Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 35
Legilimency




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Uma semana se passou até que o próximo final de semana em Hogsmead chegasse. Hermione nunca pensou sete dias pudessem se alongar tanto e, quando finalmente chegou ao vilarejo naquele início de Março, a garota não pensou duas vezes antes de se despedir de Minerva e correr até o Cabeça de Javali, onde havia combinado de se encontrar com Ollivander.

O pub não havia mudado muito desde a última vez que entrara ali, no seu quinto ano e muitos anos no futuro: escuro, empoeirado e vazio. O barman estava ocupado com um livro atrás do balcão e ergueu o olhar por alguns segundos quando ela entrou no estabelecimento, antes de voltar a sua atenção para a leitura. Em um canto longe das janelas estava Ollivander, girando um café com uma colherinha encantada e com o olhar perdido dentro do líquido.

“Boa tarde,” Hermione chamou, aproximando-se e sorrindo para o homem, que sobressaltou-se.

“Hermione.” O rosto do fabricante de varinhas se iluminou com um sorriso enquanto ele se levantava para cumprimentá-la com um abraço. “Como você tem passado?”

“Estou bem,” a garota falou, afastando-se e olhando rapidamente para o bar e vendo que o barman continuava desinteressado neles.

“Tenho novidades.” O bruxo sentou-se outra vez, indicando para que ela fizesse o mesmo. “Como disse na carta, consegui falar com o Sr. Resande. Aparentemente, magia temporal é muito mais complicada do que imaginávamos.”

“Nunca duvidei disso,” a bruxa falou, puxando a varinha e acenando ao redor deles, colocando um feitiço para abafar o som e impedir que qualquer pessoa os ouvisse.

“Em primeiro lugar, o vira-tempo não pode ser consertado,” disse Ollivander, sem hesitar e fazendo com que um buraco se abrisse no estômago de Hermione. Ele enfiou a mão dentro do casaco, tirando dali um saquinho de tecido e colocando-o em cima da mesa para que a garota pegasse. “Mas isso não significa que não há nenhuma forma para você voltar.”

“C-Como...?” ela murmurou, esticando a mão para alcançar o pacotinho, sentindo os pedaços do vira-tempo ali dentro enquanto os olhos começavam a arder.

“Viagens no tempo podem ser feitas de diversas formas, não apenas com o uso de vira-tempos. Eles são apenas a forma mais fácil,” o homem explicou, puxando a bolsa de couro que havia trazido consigo e apanhando um livro grosso e de capa azul escura, colocando-o sobre a mesa. “Mas existem rituais, feitiços, locais onde as linhas do tempo se confundem, magias que atraem pessoas para fora de seus tempos... É bem curioso.”

Hermione encarou o bruxo por um momento, vendo como os olhos azuis claros dele brilhavam com uma intensidade assustadora. Sempre que ela via um corvinal com aquele brilho nos olhos, a garota sabia que o Chapéu havia feito certo em colocá-la na Grifinória: corvinais tinham tanta paixão pela curiosidade que chegava a assustar, eles eram mais movidos pelo desejo de descobrir do que pela razão.

“O bom de ser da minha casa é que você pode perguntar qualquer coisa para a maioria das pessoas que elas vão sempre achar que você só quer imaginar hipóteses alheias, para matar a curiosidade,” disse Garrick, sorrindo. “Eu apresentei ao Sr. Resande a situação hipotética de um viajante no tempo e perguntei como essa pessoa faria para voltar ao seu tempo. Além de quebrado, o vira-tempo também não serviria para levá-la ao futuro... Ele só leva ao passado, você precisa viver o tempo até chegar no futuro.”

“Eu não posso ultrapassar o sol,” Hermione murmurou, lembrando-se da inscrição que havia nas hastes do primeiro vira-tempo que usou, ainda no terceiro ano.

“Isso mesmo... Agora, existem certos locais ao redor do mundo que são propícios a viagens no tempo. Eles não funcionam para todos e, na verdade, ninguém chegou à conclusão de como exatamente essas viagens ocorrem,” ele continuou explicando. “Círculos de pedras, moledros, antigas construções ritualísticas... Coisas que marcam esses locais propensos a viagens no tempo.”

“Quer dizer que eu poderia viajar pelas ilhas britânicas atrás de um monólito que me ajude a voltar para o meu tempo?”

“Ahm, não exatamente. Esse tipo de magia temporal não é muito bem controlada... Você pode atravessar um lugar desses e ir parar mil anos no passado, por exemplo.”

“Oh. É, melhor não...”

