The Unforgiven escrita por Ike Hojo


Capítulo 2
II - Inside the Fire


Notas iniciais do capítulo

Retomando a Fic, e a escrever, sem demorar pra postar dessa vez. u-ú



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II - Inside the Fire

O despertador fazia um barulho irritante, indicando que era hora de acordar, apesar te já ter certa idade, aquela mulher não conseguia se sentir feliz nem por ao menos um dia por acordar aquela hora, não podia ficar parada por muito tempo, e teria que parecer disposta para seus filhos, seu marido continuaria dormindo, já que este possuía um trabalho noturno, e voltava uma hora antes desta ter que se levantar e ir para mais um dia rotineiro. Porém, a Senhorita Madison não tinha do que reclamar, tinha uma típica vida de madame da alta sociedade, sempre tendo do bom e do melhor, a única coisa que tinha que fazer era se levantar, fazer o café da manhã e levar seus filhos para escola, sua empregada chegaria logo mais para fazer o resto dos trabalhos domésticos.

Marina Madison tinha 36 anos, estava bem conservada para sua idade, era esbelta e vivia bem vestida, não era alguém que se imagina fazendo esportes, mas, a madame é uma tenista profissional, que, apesar de todo o luxo tem uma vida atlética bem ativa. Marina tinha seus cabelos negros até o meio de suas costas, sua pele era bem branca e seus olhos negros, tal como seu cabelo, era uma mulher muito bonita, que arrancava suspiro de vários homens.

Ela suspirava e enfim se levantava de sua cama, indo direto para a cozinha, ela, então começava a preparar o café e o leite para seus filhos, esta fazia torradas e esperava que estas tostassem, enquanto esperava ela olhava pela janela, era mais um dia nublado, seu apartamento era no décimo terceiro andar, tendo uma visão bem bonita da cidade daquele local. Mais uma vez ela suspirava e se virava para retirar as torradas, e então chamar seus filhos.

– Charlotte, vamos, levante. – Dizia ela indo ao quarto da filha que resmungava algum xingamento.

Ela então andava até o quarto do filho, ela sabia que somente chamá-lo não o acordaria e este não iria para escola, a mulher acendeu as luzes e puxou a coberta que cobria o corpo do garoto, este lutando desesperadamente contra o tempo, cobria sua cabeça com o travesseiro e se encolhia em posição fetal, Marina tinha conhecimento de que seu filho era preguiçoso, e mesmo estando no verão, no período da manhã um vento gelado soprava, se combinasse com o fato de Gary dormir apenas de cueca podia-se concluir que abrir a janela o faria levantar com a rapidez que Marina precisava, e ela o fez, sempre fazia.

Gary se levantou em um pulo, ainda mais bravo que sua irmã, xingando muito mais e andando até o banheiro, a madame apenas ignorou e foi se arrumar para levá-los a escola.

Estava pronta, trajava um vestido vermelho com saltos da mesma cor, não era o ideal para se andar na rua àquelas horas, mas, sendo uma celebridade não podia perder a vaidade, afinal, qualquer rumor poderia acabar com sua carreira, e para isto, era necessário discrição. Seus filhos também estavam prontos, trajavam os uniformes de St. Hills; estavam os três no carro, Charlotte no banco de trás mexendo em seu celular, possivelmente mandando mensagens para sua infinidade de amigas, e Gary no banco da frente, ao lado de sua mãe, este estava com fones, ouvindo possivelmente algum rock melódico, este fitava o céu, como se esperasse que pudesse ver o Sol por detrás das nuvens.

Após quinze minutos dirigindo, Marina os deixou na porta da escola, se despedindo dos dois com um beijo na bochecha.

– Boa aula. – Ela dizia simpaticamente.

Ela então seguia para seu próximo destino, uma lanchonete a cinco minutos do local, ela se sentava em uma das cadeiras e se colocava a observar o movimento e as pessoas, ouvia algumas comentando, “Aquela não é Marina Madison?”, ou “Olha, é aquela tenista famosa”, estava acostumada, e achava divertido de certa forma.

