Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 21
The Fortuneteller




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Quando Hermione estudou sobre a Grande Guerra contra Grindelwald, ela leu sobre como o Reino Unido fora pouco afetado. Todos diziam que Grindelwald não ousava pisar ali por causa de Dumledore, mas agora que ela estava ali no meio da guerra, a garota podia ver que seus livros e o Professor Binns não diziam a completa verdade. A guerra, realmente, não era tão forte ali, mas ela ainda podia sentir o clima tenso sempre que alguém falava sobre Grindelwald. Mas aquilo era normal, não? Era como falar sobre Você-Sabe-Quem antes da volta deste. Era uma ameaça distante.

Até que alguém saiu machucado.

O nome dela era Aella Thorpe e ela era da Corvinal. Hermione só a vira algumas vezes desde que chegara em Hogwarts, mas a garota conseguia se lembrar do rosto delicado, cabelos castanhos longos e olhos azuis brilhantes. Ela estava na sua classe de Herbologia e já havia feito dupla com Minerva quando elas tiveram que ficar cortando folhas de plantas de Athelas. E ela era Monitora-Chefe. Aella Thorpe era uma bruxa de sangue puro de uma família bem commum. Ela morava em East Yorkshire com seus pais e avô. Era apenas mais uma aluna de Hogwarts, o tipo de aluna que Hermione talvez acabasse sendo se não tivesse se envolvido com Harry e Ron.

A própria Aella estava bem. Pelo menos fisicamente bem. Seus pais, por outro lado, haviam acabado de serem levados para o St. Mungus para que seus corpos pudessem ser examinados para que o Ministério detectasse a causa de suas mortes. Na noite anterior, o Sr. e a Sra. Thorpe estavam dormindo quando um grupo de bruxos usando a marca de Grindelwald em suas correntes invadiu a casa deles. Não teria sido um problema muito grande caso o Sr. e a Sra. Thorpe não conhecessem a Sra. Eichel e seus dois filhos. A Sra. Eichel era uma bruxa nascida trouxa cujos filhos, Johann e Karl, haviam se envolvido em protestos contra Gellert Grindelwald na Alemanha. Ela conseguira fugir do país e se esconder com os Thorpe, mas, aparentemente, Grindelwald os encontrou. Os seguidores de Grindelwald não teriam ameaçado uma família puro-sangue como os Thorpe caso estes não tivessem se envolvido com uma bruxa nascida trouxa e seus filhos mestiços que se rebelaram contra o seu líder. Quando a manhã chegou e o avô de Aella voltou para casa – ele passara a noite caçando diabretes -, tudo o que encontrou foi a filha, o marido dela e as visitas mortas. Aella Thorpe recebera as notícias do Professor Dippet mais cedo naquela manhã e logo deixara o castelo. Menos de três horas depois todos os outros alunos já sabiam de sua história.

Com o incidente, duas coisas viraram os assuntos mais comentados de Hogwarts: a proximidade da guerra e o fato do cargo de Monitora-Chefe ter ficado aberto. A maioria dos alunos focava no primeiro assunto, mas algumas pessoas pareciam mais interessadas no segundo. Riddle era uma dessas pessoas, mas Hermione entendia que isso acontecia por ele ser o Monitor-Chefe e de certo iria querer alguém que fizesse um bom trabalho. Minerva era outra que se preocupava mais com esse cargo do que com a guerra.

“Eu não posso aceitar se me oferecerem para ser Monitora-Chefe. Já estou no Quadribol e temos os NIEMs...”

“Você está no time e ainda tira as melhores notas do nosso ano, Minnie,” disse Charlus, revirando os olhos enquanto ouvia a amiga durante a janta.

“Riddle tem as notas mais altas do nosso ano,” sussurrou Minerva. “Você sabe disso.”

“Quem se importa com as notas de Riddle? Você é ótima e vai conseguir dar conta de tudo, acredite em mim.”

“Os pais de Aella foram mortos e vocês estão discutindo a posição de Monitora-Chefe?” outra garota, Cecília, perguntou, sacudindo a cabeça como se não aprovasse aquela discussão.

“Pelo menos não estamos tentando adivinhar quem os matou,” disse Charlus. “A maioria do colégio está fazendo apostas, Cecília.”

“Isso é horrível. Se entreter com uma notícia tão-“

“Eu acho que foi a Valquíria,” disse outra voz e, assim que se viraram, viram Dorea Black parada atrás deles.

“Quem?” perguntou Hermione, arqueando uma sobrancelha.

“Brunhild Jaeger,” respondeu Cecília, estreitando os olhos para Dorea.