“Existem alguns raros relatos de pessoas que viajaram no tempo sem nenhuma razão aparente: elas não fizeram feitiços ou rituais, não estavam perto de locais propícios, não tinham vira-tempos... Elas simplesmente deram um passo e caíram em outro tempo,” disse Ollivander, seu sorriso crescendo no rosto. “Algumas dessas pessoas relatavam estar passando por algum perigo quando isso aconteceu, outras relatavam viajar diversas vezes no tempo, sempre encontrando diferentes versões da mesma pessoa. Na verdade, existem... dois ou três relatos sobre situações como essas. Alguns especialistas acreditam que a magia temporal, nessas situações, serve como um mecanismo de defesa: o bruxo está em perigo e a forma da magia o salvar e transportá-lo para um tempo diferente... Outros acreditam que não é só isso, mas sim de magias que se atraem-“

“Magias que se atraem?” a bruxa perguntou, arqueando a sobrancelha.

“Acredito que já tenha ouvido falar de almas gêmeas?” Garrick sugeriu, inclinando a cabeça para o lado. “Há uma explicação mágica para essas pessoas que são consideradas almas gêmeas: as magias delas se atraem, completando uma à outra. Nem sempre um correspondente mágico encontra a sua outra metade... Seja por que essa pessoa já morreu ou ainda não nasceu, coisas assim. Nessas situações, alguns bruxos acreditam que essa pessoa pode ser transportada pelo tempo até achar esse seu correspondente em outro ano.”

“Isso é... bem complicado,” Hermione murmurou, contendo-se para não dizer que aquilo, na verdade, não fazia sentido algum. Desde quando bruxos acreditavam em almas gêmeas? Ela nunca ouvira falar daquilo.

“Bom, essa não é a sua situação, então não precisamos nos preocupar com isso.” Ele encolheu os ombros. “A nossa saída são os feitiços e rituais. Todos são complicados, é claro, mas não impossíveis de serem feitos. Resande é... Bem adepto de testar teorias na prática, mas nunca teve muita coragem de fazer isso com um ser humano. Ele já transportou pássaros e ratos para alguns minutos no passado ou alguns objetos para o futuro, coisas assim. Mas... Ele gostou do meu interesse.” O homem deu uma piscadela, rindo, e então apontou para o livro em cima da mesa. “E por acaso me emprestou esse livro. Até agora encontrei um feitiço e dois rituais que parecem possíveis de serem feitos. Estou estudando-os com mais atenção agora, tentando entender quais as variáveis necessárias para o sucesso, como nós poderíamos adaptar as coisas e por aí vai...”

Hermione olhou o livro outra vez e apoiou os dedos sobre a capa azul. O título, Per Tempus, estava escrito em tinta tourada que já havia perdido o brilho com o passar dos anos, assim como o desenho de um relógio que ocupava a maior parte da capa.

“O senhor acha possível...?”

“O senhor não acha nada,” disse Ollivander, apoiando o queixo sobre a mão. “Mas Garrick acha que sim. Vai nos dar trabalho e vai exigir tempo, mas é possível.”

A garota sentiu os olhos arderem. Desde que chegara ali, aquela era a primeira vez que alguém falava sobre a sua situação lhe dando algum tipo de esperança... Não que muita gente soubesse do que se tratava tudo aquilo, na verdade, apenas Ollivander sabia, mas aquela era a primeira vez em que sua mente aceitou a ideia de que voltar para o seu tempo era algo alcançável.

“E quanto a possibilidade de eu estar, sabe, mudando o tempo?” ela murmurou.

“Aí já entramos em outro ponto,” disse Garrick. “Alguns bruxos acreditam que o tempo é uma linha reta: uma interferência no passado tem uma consequência direta no futuro. Outros acreditam que o tempo é cheio de ramificações: cada decisão que uma pessoa toma abre portas para uma nova linha do tempo... Como... Como universos paralelos. Geralmente quem acredita nessa segunda teoria é adepto da Divinação, já que é isso que eles usam como base para explicar a eficácia de profecias e afins.”

Hermione permaneceu em silêncio, observando a capa do livro. Ela não tinha ideia do que poderia ter mudado desde que chegara em Hogwarts... O fato de ela conhecer Tom Riddle poderia alterar em alguma coisa o futuro? E o fato de ela trocar beijos com ele? Será que o máximo que poderia acontecer seria Voldemort ter uma vaga lembrança de uma nascida trouxa aproveitando alguns dias com ele e Abraxas Malfoy ou algo pior? Parte de si queria acreditar que, independente do que estava acontecendo, o mundo continuaria o mesmo: Lord Voldemort existiria e a linha do tempo ficaria intacta. Mas outra parte, talvez aquela parte mais emocional, tinha uma pequena esperança de que algo diferente acontecesse, mesmo sabendo que isso era errado.

