Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 9
The Lord on the Hill




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/226171/chapter/9

Ele podia sentir a magia recobrindo tudo ao seu redor. O chão, as paredes, os objetos... A casa inteira parecia ter magia flutuando dentro dela; ele conseguia reconhecê-la como um calor suave dentro de si ou um leve formigar na ponta dos dedos. Tanta magia em um lugar tão comum.

 

“Milorde?”

 

O homem não se virou para ver quem falava com ele e, logo, quem o chamara entendeu tal sinal e se afastou. Todos sabiam que o seu silêncio significava uma única coisa: ele queria ficar sozinho. Sim, tudo o que ele precisava naquele momento era ficar só com companhia daquela magia poderosa para tentar entendê-la. A energia que sentia com toda a certeza pertencia à um bruxo ou bruxa poderosíssimo – bruxo, de acordo com suas pesquisas – e ele não conseguia acreditar que a fonte de todo aquele poder era a pessoa sobre quem falaram para ele. Afinal, alguém com sangue trouxa não deveria poder ter tamanha magia dentro de si; ele nunca vira algo assim antes e, até agora, tinha certeza de que morreria sem ver um sangue-ruim exibindo tamanho poder.

 

Mas, ainda assim, ali estava ele, parado no meio de o que parecia, um dia, ter sido um tipo de atelier, sentindo aquela energia e notando o quão trouxa e ordinário aquele lugar era... O cheiro de tinta ainda podia ser sentido e, mesmo com todas as coisas cobertas com lençóis brancos e poeira, parecia que a única coisa necessária para que aquele lugar voltasse a vida fosse a entrada do seu dono original. Tudo era muito organizado, mas, ainda assim, muito trouxa. As pinturas já terminadas – as que ele havia descoberto – não se mexiam; não, elas ficavam quietinhas, paradas, encarando-o com seus olhos petrificados e rostos imóveis.

 

“Milorde?” Era outra voz que o chamava agora e, para a dona desta, valia a pena virar-se.

 

“Sim?”

 

“Tem certeza de que esse é o lugar?”

 

O homem viu-se olhando para uma mulher alta com cabelos loiros curtos e olhos cinzas incrivelmente frios. Ela não estava usando um vestido ou uma saia como a maioria das bruxas fazia, mas sim as mesmas calças pretas, botas e capa que o resto de seus homens usavam. Com a varinha em mão – pois ela sabia muito bem o quão importante era estar sempre armada em lugares desconhecidos – a bruxa parou no batente da porta, encarando-o com uma expressão séria no rosto.

 

“O que você acha, minha cara?”ele perguntou, gentilmente, sorrindo para ela.

 

“Não há ninguém aqui, senhor...”

 

“Claro que não, eles estão mortos; você ouviu o que nos disseram.”

 

“Então por que estamos aqui?”

 

O sorriso do bruxo permaneceu em seu rosto enquanto ele se aproximava de uma das mesas e apanhava um porta-retrato de cima desta. Ele correu os dedos longos por sobre o vidro, retirando a poeira de cima deste, e inclinou a cabeça para o lado enquanto olhava para a foto. Uma família sorridente o encarava de volta da fotografia preto e branca, imóveis.

 

“Diga-me, Brunhild, você sente?”o homem perguntou, finalmente movendo-se e se aproximando dela, entregando-lhe a fotografia. A bruxa pegou o retrato, hesitando um pouco, e olhou para ele por alguns segundos, antes de erguer os olhos para ele novamente. “A magia... Pare de se preocupar por um minuto, querida, e concentre-se no que está ao seu redor.” O sorriso dele se alargou quando ele percebeu que o rosto da outra pareceu relaxar um pouco enquanto ela olhava em volta, antes que sua expressão se modificasse novamente. “Entende?”

 

“Tinha um bruxo aqui, senhor? É por ele que o senhor procura?”

 

O homem gesticulou para que ela entrasse no cômodo e, quando ela o fez, ele fechou a porta com um rápido aceno de sua mão.