“Ela é conhecida como a Valquíria de Grindelwald,” a sonserina explicou, sentando-se ao lado de Charlus. “É a única mulher dos rankings mais altos dele.”

“Ela é louca,” disse Cecília. “Dizem que é ótima com torturas.”

“Claro que é. Por que outra razão Grindelwald a colocaria em uma boa posição?”

“Talvez ela seja uma boa estrategista ou uma acadêmica?” perguntou Hermione. “A maioria dos aliados dele são bruxos e bruxas que conseguiram ter um bom impacto no mundo bruxo: pesquisadores, professores, políticos...”

“Bruxos. Bruxos que conseguiram ter um bom impacto no mundo bruxo,” Dorea a corrigiu. “Brunhild é a única mulher entre os homens de Grindelwald. É por isso que ela é famosa.”

Hermione torceu o nariz. A única coisa que lhe vinha em mente era Bellatrix Lestrange. Ela não conseguia não imaginar a Valquíria como uma versão de 1940 de Bellatrix e aquilo era o suficiente para fazer com que ela passasse mal e que seu apetite sumisse. A menina olhou em volta, ignorando a conversa dos colegas, até encontrar Abraxas Malfoy sentado na mesa da Sonserina. Ele parecia já ter terminado e agora pegava seu material e se levantava.

“Preciso ir,” ela falou, empurrando seu prato para longe – a maioria da comida ainda intacta -, antes de se levantar. “Vejo vocês depois.”

***

“Você está sério demais. Não dormiu bem?”

Riddle ergueu o rosto, desviando o olhar do livro que tinha aberto sobre a mesa. Malfoy estava debruçado sobre o caldeirão, seus óculos quase caindo da ponta do nariz enquanto ele mexia o liquido ali dentro, logo antes de apontar a varinha para o caldeirão, fazendo a poção mexer por si só, enquanto ele voltava a se esticar na cadeira.

“Acordei no meio da noite com Toulson quase derrubando a porta do quarto de Thorpe.” Bom, não era uma mentira, apesar de não ser a única razão de ter ficado acordado.

“Oh.”

“Sim, oh.” O rapaz suspirou, antes de imitar a pose do colega, esticando-se em sua cadeira.

“Você está preocupado com a guerra,” disse Malfoy, arqueando uma sobrancelha. “Relaxe, Tom. Você não tem com o que se preocupar. Sua família não está envolvida com coisas estranhas como os Thorpe estavam.”

Riddle forçou-se a ficar parado, apesar de querer se ajeitar na cadeira para escapar do desconforto que tomou conta de si.

“Eu estava pensando... Quantos outros foram mortos e o Ministério escondeu as suas mortes? Eles não podiam esconder os Thorpe porque Aella é aluna de Hogwarts e todo mundo sabe que o que acontece na Torre de Astronomia chega nas masmorras em dez minutos. Você não pode esconder coisa assim aqui dentro.”

“Meu pai não trabalha nessa parte do Ministério, Tom,” disse Abraxas, encolhendo os ombros. “Mas acredito que... Pelo menos quatro ataques foram atribuídos à Grindelwald. Há um ano, acharam que eram cinco, mas ai descobriram que um era só um louco que odiava trouxas que matou uma família trouxa em algum lugar nos confins de sabe-se-lá-onde.”

Riddle sentiu um arrepio descer pela sua espinha e forçou-se a relaxar outra vez. Havia muitos sabe-se-lá-onde na área do Ministério da magia e havia muitos loucos que odiavam trouxas no mundo bruxo. O que Abraxas mencionou poderia muito bem ser um bruxo alheio em Oxfordshire ou Cheshire que matou alguns vizinhos trouxas.

“Papai não estava envolvido em nenhum dos casos, mas me lembro desse dos trouxas porque foi um pé no saco pra ele. Alguns babacas no Ministério começaram com fofocas sobre como ele poderia estar envolvido nas mortes... Aparentemente aconteceu perto da nossa casa de campo,” Malfoy explicou, esticando o pescoço para olhar a poção. “Ele teve que provar que não estava por lá na época. Por sorte estávamos visitando minha prima na França.”

Dessa vez Tom não conseguiu não franzir o cenho. A casa que Abraxas mencionara ficava em uma pequena cidade chamada Hornsea, era a única coisa que ele sabia... Ah, e o fato de ela ser ‘uma casa adorável, você tem que ir lá um dia, Tom’. Oh, e Hornsea ficava em East Yorkshire.

“Fico feliz de saber que sua família não se envolve com essas... Coisas,” disse Tom, deixando um pequeno sorriso aparecer em seus lábios.

“Eu não corro por ai matando gente. Não me atrai muito.”

