Durch Den Monsun - Tudo O Que Restou escrita por seethehalo


Capítulo 12
Pretty Red Apple


Notas iniciais do capítulo

Tive que atrasar o capítulo da semana passada e resolvi nem postar só de birra. Só de birra mesmo.
Esse capítulo é meio chato, só "necessário" (sempre tem um assim).
Masss o negócio vai começar a esquentar um pouco.
A partir do próximo, volta a estimular a adrenalina. HOHOHOHOHO~
Enjoy...



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Você não pode ser mesquinho quando se quer coisas boas
Você é o único que não consegue ter o melhor
Você disfarça se fazendo de durão
A perfeição é a única coisa que o dinheiro ama
Pretty Red Apple - Kerli

*-*-*-*-*

     - Como é que é??!

     - Calma, o teu nome sequer foi mencionado. Mas o ilustre personagem incógnito que me hospedou quando eu fui pra Alemanha e que ficou em casa cuidando do guri deu o que falar, inclusive teve culpa no cartório na decisão do júri.

     - Como assim?? – Tom ia ficando mais confuso.

     - Bom, parece que o Allan colocou um investigador atrás de mim, mas quando o abençoado descobriu sobre a nossa “relação”, digamos, ficou tão atônito que não te citou no relatório. E a partir dessa informação, você foi muito citado por lá.

     - Tá, mas o que diabos eu tenho a ver com o veredicto final?

     - Conto-lhe como foi. No intervalo da audiência, Allan veio pra cima de mim pra me intimidar, me ameaçar e exigir que eu dissesse quem está na minha casa. Claro que eu não falei nada. Mas a D. Sílvia, daqui do lado, que tinha ido lá depor a meu favor, viu a cena e relatou tudo lá dentro. Foi a gota d’água pra acabar com a moral dele. E no fim das contas, acho que a sua figura foi interpretada como mera encheção de linguiça da parte dele; porque eu não me alterei e entrei no jogo. Então ninguém viu problema no fato de eu hospedar alguém em casa.

     - Saquei. – ele olhou para o Lucas e disse: - Tio Tomi é demais, né garoto? Pode falar. – e voltando pra mim: - mas será que o cretino não vai continuar querendo saber sobre mim?

     - Pensei nisso também. Eu não ficaria surpresa se olhasse na varanda e o visse lá embaixo guardando caixão. Mas ‘cê acha que eu tenho medo? E daí que você tá aqui em casa?

     - Deve ser porque bom, eu sou uma figura ex-pública... Talvez ele queira fazer um pequeno estardalhaço por causa disso...

     - ... E levar o caso à tevê, falar uma merda atrás da outra, difamar a sua imagem e a minha, se fazer de coitadinho porque ele sabe que a imprensa vai ficar na nossa cola até que ninguém aguente mais ouvir falar no caso. Filho da puta! Já falei que você é um gênio?

     - Er... já.

     - Bom, não faz diferença. Pedi pra advogada entrar com um processo que o obrigue a ficar bem longe da gente.

     - Fez bem.

     - Mas bom, vamos mudar um pouco de assunto; já deu disso por hoje. Mais mate?

     Passamos os dias seguintes monotonamente, em casa. Saí só para ir ao mercado ou à padaria; o que mais fosse preciso dava pra fazer pela internet. Esses três dias contribuíram, de certa forma, para um re-estreitamento dos laços de amizade (e intimidade) existentes entre mim e Tom. Risadas e lembranças nostálgicas dos meus dois anos de clandestinidade em Magdeburg. Saudade de lá. Saudade do Bill.

     MARIA OFF

     Quando chegou o domingo, nenhum de nós aguentava mais ficar trancado em casa. Decidiram então me levar pra turistar um pouco. Destino: parque do Ibirapuera. Já ouvi falar que é o parque mais conhecido de São Paulo, então me animei e lá fomos nós.

     Durante o passeio, entretanto, enquanto Lucas se lambuzava com um algodão-doce e Maria e eu conversávamos sobre qualquer coisa, ela interrompeu o assunto subitamente, dizendo:

     - Ai, não. Tom, não olha agora, mas vamos mudar o caminho, dar meia volta, fazer qualquer coisa pra sair da vista.

