, isso já em um passado deixado para trás.

Sobre meus dedos, tímidas e poucas lágrimas involuntárias caem e escorrem pelo piano, e ao notar o ocorrido, limpo-as rapidamente, tanto as de meus olhos quanto as do piano. Um aperto em meu peito me mostrava que eu, no fundo, já entendia o que se passava. Eu já entendia minhas intenções e por isso sofria. Afinal, não seria uma despedida fácil, mesmo que eu sempre pudesse tocar o piano enquanto trabalhava.

Levanto do piano e caminho até o telefone e a lista que repousava logo ao lado, onde me pus a procurar por um número específico. Meu peito se apertava, mas eu tinha que ser forte. Pelo Gilbert e por aquele sorriso, eu não podia mais recuar, até porque não havia mais volta.

Eu passava o indicador sobre a folha amarelada, até pousá-lo sobre o nome da pessoa que eu tanto procurava: Francis Bonnefoy. Apresso-me em discar o número do colecionador, e logo me percebo aguardando ansioso por uma resposta do outro lado da linha.

“Bonjour. Francis Bonnefoy falando.”

– Boa tarde, senhor Bonnefoy, meu nome é Roderich Edelstein...  – meus olhos se direcionaram, entristecidos, ao piano – Eu gostaria de falar com o senhor por uns minutos, se não for muito incômodo...

“Hohoho. Não seria problema algum. Como posso ajudá-lo?”

– O senhor estaria interessado na compra de um piano?


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos que leram até o fim!
Mereço reviews? Espero que sim.
Lembrem-se: elogios, críticas e sugestões serão sempre muito bem vindos. Também não me importo com crises de fãs yaoistas gritando no reviews - sintam-se a vontade.
São os leitores que levam os autores ao melhor desempenho nos capítulos, ou seja o futuro desta fic, teoricamente, também é responsabilidade de vocês! E não quero saber de leitores esquecidos! Ou vou ter que ficar stalkiando meus leitores denovo? Ksesesesese~
BJJS e até uma próxima. ♥
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