Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 47
It was preordained we should part


Notas iniciais do capítulo

"[...] And be reunited by and by"



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Hermione escondeu o rosto entre as mãos, respirando fundo enquanto tentava ignorar a ardência nos olhos. O Profeta Diário aberto sobre a sua mesa exibia a foto de um bruxo de cabelos grisalhos e olhos claros, de expressão séria, que encarava a câmera por alguns segundos, antes de desviar o olhar. A foto não era grande e, abaixo desta, havia um pequeno texto escrito por ela na noite anterior:

“Poucas pessoas conheciam Thomas Mazarovsky fora de suas pesquisas sobre o conceito de magia branca e negra ao redor da Europa e de suas contribuições durante a Segunda Guerra Bruxa (os melhores rumores dizem que ele teve a chance de acertar o Lorde das Trevas com um soco e aqui eu reproduzo este rumor por saber que ele iria gostar que todos soubessem que isso é verídico). Quem teve essa oportunidade, no entanto, sabia que Tom era uma pessoa teimosa e fascinante.

Queria eu poder discorrer aqui sobre todas as histórias que tenho desse bruxo, mas uma coluna é muito pouco para isso. Resta apenas dizer que tive o prazer de conhecer esse homem que se tornou um exemplo de como as pessoas podem mudar.

Por fim, deixo aqui um poema que sei que Tom teria gostado de ver em seu obituário:

Até logo, até logo, companheiro

Guardo-te no meu peito e te asseguro:

O nosso afastamento passageiro

É sinal de um encontro no futuro.

Adeus, amigo, sem mãos nem palavras

Não faças um sobrolho pensativo.

Se morrer, nesta vida, não é novo,

Tão pouco há novidade em estar vivo!

— Serguei Iessiênin.

Falecido dia 13 de Julho de 2017, aos 90 anos.” 

 

“Eu acho que ficou bom.”

“Ficou horrível,” disse Hermione, erguendo o rosto e limpando as bochechas, antes de se virar para olhar os pequenos retratos que estavam pendurados atrás de sua mesa, logo abaixo do retrato (agora vazio) de Artemisia Lufkin.

“Quem se importa? Ninguém lê o obituário,” disse o homem loiro que se debruçava contra a sua moldura.

“Você lia o obituário,” o bruxo do retrato ao lado falou, estreitando os olhos.

“E no que isso resultou? Ter o meu próprio obituário escrito por Lucius, que fez um trabalho de merda.”

A bruxa riu, escondendo a boca atrás da mão. Ela ainda não sabia como havia conseguido convencer Draco Malfoy de lhe dar aquela pequena pintura de seu avô, apesar de que o sonserino pareceu aliviado de se livrar do quadro falastrão que volte meia reclamava da decoração da sua sala no Ministério. No retrato, Abraxas não tinha mais que trinta anos e exibia o início do que, um dia, se transformou em um fabuloso bigode loiro.

“Você teve uma página inteira dedicada ao seu obituário, Brax.”

“Você teve um poema do Iessiênin, Tommy.”

O homem no retrato ao lado também era jovem, apesar de este ter sido pintado quando ele já era mais velho. Hermione convencera Riddle de ceder uma foto para ter o seu retrato pintado há cinco anos e agora ele adornava a sua sala, sempre soltando um ou outro conselho ou reclamação.

A bruxa pegou-se sorrindo enquanto observava os dois discutirem sobre obituários. Aqueles quadros eram a única coisa que lhe restara, além das memórias e algumas fotos, dos dias ensolarados em uma praia calma em East Yorkshire. Era quase engraçado como ninguém tentava entender qual a razão de ela ter Abraxas Malfoy, o ricaço excêntrico, e Thomas Mazarovsky, o pesquisador introvertido, em sua parede... Era o tipo de coisa que as pessoas apenas ignoravam, assim como o tempo durante o qual ela permaneceu desaparecida ao longo da Segunda Guerra.

Com a morte de Voldemort e toda a confusão que tomou conta do mundo bruxo em 1998, nem mesmo Harry e Ron insistiram em saber o que havia acontecido. Eles estavam vivos e bem, a guerra havia acabado e eles tinham o futuro pela frente. O que acontecera durante aqueles meses sombrios ficara para trás. Potter não gostava de falar sobre aquele ano e até então nunca havia superado por completo os acontecimentos daquela época. Weasley era quem mais conseguia fingir ter sido pouco afetado, apesar de todos saberem que a morte de Fred afetara toda a família de uma forma cruel. Ninguém gostava de relembrar a guerra e, assim, ignorar se tornou a estratégia de todos.

Agora, dezenove anos depois, Hermione ocupava a o escritório de Ministra da Magia, o qual dividia com o retrato da Srta. Lufkin, Tom e Abraxas. Harry alternava entre dar aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts e tirar longos meses de férias, durante os quais o homem simplesmente sumia da face da terra. Ron havia prosperado junto com George, na Gemialidades Weasley, e agora era o principal responsável pelas exportações dos produtos para diversos países. O futuro havia chegado para eles e a guerra ficara para trás...

