Eu simplesmente fui acordado pelo Paul, em pleno final de semana.

- Vamos, garoto!.- Ele gritou enquanto tirava o cobertor de cima de mim.

- Poxa, Paul! Ainda são 6:10 da manhã, num sábado!

- Ah, Percy! Sua mãe que pediu.- Ele falou.- Sabe que se ela não tivesse me obrigado, eu o deixaria dormir, não sabe?

- Sei, eu sei.

- Agora vá se trocar, nós vamos sair.

- Fala sério.- Resmunguei.- Vamos aonde?

- Ao museu de artes.- Ele respondeu sorridente.

- Olha só, cara...- Comecei.- Eu pensei em ddizer um monte de coisas, como: "Eu prefiro ficar em casa, dormindo, do que passear com você e com a minha mãe.". mas a porta abriu e ela enfiou a cabeça ali e disse:

- Venha cá, Percy.

Eu bufei e fui puxado pelo Paul, que me levou até ela.

- Percy, é o desejo de Paul ir ao museu de artes conosco.- Ela saltou aquele olhar implorante e eu não resisti.

- Ah, tá bem, mãe!

- Obrigada, querido.- Ela sorriu e me abraçou.- Ele vai ficar feliz quando souber isso, agora vá se trocar.

Nos soltamos e quando eu fui ao banheiro, ela me chamou:

- Percy!

- Sim, mãe?

- Sua roupa está no banheiro,  não troque peça de roupa alguma, vai ficar linda em você!

Apenas assenti e parti para o banheiro. Cantarolava infeliz quando vi o que iria usar.

- Ah, não!.- Reclamei.

Já estava pronto, mas não queria sair de jeito ou maneira.

- Percy, saia daí!.- Paul batia na porta, lento.

- Tá legal! Só não ria de mim.- Falei.

Abri a porta devagar e saí de cabeça baixa. Nós descemos como um trenzinho, e quando chegamos à porta, eu parei envergonhado.

- Percy, você primeiro.- Minha mãe disse, me empurrando.

- Eu não vou sair assim.- Falei.

- Deixa de bobeira, filho! Você está lindo!

- É, cara!.- Paul me deu um tapa nas costas.- Esse caminhão estiloso ficou irado em você! Sem contar que essa bermuda jeans colorida combinou com seu tênis de luzinha.

Eu sorri agradecido pelo comentário indesejado. Minha mãe, me empurrou e eu senti como se todos olhassem para mim. Eu estava sendo ridicularizado por crianças de oitos anos ou menos, e aquilo me doeu o peito. 

- Percy, tudo bem, querido?- Minha mãe perguntou.

- Ah, claro!.- Respondi irônico.- Estou apenas pensando em estrangular aqueles pirralhos.

Paul riu e me deu um tapa no ombro.

- Ora, menino! Deixa de ser bobo. São só crianças.

- Só crianças... .- Repeti.- Só crianças...

Quando andávamos, eu podia sentir as pessoas olhando para mim e fazendo comentários felizes e também ouvia risadas altas.

- Filho, se demorarmos tanto, o museu irá fechar.-  Ela me empurrou para adiantar.

- É!.- Ele sorriu.- Adiante os passos, eu não quero perder nenhuma sala!

Ele me puxou para trás e nós deixamos minha mãe mais à frente.

- Garoto, seja um pouco mais rápido.

O olhei e revirei os olhos. Fazia algumas semanas que ele e minha mãe estavam planejando à ida até o museu de artes. Aquilo foi chato, escutar o Paul falando antecipadamente sobre as salas. 

- Chegamos!- Ele gritou.- Primeiro, nós vamos a sala das esculturas gregas.

Eu sorri, fingido animação. Tá legal, gosto de coisas gregas, etc, mas com o Paul... difícil de mais.

Paul era desajeitado e sempre que via alguma escultura, ele me chamava para ver. Eu tentava parecer interessado, mais fora meio complicado e quando ele reparou, se afastou de mim e foi para perto da minha mãe. Eu fiquei com ciúmes, é claro, mas precisei ficar na minha. Ele vez ou outro colocava a mão na cintura dela, e então, QUASE se beijaram bem na minha frente, O.k, eles sempre faziam aquilo perto de mim, mas ele encontrou os meus olhos e parou.

Meu olhar vagou para uma certa garota, de cabelos longos, lisos e loiros. Segui até ali e a encarei por algum tempo, quando pude dar conta de que era Annabeth.

- Annabeth?- Perguntei, tentando ter total certeza.

- Sim, e...

- PERCY!.- Ela me abraçou desajeitada.

Fazia um bom tempo que não nos víamos. Ela mudara pouco e eu pude perceber que ela havia crescido e estávamos do mesmo tamanho. Eu não me conti e acabei rindo.

- Do que está rindo, cabeça de alga?

- Você... Você cresceu?.- Perguntei

- Ah, é isso!.- Ela disse.- Claro que cresci, ou você acha que eu não mudaria na altura?

- É que você é uma garota e...

- E você é um idiota, sabia?

Minha mãe me viu. Devia ter pensado que eu estava falando com algum estranho, e então me chamou.

- Annabeth, eu já volto.- Falei.

Ela assentiu e voltou o olhar para a estátua de Atena.

- Percy, com quem está conversando?- Minha mãe perguntou.

- Annabeth.

- Annabeth? Onde?

Eu apenas segui até ela e então, elas trocaram um aceno.  Annabeth olhou para mim, de cima à baixo e riu desenfreadamente.

- Gostei da sua roupa, Percy.

- Foi o Paul, ele acha que eu tenho oito anos.- Eu comentei envergonhado.

- Percebe-se.

Nós ficamos ali, vendo algumas esculturas. Com a Annabeth, as coisas ficaram bem melhores. O tempo passou e quando íamos embora, ela me chamou:

- Percy!

- Sim?

- Posso dormir na sua casa?- Ela perguntou sem jeito.- Meu pai viajou com a minha madrasta e os meninos e eu estou sozinha, sabe?

- Claro!.- Respondi.- Mais nós vamos à pé.

- Adoro caminhar!