“Hermione?” a voz do homem a tirou de seus pensamentos ao mesmo tempo que os dedos dele se fecharam sobre a sua mão. “Não há razão para se preocupar com isso agora. Quando você chegou aqui por acidente, estava perdida e com medo... Seu instinto foi buscar ajuda em um lugar conhecido: Hogwarts. Não podemos mais mudar o que aconteceu a não ser que você queira arriscar outra viagem ao passado.”

“Oh não.” A garota riu, sacudindo a cabeça e virando a mão para apertar os dedos do bruxo. “Eu nem sei como agradecer, Garrick.”

“Não precisa,” ele falou, inclinando-se na direção dela e sorrindo. “Está sendo um prazer ajudá-la. É uma boa distração... Com o tempo, é interessante estudar outras coisas que não sejam apenas varinhas.”

“Imagino que deve chegar uma hora que cansa.” Ela sorriu. “E como está Anna? Ela me disse que vocês têm se encontrado toda semana.”

Hermione não pôde deixar de notar que as bochechas pálidas do fabricante de varinhas pareceram tingir-se em um tom rosado muito leve enquanto ele a olhava, parecendo hesitante. Ela queria sorrir mais, mas apenas mordeu o lábio inferior para se conter.

“Oh, a Srta. Parker está bem. Claro, abatida por conta da guerra e tudo mais, mas... ela está bem,” ele explicou, desviando o olhar e afastando a mão da dela para pegar a xícara de café e tomar um gole. “Ela é uma moça muito simpática.”

“Ela é,” disse Hermione, apoiando o queixo na mão e sorrindo. “Ela também acha o senhor muito simpático.”

“Oh?”

“E ela adora passar o tempo com você. Acho que ela se sente bem sozinha no orfanato... É bom ver que ela achou um amigo,” a garota falou. “É bom ver que você também achou uma amiga que não seja uma varinha.”

O homem deu uma risada sem graça e olhou para o bar. O homem atrás do balcão agora estava levantado, limpando alguns copos e os observando.

“Aberforth deve estar se corroendo de curiosidade,” ele murmurou, apontando para o barman. “Gostaria de um café? Uma bebida, Hermione?”

“Na verdade, eu combinei de ir ao Três Vassouras com alguns amigos,” ela explicou, encolhendo os ombros. “Se você quiser ir também...”

“Oh, não.” Ollivander riu, erguendo as mãos. “Vou aproveitar para trocar algumas ideias com Aberforth. E talvez passar na Dedosdemel para fazer um pequeno estoque de doces... Eles são ótimos no meio da madrugada, quando tenho que virar a noite em algum trabalho.”

“Ollivander?” Hermione o chamou de novo, esticando a mão para segurar a dele. “Muito obrigada. Você não tem ideia do quão grata eu fico com... com tudo isso que está fazendo por uma completa estranha.”

“Ora, Hermione.” O homem sorriu de leve, apertando a mão dela. “Você não é uma completa estranha. Nós já nos conhecemos, não? No futuro... E, se eu lhe vendi uma varinha, devo saber algumas coisas sobre você.”

***

Na sexta-feira, depois da janta, Hermione Elston abordara Tom na saída do Grande Salão, convidando-o para ir até o Três Vassouras naquele sábado. Ele teria negado sem pestanejar, afinal, não estava nem um pouco a fim de voltar à Hogsmead por um bom tempo... Mas Abraxas estava com ele e o amigo simplesmente não sabia dizer ‘não’ para um convite daqueles.

Dessa forma, Tom Riddle agora se encontrava em um canto do Três Vassouras, sentado ao lado de Malfoy e no meio de vários grifinórios. Como exatamente ele havia acabado naquela situação? Ele só sabia que devia culpar Abraxas e Elston.

Charlus Potter e Minerva McGonagall discutiam os NIEMs, enquanto Septimus Weasley parecia interessado na conversa de Dorea Black sobre as músicas que o coral de Hogwarts estava ensaiando. A sonserina ainda não direcionara nenhuma palavra para Riddle, fazendo com que o desconforto deste aumentasse a cada minuto que se passava. Abraxas, descontraído como sempre, alternava entre prestar atenção no que McGonagall falava sobre as suas perspectivas de entrar para o Ministério da Magia e dar se mostrar interessado nas explicações de Dorea sobre músicas.

Tom, por sua vez, permanecia em silêncio. Ele sabia que o grupo de grifinórios ainda o estranhava ali, apesar de Minerva tê-lo recebido com um sorriso. O rapaz também tinha noção de que, a três mesas de distância, os olhos de Walburga Black estavam grudados nele, assim como os de Avery, na mesa do outro lado do salão. Ele conseguia quase distinguir cada palavra dos pensamentos deles... Riddle já havia percebido isso fazia anos, mas havia aprendido a controlar: a Legilimência era uma arma incrível, mas podia ser perturbadora quando não se tinha controle sobre ela. E situações como aquela faziam com que uma pequena parte da magia de Tom se descontrolasse, permitindo que o seu alcance na mente das pessoas fosse facilitado.