Assim como o verão de 1945 em Hornsea e aquela noite na Floresta Proibida. Mas essas lembranças, diferentes daquelas de 1997, eram boas, eram memórias que Hermione Granger fazia questão de guardar com todo o cuidado dentro de sua mente.

“Vocês dois parecem um casal de velhos brigando,” ela falou, rindo fraquinho e sacudindo a cabeça.

“Achei que nós fôssemos exatamente isso!” disse Malfoy, colocando uma mão no peito como se estivesse ofendido. “Se bem que o único velho aqui era o Tommy...”

“Não comece.”

“Não fui eu que morri caquético aos noventa anos.”

Hermione apoiou-se melhor contra o encosto de sua cadeira, sorrindo. Pelo menos ela tinha aquilo, preciosidades em forma de lembranças de finais de tarde quentes e alaranjados com o cheiro da maresia entrando pela janela junto com o barulho das ondas que se misturavam a risadas relaxadas. Ter aquilo era o suficiente, era tudo o que ela precisava para saber que aqueles dias aconteceram e que ela tivera a sorte de vivê-los.

***

Tom Riddle sempre temera a morte. O buraco escuro e desconhecido que vinha depois sempre o amedrontara, sempre o lembrava das noites frias e solitárias no orfanato... Por isso, o bruxo surpreendeu-se quando não se viu no meio de um nada frio e solitário, mas sim parado no meio de uma praia, com a brisa fresca que soprava do mar bagunçando os seus cabelos.

“Eu não devia estar morto?”

“Você está morto.”

Riddle virou o rosto e fez uma careta ao ver seu pai parado ao seu lado. Aquela não era uma cena nova: a praia, a maresia, Tom Riddle Sr. com os pés descalços sendo molhados pelas ondas, as sardas no nariz parecendo mais evidentes ao sol e os olhos azuis parecendo claros demais... Mas havia alguma coisa diferente.

“Mas...”

“Foi rápido?” o mais velho perguntou, sorrindo de lado. “Eu sempre disse que era rápido. Você que sempre foi teimoso e não acreditou.”

Tom abaixou o rosto, olhando as próprias mãos e vendo a pele destas livre de rugas e manchas da idade, as quais ele já havia aprendido a gostar.

“O que acontece agora?” o rapaz perguntou.

“Para ser sincero, não sei.” O trouxa encolheu os ombros e riu. “Quero dizer, eu nunca vim parar aqui antes... É a primeira vez que sigo em frente.”

“Não acredito que vim para a morte com alguém que está morto há anos e não sabe o que fazer.” Riddle revirou os olhos, mas riu.

“Eu acho que tenho um palpite, mas talvez isso seja apenas para mim,” disse Tom Sr., erguendo uma mão e sorrindo. Delicados fiapos de magia dourada se entrelaçavam nos dedos do homem, formando desenhos de arabescos sobre a pele dele e escapando aqui e ali, como se quisessem mostrar alguma direção para ele.

“Da onde surgiu isso?”

“Boa pergunta. Acabei de notar.”

“Você realmente é a pior pessoa para servir de guia...”

O homem sacudiu a cabeça e suspirou, fechando os olhos e então inspirando fundo a maresia.

“Eu acho... Que você deveria seguir por ali,” disse Riddle Sr., indicando um lado da praia. “E eu, para o outro lado.”

“Por quê?” o rapaz perguntou, odiando-se ao notar um leve aperto no peito.

“Porque eu lembro que a casa do Sr. Malfoy ficava para lá,” o homem falou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Quanto a mim... Essa coisinha está indicando o outro lado.” Ele ergueu a mão, mostrando os fiapos de magia dourada.

“Quer dizer que depois de todo esse tempo...?”

“Você finalmente vai se livrar de mim.” O trouxa riu, inclinando a cabeça para o lado enquanto observava o outro. “Eu já disse o quanto você me surpreendeu nesses últimos anos?”

Tom sentiu um nó se formar em sua garganta e mordeu o lábio inferior.

“Foram anos... Complicados. Quero dizer, guerra e estar morto, mas foi um... prazer meio surpreendente ter ficado depois da morte,” o homem continuou falando. “A única coisa é que eu... Gostaria de ter te conhecido antes. Em uma situação diferente.”

“Eu também,” o bruxo murmurou.

Riddle sorriu, aquele sorriso que era uma mistura de tristeza e alegria que Tom nunca iria entender, e ergueu a mão para apoiá-la no rosto do outro. Os olhos claros do pai mais uma vez o assustavam devido à intensidade e a expressividade.

“Espero que da próxima vez a situação seja diferente,” o homem falou.

“Vai ter uma próxima vez?”

