- Nossa, e olha que você é amigo do Nathan... Imagine se não fosse! No entanto, me desculpe querido, mas eu não sou a pessoa certa para se chantagear... – Sei um sorriso sem mostrar os dentes, exalando falsidade. – Se quiser entregar essa foto, entregue. – Fiz pouco caso. Mas na realidade eu estava morrendo por dentro. Eu podia levar outra detenção, quem sabe uma expulsão. O ódio que eu tinha por aquele menino se tornava cada dia maior, se aquilo era possível.

- Ah, então se eu mandar essa foto para a minha lista de contatos inteira você não vai ligar? – Ele deu uma risada incrivelmente irritante. Então eu me aproximei dele, e o fuzilei com o meu olhar.

- Não querido, mande essa foto pra puta que pariu você, que eu não vou ligar...

- Você chamou a minha mãe de...

- Puta? Ah, quer dizer que você não sabia... – Fingi ficar surpresa – Oh me desculpe, não era a minha intenção -   Então vi a raiva em seu olhar, igualzinho no dia da biblioteca.

- Você vai se arrepender...

- Se você não tivesse o seu tal amigo que namora com a filhazinha do diretor, você não seria nada – Enfatizei a palavra ‘’nada’’ – E querido, eu não me arrependo de nada do que eu faço – Peguei a chave da minha porta – Se vocês me dão licença, eu tenho mais o que fazer do que olhar para essas caras sujas de vocês. – Então enfiei a chave no trinco – Passar bem – Então abri a porta e fechei rapidamente. Me joguei na cama e xinguei Fernando no mínimo de 100 palavrões. Logo em seguida fiquei pensando nas consequências. Fernando provavelmente iria mandar aquela foto para a escola inteira. Já podia ver na segunda feira todos olhando para mim diferente, e comentando coisas nas minhas costas e comentando coisas na minha frente. E para cair nas mãos do diretor aquela foto era mais do que fácil, era facílimo.

Apenas coloquei o meu fone de ouvido e me deitei na cama afim de nunca mais acordar.

Fui acordada com um pequeno chocalho de Melani. Abri os olhos e Melani estava sentada na minha cama.

- Você chegou – Dei um sorriso. Mas Melani não retribuiu o sorriso. Continuou olhando para mim, com uma cara fechada. – O que aconteceu? – Perguntei desconfiada

- Por que você não me contou que estava saindo com o Nathan? – Ela cuspiu as palavras na minha cara. No começo demorei um pouco para entender, mas depois raciocinei que  Fernando tinha mandado a foto e naquele momento todos  os contatos de Fernando já tinham a foto, e os contatos dos contatos de Fernando provavelmente teriam a foto também. Vergonhoso.

- Você tava ocupada com os estudos e com Siva. Não queria atrapalhar.

- Mas eu acho que eu teria um tempo para minha melhor amiga, não? – ela disse levantando. O tom de voz de Melani estava bem alterado. 

- Era para ser segredo, Melani. Ninguém mais sabia a não ser nós.

- Ah, agora to mais sossegada sabendo que ninguém sabia desse seu romance escondido. – Melani foi sarcástica – Sabe o que é pior? É descobrir que a minha melhor amiga esta saindo com um cara através de mensagens.  

- Não tenho culpa que você só sai com Siva! – Não era justo eu levar toda parte da culpa. Melani estava tão ocupada com Siva que mal conversávamos.

- Agora a culpa é do Siva? – Então Melani deu uma risada rápida – Típico!

- Não disse que é culpa do Siva! To falando que você fica mais tempo com um amorzinho de verão que vai durar pouco tempo, por que namoros como esses não duram mais que 6 meses,  do que com a sua melhor e única amiga que vai ser pra vida inteira! – Então Melani paralisou.

- ‘’Namoro como esses’’ O que voce quis dizer com isso Lorena? – Melani olhou meio chateada para mim. Mas eu não estava ligando. Melani nas ultimas semanas estavam se preocupando muito com os estudos e Siva, e me deixava de lado para tudo! Se ao menos prestasse atenção em mim, veria que quando Nathan passava no corredor, eu ajeitava meu cabelo. Eu começara a procurar Nathan em todo lugar que eu ia pela escola. Tudo o que a amiga repara uma na outra.

- É! Ele é muito velho para você, e você sabe! – As palavras sairam de minha boca antes que eu pudesse pensar. Me levantei, elevando o tom de voz. 

