Durch Den Monsun - Tudo O Que Restou escrita por seethehalo


Capítulo 5
Heal


Notas iniciais do capítulo

Mais Kerli. Quero essas músicas dela de volta. Heal, Hold On, All the Way, Mission que está num capítulo mais pra frente... OPS olha o spoiler kekekeke
.
Cenas tensas nesse capítulo.
.
Bom, ainda tô aqui, pena que ninguém mais está.



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Olhe para onde está indo
Pode ser que eu saiba
Mas você não estará aqui
Isso tudo se torna tão claro
E eu vou continuar andando
Eu fico imaginando
Se o que tivemos foi real, se eu irei me curar um dia
Heal - Kerli

*-*-*-*-*

     - Não tem problema nenhum. Eu realmente ia lá essa semana.

     - Obrigada. Deixe que eu lave esses pratos.

     - Não, não; suba e vá se aprontar, Monica lava, ela já está aí.

     - Monica?

     - Meu braço direito dentro de casa. Eu sou canhoto, você sabe. Acho que vocês chamam de empregada, mas aqui tem outro nome: ajudante do lar.

     - Então tá. Er... A Monica também pode ficar com o Lucas enquanto vamos lá?

     - Claro.

     - Ok. Vou me trocar e depois vamos.

     Fui fazer a mesma coisa, colocar uma roupa decente pra aparecer na rua. Em dez minutos já estávamos no carro, saindo da garagem, em direção ao local onde repousava o corpo do meu irmão.

     Maria comprou um ramo de florezinhas pequenininhas e seguimos em silêncio pelos corredores tristes até o túmulo da família Kaulitz. Somos de Berlin, meus avós que se mudaram pra Leipzig quando minha mãe era criança e ela pra Magdeburg quando nós éramos crianças.

     Bill Kaulitz. As letras do nome em bronze com detalhes em platina. Embaixo, dez pequenos retratos de todas as caras diferentes que ele experimentou. Era pra ser um só, mas eu quis que fossem todos – e em todos ele sorria.

     Maria e eu concordamos em silêncio que eu seria o primeiro a ter uma conversa particular com ele – ela se afastou e eu contei que estava prestes a fazer uma coisa que nenhum de nós um dia se imaginou fazendo: me formar. Tive que fazer alguma coisa da vida, não é?

     - Mesmo que sozinho. Se você estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo. Mas eu sei que, onde quer que esteja, você está feliz por mim. Eu te amo muito, meu irmão.

     Observei os pequenos retratos e deixei algumas lágrimas escaparem. Ficar segurando, engolindo a tristeza e pagando o durão, só me faz ficar pior nessas horas.

     POV MARIA

     Tom vinha chegando perto de onde eu estava, indicando que era a minha vez. Hesitei – eu estava mesmo pronta pra isso? – mas continuei, precisava fazê-lo.

     - Oi, Bill. – falei. – Eu sei que você não tá exatamente aqui, mas eu queria que soubesse que eu nunca deixei de te amar. Até hoje não consigo me perdoar pela minha teimosia que resultou na sua passagem... Mas onde quer que você esteja, é melhor do que aqui embaixo, não? Bom... eu vim aqui pra ver o Tom se formar... Acho que nenhum de nós imaginou que isso aconteceria. Mas é... A gente sente a sua falta, viu? Mas fique bem... nós vamos ficar também. Prometo...

     Voltei para perto de Tom.

     - Vamos?

     - Não vai deixar as flores? – ele perguntou.

     - Não, eu não as comprei pra deixar aqui. Vou colocá-las num vaso e deixar no quarto dele. Bill as receberá pessoalmente, de onde ele está. – pausa. – Aah...

     - O que foi? Tudo bem?

     - Sim... Tudo bem, foi só... uma leve tontura. Vamos voltar.

     MARIA OFF

     - Tom – Maria chamou.

     - Diga.

     - Como vão Georg e Gustav?

     - Estão bem. Georg, você sabe, casou; e está pra ter um filho. Joanna está grávida de seis meses. Ele queria colocar o nome de Bill quando descobriu que estavam esperando um menino, mas eu não deixei. Então a Joanna sugeriu que batizassem o filho de Willian e ele concordou. Dois teimosos!

     Ela riu.

     - Eles estarão na festa também. E a minha mãe também. Aliás – chegamos em casa nesse momento – vou ligar pra ela e perguntar quando chega.

     - Tom! – chamou de novo, enquanto eu discava o número no telefone. – Georg, Gustav e a sua mãe... Eles sabem sobre mim?

