Durch Den Monsun - Tudo O Que Restou escrita por seethehalo


Capítulo 8
Renegade


Notas iniciais do capítulo

Eu falei que ainda tinha música do Paramore pra colocar. HAHAHAHAHA
Ouvi essa pérola logo que saiu e eu me alucinei com essa letra.
Todos se mordendo de curiosidade pra saber que história é essa do Bill estar de volta? Bom, mais revelações nesse capítulo!
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Comecei a adorar o termo "onírico" lá pras épocas em que escrevi esse pedaço - é que eu tinha acabado de ler pela segunda vez em quatro dias Sociedade da Caveira de Cristal (Andrea del Fuego, Scipione. LEIAM LEIAM LEIAM É MUITO BOM *----*) e essa palavra é citada por lá. Livro bom, vcs deviam ler :B Enfim, e também porque eu ia ~precisar~ dessa palavra na história, então veio bem a calhar. Antes que perguntem, 'onírico' é algo relativo a sonhos.
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Como sempre, as cuiosidades ficam pras notas finais.
Enjoy! :D



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Oh, quando eu chegar lá
Não será suficiente
Sou uma renegada
Está no meu sangue
Se algum dia eu chegar lá
Não será rápido o suficiente
Sou uma renegada
Eu sempre fui
Renegade - Paramore

*-*-*-*-*


- Sim, é o que você entendeu. O Bill está de volta, Tom.

Após o minuto em que Tom não conseguiu dizer nada, veio uma enfermeira me dar bronca e me levar de volta para o quarto. Ele foi atrás, mas ficou com a mãe na sala de espera; e eu chamei Lucas, que veio comigo.

Não acho muito confortável a ideia de que Bill quer que eu morra.

MARIA OFF


Achei melhor guardar o assunto, pelo menos por agora. A situação não é das melhores e sabe-se lá como minha mãe reagiria se eu lhe contasse sem mais nem menos que o Bill veio nos fazer uma visita onírica.

Claro que eu fiquei enciumado que o Bill tenha aparecido pra Maria e pro filho dela e sequer me mandou um recado.

A noite logo chegou e voltei com minha mãe pra casa. Voltaríamos a ver a Maria no dia seguinte.

- Você ainda não recebeu alta? – perguntei ao entrar no quarto.

- Talvez à tarde. Estou esperando os resultados dos últimos exames.

- Ah, sim. Minha mãe queria conversar com você.

- Chame-a.

Saí e fui chamá-la. Maria mandou o garoto logo atrás de mim.

Sentei numa cadeira, ainda pensando, Lucas ao meu lado.

- Hey, garoto. Lembra que você me disse que sonhos podem significar coisas reais?

- Lembro. Por quê?

- Você tinha razão.


POV MARIA

D. Simone entrou pedindo licença. Eu estava sentada na cama e ela se aproximou.

- Podemos conversar um minuto, querida? – perguntou.

- Claro.

- Não tivemos tempo de levar uma conversa ainda, não é?

- Realmente. Aproveitemos a ocasião.

- Claro, claro. Posso perguntar como vai a sua vida?

- Vai bem... Não sou mais a mesma desde que... a senhora sabe. – breve pausa. – Na verdade, não sou mais a mesma dede que fui embora daqui pela primeira vez.

- Bill nos contou toda a história. Confesso que eu custei a acreditar, mas o jeito que o Tom confirmava tudo... Acabei cedendo.

- É... É uma coisa bem extraordinária.

Breve silêncio.

- Bill te amava fazia um ano e meio.

- Eu o amava fazia três.

- A banda, né? – ela disse hesitantemente.

Acenei com a cabeça.

- Perdoe-me a pergunta... Seu filho tem seis anos e o Bill morreu há três. No Brasil. Tenho conhecimento da parte dessa história que o Tom sabe. Você esteve com o Bill.

- Eu estava lá com ele. Lá. Espero que a senhora não esteja insinuando que eu tenha algo a ver com isso, porque a minha culpa já é bem grande sem precisar de mais.

- Não foi isso o que eu quis dizer... Queria perguntar se ainda amava o Bill na ocasião.

- E qual é a resposta que a senhora espera? É claro que eu amava, e eu ainda o amo!... E mesmo que o amor de homem e mulher já não fosse o mesmo, continuaria o amando porque eu era fã dele. – deixei uma lágrima cair. – O Bill me ensinou o que é amar uma pessoa. Foi a primeira e talvez a última a me amar de verdade. Bill era tudo pra mim, como poderia eu deixar de amá-lo? Eu só também não morri naquela estrada porque eu tenho um filho pra criar. E a minha intenção é fazer com que o meu menino se torne um homem, como Bill foi, como Tom é. A senhora entende a minha ideia.

- Sim, querida. Entendo, sinto-me lisonjeada e... envergonhada por causa dessa pergunta.

