Eu saía da minha produtora em um dia de domingo e estava indo para o presídio.

Quando entrei lá, aqueles policiais nojentos ficavam me olhando como se eu fosse a única mulher do planeta.

“Eu vim visitar Eduardo Ferreira.” Disse para um policial.

“Por aqui, senhorita.” Ele disse me olhando de cima à baixo, o que me deixou enojada. O único homem que podia me olhar daquele jeito era Eduardo e mais ninguém.

Finalmente o carcereiro me levou até uma sala, onde Eduardo já me aguardava.

Assim que nos vemos corremos e nos beijamos.

“Estou morrendo de saudades!” Eu dizia não podendo evitar as lágrimas.

“Eu também.” Ele disse me abraçando firme “Mais 7 anos e eu saio daqui.”

“7 anos...” Eu disse “É muito.”

“Você sabe que não precisa esperar.” Ele me disse.

“Eu quero.” Disse “Mas não sei se vou agüentar viver por muito mais tempo sem poder tocá-lo todos os dias.”

“Eu te amo.” Edu disse e nos beijamos de novo.

“Eu também.” Disse.

De repente volto ao tribunal no momento em que o juiz daria seu veredicto com Fernando me chamando.

“Beatriz?” Fernando me perguntou “Onde você estava?”

“Eu estava imaginando como seria se Eduardo for preso.” Respondi “O que está acontecendo.”

“O homem vai falar agora a sentença dele.” Fernando disse.

“Eduardo Ferreira, eu o declaro culpado.” O juiz disse.

Meu coração congelou junto com o de Eduardo, mas o juiz ainda não tinha acabado de proferir sua sentença.

“O condeno a prestação de serviços em uma creche que será designada ainda por 3 anos.” O juiz concluiu “Fim da audiência.”

O juiz se levantou e foi embora.

Mal podia acreditar. Eduardo estava livre?

Ele no meio do tribunal soltou um grito de vitória e eu não pude me conter, corri até os braços de Edu e o beijei loucamente, enquanto minha mãezinha querida se levantava furiosa.

“Você não vai ser preso!!” Eu o disse.

“Não.” Ele disse “Pelo visto você vai ter que me aturar por muito tempo ainda.”

Quem me dera.

“E você a mim.” Disse sorrindo.

“Edu.” Patty disse “Posso cumprimentá-lo?”

“Claro.” Edu disse.

“Bom, eu já volto.” Disse e Fernando veio vindo na direção de Eduardo.

“Aí, mano!” Fernando disse cumprimentando Eduardo “Sabia que ia conseguir.”

“Sabia nada.” Eduardo disse “Devia estar torcendo para que eu perdesse. Agora vai ter que me dar uma parte do ferro velho.”

Eu saí do tribunal e fui atrás de Valéria.

“Valéria!” A chamei.

“O que você quer, Beatriz?” Ela se virou.

“Queria dizê-la que você perdeu.” Disse sorrindo “Ele não está preso.”

“Juiz burro.” Valéria disse “Infelizmente temos muito desses por aí.”

“O que você considera como um juiz esperto?” A perguntei “Alguém que você possa subornar?”

“Me poupe Beatriz.” Valéria disse “Quem me garante que você não subornou aquele juiz?”

“Não gastaria meu dinheiro com uma baixaria dessas.” Disse ofendida.

“Você não me engana.” Valéria disse “Esqueceu de que é minha filha?”

“Infelizmente não.” Respondi.

“Beatriz!” Eduardo me chamou vindo até mim e Valéria “Tudo certo aqui?”

“Tudo.” Respondi.

“Adeus, Beatriz.” Valéria disse andando em frente “Tenha uma boa vida.”

“Pois eu desejo que você tenha uma péssima!” Gritei para que ela pudesse ouvir, mas ela continuou andando fingindo que não havia escutado nada.

“Calma.” Eduardo disse me abraçando por trás.

“Essa mulher me tira do sério, Edu.” Disse.

“Calma.” Ele cochichou no meu ouvido com seu tom mais safado “Porque hoje é dia de comemoração.”

Ele mordeu minha orelha.

“É?” Perguntei sorrindo.

“Ah, é.” Ele disse também sorrindo.