“Graças a Deu, certo?”

O rosto de Abraxas se iluminou com um sorriso e Riddle virou-se para ver Elston entrando na sala, aproximando-se deles. Ela esticou o pescoço, olhando o caldeirão, antes de sorrir.

“Parece bom. Quem fez?”

“Eu,” disse Malfoy, orgulhoso, enquanto se inclinava para apanhar um livro em sua mala. “Bom, hum?”

“Então está perfeito. Você nem a explodiu.” Ela virou-se para Tom. “E você?”

“Estou fazendo o que devia.” Ele apontou o livro. “Pesquisando.”

“Já achou o que queria?”

“Já achei muita coisa interessante, Srta. Elston.” Tom estreitou os olhos, voltando a olhar o livro. “Você deveria ajudar Malfoy.”

“Então sente-se e espere até que a poção ferva.” Abraxas acenou com a mão, fazendo uma cadeira se aproximar da sua. “Espero que tenha trazido um livro, porque as instruções dizem que vai demorar. Eu ofereceria uma bebida, mas não estou com vontade de beber Cerveja Amanteigada ou suco de abóbora e a única bebida decente que tenho está no meu dormitório.”

“Você guarda álcool no dormitório?”

“É só whiskey e Firewhiskey. E eu não me embebedo com aquilo, não se preocupe. Eu sei beber sem ficar idiota.” O loiro a encarou, parecendo ofendido. “Nós dividimos, lá na Sonserina. Menos Tom, porque ele não bebe a não ser que seja vodka.” Hermione virou-se para encarar Riddle, que não pareceu ouvir o comentário. “Ele não vai admitir isso.”

E, então, Malfoy voltou a olhar o seu livro, ficando em silêncio. A garota observou-o ler por alguns segundos, antes de olhar para Riddle. Se ela soubesse que teria que esperar a poção ferver, teria ficado ficado mais tempo no Grando Salão. Suspirando, ela puxou a sua bolsa para o colo, pegando seu livro de Adivinhação. Hermione não conseguia entender como aquelas cartas de tarot e agora passava mais tempo as estudando do que se dedicando a Transfiguração ou Feitiços.

Ela estava quase entendendo o significado d’O Enforcado quando Malfoy deixou um som esganiçado escapar de sua garganta, fazendo Riddle e Hermione o olhar. Ele estava encarando o pequeno livro em suas mãos com os olhos arregalados e uma risada tentando escapar de sua boca.

“O que foi, Abraxas?” perguntou Tom, franzindo o cenho.

“Essa história.” Malfoy riu. “Woah... Você devia ler. Vai fazer você pensar duas vezes sobre a sua querida Adivinhação, Tom.”

“Qual é?” Hermione pegou o livro, folheando-o. Aparentemente era um livro de contos e o que ele estava lendo era o primeiro. “A Cartomante?”

“Machado de Assis,” disse Abraxas, o nome parecendo se enroscar na língua do rapaz, insistindo em não querer sair. “Foi Tom quem me apresentou a ele. Ele diz que o chamam de ‘O Bruxo.’”

A grifinória encarou Tom outra vez. Ele havia voltado a ler, ignorando-os. Ela nunca havia ouvido falar daquele autor... Na verdade, ela nunca vira nenhum livro escrito por bruxos e bruxas que fosse uma obra de ficção. Bom, menos os livros de Lockhart, que ela poderia considerar como ficção. De qulquer jeito, Riddle recomendou um livro trouxa para Malfoy? E Abraxas Malfoy realmente leu algo escrito por um trouxa sem choramingar?

“Ela é pequena?” ela perguntou e o rapaz concordou. “Então leia para nós. Temos que esperar de qualquer-“

“Não, eu estou lendo aqui,” resmungou Tom.

“Abbafiato,” ela sussurrou, apontando os dedos na direção de Riddle, antes de voltar-se para o outro sonserino. “Pode ir.”

Malfoy a encarou por um momento, parecendo curioso para saber o que ela havia acabado de fazer antes de sorrir, divertido. Tom estava tão absorto em sua leitura que nem pareceu perceber.

“Você precisa me ensinar isso depois,” ele falou, rindo baixo ao notar que o colega não havia percebido ainda que eles estavam falando e, então, voltando ao seu livro. “Hamlet observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia...”

***

“Estou dizendo que vi eles juntos!”

“Ver duas pessoas juntas não significa que eles estejam juntos do jeito que você está pensando, Florence,” disse Minerva enquanto olhava embaixo da própria cama para ver se não estava esquecendo de nada ali.