“Onde você estava?” A voz estridente de Charlus tirou o rapaz de seus pensamentos e ele ergueu o rosto, vendo Elston se aproximando da mesa deles.

“Fui encontrar um amigo,” ela explicou, puxando uma cadeira e sentando na ponta da mesa, entre Malfoy e Dorea. “O que tem pra hoje?”

“Pasteizinhos de abóbora,” disse Minerva, empurrando a bandeja que eles haviam pedido.

“Ótimo, estou morrendo de fome.”

Tom observou a garota alcançar um pastel e comê-lo com gosto. Ele queria ter apetite para comer ou tomar alguma coisa, mas metade do pastel que ele havia pego ainda estava sobre o guardanapo e sua cerveja amanteigada ainda estava praticamente inteira.

“Vamos perguntar para ela,” disse Charlus, apoiando os cotovelos na mesa e inclinando-se na direção de Hermione. “O que você ta pensando em fazer depois de Hogwarts? É uma pergunta de utilidade pública.”

“Ele quer saber quantos de nós vamos para o Ministério,” Dorea explicou.

“Até agora, apenas Dorea negou um trabalho por lá,” o garoto explicou, segurando a mão da sonserina. “Exatamente quem tem uma vaga garantida.”

“Eu queria poder negar isso,” resmungou Malfoy, mas ninguém lhe deu muita atenção.

“Eu... Ainda não sei, para ser sincera,” a bruxa falou, franzindo o cenho. “Mas não acho que o Ministério seja uma má ideia. Talvez alguma coisa no Departamento de Execução das Leis Mágicas? É um lugar onde podemos realmente ser úteis.”

“Quero tentar algo no Departamento de Transportes,” Potter explicou. “Eles têm vários programas interessantes de regulamentação de vassouras e coisas assim.”

“Estou com a Hermione: Departamento de Execuções de Leis,” disse McGonagall, sorrindo satisfeita. “Ela tem razão, é um lugar onde podemos fazer alguma diferença. Estamos saindo de uma época que teve duas guerras seguidas: uma puramente trouxa, na qual os bruxos se envolveram, e outra mágica e trouxa... Está claro que a geração de bruxos que estão dentro do Ministério está mais ocupada em correr para guerras do que tentar evitar elas. Nós somos a primeira geração que viu o que essas guerras fizeram e que pode tentar mudar isso.”

“Meu tio conhece um homem no Departamento de Cooperação Internacional em Magia que disse que pode me pegar como estagiário por lá,” disse Septimus, dando de ombros.

“Vou começar a acompanhar meu pai na Casa dos Nobres,” Malfoy explicou, finalmente atraindo o olhar dos outros. “Ele daqui a pouco já vai ser chamado para compor a Suprema Corte e eu vou entrar no lugar dele.”

“E você ainda queria poder negar isso,” disse Minerva, sacudindo a cabeça. “Nós vamos levar anos para sequer ter alguma chance de entrar para a Casa dos Nobres ou dos Comuns.”

“Vamos dizer que eu não sou muito bom com política.” Abraxas suspirou. “Dorea é quem está certa de seguir o que quer.”

“E o que é isso?” perguntou Hermione.

“Vou tentar uma vaga em uma escola de música para bruxos e bruxas em Oxford,” a menina explicou, sorridente. “Não é exatamente o que meus pais esperam, mas... Eles já têm Pollux na Casa dos Nobres e Cassiopeia super integrada na alta sociedade bruxa.” Ela riu, fazendo um aceno de mão cheio de floreios. “E, para os meus pais, qualquer coisa é melhor do que um advogado como Marius-“

“Marius?” Elston perguntou e Riddle pôde ver o rosto de todos na mesa congelarem por um momento. Marius Black raramente era mencionado, nem mesmo pela doce Dorea.

“Ele é... Meu irmão. Seis anos mais velho,” a sonserina explicou, sorrindo meio sem graça. “Ele é um aborto. Virou um advogado de trouxas.”

Tom se conteve para não sorrir ao ver Hermione ficar boquiaberta. Realmente, os Black tinham tantos segredinhos que todo ano alguém se surpreendia com algo novo.

“Enquanto você se livrou do Ministério por conta do irmão mais velho, o meu acabou me colocando lá dentro.” Charlus riu. “Desde que Fleamont decidiu ganhar a vida fazendo poções para alisar cabelos, meu pai não parou de reclamar que nenhum dos filhos iria seguir carreira no Ministério...”

“Espera,” Hermione interrompeu outra vez, parecendo ainda mais confusa. “Você tem um irmão mais velho?”