     - O quê que deu?

     - Tá vendo aquele cara ali de azul escuro, junto com a moça grávida e a garota?

     - Estou, quê que tem? – os três vinham se aproximando pelo lado oposto.

     - Allan e sua família. Vamos sair daqui porque se ele nos ver vai dar merda.

     - E o que você pretende fazer no lugar de ficar petrificada a dez metros de onde eles vêm? – já me apavorei.

     Ela não respondeu. Olhei pra frente e... agora já era. Já fomos vistos. FODEU.

     O cara se aproximou estampando um sorriso irônico e falando alguma coisa em português pra Maria, da qual eu só entendi o meu nome.

     - Seria muito irônico da minha parte dizer que é um prazer conhecê-lo; eu não entendo português mas sou o próprio Tom Kaulitz que o senhor mencionou. – respondi em inglês antes que ela abrisse a boca.

     - TOM KAULITZ?! – a garota que estava junto deles gritou. – Ai meu deus, eu te amo, não acredito eu você está aqui na minha frente!!

     Sorri para ela, e eu lhe daria atenção – até pra tentar fugir da tensão que pretendia desabar sobre as nossas cabeças – se não tivesse sido cortado pelo próprio.

     - Ora, ora, ora – disse ele. – Cai a cortina que ocultava o ilustre hóspede da minha amiga.

     - Não sou sua amiga nem no inferno, Allan – Maria falou. – E não te devo nenhuma satisfação sobre quem eu hospedo na minha casa.

     - Mas pode me sanar uma curiosidade, não pode? Onde se conheceram? Ele te achou numa esquina da Alemanha quando você foi pra lá sozinha no ano passado?

     Meu sangue ferveu e eu já ia erguendo o braço pra descer um murro na mandíbula do desgraçado, mas Maria conseguiu me segurar. Ele continuou:

     - Aí no mínimo acabaram as economiazinhas que ele tinha e você o trouxe pra dentro de casa... Mil versões dessa história pairam pela minha cabeça.

     Meio segundo após ele ter terminado de dizer isso, quem mandou o murro na cara dele foi a própria Maria. E com força. MUITA força.

     - Você lava essa sua boca imunda com soda cáustica antes de falar do Tom e você me respeite! Seu desgraçado! O que mais você ainda quer falar, que é bom eu não estar induzindo o meu filho ao mau caminho? Abre a porra da sua boca agora! E se eu fosse você – virou-se para a grávida – arrumaria minha trouxa e me mandava pra nunca mais olhar pra cara desse imbecil!

     - Quer voltar a minha mulher contra mim? – ele conseguiu dizer, esfregando a mão no rosto onde tinha levado o soco.

     - Eu quero que você morra! Que fique bem longe de mim e principalmente do meu filho! – puxou Lucas para trás de si.

     - O moleque é meu filho também.

     - Infelizmente ele tem metade do seu código genético. Mas ele não tem mais nada de você e você nunca terá merda nenhuma dele!

     - Quanta prepotência pra alguém que dá pra um ex-guitarrista de meia tigela eu devia estar carente depois que o irmãozinho gay morreu!...

     Não deu. Transferi todo o meu peso para o braço esquerdo e desferi um murro em sua cara com tanta cólera que ele foi ao chão. Eu até queria dizer alguma coisa, mas achei desnecessário. E detalhe, esse acesso deve ter chamado atenção, então vai sujar pro meu lado. Querendo não piorar a situação, fiz sinal à Maria, que pegou o filho no colo e nos viramos, indo embora.

     No caminho, ninguém abriu a boca. Ao chegar em casa, ela mandou Lucas ir tomar banho e ficou na cozinha, pensativa, apenas esperando. Quando o garoto reapareceu, ela o abraçou e desabou a chorar copiosamente. E eu ali sem ter o que fazer.

     - Por que tá chorando? – perguntou o capitão óbvio.

     - Você não ouviu o que aquele crápula disse de você?!