- Não há problema. – sequei o rosto. – Isso é uma ferida delicada, que quando eu penso que irá cicatrizar, ela se mostra aberta de novo. Já ando com o antisséptico e o esparadrapo na bolsa. Não é preciso se desculpar. De verdade.

- Tudo bem. E se me perdoa também a audácia, você me disse que não é casada, então Lucas...?

- Acabei sendo vítima de um remake da vida dos meus pais combinado com uma segunda dose da minha própria.

- Como assim?

- Uma criança numa hora inesperada e um sentimento morto, se é que viveu. – pausa. – Minha mãe era, ou ainda deve ser, workaholic. Viciada em trabalho. Meu pai faz o tipo hippie. Eles se conheceram, tiveram um casinho e eu fui o resultado disso. Morei até uns nove anos com a minha mãe, até que eu não aguentei mais. Ela passava os dias xingando o meu pai e praguejando a minha existência... Aí eu fui morar com a minha tia, irmã dela, onde permaneci até ir pra São Paulo fazer faculdade. Não falo com um nem com outro desde então.

- Não sei o que te dizer.

- Bom, o que aconteceu comigo não passou muito longe. Eu estava bem quando conheci o Allan. A gente começou a se envolver, e eu gostava dele, eu gostava muito dele. Achei que fosse recíproco. Depois de um tempo que estávamos namorando, aconteceu que eu engravidei... e quando eu contei pra ele, Allan mudou do vinho para água suja instantaneamente. Quis que eu abortasse. Me chamou de tudo o que a senhora imaginar. Berrou que não queria saber de filho e que eu só poda estar ficando louca se levasse isso pra frente.

- Meu Deus...

- Mas eu tive o meu filho – continuei. – E é a melhor coisa que eu tenho na vida. Eu não o registrei como filho do Allan. Hoje ele me manda um dinheiro mensal pro garoto; talvez por remorso, porque obrigação legal ele não tem nenhuma. Soube que também virou executivo e que se casou com uma mulher que tem uma filha adolescente. Bem irônico, mas... eu não tô nem aí. Não preciso de um centavo do dinheiro dele; o que ele manda eu ponho numa poupança pra financiar os estudos do Lucas. – pausa. – Bom, é passado... Eu dei a volta por cima, mas a cicatriz ficou.

Silêncio. Eu mantinha a expressão séria – aprendi a contar essa história com frieza.

- Não precisa se comover – continuei. – É a vida, tudo isso faz parte. Eu sou uma renegada. Sempre fui.

- Não diga isso. Eu sempre gostei muito de você, desde que Bill a apresentou. Ainda lembro do dia em que fizemos a festa dos dois; e vocês sumiram, e quando voltaram, estavam juntos. Eu me empolguei...

- Sim... – abaixei a cabeça e sorri. – Aquele foi o melhor e ao mesmo tempo o pior dia da minha vida.

- Imagino.

- Uma vez eu disse pro Tom que, se eu pudesse, trocaria de lugar com o Bill. Eu... tenho sonhado com ele.

- É mesmo? Significa que ele está perto de você.

- Sim, eu sei. – soltei um bocejo. Resolvi encerrar o assunto antes que dissesse alguma besteira.

- Está com sono?

- Um pouco. Foi um dia longo.

- Vou deixar você descansar. Até mais.

- Até mais. – sorri.

Ela saiu do quarto e fechou a porta, e eu deitei na cama e tentei dormir de novo.

MARIA OFF


Maria só saiu do hospital na segunda. E bom, como ela já tinha fechado a conta no hotel, minha mãe e eu a levamos para casa. Apesar dos protestos para que fosse comer alguma coisa e descansasse, a primeira coisa que ela foi fazer foi se pendurar no telefone. Deve ter ligado pra alguém no Brasil, porque falava em português. Não consegui segurar a curiosidade e, meia hora depois, quando ela terminou suas ligações, perguntei:

- Pra quem você tanto ligava?

- Pro gerente da minha conta bancária, pro meu chefe, pra uma agência de intercâmbio monetário, pra diarista lá de casa e pra consultora do meu plano de saúde.

- Ah... sim. Desculpe a pergunta.

- Capaz. Bom, assim que o meu dinheiro chegar, te pago pela conta do hotel, ok? Ah, também tenho que ligar na companhia aérea pra transferir a data das passagens e...

- Espera aí – segurei-a pelo braço, interrompendo-a. – Desacelera. Você acabou de sair do hospital.

- Tem razão. Eu deixo isso pra amanhã.

- Boa menina. Agora vai descansar um pouco.

- Descansar? Tom, eu estou há dias confinada numa cama de hospital. Descansar é a última coisa que eu preciso fazer.

- Quer comer alguma coisa, pelo menos?

- Espero que a sua geladeira esteja cheia.

Eu ri e fomos à cozinha.