“Ahm, tenho, mas... Nós quase não nos falamos?” o garoto explicou. “Fleamont vive viajando. Acho que ele deve estar na Argentina agora. Ele é ótimo com poções. Um pouco antes de eu nascer ele criou uma poção de alisamento de cabelos que foi o maior sucesso... Ainda é, na verdade. Desde então ele está sempre trabalhando em novas poções de beleza e coisas parecidas. Ele é casado e tudo mais.”

“Você nunca falou dele...”

“Acho que é porque Fleamont é mais como um primo distante do que um irmão? Sabe, essa coisa de estar sempre viajando e ocupado demais com as poções.”

Eles ficaram em silêncio por um momento. Era possível ver que alguma coisa importante se desenrolava na mente de Hermione, a julgar pela forma com que ela franzia o cenho e deixava o olhar se perder.

“E você, Tom?” perguntou McGonagall. “Esquecemos de perguntar ao aluno mais promissor de Hogwarts.”

“Eu... Ainda não sei,” o rapaz respondeu, deixando-se brincar com a ponta do guardanapo. “Estava pensando em trabalhar em qualquer lugar por um tempo para poder juntar dinheiro e depois viajar para... Fazer pesquisas.”

“Pesquisas sobre...?” Septimus o incentivou.

“Magia em geral, mas acho que gostaria de pesquisar mais sobre objetos mágicos históricos,” ele explicou, olhando de relance para Abraxas. “Sabe, coisas que pertenceram à bruxos famosos e que podem ter propriedades mágicas interessantes de serem estudadas.”

“Como o diadema perdido de Ravenclaw?” perguntou Minerva, fazendo o rapaz franzir o cenho.

“É...” ele falou, um tanto hesitante. “Tipo isso.”

“Mas você tem praticamente tudo para entrar no Ministério,” disse Potter. “Quero dizer, Slughorn repete pelo menos dez vezes ao ano que você um dia vai ser Ministro da Magia.”

“Eu acho que é uma área interessante,” disse Dorea, antes de tomar um gole da sua cerveja amanteigada. “Não é preciso ser Ministro para fazer algo que importa.”

“Estou com a Dorea,” Malfoy murmurou.

A conversa entre os amigos continuou sem desviar daquele assunto. Hermione e Abraxas eram os mais calados, depois de Tom. Malfoy por simplesmente detestar o que o seu futuro guardava e Elston, sabe-se lá por que. A mente de Riddle alternava entre prestar atenção em pedaços da conversa e deixar-se levar pelos ecos de palavras que ouvia em sua mente: Walburga parecia xingá-lo mentalmente ao mesmo tempo que se ressentia de ele estar conversando com Dorea e Hermione, uma garota da corvinal sentada na mesa ao lado deles estava preocupada com os NOMs, a filha dos donos do bar cantava alguma canção infantil dentro de sua cabeça...

“Com licença,” o rapaz pediu, levantando-se e deixando um galeão sobre a mesa para pagarem pela sua bebida. “Eu já volto.”

Ele sentiu Abraxas o observando, ouviu os ecos da preocupação dele em sua mente enquanto atravessava o salão do Três Vassouras. Quando passou pela mesa onde seus antigos amigos estavam sentados, a voz de Avery finalmente se fez mais nítida e o termo ‘sangue-ruim’ foi o que ecoou em sua cabeça e ali ficou até conseguir sair do estabelecimento. Lá fora ainda havia pessoas, mas sem estar enfiado entre pessoas nas quais ele não confiava o seu controle parecia voltar lentamente.

“Tom?”

O rapaz virou-se abruptamente, encontrando Dorea Black parada ao seu lado. A garota o observava com olhos arregalados e o rosto quase escondido atrás do cachecol verde e prata. Ela suspirou fraquinho, apoiando uma mão no braço dele e o puxando para longe da rua principal de Hogsmead. Os pensamentos da sonserina pareciam cochichos no fundo de sua mente, baixinhos demais para serem entendidos, mas altos o suficiente para não passarem despercebidos.

“Está tudo bem?” ela perguntou quando finalmente pararam, perto da entrada do vilarejo.

“Sim,” ele mentiu. “Dor de cabeça. Faz tempo que não fico em um lugar muito cheio e fechado.”

“Está com medo de estar aqui em Hogsmead?” A garota inclinou a cabeça para o lado. “Quero dizer, da última vez-“

“Não estou com medo de estar aqui,” Riddle falou, franzindo as sobrancelhas. “Só não estou muito acostumado a ficar no Três Vassouras por muito tempo.”

Black apenas o olhou com os olhos sérios por detrás dos óculos. Ela apertava os lábios um contra o outro, como se estivesse segurando algumas palavras dentro da boca.

“Tom,” ela chamou, fraquinho. “Eu quero confiar em você outra vez, mas não sei como fazer isso.”