 

“Você sabe que é uma das minhas amigas mais confiáveis, Brunhild.”Ele colocou uma mão em seu ombro e o apertou de leve. “Alguns de nossos informantes nos falaram sobre um certo bruxo, aqui na Inglaterra, que está nos... Ameaçando.”

 

“Dumbledore?”

 

“Oh, não!”Ele riu, balançando a cabeça e fazendo seus cachos loiros caírem por sobre seu rosto. “Albus é outra história... Esse aqui é muito mais perigoso para a nossa causa do que para nós.”

 

“O que o senhor...?”

 

“Essa magia que você sente é bem forte, não é?” Ela concordou com a cabeça. “Ela pertence à um sangue-ruim, Brunhild.” O homem sentiu-se satisfeito ao ver como uma expressão de nojo apareceu no rosto da mulher. “Uma magia tão poderosa nas mãos de alguém com sangue sujo. Entende o por que isso é perigoso? O que vai acontecer se as pessoas começarem a achar que o sangue não importa? Vão pensar que sangues-ruims podem ser tão poderosos quanto sangues-puros? Sim! E isso vai ser um desastre, como bem sabe... Bruxos e bruxas sujas se misturando com os puros, ou pior: bruxos e bruxas se misturando com trouxas.”

 

“É nojento.”

 

“Com certeza. É por isso que estamos aqui: ouvi falar desse bruxo e descobri o seu nome e sua ocupação... É um estudante, minha cara.”

 

“Um sangue-ruim de Hogwarts.”

 

Exato. Bom, como pode ver, não podemos deixar que alguém note seu poder, caso contrário as pessoas vão começar a imaginar coisas...”Ele deixou sua frase perder-se no ar, sua voz soando calma e suave enquanto um sorrido ainda se pendurava em seus lábios. “Um sangue-ruim tão novinho e com uma magia tão poderosa. Se ele pode ser assim, as outras pessoas de sangue sujo também!”

 

“Qual deles?”A mulher perguntou, apontando para o retrato em sua mão.

 

“Nenhum,”ele falou, alisando a fotografia novamente, antes de parar, apontando para o rosto tímido, mas ainda assim sorridente, de um jovem rapaz. “Mas acredito que se pareça com esse aqui.”

 

“Parente?”

 

“Pai do nosso sangue-ruim.”

 

O bruxo a observou enquanto a informação parecia surtir efeito. A principal razão para ele estar indo atrás daquele rapaz ainda não lhe era bem clara. Havia diversas razões para se querer eliminar um sangue-ruim. Em primeiro lugar, o garoto tinha sangue sujo, o que já era de bom tamanho. Mas, ainda assim, havia o que ele dissera à Brunhild: um sangue-ruim poderoso parecia ser o suficiente para fazer todo mundo acreditar que um sangue trouxa nas veias de um bruxo não influenciava em nada... E ele não podia ter gente pensando assim, nem mesmo na Inglaterra. Além disso, ele poderia usar aquilo como um bom tapa na cara do Ministério da Magia britânico. E ele não podia correr o risco de ter outro bruxo poderoso correndo pelo mundo, mesmo que o dito cujo ainda fosse uma criança... A não ser, é claro, que esse bruxo decidisse se aliar à ele. Tal idéia lhe veio à cabeça mais de uma vez desde que ouvira falar do menino: ele tinha uma mente brilhante e um poder incrível, pelo que ouvira, e tais habilidades poderiam vir a lhe ser úteis. Talvez, muito talvez, ele acabasse usando o sangue-ruim para outros fins.

 

“O que você quer que eu faça?” a mulher perguntou, olhando-o.

 

O homem sorriu.

 

“Vá atrás dele. Mostre à todos do que somos capazes e, então, traga-o para mim. Tortura está permitida, mas eu o quero vivo.”

 

“Sim, senhor.” O bruxo tirou o retrato das mãos dela e voltou para perto da mesa onde o objeto estava, antes. “Senhor?”

 

“Sim?”

 

“Qual o nome do sangue-ruim? É mais fácil ir atrás dele sabendo o nome.”