Não pude evitar e o beijei novamente, mas depois disso me lembrei da visão que tive dele na cadeia antes.

“Ai, Eduardo.” Disse “Tive uma visão horrível.”

“O que?” Ele me perguntou.

“De que você tinha sido preso e eu ia visitá-lo em um presídio imundo e chinfrim.” Disse.

“Mas não fui preso.” Ele disse “E ainda por cima tenho 20% do ferro velho.”

Ele estava todo bobo com isso, o que era super fofo.

“20% do ferro velho!” Disse “E o que vai fazer lá?”

“Trabalhar.” Ele me respondeu “Quero cair de cabeça lá e ganhar uma boa grana.”

“Ai, que bom Eduardo.” Disse super feliz “Pensando em trabalhar?”

“É que eu to querendo bancar uma certa gata.” Ele disse com um pequeno sorriso.

“Não brinca?” Eu disse sorrindo também.

“Não to brincando.” Ele disse.

“Eduardo, você está me dizendo que quer casar comigo?” Perguntei toda boba.

Eduardo balança a cabeça sorrindo e eu começo a rir, mas acho que feri os sentimentos dele em parte.

“Ah, não rir não que eu estou falando sério.” Ele disse “Eu quero bancar você Beatriz. Quero comprar a nossa casa e no fim do mês pagar a conta de luz, água... E é claro que quero que sobre um trocadinho para o combustível do meu possante.”

“Você é um fofo.” Disse super feliz o beijando em seguida.

“Eduardo.” Miguel nos interrompeu.

“Vai continuar pegando no meu pé?” Eduardo disse “Já to livre dessa palhaçada.”

“Não está não.” Miguel disse “O senhor não se esqueça que vai ter que trabalhar nessa creche aqui pra pagar a sua pena por 3 anos inteiros.”

Miguel entregou o papel com o nome do lugar onde Eduardo pagaria sua pena.

“Ah, fala sério!” Edu disse “Vou ter que ficar cuidando de criançinha agora?”

“Ninguém manda ter sido um irresponsável.” Miguel disse “Espero que depois dessa o senhor tome juízo.”

“Ah, eu vou.” Ele disse olhando pra mim.

“Eu perdi alguma coisa?” Miguel perguntou.

“Eu vou me casar com a Beatriz.” Edu disse.

“O que?” Miguel estava perplexo.

“Ah, ele ta exagerando.” Eu disse um pouco envergonhada.

“Não estou não.” Edu disse “Por mim a gente casava amanhã, mas primeiro eu vou ganhar uma grana e comprar nossa casa.”

“Bom, desde que você cresça...” Miguel disse “Eu vou procurar a Lisa pra ir embora, vê se não demora muito, ouviu Eduardo?”

“Pode deixar.” Edu disse e quando Miguel se foi eu o perguntei:

“E como o senhor pretende arranjar dinheiro tão rápido?” Eu o perguntei.

“To com umas idéias aí pro ferro velho.” Ele disse.

“Que idéias?” Perguntei.

“Na hora certa você vai descobrir.” Edu disse “Agora vamos ir embora antes que o Miguel fique muito nervoso.”

Fomo pra casa de Miguel, a qual passei a viver já têm alguns dias. E claro que estou contribuindo com a minha parte mensalmente.

Lá Helena estava ansiosa nos esperando junto de Camila, a namorada de meu irmão que além de amiga e ex de Miguel é uma ótima vizinha.

“Edu?” Helena disse ao ver Eduardo.

“Vai ter que me aturar pegando no seu pé, maninha.” Ele disse e Helena correu para abraçá-lo.

Enquanto via essa cena pensei que Edu daria um ótimo pai, mas ele não teve tempo pra isso. Apesar desse jeito torto dele, ele era carinhoso e o cara que eu mais amava no mundo inteiro.

Fui para o quarto dele enquanto ele falava com a irmã e quando cheguei lá recebi uma mensagem de Léo que dizia:

E aí? Como foi a audiência? Ele foi preso?

Pude sentir o quanto Léo desejava que sim, então respondi:

Não.

Seca e direta. E espero que de uma vez por todas Léo entenda que eu o perdoei pelo bem de nossa amizade que eu sempre estimei muito, e não por um outro motivo, o motivo que ele tanto queria que fosse.