- O armário de comida é aquele ali e a geladeira está à sua disposição.

- Obrigada. – ela abriu o armário e de lá tirou uma lata de achocolatado. – Você toma achocolatado?

- Às vezes...

- Pensei que no hemisfério norte as pessoas tomassem só chocolate quente. De qualquer forma, eu tive uma ideia.

Ela abriu a geladeira e comemorou a presença de leite, açúcar e leite condensado.

- O que vai fazer com isso? – perguntei.

- Preciso de uma panela.

- Naquele armário – apontei – Mas o que você vai fazer?

- O nome é brigadeiro. É um doce brasileiro. – disse ela dosando os ingredientes e ligando o fogo. – O preferido de dez entre dez crianças.

- Que legal. Quero experimentar.

- Ok. Espere só que fique pronto. Cadê o Lucas?

- Brincando com o filho da minha vizinha. Minha mãe pediu pra ele ficar por lá enquanto te buscávamos no hospital. Quer que eu o traga de volta?

- Sim, por favor. Se o filho da sua vizinha quiser vir pra experimentar o brigadeiro também...

- Não não, uma criança só já é bastante pra minha casa. Vou lá.

Fui até o portão da casa contígua e trouxe o garoto de volta. Quando entramos na cozinha, ele reconheceu o cheiro do doce.

- Tem brigadeiro? Oi, mãe!

- Oi, meu amor. Eu fiz brigadeiro. Pega uma colher. Você também, Tom.

- Come direto na panela? – perguntei franzindo o cenho, olhando o doce marrom.

- Brigadeiro de panela se come na panela. Nunca tive paciência pra enrolar brigadeiro, fora que aqui eu não ia encontrar granulado.

Não entendi nada, e decidi também não falar nada. Peguei uma colher e fui experimentar o tal brigadeiro. Era bom. Bill ia gostar.


Maria e o filho viajaram de volta para o Brasil na sexta, dia 22. Passei a tarde do dia seguinte empurrando o carrinho do supermercado enquanto minha mãe o abastecia de provisões para as festas de fim de ano. Festas entre aspas; já que Gordon está na Suécia, este ano só cearemos mamãe e eu.

Acho que no mundo inteiro, ou pelo menos onde se comemora o Natal, as pessoas comem que nem um porco no Natal. Comigo não é diferente. Sorte minha conseguir ir dormir todo dia 25 de dezembro sem ter tido uma indigestão. Mas neste 25 de dezembro aconteceu outra coisa que viria a me deixar insone literalmente pelo resto do ano.

Foi a minha vez de sonhar com Bill.


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Notas finais do capítulo

E finalmente o Bill resolve dar o ar da graça para o Tom. Alguém a fim de saber como ele morreu, por que "voltou" e etc? Bem, aguardem o próximo! Hehehehehe
Curi #01: Eu tenho obsessão por brigadeiro. Acho que se eu for (QUANDO eu for u-u) morar no exterior, vou apresentar o brigadeiro pros gringos õ/ Não conseguiria viver sem esse doce, no way. Mas eu não sei fazer brigadeiro de panela.
E pra vocês rirem um pouco da minha cara, uma vez uma prima e eu inventamos de fazer um brigadeiro no microondas, bem faceiras. Ficou bom, mas uma hora depois o troço tinha ficado tão duro que se batesse na cabeça de um com aquilo era capaz de matar. HAHAHAHAHA
Curi #02: Sabiam que tem um furo na capa da fic? É. Na capa, a Maria tá com o cabelo comprido, mas na fic eu a mostro com o cabelo curto... Bom, ela vai deixar crescer mais pra frente, mas por enquanto tá curto :B Vocês só me perdoem que eu fiz essa capa na época em que ainda postava GF.
Curi #03: Venho esquecendo desse detalhe desde que comecei a postar a fic. [ignorável] Como eu queria que a desgraçada que plagiou GF aquela vez viesse aqui e visse isso, gente! [/ignorável] Querem saber por que 'Eurídice' no nome da Maria? Sim, sempre teve uma razão específica. Quem curte mitologia grega (ou mesmo não curtindo), vcs conhecem o mito de Orfeu? Leiam leiam leiam http://pt.wikipedia.org/wiki/Orfeu
Bom, é meio invertida a associação que eu fiz; mas lembrem-se do começo e do fim de 1000 Meere, do fim de GF e mantenham isso em mente no final da DDM aqui. Se vocês conseguirem fazer a analogia, várias pecinhas do intrincado da fic toda vão começar a se encaixar.
No primeiro ano, a profe de História mandou fazer uma história em quadrinhos com um mito grego e eu fiz um gibi com Orfeu :3 Ficou lindo, tirei 10, ainda tenho, tá lá em Sampa.
Enfim, até semana que vem. :*
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PS: FELIZ DIA DO ROCK, CAMBADA! \m/