– Marina! – Dizia uma voz feminina detrás da madame.

– Serina! – A mulher se levantava para abraçar sua melhor amiga, logo, ambas se sentavam.

– E aí, como anda a vida? – Serina dizia se sentando despojadamente.

– A mesma rotina de sempre, e sempre tendo que parecer boa para publicidade, não agüento mais essas festas beneficentes que tenho que sorrir o tempo todo, se não fosse para ter uma boa imagem... – Dizia parecendo cansada. – Sabe o que é o pior? Gary chega todo dia da escola chegando cigarro e com pelo menos um hematoma, por Deus, Serina, ele tem 17 anos. Se ele fosse responsável como a Charlotte... E ela só tem 15 anos, criar uma garota é tão mais fácil. E além de tudo, eu não tenho ajuda, George passa só duas horas com as crianças antes de ir trabalhar... E as malditas dores de cabeça voltaram. – A mulher encerrava sua fala parecendo abatida.

– Calma amiga, amanhã vocês irão no meu show, aí você pode tentar esquecer um pouco das coisas, e outra, George também disse que vai, ou seja, vai passar mais tempo com as crianças, o que vai fazer bem pra elas.

– Você sabe que não suporto Rock... – Dizia Marina se negando com a cabeça. – Mas, como você é minha amiga há tanto tempo, não vejo porque não.

– Ótimo. – Serina sorria simpaticamente enquanto fazia um sinal para a garçonete.

– O que desejam? – Perguntava a mulher simpaticamente.

– O de sempre. – Respondia Serina. – E você?

▬▬▬▬▬▬▬

Seu pai havia acabado de deixar Lars e sua irmã, Juliet na escola. Os dois encaravam aquela construção relativamente velha, e grotescamente gigante, os adolescentes estavam apavorados, não pelo seu tamanho, nem pela sua idade, mas por tudo aquilo ser novo para eles, muito novo, pessoas estranhas entravam em grupos, muitas vezes rindo e apontando para algo, preocupados com provas, ou algo assim. Os irmãos respiravam fundo e se entreolhavam, o prédio de Juliet era para um lado, e o de Lars era do outro, sabiam que seguiriam sozinhos a partir dali; eles se abraçaram e desejaram sorte um para o outro, Juliet seguiu para o prédio à direita, e Lars seguiu reto.

O garoto colocou os fones de ouvido, pegou seu celular e começou a escolher alguma música, logo parou em uma que era ao seu gosto, Inside the Fire da banda Disturbed, o garoto colocava seu celular no bolso e andava até sua nova escola, ele não tinha medo de cantar, afinal, ele e sua irmã cantavam bem, então seguia cantando perdido em seus pensamentos, até algo se chocar contra ele, ou melhor, ele bater em alguém. Um garoto, este estava de braços cruzados na frente de Lars com cara de poucos amigos, o menor retirou seus fones.

– Oi? – Disse confuso pela cara que o menino o olhava.

– Oi. Sou o irmão da Charlotte, ela mandou mostrar a escola pra você, ela teve uns problemas pra resolver. – Dizia Gary, logo se virando e fazendo sinal para que Lars o seguisse.

Os dois seguiam em silêncio pela escola, Gary havia repetido o último ano, portanto estaria na sala de Lars, deixando mais fácil para que este o mostrasse o local. O mais velho não parecia animado, realmente, não parecia querer mostrar a escola para um pirralho amigo de sua irmã, mas esta o havia prometido algo, e ele não podia recusar a uma oferta daquelas. O tour já estava terminando e Lars estava cansado de ouvir a voz de Gary falando somente: “Aqui é o banheiro”, “lá é o ginásio”, e o silêncio o matava, então, voltou a cantar baixinho, porém, o mais velho o ouviu.

