Opções Da Vida escrita por Thamires


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui se dá inicio ao romance, mas é só o início do início...então, paciência leitores usahushaush. Espero que gostem.



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02 de outubro

Amanhece. Ela levanta forças para acordar e encarar mais um dia. Arruma-se e vai para a escola.

No caminho já repensa em como foi seu dia anterior e já sabe o que acontecerá novamente. Enfim chega à escola, antes de passar pelo portão dá um suspiro fundo e entra naquele local onde passou dias sofridos. Se não fosse pela prova de História ela teria ficado em casa, teria sido muito melhor pra ela.

Senta-se na sua carteira de sempre e aguenta três aulas entediantes e cheias de piadinhas. Enfim chega o intervalo e ela sai daquela sala. Agora aguenta mais piadas, mais pessoas julgando-a e pensa novamente o porquê de ainda estar ali? Acaba o intervalo. Faz a prova na última aula e vai embora, finalmente.

“SOBREVIVI” ela pensava “mais um dia, eu sobrevivi!”

Ela chega em casa e o poder das piadas dos outros a faz chorar novamente, hora após hora. Até que ela vê um Gilette dentro do armário do banheiro e ela não pensou duas vezes, já havia feito aquilo, somente uma vez, e agora era necessário. Ela precisava.

Se cortar foi um jeito de tirar a dor de dentro. Um simples gesto e o sangue escorria pelo seu pulso. Ardia, mas isso não a incomodava. Apenas demonstrar para si mesma que a dor por fora, a dor de se cortar, poderia ser mais forte do que a de dentro (o que ela sabia realmente que não era) a acalmou um pouco e ela repetiu o ato mais três vezes.

Ela conseguiu dormir naquela noite, só um pouco, pois o restante da noite foi completado com lágrimas, mas conseguiu. E ela sobreviveria mais uma vez, no outro dia.

03 de outubro


Faz a mesma coisa que fez no dia anterior, acorda, se arruma e vai direto para a escola. Esse é o ciclo do seu dia, e quando voltar... o que costumava fazer era chorar, só que ontem foi diferente. Teve que ir de blusa para a escola hoje, a desculpa era o frio lá fora, mas a verdade eram seus pulsos.

Sentiu-se melhor por um tempo, mas até pisar no portão e aguentar 6 horas naquela escola não era nada fácil e ela sabia que era muito forte por tudo aquilo, mas não o suficiente. O sorriso de sempre não havia mais em seu rosto. Agora se tornara uma pessoa séria. Não aguentava mais ficar em casa chorando e quando sair, colocar rapidamente um sorriso. Não. Isso era falsidade demais. Aquilo não era o que ela sentia, então pra que demonstrar o que não é realmente?

Piadas, apelidos, insultos. Só mais três horas e tudo teria acabado.

Enfim hora da saída, agora era só pegar seu ônibus e chegaria em casa. Ficou uns 20 minutos esperando o ônibus, 20 demorados e desconfortáveis minutos. Enfim ele chegou, subiu no ônibus vazio e sentou-se em um dos bancos que havia, do lado da janela. Gostava de observar as ruas enquanto andava de ônibus, era confortante se lembrar de que ela não era a única que estava sofrendo no mundo.

O ônibus parou em um ponto e subiram muitas pessoas, um garoto do lado de fora veio correndo e conseguiu entrar. Laura o viu pela janela. Por não conter bancos sobrando ele teve de sentar ao lado dela. Estava ofegante, com certeza havia perdido a hora e havia corrido uns bons metros.

— Bom dia! – Ele disse depois de uns 10 minutos.

Ela se assustou por ele ter dito aquilo, quase ninguém falava com ela, exceto sua mãe e pai.

— Bom dia – respondeu educadamente.

Ele tinha cara de uns 14 anos.

— Tudo bem? – ele perguntou.

— Tudo. – Ela respondeu, olhando pra janela.

— Não parece.

Ela olhou pra ele como se perguntasse o porquê e ele olhou para os seus pulsos. A manga de sua blusa havia subido um pouco e os cortes estavam a mostra. Ela puxou a manga rapidamente.

— Érhh...é que...- ela estava tentando encontrar alguma resposta.

— Não precisa se explicar – ele disse.

— Você não entenderia – disse ela.

— Talvez.

O que ele queria dizer com aquilo?

O ônibus parou e ela tinha que descer. A conversa, naquele dia, havia acabado ali.

Ela desceu e ele ficou observando-a. A tarde foi diferente: ela não chorou, nem se cortou. Ela deitou, dormiu e quando acordou pensou no seu dia, ou melhor, num certo garoto do ônibus que não sabia nem o nome.


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