- Você esta se ouvindo? Sério, por que o que você disse agora não é a Lorena que eu conheço. Você que me incentivou com Siva

- É, mas acho que errei  – Então Melani, que estava descalça, calçou um chinelo qualquer que estava jogado no quarto e se direcionou para porta, a abriu e a fechou com força. Era a minha primeira briga com a Melani. A primeira briga a gente nunca esquece. Eu tinha dito sim, coisas fortes, mas ela tinha que perceber também que eu não era a única culpada e que ela não tinha facilitado as coisas. Quando menos percebi tinham lagrimas escorrendo pelo meu rosto. O choro era tudo misturado. Era choro de raiva por causa de Fernando, era de tristeza por ter brigado com Melani. Incrível como sou extremamente fraca para choro. Não pode acontecer nada que já caem lagrimas dos meus olhos. Eu queria ir atrás de Melani, mas no momento que eu pisasse em algum lugar do colégio que teria pessoas, ou seja, todos, não aguentaria ser apontada e acompanhada com o olhar. Fui em direção para o banheiro e lavei meu rosto, tirei toda a base e rímel que ainda se fixavam em meu rosto. Quando volto para o quarto, ouço alguem bater na porta. Definitivamente não era Melani. Ando meio desconfiada em direção a porta e abro cuidadosamente.

- Oi linda – Ouço a suave voz de Nathan.

- Mas que porcaria é essa de segurança que fica nos corredores? Não serve pra nada – Reclamei, mas em um sentido brincalhona.

- Me deixe entrar – Nathan pediu cuidadosamente. Então abri mais a porta para que ele pudesse passar, e tranquei rapidamente a porta. – Você já viu a foto? – Então o pequeno sorriso de felicidade por ter visto Nathan ali desapareceu.

- Sim – Então expliquei o que tinha acontecido de manhã e quando Nathan terminou de ouvir ficou extremamente irritado.

- Isso é caso de psiquiatra, mas que idiotal! – Começou a andar de um lado para o outro no quarto.

- Eu sei- fiz uma pausa – Acabei de brigar com Melani por causa disso. – Disse encarando o chão. Então Nathan olhou para mim.

- Não acredito que já fui amigo dele! Ele vai ter o que merece... Só me deixe pensar...

- Nathan, você mesmo me disse que ele tem influencias com o diretor. Não podemos fazer nada. Não há pessoa nesse mundo que queira matar Fernando tanto quanto eu acredite... Mas pelo menos, por enquanto, temos que ficar na nossa.

- Quando você quiser cometer o assassinato, saiba que você tem um cúmplice – Ele disse dando um sorriso para mim. Me sentei na cama, praticamente me joguei.

- E agora Nathan? – Perguntei com esperança.

- Como assim ‘’ e agora Nathan’’ ?

- As pessoas já devem estar falando, e o problema que as pessoas falam demais, sem saber o que realmente aconteceu. Então vão aparecer boatos e apelidos... Aposto que quando te viram, ficaram te acompanhando com o olhar e fazendo comentários enquanto andava.  

- Uau – Ele começou a rir – Foi isso mesmo

- Vamos dizer que eu já sou experiente em ‘’ficar falada’’... – Então suspirei – E se o diretor vir a foto? Fernando disse que ele pode levar a coisa muito mais seria do que parece ser.

- Fernando só fala merda... Não estamos sem roupa ou algo do tipo na foto. – Nathan brincou. Então se sentou do meu lado. - No maximo ganhamos uma detenção.

- Uma detenção! Mais uma... Minha mãe vai me castrar quando eu chegar em Oxford – O meu comentário soltou uma risada de Nathan – Não é engraçado... É bem preocupante para falar a verdade. – Então Nathan segurou meu queixo e virou em sua direção. O seu olhar estava muito diferente do meu, o olhar dele exalava segurança e ele não parecia preocupado como eu estava. A sua face mostrava um sorriso relaxado.

- Relaxa linda, eu vou estar aqui com você para tudo. Se cairmos, vamos cair juntos. – Então ele cuidadosamente se aproximou de minha boca e me beijou. Logo parti meus lábios, dando a permissão. Nathan foi se apoiando cada vez em mim, até que eu desci o meu tronco, e me deitei lentamente na cama e Nathan ficou delicadamente sobre mim. Suas mãos passeavam delicadamente pelas minhas costas e as minhas passeavam pelo seu tórax. Cada vez mais me aprofundava mais no beijo. O beijo foi ficando mais ardente do que o esperado. Meu corpo pedia para o que eu continuasse, mas eu não podia. Tinha que ir com calma.

- Nathan... – Eu disse no meio dos beijos. Então ele começou a depositar beijos em meu pescoço, fingindo que não tinha me ouvido. – A Melani pode chegar – falei no meio de longas pausas.

- Não ligo - Ele se voltou para a minha boca, com o objetivo de me fazer ficar quieta. Mas eu depositei um longo beijo em sua boca e disse:

- Agora não Nathan. – Então ele abriu seus olhos e me fixou demoradamente. E deu um suspiro.