– Devon lies beyond this portal
take the word of one immortal
Give your soul to me
For eternity
release your life
to begin another time with her…

Os dois cantavam juntos, Gary definitivamente não era um bom cantor mas era divertido conhecer alguém com o mesmo gosto musical, os dois logo paravam de cantar, havia chegado na sala. Gary foi direto para seu lugar, Lars ficou a observá-lo, ele brigava com um garoto, que, contrariado saía de seu lugar, o repetente apontava para o mais novo para sentar em sua frente, ele não recusou, afinal acabaram de fazer um dueto com uma música do Disturbed juntos. O mais velho se aproximava de Lars enquanto o professor adentrava a sala.

– Sinto que seremos ótimos amigos. – Gary sussurrava no ouvido do menor, que por algum motivo, sentiu certa malícia nas palavras do outro.

– Sentem-se todos! – Dizia o professor para os alunos.

Os alunos logo se sentavam, as garotas suspiravam ao ver o novo professor, ele parecia bem novo, e era muito bonito, Lars por sua vez começou a rir sozinho ao ver de quem se tratava; o professor por sua vez ficou envergonhado pela risada do garoto, este tossiu para disfarçar suas bochechas coradas, ele respirou fundo e voltou às apresentações.

– Pois bem... Meu nome é Sam Harrison e serei seu novo professor de história. – Dizia ele recuperando a postura e iniciando a aula. – Podem abrir na página 75 de suas apostilas. E – Dizia fazendo uma pausa, fingia estar procurando o nome do garoto que havia rido enquanto se apresentava como seu professor. – Senho Lars, o senhor poderia fazer as honras de ler?

Após este fato o dia correu normal, Lars passou o intervalo com Charlotte que o apresentou para um monte de pessoas, Gary disse que tinha problemas a resolver e saiu antes de se encontrar com sua irmã. O novato não se sentia bem perto dos amigos de Charlotte, era tudo muito... Colorido por assim dizer, o estilo de música, os pensamentos, tudo era diferente. Ele ficava quieto ouvindo várias garotas e um garoto, que era bem desmunhecado conversarem, ou melhor, fofocarem, Lars estava detestando aquele ambiente, então, com cautela começou a olhar para os lados procurando por Gary, demorou um pouco, mas o avistou, estava longe embaixo de uma árvore junto com um grupo de pessoas, estes pareciam estar fumando, não que fosse do gosto do garoto fumar, mas era preferível a ficar em um lugar colorido e mágico como aquele.

– Er... Charlotte, eu fiquei com um negócio do seu irmão e tenho que devolver.

– Ok, vai lá, Lars, mas volta logo. – Dizia a menina com um sorriso simpático.

O novato se perguntava como uma garota tão doce poderia ser tão... Doce. Ele andava confuso e se aproximava timidamente do grupo de Gary, ele ficava no campo de visão do garoto e fazia um sinal para este se aproximar. O mais velho sorria malicioso e se aproximava do novato, este fingia-se bravo e durão.

– Diga. – Dizia cruzando seus braços oprimindo-o.

– Por favor, me salve daquele...daquele arco-íris, aquilo não é pra mim, eu não suporto Lady Gaga, e não faço idéia de quem é Justin Bieber. E, CARALHO, quem liga pra um vampiro da merda de um livro de ficção?

Gary começava a rir alto, achava que Lars faria a linha de garoto certinho com pouco amigos, e não imaginou que o veria exalado logo no seu primeiro dia, ainda mais por algo um tanto quanto infantil quanto aquilo, mas admirou o garoto.

– Então, gosta da minha companhia? – Perguntou Gary lançando-o um olhar amedrontador.

– Sim. – Respondeu Lars sem hesitar.

Gary deu de ombros, mas também fora surpreendido, de novo, não imaginou que o novo garoto fosse tão perspicaz e corajoso, o mais velho apresentou Lars para o resto de seus amigos, que compartilhavam dos mesmos gostos. Charlotte havia voltado para buscar Lars, porém viu que seu irmão havia roubado ele dela, ela saiu cabisbaixa, segurando seu celular e discando para a primeira pessoa que vinha em sua mente.