“Ainda acho que ela devia ter tentado investir em Tom e não em Abraxas. Os dois são do grupo dela de Poções, não?” perguntou Florence Amello enquanto se ocupava em pentear os cabelos. “Abraxas é legal, mas... Tom é Tom.”

“Abraxas é bom no Quadribol.”

“Ora, por favor, Minerva!” Emma Hooper suspirou, sacudindo a cabeça. “Aposto que você quer guardar o Sr. Riddle para si. Principalmente agora que vai ficar no mesmo dormitório que ele.”

“Claro, Emma, assim como eu vou desistir do Quadribol.”

“Mas você tinha uma queda por ele...”

“Toda menina nesse colégio já teve uma queda por Tom Riddle,” disse Minerva, suspirando. “Toda menina e um bom número de garotos também.”

“Não tente desconversar, Minnie-“

“Olha só, terminei tudo aqui.” McGonagall se levantou em um salto, pegando sua bolsa e a colocando no ombro. “Vejo vocês amanhã!”

A garota saiu do dormitório o mais rápido possível. Queria esperar por Hermione para poder falar com a amiga antes de mudar para outro dormitório, mas toda conversa sobre Riddle e Elston e o fato de Minerva estar se mudando para o mesmo lugar que ele dormia estava começando a irritá-la. O resto de seu material já devia estar no dormitório dos monitores e não foi muito difícil de achar o local: atrás do quadro sobre o qual Merrythought falara, o russo mal humorado de vestido.

O lugar era bonito e grande. Talvez um pouco grande e confortável demais para apenas dois alunos. Havia o que parecia ser uma sala comunal toda decorada com as cores da Grifinória e Sonserina, como se as duas casas competissem por um espaço ali, e também dois quartos com seus respectivos banheiros: um para Riddle e um para ela.

“Eu não me lembro de Slytherin muito bem. Ele deixou Hogwarts quando eu era muito nova.” Minerva parou no meio do caminho para o seu quarto quando ouviu uma voz calma ecoar por detrás da porta do quarto de Tom.

“Você viu ele indo?” Agora era a voz do rapaz, com aquela pontada de curiosidade que ela sempre assumia de vez em quando durante as aulas. “Quero dizer, cada livro diz uma coisa sobre a partida de Slytherin...”

“Sinto desapontá-lo, Sr. Riddle, mas a única coisa da qual me lembro são gritos e-“ A outra pessoa pareceu se interromper. “E muita discussão. Eu não gosto de lembrar daquele ano.”

“Sinto muito. E... Ninguém nunca mais o viu depois disso?”

“Claro que sim!” Algo na mente de Minerva estalou. Ela conhecia aquela voz, era a Dama Cinzenta! Mas por que diabos a Dama Cinzenta estava ali? E agora ela parecia estar quase rindo, pelo tom de voz. “Salazar deixou Hogwarts, mas não sumiu do mundo.”

“Os livros-“

“Os livros gostam de dramatizar as coisas, gostam de escolher um vilão para a história. Pelo que vi nos últimos anos, Slytherin foi quem ocupou esse papel na história de Hogwarts,” disse o fantasma, parecendo suspirar no final. “Não confie em tudo o que livros de história dizem, Sr. Riddle. Além de mudarem muitas coisas, ainda lhes faltam muitas informações.”

“Como...?”

“Você já ouviu falarem sobre mim nos livros?” Um silêncio quase que pesado demais pareceu tomar conta do quarto, antes outro suspiro bem audível escapar da Dama. “Eu deveria ir.”

Minerva só teve tempo de se afastar para perto da porta de seu quarto, se atrapalhando com as chaves que Dumbledore havia lhe entregado, quando a figura translúcida do fantasma atravessou a parede ao seu lado. A Dama Cinzenta não pareceu perceber a sua presença ali, já que continuou flutuando, atravessando a sala e desviando o olhar para um canto perto da lareira, sussurrando algo para si mesma enquanto parecia gesticular para algo.

Franzindo o cenho, a garota observou o fantasma atravessar a outra parede, desaparecendo. Ela sempre achara a Dama Cinzenta o fantasma mais curioso de Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

Atualizar super rápido porque uma pessoinha fez ENEM hoje e idk, eu curtia chegar das provas e ficar lendo fic alheia.

1) Brunhild: nome de uma Valquíria da mitologia nórdica. Valquírias eram divindades que escolhiam os guerreiros mais bravos para entrarem para Valhala.

2) Jaeger: significa 'caçador'. Meio clichê, mas é porque eu estou com Jaeger na cabeça depois de assistir tanto Pacific Rim e Attack On Titan.

3) A Cartomante: tem o PDF de graça no google.