Riddle desviou o olhar, ocupando-se em observar o contorno do castelo à distância. Ele se lembrava do dia em que encontrara Dorea em Londres, antes do quinto ano começar: ela com um belo vestido de seda azul, os cabelos negros bem penteados e os sapatos lustrosos e ele com as roupas de segunda mão do orfanato, magro demais, sujo por conta da falta de água causada por algum corte de custos... Black o olhara de tal forma que deixou claro que ela não o reconhecera por um momento, antes de sorrir e convidá-lo para comer alguma coisa no Beco Diagonal.

Arriscando passar do toque de recolher, Tom aceitou o convite. Ele se sentou com a colega na Florean Fortescue’s e não demorou nem cinco minutos para comer o sorvete que ela pedira para ele. Ele estava morrendo de fome e aquele sorvete parecia dez vezes mais delicioso naquele dia. Black não questionou nada, apenas sorriu mais e pediu uma água. Foi nesse momento, enquanto ela estava ocupada em esperar pelo seu pedido que Riddle entrou em sua mente. Fora fácil, ela não esperava pela invasão e nem a percebera por conta da delicadeza. Uma memória alterada aqui, uma mentira plantada aqui e, quando terminou, Dorea Black estava perguntando como estava a Sra. Riddle? Como iam as pesquisas dela sobre história da magia? E o Sr. Riddle? Ele continuava trabalhando com poções?

Dorea nunca desconfiara de nada. Ela chegara em Hogwarts falando sobre ter encontrado os Riddle no Beco Diagonal, descrevendo a bela e gentil Merope Riddle e o calmo, apesar de um tanto sério, Tom Riddle Sr., que era tão parecido com o seu colega. Não fora apenas uma ou duas vezes desde aquele dia que Tom desejara ser ele o atingido por memórias falsas.

“Não sei se há como você fazer isso,” ele murmurou, voltando a olhar a garota. “Desculpe.”

“Você estava tão desesperado assim?” Black perguntou, indo se apoiar no muro que cercava a entrada da vila. “Tão desesperado para ser aceito?”

“Você sabe que foi o único jeito-“

“De fazer Atlas parar de te irritar com perguntas sobre os seus pais? De Canopus parar de falar que você tinha nome trouxa?” Dorea bufou. “De que adiantou tudo isso? Eles estão te desdenhando agora que sabem da verdade.”

“Não precisa me lembrar disso, Dorea.”

“Eu acho que preciso,” ela falou, se desencostando do muro outra vez e se aproximando dele. A sonserina era bem mais baixa que ele e teve que manter a cabeça erguida para conseguir olhá-lo. “Abraxas nunca implicou com você e ele é o único que continua do seu lado. E Alphard, mas você conhece ele...” A bruxa suspirou. “O que quero dizer é que não serviu de nada você invadir a minha mente e alterar a minha memória.”

“Eu sei disso agora.”

“E eu queria muito lhe dar um tapa pelo que você fez. Queria te xingar até usar todo o palavreado chulo que tenho estocado e não posso usar porque sou uma Black e devo ser uma moça educada.” Ela revirou os olhos e riu. “Deuses, eu quero muito te socar e gritar com você!”

“Bom, eu estou aqu-“

Antes que ele terminasse de falar, algo bateu contra o lado de seu rosto com força, fazendo um estalo ser ouvido e sua cabeça ser virada para o lado. Quando virou para olhar a garota novamente, trancando a mandíbula enquanto sentia a ardência em sua bochecha, encontrou Dorea com os olhos brilhantes de lágrimas.

“Você merecia coisa pior,” ela praticamente rosnou. “E eu não o perdoo pelo que você fez, Tom Riddle. Mas, pelos Deuses, espero que tenha aprendido isso agora: você pode mentir o quanto quiser, mas isso não vai adiantar de nada... Atlas, Canopus, Cygnus, Orion... Eles todos queriam você pela sua influência. Eu não tenho ideia do que você colocava na cabeça deles, mas a cada reunião de família, mais eles falavam sobre supremacia puro-sangue e coisas parecidas. Você, Tom, criou os seus próprios inimigos e... Eu realmente espero que você saiba se defender deles.” A bruxa ergueu uma mão, apontando um dedo para o rosto dele. “Eu não o perdoo, mas realmente espero que você saiba lidar com o que está por vir, porque você os provocou, Tom, e eles não estão felizes. Meus primos não gostaram nada de saber que foram enganados por um mestiço.”

“Dorea...”

“Agora, Abraxas... Abraxas adora você,” ela murmurou. “Não o machuque como você fez comigo. Nem a ele e nem a Hermione. Eles não merecem isso.”

“Eu...”

“Me prometa, Tom, que você não vai fazer isso com eles,” a garota pediu. “Eles são pessoas boas. Se você está aceitando a ajuda deles, o carinho deles, não os traia. Prometa, Tom.”

