Hermione De Cabeça Para Baixo escrita por Saggita


Capítulo 9
Capítulo 9 - Paciência




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“E se importa de dizer o que ouviu?” Abraxas perguntou, cauteloso.

Hermione nada respondeu, e só o que podia ser ouvido na sala era a respiração pesada dos três: Hermione, Abraxas e Tom Riddle. Ela finalmente recuperou o fôlego, e os olhos pulando de um para o outro, ela disse: “Dumbledore. Dumbledore quer matar Dippet e tomar Hogwarts.” Uma respiração bem profunda. “Eu o ouvi falando com McGonagall, e Dumbledore mandou o basilisco atrás de mim.”

O silêncio caiu na sala novamente. Abraxas e Tom surpresos, Hermione mais ainda. Sim... Porque não só descobriu ela que Tom Riddle era livre de culpa. Também descobrira que Dumbledore era o herdeiro de Slytherin. Isso corroborava a sua teoria: tinha viajado no tempo. Mas não só no tempo. Era certo que estava em um universo que não o seu. E agora, estava com problemas até o seu pescoço.

“Mas ele não viu que foi você, especificamente, que escutou... Não é?” Tom quebrou o silêncio.

Hermione balançou a cabeça, dizendo que não, chocada demais para falar. Mais uma vez, muita coisa tinha ocorrido em um curto espaço de tempo, e o seu cérebro tentava juntar as pecas. No entanto, o quebra-cabeça formava a figura que Hermione mais temia. Não só estava em outro mundo onde tudo era invertido, como Hogwarts estava para ser tomada e o Diretor Dippet morto.

“Isso é bom.” Abraxas observou. “Pelo menos ele não sabe que você sabe.”

“E se quisermos continuar vivos,” disse Tom, como se proferisse um presságio. “o melhor é que Dumbledore nunca saiba que nós descobrimos essa noite.”

“Mas então...” Hermione murmurou, seu foco retornando ao problema em mãos. “O que vamos fazer?”

Tom respirou bem fundo e disse: “Nada.”

“Nada? Como assim nada?” Hermione exclamou, levantando-se. “Dumbledore vai matar Dippet e tomar Hogwarts, e você não vai fazer coisa alguma sobre isso? Pois eu vou. Eu vou matar o basilisco.”

“E vai morrer.” respondeu Tom calmamente. “Veja, Hermione, o basilisco é a última coisa pelo qual devemos nos preocupar agora.”

“Dumbledore tem toda a legião de seguidores do Grindelwald – e talvez até alguns seguidores próprios.” Abraxas interrompeu a breve discussão. “Nada disso vai mudar se o basilisco estiver morto. Se por algum acaso conseguíssemos matá-lo, isso só iria irritar Dumbledore. E o resultado disso não seria nada bonito, se quer saber a minha opinião.”

“Com basilisco ou não, Dumbledore ainda pode tomar Hogwarts a seu bel-prazer com um piscar de olhos.” Tom adicionou. Hermione sentou-se novamente.

“Então nós vamos fazer nada? De verdade?” disse ela, a voz uma oitava acima do normal.

“Ser paciente e esperar pelo momento certo não é fazer nada, Hermione.” Abraxas replicou sombriamente. “O risco de isso ser fatal não é imaginário, e tampouco absurdo. Pode perder o seu pescoço se sair por aí matando basiliscos. Creio eu que deseja continuar viva por bastante tempo.”

Irada não podia corretamente descrever como Hermione se sentia naquele momento. Hogwarts estava para ser tomada por um bruxo das trevas, um basilisco andava à solta atacando alunos, e só o que Tom e Abraxas tinham em mente era esperar? Esperar pelo quê? Hermione nem mesmo questionou isso em voz alta, pois sabia que não teria resposta.

“Você sabe que o basilisco é o menor dos problemas agora, não sabe?” Tom disse por fim. “Nada mais é que uma ferramenta. A mão que usa essa ferramenta, no entanto, é algo com o que devemos nos preocupar.”

Hermione rolou em sua cama no dormitório vazio a noite inteira, com a conversa anterior passando pela sua cabeça repetidas vezes. Era verdade que provavelmente Tom e Abraxas soubessem muito mais do verdadeiro poderio de Dumbledore do que Hermione – como também eles tinham mais noção dos poderes de Grindelwald. Se eles disseram que Dumbledore poderia tomar Hogwarts em um piscar de olhos, quem seria ela para discordar disso?

