Opções Da Vida escrita por Thamires
Mais um dia difícil em que ela não aguenta mais e não sabe o porquê de ainda estar vivendo sendo que todos a odeiam.
Abre a porta da sala, sobe as escadas e se dirige ao seu quarto, joga a mochila na cama, certifica-se de que trancou a porta do quarto e vai até seu banheiro. Rosqueia a torneira e assim como a água escorre na pia, lágrimas infinitas rolam em seu rosto e ela continua se perguntando o que fez para o mundo ser assim, tão injusto com ela.
Lava seu rosto uma, duas, três, quatro vezes e fecha a torneira. Senta-se no chão de seu banheiro e começa a chorar de novo, só que desta vez de raiva. Uma coisa horrível é chorar de raiva, você chora e esse sentimento não sai de jeito algum, ao menos que você faça algo para mudá-lo.
Ela faz isso todo dia, chora e chora repetidas vezes. Todos os dias do ano. Por quê? Porque ela não aguenta, não é forte o suficiente, não entende nada, o mundo, as pessoas... é tudo tão confuso. Cada vez mais. Agora o choro de raiva vem acompanhado do ódio que sente para com as pessoas de seu colégio, meninos e meninas que a maltratam e não entendem seus sentimentos, eles não percebem, e nunca vão perceber, o quão ruim é isso.
Não se sabe o porquê fazem, porque praticam, mas fazem isso por simples maldade. Vários chingamentos saem das bocas daquelas pessoas e isso a afeta cada vez mais. Raiva, angústia, solidão, ódio e tristeza invadem o coração daquela pequena garota sentada no canto de seu banheiro, inconformada com a vida.
Seus pais? Nem ligam, e se ligassem não poderiam fazer nada.
Amigos? Nenhum. Nenhum verdadeiro.
Ela estava sozinha e a palavra solidão a assombrava.
Levantou-se e abriu o chuveiro, a água estava gelada. Mesmo estando no inverno ela entrou de roupa embaixo dele. Mais gelada estava ela por dentro do que o frio que sentia naquele momento. Sentou-se no chão e chorou novamente. A água caia em sua cabeça pesadamente. Ela se fazia várias perguntas a si mesma, as quais não sabia como responder.
Enfim saiu do chuveiro, desligou-o e limpou seu rosto. Foi se olhar no espelho, seus olhos estavam da cor de seus cabelos: vermelhos. Havia muito desespero dentro dela. Ela não sabia mais o que fazer.
Saiu do banheiro, se secou e se trocou. Suas perguntas continuavam, assim como não havia respostas para tais.
*Toctoc
— Laura? Está aí? – Pergunta uma voz feminina que logo a menina reconhece.
— Sim! – Ela diz se arrumando e enxugando as lágrimas. — É que, hãn, acabei de tomar um banho e estou me trocando.
Em parte era verdade, mas ela não queria que sua mãe a visse daquele jeito.
— Ah, tudo bem então, – sua mãe grita da porta – depois eu volto. Hããn, na verdade gostaria de saber se quer almoçar?
— Agora não! Éhh...não estou com fome.
— Ok.
Foi por pouco, pensou.
Aquela tarde foi normal, ela fez a lição, estudou para a prova de história que havia no outro dia e dormiu. Uma coisa que a acalmava era dormir, assim ela perdia horas da vida em que ela estaria sofrendo.
À noite, jantou-se e se trancou no quarto novamente, ligou um pouco a internet, mas estava entediante. Sua gata, amarela e branca, subiu em sua cama e ela tomou isso como um convite para ir dormir novamente. Quando deitou a cabeça em seu travesseiro sabia que o dia de amanhã seria novamente difícil e repetitivo como sempre, então teria que ser forte, mais forte do que imaginava.
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