“Eu... Eu prometo,” o rapaz sussurrou, sentindo um nó se formar em sua garganta. Ele odiava prometer coisas, nunca sabia quando a magia iria interferir e fazer de uma promessa qualquer algo grande demais.

“Ótimo,” ela murmurou, sorrindo fraquinho. “Você quer voltar para o castelo? Posso avisar os outros que não estava se sentindo muito bem.”

“Por favor.”

“Pode ir.” Dorea Black sorriu, apoiando uma mão no ombro dele e apertando de leve. “Eu cuido disso.”

***

Quando Abraxas entrou em seu quarto no dormitório dos monitores, Tom não sabia exatamente como o amigo havia conseguido desfazer os seus feitiços de tranca na porta, mas decidiu não questionar. Os pensamentos dos outros ainda estavam conseguindo entrar em sua mente e isso ficou bem explicito quando ouviu a voz de Malfoy, muito nítida, ecoar em sua cabeça quando ele entrou. Ele queria saber o que havia acontecido, se estava tudo bem.

“Só quero ficar sozinho,” disse Tom, antes mesmo do amigo falar alguma coisa e sem se virar na cama para olhá-lo.

“O que houve?”

“Minha magia não está muito bem controlada,” ele tentou explicar. “Não devia ter ido ao Três Vassouras.”

“Tommy.”

A voz de Abraxas em sua mente agora estava confusa: muitos pensamentos ao mesmo tempo se tornavam um emaranhado de sons. Quando a mão do rapaz apoiou-se em seu ombro, Riddle teve que se conter para não se afastar, pois o contato pareceu deixar os pensamentos dele mais nítidos.

‘O que houve? Atlas fez alguma coisa? Dorea fez alguma ameaça? Eu fiz alguma coisa? Não fique assim, não fique mal, por favor, por favor, por favor.”

“Pare de pensar!” Tom pediu, virando para enfiar o rosto no travesseiro. “Pare de pensar por um segundo, por favor!”

A voz do loiro ficou mais baixa em sua mente. Oclumência. Ele sabia que Abraxas era um oclumente decente, assim como Hermione e Minerva. Mas, no nível em que as coisas estavam naquele momento, mesmo sob proteção, os pensamentos do amigo continuavam ali, apesar de baixinhos.

“Tom,” a voz de de Malfoy o chamou, a mão dele puxando o seu ombro até ele estar sentado na cama com a cabeça entre as mãos. “Tente relaxar. Não estamos mais no Três Vassouras, só tem eu aqui.”

Os dedos do loiro se embrenharam em seus cabelos, afagando-os com calma enquanto tentava acalmá-lo. Sua cabeça já estava doendo por conta da Legilimência desenfreada... Como alguns legilimentes aguentavam aquilo, Tom não sabia.

“Pare de prestar atenção,” disse Abraxas, massageando o couro cabeludo do amigo, antes de colocar as mãos no rosto dele e erguê-lo. “Ou preste atenção em uma coisa só.”

Então ele tentou prestar atenção em Malfoy. Manteve o olhar preso no rosto do outro, focando-se nos olhos claros deste, no nariz reto, nos lábios finos. Qualquer coisa para ignorar a voz no fundo de sua mente. Tentou focar-se na sensação dos dedos de Abraxas em seu rosto, na respiração dele que parecia estar perto demais. Observou como os olhos do rapaz pareciam analisar o seu rosto com calma e, quando percebeu, era como se estivesse olhando para si mesmo pelos olhos do amigo...  De repente, notou uma sensação boa ao pensar em seus olhos, naquela cor que ele passara a detestar desde que vira seu pai, mas que agora parecia bonita; percebeu como seu rosto era mais delicado do que pensava, como ele conseguia corar mais do que gostaria e como seus lábios pareciam convidativos. Tudo isso pelos olhos de Malfoy: era assim que ele o via e, de certa forma, era incrivelmente interessante descobrir isso.

“Você está na minha mente agora?” o loiro perguntou.

“Desculpe.”

“Não, a intenção é essa.” O rapaz sorriu, aproximando-se e o beijando.

Era confuso e curioso, sentir um beijo tanto pelas suas próprias sensações quanto pela perspectiva da outra pessoa. Para Tom, o beijo era afobado enquanto para Abraxas, era contido. Os lábios do outro eram quentes e macios enquanto os seus pareciam hesitar a qualquer movimento. O rosto de Malfoy sob as suas mãos era um tanto áspero por conta da barba do fim do dia enquanto o seu, era bem mais suave. Suas mãos estavam tremendo, as do loiro estavam estáveis. Ele sentia o os dentes do outro segurando o seu lábio inferior ao mesmo tempo que sentia a sensação de ter o próprio lábio preso entre os dentes. Era bom, era interessante e, de certa forma, era delirante. Aquilo ocupava toda a sua mente naquele momento, junto com algumas palavras que escapavam dos pensamentos de Malfoy.