- Ok linda – Ele deu um sorriso encantador, que quase me fez esquecer o motivo de querer que tudo fosse mais devagar e dar a ele o que ele realmente queria.

Após ficar abraçada com Nathan, apenas conversando sobre coisas que eram fora de nossas rotinas, Nathan disse para irmos almoçar, no começo eu rejeitei a ideia, no entanto meu estomago estava implorando por comida, já que eu não comia uma refeição normal, fazia 24 horas.

Nathan  saiu escondido do corredor feminino e logo em seguida eu sai também. Quando me direcionei ao hall principal, avistei algumas pessoas, especificamente meninas, me fuzilando com o olhar, ou comentando com as amigas. Umas chegavam a apontar. Conseguia ouvir alguns comentários. ‘’ Olha a menina que transou com o Nathan’’ ‘’ Aquela é  a Lorena, sabe?’’ Era isso do que eu estava com medo.

- Nathan – Me direcionei a Nathan que estava do meu lado – Acho que não vou comer – Não iria conseguir comer com os olhares curiosos dirigidos a mim. Então me virei para ir em direção do meu quarto, mas Nathan me impediu, me segurando pelo braço.

- Não linda. Você não vai se deixar abater por comentários e olhares. Você vai almoçar comigo. – Então suas mãos deslizaram dos meus punhos para as minhas mãos, entrelaçando-as – Vamos calar a boca desse povo – Então ele sorriu para mim. Incrível que mesmo ele tentando ser forte para mim, ele consegue ser a minha maior fraqueza. Irônico não?

Então devolvi o sorriso, e continuei de mãos dados com Nathan. Juntos, entramos no refeitório e fingimos que não tinha acontecido nada. Quando pegamos nossos pratos, fui automaticamente para a minha mesa de costume. Onde já estava sendo ocupada por outro casal. Melani e Carlos estavam ali, almoçando sem mim. No meio de risadas, o que me fez sentir pior ainda. Ela não estava nem ligando para a nossa briga?Então logo desviei o caminho e me direcionei a uma mesa vaga. Me sentei em uma mesa qualquer com Nathan.

Xxxx

‘’Bosta de despertador’’ Foi o meu primeiro pensamento da quarta feira quando ele me acordou. Melani já estava acordada, a vi se trocando logo em frente de seu armário. Não conversava com ela desde o incidente do fim de semana, não nos falávamos ‘’bom dia’’ ou ‘’boa noite’’ Era como se eu dormisse em um quarto com uma pessoa no estado vegetativo.

Eu tenho um serio problema, sou muito orgulhosa e a ultima coisa que eu faria era dar o braço a torcer. E pelo jeito Melani era igual a mim, o que era um problema. Então, fingindo que Melani não estava no mesmo comodo que eu, me troquei rapidamente, fiz minha higiene, passei um pouco de maquiagem e fui às aulas. 

(http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=56457469)

O dia em si foi um porre. Apenas vários resumos de todas as matérias para as provas do final do semestre que seriam dali a três semanas.

 Nathan estava almoçando comigo desde que eu brigara com Melani, então naquele dia pedi para que ele fora ficar um pouco com seus amigos, já que estava gastando muito tempo dele comigo.

Carlos agora tinha me substituído na vida de Melani, andava com ela para cima e para baixo. Não posso culpá-lo de não ficar comigo, afinal, pelo o que tudo indicava, ele ainda gostava de Melani.

As fofocas tinham se cessado. Quer dizer, uma boa parte. Ainda não tinha passado tempo suficiente para que as pessoas parecem de falar, mas logo logo iria surgir outro assunto para que ficassem comentando. E eu estava lidando com aquilo melhor do que eu pudesse imaginar, no entanto, não posso negar que Nathan era quem me ajudava a lidar e aguentar toda aqueles olhares e comentários. 

Após o término do segundo periodo passei na biblioteca para que desse o tempo necessário da aula de bateria com o Jay, desde que eu me encontrava com Nathan as escondidas, não estava frequentando as aulas. Mas já que eu não precisava mais me encontrar de madrugada com Nathan, voltaria às aulas. Alem do mais, a bateria era algo que eu realmente estava gostando de fazer. Fiquei conversando com Geórgia pelo Skype, que me contava as novidades de Oxford sem demoras.

- Tenho quer ir, aula de bateria. - Informei

- Ok Lo, boa aula gata. Nos falamos depois – Então ela fez um sinal com a boca, simbolizando um beijo. E eu fiz o mesmo. Desliguei o computador e me direcionei a sala de aula de costume. Quer dizer, tentei, pois fui impedida pelo o que parecia uma ser secretaria.

- Senhorita Bailey? – A moça bem vestida disse.

- Sim, sou eu.

- O diretor te espera na sala dele.