     - Que você está aqui, ainda não. Da sua história... insólita, digamos assim, eles sabem. – ela ia dizer alguma coisa, mas eu falei antes: - Porque o Bill contou. Eu prometi que nunca contaria pra ninguém e jamais abri a boca. Mesmo que eu tenha ficado pau da vida por você ter ido embora sem se despedir de mim, até a D. Silvíe me entregar a sua carta.

     - Ahn...

     - Acho que você sabe por que o Bill contou, hã? Bom... Naquela noite depois da festa, Gustav e Georg dormiram na nossa casa. O Bill estava arrasado, deve imaginar. Acordou a casa inteira de madrugada gritando que tinha tido um sonho horrível, eu não lembro o que era. Minha mãe o acalmou e o fez dormir, e de manhã quando acordamos ele explicou a razão do pesadelo e contou sobre você. Eu apenas confirmei os fatos, mas sequer abri a boca.

     - Entendi. Tom, você... pode ter sido um mulherengo e o que quiserem te chamar... Mas é a pessoa mais leal e digna de confiança que eu conheço.

     Abracei-a. O mais forte que pude. E encontrei uma palavra, uma só, para dizer:

     - Obrrigado. – assim mesmo, em português. Bill aprendeu a falar direito na primeira vez que fomos ao Brasil. – Agora você espera um minutinho aí enquanto eu ligo pra D. Simone.

     - Ok.

     Voltei a atenção para o telefone. Digitei o número da minha mãe e esperei enquanto chamava. Ela atendeu no segundo toque.

     - Oi, mãe! Tudo bem?

     - Boa tarde, querido. Comigo tudo bem, e com você?

     - Estou bem, fora por uma coisa. Mãe, a senhora não vai vir pra cá?

     - Claro que vou, meu amor.

     - Então quando você chega?

     - Amanhã.

     - Ah, que bom. Tem... uma pessoa que também veio, que você vai adorar ver.

     - Hm, sério? Quem é?

     - Surpresa. Amanhã, quando a senhora chegar, verá.

     - Certo, Tom. Então até amanhã. Um beijo.

     - Outro, mãe. Tchau. – desliguei e pus o telefone no suporte. – Bom, minha mãe chega amanhã.

     - Que bom. Hã, onde está o Lucas?

     - Aqui, mãe – disse o próprio vindo da cozinha. – tia Monica fez um sanduíche pra mim.

     - E não deixou nem um pedacinho pra mim?

     - Ah, você queria?

     - Não, filho, estou só brincando.

     - Então já que você está de barriga cheia, quer dar uma volta? – convidei. – Vieram de muito longe pra ficar só vendo tevê. Vou levar vocês pra conhecer Berlin.

     - Oba! – Lucas euforizou. – Vamos, mãe?

     - Vamos sim, meu amor.

     Então saímos de novo, dessa vez os três. E eu fui o guia turístico que mostrou os cartões postais da capital da Alemanha pra Maria e o filho.

     Já estava escuro quando voltamos.

     - Tom, pode nos dar uma carona até o hotel? – Maria perguntou ainda no carro.

     - Não vai ficar?

     - Já dormi na sua casa uma noite...

     - Não vem com esse papo de incômodo. A gente pode ver mais uns blu-rays...

     - Mais blu-rays da sua banda? – o garoto pôs a cabeça entre os bancos da frente do carro.

     - É essa a ideia. – respondi.

     - Deixa, mãe! Por favor!

     - Ok, vocês venceram. Mas só essa noite, amanhã de manhã a gente volta pro hotel, entendido?

     - Entendido, capitã! – ele fez uma continência e deu um beijo no rosto da mãe.

     Entrei na garagem e estacionei o carro. Já dentro de casa, pedi a Monica que fizesse alguma coisa pra comermos e fui pra sala ligar a tevê. Depois, ficamos mais algumas horas relembrando os dias de glória e fomos todos dormir altas horas da madrugada.

     Acordei cedo no dia seguinte entre aspas e fui ao banheiro. Bom, dez da manhã é cedo pra caramba considerando que eu fui dormir eram mais de três da madrugada.

     Tropecei na porta do armário da bancada quando ia saindo do banheiro, pra variar. A dobradiça quebrou e agora ela fica aberta e pendurada, me fazendo dar uma topada toda vez que passo. Sempre esqueço de chamar alguém pra arrumar isso – ou pelo menos de pôr uma placa de aviso na maçaneta que diga “cuidado com a porta pendurada”. O fato é que eu terminei de arrancar a dita porta fora e fiz um barulhão. Tomara que não tenha acordado a Maria nem o filho.