“Abra a mente,” Riddle pediu, quando conseguiu se afastar um pouco do outro.

Ele viu o amigo o encarar um tanto confuso, antes de assentir. Quando o beijou novamente, deixou os seus pensamentos entrassem na cabeça do outro e não tardou a ouvir uma exclamação fraca vinda dele. Tom deixou-se arrastar os dedos pelo rosto de Malfoy quando interrompeu o beijo, prestando atenção nos relevos das feições dele e na textura da barba sob os seus dedos, vendo os lábios do rapaz se esticarem em um sorriso enquanto este também de certo sentia a mesma coisa.

“Quando é que você vai parar de me surpreender, Tommy?” Abraxas perguntou, antes de rir e abraçar o outro.

Riddle permitiu-se afundar no abraço, sua Legilimência ainda mantendo a sua mente ligada à do outro, mas agora a voz de Malfoy sumira. Ele conseguia sentir o próprio corpo sob os braços, junto com o de Abraxas, e tal sensação foi sumindo aos poucos. Dentro de alguns minutos, o que sobrou era a sensação dos braços do loiro ao redor de si, da respiração dele perto de seu rosto e os dedos dele desenhando pequenos círculos em suas costas. Era confortável e calmo.

“Você consegue manter o controle, Tom.” A voz do loiro surgiu depois de um tempo. “Você é bom nisso. Vai ficar tudo bem.”

“Ninguém mais confia em mim,” o rapaz murmurou.

“Mentira. Eu confio,” disse Abraxas, apertando um pouco mais o abraço. “Hermione confia. Os grifinórios... Eles estão se acostumando com você. Mas eu confio e me preocupo com você.”

“Eu sei,” Riddle sussurrou, apertando o tecido da capa do outro entre os dedos.

“Mais três meses, Tom,” Malfoy falou, ajeitando-se de tal forma a ficar encostado na cabeceira da cama, ainda o abraçando. “Depois disso, podemos fazer o que quisermos. Depois disso, estamos livres.”

Era uma mentira, Tom sabia, mas era o tipo de mentira na qual ele queria acreditar naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Eu amo escrever Tom Riddle a beira de uma crise nervosa, meu deus. Esse capítulo teve muito de headcanons mais recentes, coisas que surgiram com informações liberadas pela JK faz menos tempo e com o filme de Animais Fantásticos...

1) Charlus & Fleamont: eu sempre acreditei que o Charlus fosse o avô do Harry, mas depois que a JK lançou a história dos Potter e descobrimos que o Fleamont é o avô do menino de ouro, eu... tentei adaptar kkkk em jornais que aparecem em AFEOH diz que em 1926 a poção alisadora do Fleamont já fazia sucesso nos EUA, então coloquei como se ele fosse mais ou menos vinte anos mais velho que o Charlus, que nasceu em 1926/27;

2) Legilimência: a Queenie me deu uma nova perspectiva de como a Legilimência funciona... ela é bem de boas com ouvir o pensamento de todo mundo e parece que ela nem controla isso; eu sempre imaginei o Tommy bem mais controlado, mas agora gosto de pensar que em momentos quando ele está vulnerável e "preso" em algum lugar muito amontoado, a legilimência dele fica louca e ele começa a ouvir quase tudo, como ela, mas ele não está acostumado com isso. O fato de ele não estar ouvindo muito o pessoal que está logo do lado deles (Hermione e os grifas) seria por eles já estarem falando com ele diretamente e isso acabar distraindo;

3) Ok, confesso que esse final tenha ficado um pouco gratuito, mas como eu estava falando de Legilimência... quis colocar esse negócio que sempre me vem em mente: legilimentes usando esse dom pra ajudar os outros a sentirem o que eles estão sentindo e, nesse caso, dividir as sensações durante um beijo ou algo assim... sei lá... é, eu assisti Sense8 e essa ideia ficou ainda mais forte na minha cabeça -q

4) Modos de viagem no tempo: vocês não querem me ouvir discursar sobre isso, sério hahaha eu posso ficar horas falando sobre viagem no tempo e teorias, etc... prometo que vocês vão ver mais disso tanto em Koly quanto em outras fics minhas no futuro (sério, eu amo viagem no tempo, vocês não entendem... culpa de De Volta Para o Futuro);

5) Almas gêmeas: outro conceito criado para outro ship meu (TomRow, meu OTP), mas que... sei lá, quis introduzir aqui porque acabava sendo relevante para as viagens no tempo;

Como sempre, espero que tenham gostado (: foi um capítulo meio estranho de escrever, mas espero que tenha ficado decente. Digam o que acharam :D



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