 

“É um nomezinho bem sem graça, um nome trouxa, minha cara.” Seus olhos se fixaram na fotografia outra vez. Fotos trouxas realmente eram deprimentes, na sua opinião. Ele odiava aquelas pessoas paralisadas o encarando com aqueles olhos sem vida e sorrisos petrificados. “Thomas Riddle, Brunhild. Thomas Marvolo Riddle.”



***

 

Hermione tinha certeza de que aquele fora o sonho mais esquisito que já tivera desde que chegara ao passado. A menina não tinha certeza do que o fizera parecer tão estranho... Talvez fosse por ele parecer tão real, a maneira como ela estava parada no meio do Largo Grimmauld, falando com Harry. Seu amigo lhe contava sobre como eles haviam escapado da Mansão Malfoy – algo relacionado à Dobby, o elfo-doméstico -, antes que todo o sonho parece tremeluzir e, lentamente, desaparecer, fazendo Harry sumir junto com a sua história. Era estranho, principalmente porque ela ainda conseguia ouvir a voz do outro em sua cabeça, contando-lhe o que havia acontecido dentro da mansão.

 

“Foi só um sonho, Hermione,” ela sussurrou para si mesma enquanto corria uma mão pelo cabelo bagunçado, sentindo seus dedos ficarem presos nele.

 

A bruxa bocejou e sentou-se na cama, tirando o cabelo de seu rosto, antes de enfiar a mão debaixo do travesseiro e tirar dali a sua nova varinha. Ela ainda estava se acostumando à ela, mas a varinha parecia ser boa. Ela obedecia aos seus comandos e não diminuía a sua magia... Sim, era uma boa varinha, como qualquer uma que fosse feita por Ollivander, e o fato de que ela era feita da mesma madeira que a de Tom Riddle já estava parecendo sem importância para ela. Aquela pequena coincidência a havia preocupado no inicio, mas agora a bruxa já começava a aceitar que aquilo era, afinal, apenas um acaso do destino.

 

Assim que se levantou, a menina começou a se arrumar para mais um dia de aula. Ao terminar, Hermione olhou para si mesma no espelho... Tudo estava certo. Seu uniforme estava bem arrumado, mas, antes de descer para o Grande Salão para tomar café, a bruxa sentou-se em sua cama e ouviu, com atenção, para ver se, dentre as meninas que ainda estavam no dormitório, todas estavam dormindo. Depois de alguns minutos, a garota desabotoou a manga esquerda de sua blusa e a enrolou até o cotovelo.

 

Hermione ainda usava as bandagens em volta dos cortes que Bellatrix fizera nela. A imagem daquela palavra cravada em sua pele a deixava mal e ela odiava aquilo, odiava ser lembrada do que aquela mulher horrível havia feito e, pior, odiava pensar no que ela poderia ter feito com seus amigos depois que ela partiu. Desenrolando as bandagens, ela fez uma careta ao ver como os cortes estavam agora. Já estava melhor, no quesito cicatrização, mas, com certeza, aquilo deixaria uma bela cicatriz em seu braço. A pele em torno das letrinhas agora estava levemente elevada e avermelhada.

 

Suspirando, ela voltou a enfaixar o braço e abaixar a manga, antes de se levantar e vestir a sua capa. Ela tinha mais coisa para fazer do que perder tempo olhando para cicatrizes... Comer era uma dessas coisas importantes, por exemplo. Então, em poucos minutos, Hermione viu-se sentando na mesa da Grifinória, perto de um grupo de rapazes que ela reconheceu como sendo Basil Hopkins, Hector Spinnet e George Johnson.

 

“Alguém pulou da cama cedo hoje.”

 

“Bom dia, Charlus.” A bruxa sorriu ao virar-se para ver Potter se sentando ao seu lado. Seu sorriso alargou-se ao ver Dorea Black no lado dele, de braços dados. “Bom dia, Dorea.”

 

“’Dia, Hermione... Posso chamá-la de Hermione?” a sonserina perguntou.

 

“Claro.”

 

“O que te fez levantar tão cedo? Você e Minnie geralmente descem lá por volta das sete,” perguntou Charlus enquanto se ocupava de encher seu prato com biscoitos.