“Sempre tem.” Tom Sr. deu uma piscadela e riu. “Mas acho que deveríamos parar de enrolar... Quero dizer, estou alguns anos atrasado e você não parece ser o tipo de pessoa que gosta de se atrasar.”

O rapaz desviou o olhar para o outro lado da praia. De onde estava, conseguia ver o início do que parecia ser uma casa embrenhada entre a vegetação costeira. Algo em seu peito deu um pulo e a sensação boa de excitação surgiu na boca de seu estômago. Ele, definitivamente, conhecia aquela casa.

“E Helena?” Tom perguntou, voltando a olhar o pai, que apenas sorriu. Os olhos do mais velho brilharam de um jeito diferente.

“Sempre tem uma próxima vez,” o homem repetiu, finalmente se afastando. “Ela também sabe disso.”

O trouxa respirou fundo e se afastou. Tom encarou o último sorriso que viu no rosto do pai, antes de observar Tom Riddle Sr. caminhar para longe, cantarolando baixinho a mesma música que, anos antes, ele havia ouvido Helena Ravenclaw cantarolar na biblioteca de Hogwarts. O rapaz, no entanto, deu-lhe as costas antes que ele saísse de vista. Olhou para a frente, focando-se na casa no outro lado da praia.

A brisa estava fresca e o céu não tinha nenhuma nuvem. O vai e vem das ondas tinha um efeito incrível de o acalmar e o cheiro salgado do mar subia pelo seu nariz, resgatando lembranças antigas. Tudo estava exatamente como ele lembrava.

 

 


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Notas finais do capítulo

1) Quem me conhece e conhece meu fascínio por universos alternativos, vidas passadas, 'almas gêmeas' etc (ou simplesmente sabe do meu crackship maior), sabe do que o rapaz Tom Sr está falando ali... E, é, ele está bem atrasado, coitado.

Nossa... Foram cinco anos escrevendo essa fic. Comecei no segundo ano da faculdade e terminei no meu primeiro ano de formado. Muita coisa mudou, né?

Eu queria muito conseguir agradecer cada leitor individualmente, mas ao longo desses cinco anos foi bastante gente que passou por aqui. Alguns sumiram, outros não hehehe. Se eu não falar o seu nome aqui, não significa que eu não sou muito agradecido pelo acompanhamento que fizeste da história ou pelos comentários que tenha deixado. Então, vamos lá:

Muito obrigado àqueles que recomendaram a história: Joyce Styles, lismary, Be HAPPY, Calls, Amanda, Arabella, Luschka Violet, Ky, Moony, the storyteller, Dhuly e Debby Andrade. Muito obrigado àqueles que deixavam reviews que me faziam ficar sem saber como responder (e que foram a razão para eu não desistir da história, porque sempre chegava um review ou outro que me deixavam querendo continuar), como Godsnotdead, miss_halle, Jennifer Blackwolf, Mari Nox, Satansoo Potter, Carol Foster, JPetit, Stella, Giulia Potter, Kep, Stories About Jane, Ladra de Estrelas, Cassie (que já vem me enchendo de reviews que me deixam sem fala desde A Águia e a Raposa kkk), Alimak Anitsirk, Giulia Lopes, Slytherindie, Renata Moura, Mari Meurer, pahf, lady, Lyn Black, Mariana, Darth Malfoy, Patti, the storyteller, e todo mundo que já foi citado ali em cima nas recomendações.

Um agradecimento especial para o pessoal que acompanhou o desenvolvimento da história mais de perto: Vika (highonbooks), que me apresentou TomBrax e me falou "vai fundo e faz TomBraxMione" quando travei na história; Cella (voldybadass), que é a maior fonte de inspiração que eu tenho para o menino Tommy; Thams, minha eterna Rowena que acabou fazendo com que eu desenvolvesse tanto o enredo do Tom Sr e da Helena (e, a partir disso, criasse o Thomas Ravenclaw e A Águia e a Raposa); Tony, que faz tempo que não vejo, mas que também me inspirou muito em algumas partes; e Seren, que nessa reta final me dava forcinha para continuar, sempre perguntando spoilers heheh.

Se eu não citei você por nome, mas você favoritou ou acompanhou ou deixou review, um muito obrigado à você também.

Espero que tenham gostado, tanto do epílogo quanto da fic como um todo. Se você foi fantasminha durante toda a história, convido você a dizer o que achou, mesmo que seja só nesse último post. Se você comentou ao longo do negócio, também convido você a dizer o que achou da história como um todo. Isso é muito importante, como já foi dito ali em cima: reviews impulsionam o autor a continuar, mesmo que pareça bobagem... Às vezes nós estamos em um dia horrível, duvidando de todas as nossas capacidades, e ai chega um review, por mais simples que seja, que faz a gente perceber o quanto ama escrever e criar.

Novamente, muito obrigado a todo mundo que participou de Koly, de um jeito ou de outro.

Vejo vocês em outras histórias ((;

До свидания,

T.