▬▬▬▬

– Oi, Charlotte, aconteceu alguma coisa? – Marina atendia seu celular preocupada com sua filha.

– ... – Era ouvido um choro do outro lado da linha.

– Ele fez o que? – Marina parecia completamente descontrolada. – Seu irmão passou do limite agora, estou indo já pra aí. – Dizia a madame desligando o celular. – Me desculpe Serina, ao que parece Gary bateu na Charlotte por ela tentar tirar um cigarro dele... Tenho que ir lá.

– Tudo bem Marina, outra hora a gente conversa.

Elas se despediam e a tenista agora dirigia seu carro em direção à escola, ela estava irada, não imaginava que seu filho chegaria a esse ponto. Não demorou muito e ela logo estacionou seu carro na frente da escola, disparando para dentro do local, ela começava a procurar por seu filho e quando o localizara toda sua postura de boa moça sumia e um tapa era desferido contra a cara do menino, este ficava atônito, não entendia o motivo daquilo.

– Por que? Que que eu fiz?

– Ainda tem a ousadia de perguntar? – A mulher esbravejava descontroladamente. – Dar um tapa na sua irmã agora é normal, você vai de casa para a escola, não vai fazer mais PORRA NEM UMA, ta me ouvindo?

– Mas eu não bat...

– Mamãe... – Charlotte aparecia pulando nos braços da mãe, seu rosto estava vermelho.

Lars por sua vez estava confuso, ele ficou com Gary o tempo todo, não havia como ele ter batido nela, então sabia que era uma mentira, mas, para que? O diretor logo apareceu e acabou com aquela discussão. Marina voltou para a casa, Gary ficou cabisbaixo o resto do dia inteiro, e Charlotte sorria vitoriosa, Lars só conseguia pensar uma coisa, que tipo de família era aquela?

▬▬▬

O dia havia passado, Lars e Juliet já estavam de volta em casa, Dio estava terminando os preparativos para o show, para ter certeza de que não esqueceria nada, precisava retribuir aquilo que aquelas pessoas haviam feito consigo. Logo ouvia alguém batendo na porta, pelo horário achava que fosse Serina com as novidades, mas para sua surpresa era Sam. 
Leon o chamou para entrar, mas não deixou de rir, seu filho o havia contado sobre quem era seu novo professor, não imaginava aquela criança dando aula para seu filho, seria engraçado assistir uma aula dele, ou ir em uma reunião de pais, Sam parecia envergonhado.

– Vejo que Lars te contou...

– Sim, contou. Então, sente-se, vamos ouvir música e conversar, professor. – Dizia em tom de deboxe.

Os dois riam. Leon havia o chamado para conversar, por isto apareceu, eles gostavam da companhia um do outro, e estavam sentindo uma amizade se formar, apesar de gostar da banda o mais novo tinha duras críticas, o que deixava Dio intrigado com aquela opinião. Antes de se sentar para conversar com o mais novo ele olhou em seu celular, uma mensagem de Serina: “ Desculpa não aparecer, sua noite parecia mais interessante. –rsrs”O cantor a xingava baixinho e logo se voltava para Sam e se sentava na poltrona à frente do outro, e ficavam a conversar.

– Vai no show amanhã, garoto? – Perguntava o guitarrista.

– Porque iria? Posso vir aqui e ver a banda tocar pra mim... – Dizia zoando. – Claro que vou, não perderia por nada. – Dizia sorrindo simpaticamente, fazendo com que Dio sorrisse também, e assim passou a noite, os dois conversando e bebendo algo, até que adormeciam no lugar onde estavam, sendo acordados pelo som do despertador. Só uma coisa passava pela cabeça de Leon, era o dia de começar a acertar as contar.


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