 

“Um sonho esquisito me acordou.”Hermione riu, mas viu que os olhos de Dorea pareceram brilhar com interesse.

 

“Sonho esquisito? Como era?”

 

“Vamos lá, querida.” Potter deu um risinho. “Aposto que Hermione só teve um sonho ruim e não uma premonição...”

 

“Só estou curiosa para saber.” A menina suspirou e olhou para a outra bruxa. “Charlus gosta de fazer graça com o fato de eu estudar Adivinhação, como pode ver.”



“Por que você faz Adivinhação? É uma aula meio inútil, não?”A grifinória riu enquanto servia-se de suco de abóbora. “É um campo muito instável. Você nunca pode ter certeza das coisas que descobre nele.”

 

“Bom, é interessante.”

 

“Sim, uma maneira interessante de jogar tempo fora,”sussurrou Hermione. Ela tinha uma idéia bem forte sobre Adivinhação desde que tivera aulas com Trelawney. Era meio difícil para ela entender como alguém podia estudar aquela coisa e levá-la a sério. “Mas, se precisa mesmo saber, sonhei com um amigo meu. Ele estava falando sobre... Algumas coisas que devem ter acontecido depois que eu sai de casa.”

 

“Não é esquisito. Digo, um sonho estranho pra mim é sonhar que estou sendo perseguido por uma horda de hipogrifos ou coisa assim,”disse Charlus, rindo.



“Eu sei, mas é que pareceu estranho... Não sei explicar.” A bruxa sacudiu a cabeça e suspirou. “Eu acordei sentindo como se tivesse mesmo falado com ele, porque tudo o que ele disse fazia sentido, sabe? As coisas normalmente não fazem sentido em sonhos, mas a história que ele me contou...”

 

“Talvez você estivesse falando com ele por meio do sonho.” O garoto deu de ombros, não parecendo muito convencido de sua própria teoria. “Isso é possível, Dorea?”

 

“Não tenho certeza.”A sonserina coçou o queixo. “Talvez, quem sabe? Se podemos prever o futuro com sonhos, talvez possamos nos comunicar com alguém por meio deles também.”

 

Hermione encarou-os por um tempo. Aquilo não fazia sentido, mas, ao mesmo tempo, ao ouvir o que a menina Black havia dito, uma pequena fagulha de esperança se acendeu em seu peito. E se ela conseguisse entrar em contato com Harry e Ron por meio de sonhos? Seria útil! Muito útil! Sem contar que ela poderia ver se eles estavam bem.

 

“Dorea, você já ouviu algo sobre isso? Esse negócio dos sonhos, digo.”

 

“A única coisa que eu sei de certeza é que a gente pode ver o futuro com eles. É uma das matérias desse ano em Adivinhação... Se quiser, posso falar com a Professora Pesty sobre isso.”

 

“Sua professora de Adivinhação? Não acho que ela saiba muito sobre o assunto, não é bem dentro do campo da Adivinhação.”

 

“Sim, mas acho que não dói perguntar.” Dorea riu. “Ela é bem legal e está sempre nos ajudando, aposto que vai ficar feliz em ajudá-la com isso.”

 

“Se você não se importa...”

 

“Claro que não!”A menina levantou-se. “Na verdade, vou ir falar com ela agora mesmo, antes que esqueça. Não tenho aula agora de manhã mesmo.”

 

“Vai me abandonar aqui?” Charlus gemeu, fingindo estar triste com a decisão da menina.

 

“Não é por muito tempo.” A sonserina sorriu, antes de se afastar.

 

Hermione não podia não sorrir ao ver Potter observar a outra menina sair do Grande Salão. Ele realmente gostava dela, pela cara que fazia.

 

“Você realmente gosta dela, não é?”

 

“O que...?” O grifinório sacudiu a cabeça e riu. “Bom, sim, ela é uma garota legal e...”

 

“Já convidou ela pra sair? Em um encontro,” disse Hermione, sentindo-se novamente em seu quinto ano, quando ela tentou fazer Ginny se aproximar de Harry já que a ruiva ainda tinha, com toda a certeza, uma enorme queda pelo amigo.