     - Maria – falei tentando não rir -, eu passei dois terços da minha vida sendo chamado de coisa muito pior do eu ex-guitarrista decadente. Agora, se essas lágrimas tiverem relação ao que aquele babaca disse de você, aí eu entendo, porque foi por isso que eu desci a voadora na cara dele.

     Ela abriu um sorriso, secando o rosto com a borda de um pano de prato.

     - Não precisava de tanta preocupação comigo.

     - Cale a boca, eu te conheço. E quem devia ter dito essa frase sou eu. Eu nunca liguei pra isso mesmo, porque sempre foi de praxe e eu era figura pública, né... Mas não preciso nem me preocupar com a repercussão do nosso pequeno incidente, a mídia não liga mais pra mim.

     - E pode ser que liguem pra ele; volta e meia está nas páginas executivas do periódico do metrô. Allan goza de certa boa fama por aqui, mas eu e a vizinhança dele é que sabemos do verme dessa linda maçã vermelha. Mas capaz que alguém vai pôr fé na história de que ele sentiu o peso do punho de Tom Kaulitz na cara...

     Rimos.

     - Por que a vizinhança dele? – perguntei.

     - Sabe a enteada dele, aquela uma que berrou que te ama? Eu fiquei sabendo que ela andou batendo uns carros por aí, um deles na varanda de um dos vizinhos. O consentimento foi dele e ele não moveu uma palha pra arrumar o estrago.

     - Ôh louco.

     - É, e não para por aí, mas eu quero mais é que ele se foda.

     - Está certo. E não fique dando ouvidos ao que falam de mim, e muito menos de você. Nós nos conhecemos muito bem e o que realmente somos quem nos diz é a nossa consciência. Combinado?

     - Combinado. – ela sorriu.

     No meio daquela semana, voltei à Alemanha e à minha vida não tão normal assim. Quer dizer, temos uma bela alteração na rotina, já que eu não tenho mais estágio pra cumprir nem aula pra frequentar.

     Enfim, ao que eu fui remoldando a minha rotina, mantinha o contato com a Maria, que em meados de março me comunicou que tinha recebido uma proposta para vir trabalhar definitivamente na Alemanha. À minha indagação do que ela vai fazer, recebi uma resposta indefinida – não dava pra sair do país com o processo rolando. No começo de julho, no entanto, disse-me que o andamento do dito processo fora acelerado e que – imagino a explosão de felicidade dela – tinham ganhado todas as causas. Maria tinha agora a guarda irrecorrível de Lucas, conseguira que o pai do garoto fosse proibido de chegar a um raio de dez metros deles e, de quebra, faturou indenização por causa da ameaça que ele cuspiu no dia da primeira audiência.

     Meu diploma saiu no mês passado. Contei a ela sobre a sensação de tê-lo nas mãos, e perguntei de novo sobre a ideia de se mudar pra cá. Disse que ia pensar.

     POV MARIA

     As coisas iam correndo tão bem que, pela primeira vez na vida, eu achei que estivesse feliz. Mas sempre tem que acontecer alguma coisa... e no meu caso, não tardou.

     Eu tinha acabado de almoçar e voltava tranquilamente para o prédio onde trabalho. Fria quarta-feira de inverno. Então, uma mulher passou por mim, e eu não teria dado a menor importância se ela não tivesse me chamado um segundo depois. Virei-me.

     - Maria Eurídice? – ela repetiu. O rosto me era familiar.

     - Sim... sou eu. A senhora me conhece?

     - Filha!... Faz tanto tempo assim eu não nos vemos eu você não reconhece mais a sua mãe?


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Notas finais do capítulo

~~~~UÊPA!~~~~
Acabou bem esse.
.
Curi #01: O nome da vizinha dela, Sílvia, foi proposital.
Curi #02: Verdadeiro motivo da Maria ter batido no Allan: não só pelo que ele disse do Tom, foi mais por ter insinuado que ela estaria na vida fácil. Verdadeiro motivo do Tom ter batido nele: não foi pelo ataque direto ao ego, foi pelo que ele falou do Bill.
.
No próximo capítulo tem algumas surpresinhas...
Até mais, solitude e leitores transparentes.