Se esse era de fato o caso, e o basilisco era realmente a menor das preocupações, então eles estavam certos, Hermione percebia enquanto sua cabeça resfriava e ela podia pensar mais claramente sobre o que aconteceu mais cedo. Então ela realmente tinha que esperar para ver o que ia acontecer – sem deixar, claro, de manter os olhos bem abertos para adquirir qualquer nova informação que puder.

Era uma sensação diferente essa de esperar. Esperar não era exatamente a regra de ouro de Harry e Ron e paciência com certeza não era o forte de ambos os três. Mas, Hermione lembrou a si mesma, isso foi em outro mundo. Outras circunstâncias completamente diferentes. O que estava por trás do basilisco era só um mero diário, daquela vez, e não o parceiro do mais poderoso bruxo das trevas existente. O mundo trouxa e o mundo bruxo estavam em relativa paz, então, mas não mais. Não onde ela estava.

“Está certo. Esperamos.” Hermione disse com um suspiro, sentando em um sofá na frente da poltrona na qual Tom lia um livro velho e empoeirado.

Ele fechou o livro suavemente e deu um meio sorriso. “Eu sei que estou. Esperamos, de fato.”

Ficaram em silêncio por alguns momentos, até que ocorreu a Hermione algo a dizer: “E como você sabia do basilisco? Como me achou?”

“Eu descobri sobre o basilisco com o simples uso da lógica, claro. Pense: quais são as únicas criaturas que podem transformar pessoas em estátuas? A Medusa e o basilisco. E qual era a única coisa viável de se manter lacrada em uma câmara no castelo? O basilisco.” Uma breve hesitação. “Como eu descobri...? Essa parte é mais complexa de explicar...”

Hermione permaneceu em silêncio, esperando Tom continuar. Ele limpou a garganta, e de fato continuou.

“Minha mãe era uma bruxa puro-sangue da família Gaunt. Os Gaunt descenderam de Salazar, e dele herdaram o poder de falar com as cobras. Minha mãe era ofidioglota, assim como eu.” Os olhos de Hermione arregalaram-se um pouco. “Mas os Gaunt se separaram da linhagem de Slytherin. Os Gaunt e os Slytherin são duas linhas paralelas, agora, e apesar de eu ser ofidioglota, não sou o herdeiro.”

“Então quer dizer que não pode controlar o basilisco...?”

“Não. Pelo menos eu acho que não, ou então Dumbledore já haveria de ter me matado.” Tom disse, os lábios apertados em uma linha fina.

Hermione pensou em lhe dizer a localização da Câmara Secreta – se ela ainda estivesse no lugar, claro – mas guardou isso para si. Parecia a ela que quanto mais ela soubesse, mais em apuros estaria. No momento, achou melhor manter o que sabia em segredo, caso Tom ficasse em real perigo. Não era como se desconfiasse dele após a noite anterior e a conversa que eles tiveram...

“Café, Srta. Granger?”

A garota ainda conseguiu sorrir um pouco. “Eu adoraria, Sr. Riddle.”

Os dias passaram mais rápidos depois disso, e logo chegou o Natal. Hermione ficou muito feliz de ter recebido vários presentes: um conjunto de loções para a pele e sabonetes aromáticos de Luc, um diário para organizar os seus deveres de Eileen, um livro de Aritmancia Avançada de Abraxas e por fim, uma bela presilha de cabelo dada por Tom. Desceu para o Salão Principal com Tom naquele dia, de muito bom humor apesar de tudo.

Encontraram Abraxas com as feições de quem acabara de acordar: olhos vermelhos e levemente inchados, cabelos emaranhados e aparentemente, ele não havia feito a barba.

“Feliz Natal para mim.” Ele murmurou quando Hermione e Tom sentaram ao seu lado. “Eu dormi em cima do meu dever de Transfiguração e agora está tudo... Bem, úmido.”

“Ainda é legível?” Tom questionou.

“É.”

“Então eu diria que a McGonagall não vai se importar.” Tom deu de ombros, e Hermione sorriu, tentando segurar uma risada. Porém o bom humor morrera quando Dumbledore passou pela mesa, os olhos frios e penetrantes estudando-os.

Hermione lembrou-se de que eles ainda esperavam. Por algo que ninguém sabia dizer o que era.


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Notas finais do capítulo

Ainda tem uns quarenta e dois capítulos pela frente. Não esperem que a resolucão desse problema venha logo, e nem esperem que seja simples. Pois é.