 

“Nós já tivemos alguns... Encontros. Apesar de Minerva estar conosco em todos eles.”

 

“Você teve um encontro e arrastou a pobre Minerva com você?” A bruxa riu, imaginando a cara de McGonagall enquanto esperava que Charlus e Dorea se soltassem.

 

“Na verdade, Minnie insistiu em ir,” o rapaz explicou. “Ela disse que seria melhor, principalmente se Walburga Black aparecesse... Como já dissemos, aquela menina é louca, nunca sabemos o que esperar dela.”

 

“Oh...”

 

“É. Foi em Maio passado, mas quero convidá-la de novo na próxima visita à Hogsmead.”

 

“Aposto que ela não vai pensar duas vezes antes de aceitar, Charlus.” Hermione deu-lhe um sorriso gentil e um tapinha no antebraço.

 

“Realmente espero que esteja certa, minha cara.”




***



Tom não podia dizer que ele não gostava de História da Magia; ele gostava, mesmo, mas o Professor Binns tinha o poder de tornar aquela matéria em uma coisa muito chata. O professor, com certeza, lhes dava todas as informações necessárias e, caso alguém conseguisse escrever tudo o que ele dizia, esse alguém saberia tudo sobre história do mundo bruxo, mas, ainda assim, era muito difícil alguém conseguir ficar acordado para copiar tudo o que ele falava sem que seus pensamentos começassem a se dispersar. Riddle acreditava que apenas uma leve mudança no seu tom de voz faria maravilhas para as aulas de Binns, mas ele não estava em posição de dar conselhos ao velho professor.

 

“Odeio essa aula.”

 

“Acho que todo mundo odeia,” sussurrou Tom enquanto escrevia as últimas frases que Binns acabara de dizer.

 

“Você não.”

 

“Eu não sou todo mundo, Abraxas.”

 

“Oh, sim, eu sempre me esqueço disso...”

 

“Mas eu não gosto da aula, gosto da matéria.” O rapaz menor ergueu os olhos para ver o professor que agora andava na frente da classe, recitando os nomes dos goblins revolucionários da revolução de 1929. “Pergunto-me o quanto mais ele agüenta...”

 

“O que?”perguntou Malfoy, mudando a sua posição na carteira.

 

“Binns. Ele é velho, muito velho.” Aquilo era verdade. Cuthbert Binns lembrava Tom daquelas múmias sobre as quais ele lera em livros de história trouxa. A pele do homem parecia feita de cera e era coberta por rugas, seu cabelo branco era bagunçado e seus olhinhos escuros pareciam esbranquiçados pelo que, no ponto de vista do garoto, pareciam cataratas. As roupas do bruxo também não ajudavam em sua aparência: elas eram antigas, cheiravam a mofo e o bruxo mais novo podia jurar que havia traças rastejando por elas.

 

“Isso é bom para os alunos que ainda virão, certo? Eles não vão precisar agüentar essa aula dos infernos.”

 

“Sim, mas, conhecendo Binns, eu não me surpreenderia em ver que ele voltou dos mortos só para falar sobre goblins revoltados.”

 

“Pelo amor de Merlin, Tom, não fala uma coisa dessas!” Malfoy riu, baixinho, mas logo parou – ou tentou, abaixando a cabeça para esconder seu sorriso – ao ver o professor olhando para eles. “Se uma aula dele é ruim com ele vivo, imagina um Binns morto enfinando.”

 

Riddle deixou um pequeno sorriso aparecer em seu rosto ao imaginar uma forma fantasma do Professor Binns ensinando uma sala cheia de primeiroanistas. As pobres crianças ficariam traumatizadas e iriam odiar História da Magia pelo resto da vida, o que era meio triste, considerando o quão interessante a matéria era.