     Xinguei um pouco, apoiei a porta caída ao lado da bancada e saí no corredor me preparando para consultar uma lista telefônica atrás de um carpinteiro que possa arrumar essa eca – depois de comer alguma coisa, claro. Estava pra descer o primeiro degrau quando notei que Lucas estava parado na outra ponta do corredor.

     - Bom dia, garoto. A barulheira te acordou?

     - Não, eu já estava acordado. Bom dia.

     - Tá com fome?

     Ele balançou a cabeça pra cima e pra baixo.

     - ‘Bora lá embaixo que eu faço uma omelete pra gente.

     Concordou e veio andando na minha direção. Omelete eu sei fazer.

     Coloquei a mistura de ovos, queijo e tomate na frigideira e perguntei:

     - Você sempre dorme empacotado desse jeito?

     Lucas usava um pijama grosso, meias, um gorro e pantufas.

     - Não. É que hoje tá muito frio. E você não sente frio?

     - Frio?! – olhei pra mim mesmo. Camiseta, bermuda e uma Rider no pé. – Deve estar uns doze graus, isso é até quente pra essa época.

     - Pra mim é frio.

     - Bom, você mora na região dos trópicos... Tá acostumado a temperaturas médias de uns vinte e três graus centígrados.

     Ele me olhava com uma cara de WTF.

     - Hã... a América do Sul é mais quente que a Europa porque fica mais perto do sol. Sacas?

     - Ah, tá.

     - Frio aqui é quando neva. Abaixo de zero.

     - Sério que tem neve?

     - Tem. Aliás já era pra estar nevando, começo de dezembro... Quem sabe você não tem a sorte entre aspas de presenciar uma nevasca enquanto estiverem por aqui.

     - Ual! Seria o máximo! Sempre quis construir um iglu com blocos de gelo e fazer uma guerra de bolas de neve!

     - Enquanto isso, aqui está a sua omelete. – coloquei o prato na mesa em frente a ele. Comeu em silêncio até se lambuzar. – Tava tão bom assim? – perguntei ao vê-lo terminar.

     - Tava bem gostoso. Obrigado.

     - Não tem de quê.

     - Ôh Tom... posso te chamar de tio? – perguntou ele de repente.

     - Por quê?

     - É estranho te chamar pelo nome. E você parece irmão da minha mãe. E eu não tenho nenhum tio.

     - Ah... tá bom. – tirei os pratos da mesa. – Aí, se nevar eu faço uma guerra de bolas de neve com você, falou?

     - Massa! Valeu! Tomara que neve!

     Achei que ele fosse sair da mesa correndo e pedir pra ligar a tevê. Em vez disso, continuou à mesa na mesma posição.

     - Tom... eu sonhei com o teu irmão.


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Notas finais do capítulo

Quem é o irmão do Tom mesmo? Quem é quem é quem ééééé? Deixo pra imaginação de vocês adivinhar o que isso significa. lalala-
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Curi #01: Eu ia colocar alguma coisa mais pra frente mas acabei desistindo ou esquecendo, então eu falo. Essa "leve tontura" que a Maria sentiu ao sair do cemitério era o Bill que estava por ali. Sim, eu acredito em vida após a morte e coisarada. Então a Maria também u-u
.
Curi #02: Bill contou a história pra "todo mundo", não quis fazê-lo de bocudo, foi só um momento de fraqueza.
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Curi #03: E atrelado ao mesmo parágrafo, que a Mari começa a "se confessar" pro Tom; é meio difícil escrever no ponto de vista dele. Mais para o fim vocês talvez entenderão por quê. Mas um fato: não gosto de fazer dele um bestão, então prestem mais atenção ao Tom! Haha
.
Curi #04: Fiquei com certa apreensão depois que coloquei o Lucas na cena narrada pelo Tom. Não sei se é coisa da minha cabeça ou se dá pra perceber, mas logo nesse primeiro contato, e a partir daí pelo decorrer da história, o Tom vai pegando afeição com ele. E não sei se os tratamentos por "o filho da Maria" e "o garoto" não deixaram uma ideia de "tô nem aí" da parte dele. HAUAHUAHUAHA
.
Curi #05: Tenho até vergonha de dizer isso, mas antes de digitar esse capítulo eu achava que omelete era masculino e falava a escrevia "um omelete" por aí. Tio Word me disse que é feminino... fail D:
.
Curi #06: Eu também queria construir um iglu e um boneco de neve. Dizem que aqui em Palmas neva, mas até parece que é suficiente pra realizar minhas quimeras infantis. Só pra morrer de frio mesmo! HAUAHUAHUAHU