 

O garoto olhou para o sonserino sentado ao seu lado e viu que Malfoy já se fizera confortável novamente, agora em outra posição, praticamente jogado em cima da carteira. Tom olhou para o outro lado da sala e viu outros alunos em posições parecidas: todos pareciam estar morrendo de tédio enquanto tentavam se manter acordados. As únicas que se ocupavam em anotar alguma coisa eram Hermione Elston, Minerva McGonagall e Irina Akins... E ele, mas Riddle desejava poder parar com aquilo sem se sentir culpado, porque tudo o que ele queria naquele momento era seguir o exemplo de Abraxas e deitar-se na carteira para dormir. O rapaz sonserino não tivera a melhor noite de sono. Ele ficara acordando o tempo inteiro sem razão aparente, apesar de dizer a si mesmo que era o frio, mesmo que aquela explicação soasse estranha, já que eles ainda estavam no meio de Setembro e o clima ainda estava ameno. Mas o bruxo podia jurar que seu quarto estava extremamente frio naquela noite, mas talvez fosse apenas uma corrente de ar que conseguira se infiltrar no cômodo ou coisa parecida.

 

“Você está bem?” Tom quase pulou de sua cadeira ao ouvir a voz de Abraxas. O loiro o estava encarando com uma expressão curiosa em seu rosto.

 

“Sim, por quê?”

 

“Você estava viajando,” disse Malfoy. “Parecia meio louco.”

 

“Maldição.” Riddle deixou sua pena de lado e esfregou os olhos com a ponta dos dedos, respirando fundo antes de deixar seu corpo cair de volta na cadeira.

 

“Noite ruim?”

 

“Nada que te diga respeito.”

 

“Tira um cochilo, Tom. Todo mundo faz isso. Binns nunca nota.”

 

“Eu já disse, Malfoy...”

 

“Você não é todo mundo,” Abraxas completou a sua frase, tentando não rir da expressão irritada que tomou conta do rosto bonito de Riddle.

 

Para o alivio de ambos, o Professor Binns finalmente anunciou o fim da aula, mas apenas depois de lhes dar a tarefa de fazer uma longa redação sobre o tema daquela aula. O mais rápido possível, os dois sonserinos já estavam no corredor do primeiro andar, junto com o resto dos alunos que acabara de sair da aula de História da Magia e que agora enchiam o lugar. Tom viu, por entre os colegas, a figura acinzentada do fantasma de Ravenclaw flutuando por sobre eles, olhando os adolescentes com olhos sérios. Já fazia algum tempo desde que Riddle começara a tentar extrair alguma informação útil da Dama Cinzenta, mas, até agora, ele só ganhara horas de muitos contos antigos, da época em que ela era menina, quando sua mãe, a grande Rowena Ravenclaw, ainda a amava... Não que não fosse interessante ouvir sobre os fundadores, mas Tom teria aproveitado muito mais as histórias da fantasma caso ela lhe dissesse logo o que ele queria saber.

 

“Boa tarde, milady,” disse Riddle assim que ela flutuou por sobre ele e Abraxas. A mulher simplesmente olhou para ele com uma expressão estranha no rosto, antes de deixar um sorriso sutil aparecer em seus lábios finos. A Dama Cinzenta normalmente sorria quando o via, afinal, Tom Riddle era o único aluno que se preocupava em falar com ela. Esse pequeno privilégio sempre o fizera se sentir importante.

 

“Boa tarde, Sr. Riddle.” A mulher, lentamente, abaixou a cabeça em uma reverência, antes de flutuar para longe deles.

 

“Não sei como você conseguiu cair nas graças dela,” disse Abraxas, observando o fantasma se afastar. “Na única vez em que tentei cumprimentar ela, pensei que ela fosse me matar com um olhar.”

 

“Você só precisa ser paciente. Ela não confia nas pessoas, então você tem que ganhar a confiança dela.”

 

Tom perguntou-se se aquela era a razão de a Dama Cinzenta ter confiado nele. Talvez ela pudesse sentir que ele, também, tinha uma enorme dificuldade em confiar nas pessoas.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente, eh he. Então, esse capítulo parece meio rápido, não sei... Apesar de eu gostar dele.
Booom, muito obrigado todo mundo que deixou review no último capítulo, espero que tenham gostado desse :D e, como sempre, deixem um review dizendo o que acharam, comentem, sejam felizes /o/
.
.
Also, desejem boa sorte para este que vos fala e que amanhã vai para outra cirurgia -Q