Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 19
All Hallows' Eve




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Tom inclinou-se contra o pilar da cama de Alphard Black enquanto observava Abraxas organizar as fotografias e pequenos objetos alheios na mesinha de cabeceira. O homem loiro na maior foto era o seu avô, Taranis Malfoy, que morreu por causa de um feitiço que deu errado, enquanto a mulher séria ao seu lado era a avó de Abraxas, Eudora Malfoy, que morrera quando ele estava no terceiro ano. Os restos de uma varinha quebrada na frente do retrato eram do bisavô do loiro, Septimus, e o pequeno medalhão de ouro, de sua bisavó, Arista Malfoy. Riddle sabia que teria que esperar até que Malfoy tivesse terminado toda aquela organização, dizendo suas orações e acendendo a vela que ele havia colocado perto dos objetos, para poder falar com o rapaz. Afinal, havia sido Abraxas quem pedira para falar com ele no dormitório da Sonserina, dizendo que havia 'algo importante para ser dito'. Todo o ritual que estava sendo realizado pelo outro sonserino havia sido explicado para Riddle em seu quarto ano, por um Abraxas Malfoy que parecia animado demais para explicar ao amigo tudo sobre os rituais que ele praticava na noite do dia 31 de Outubro.

Para Tom, o Halloween sempre fora um feriado um tanto bobo que ele nunca celebrara por conta do fato do orfanato não encorajar as crianças a fazerem aquilo, mas, uma vez em Hogwarts, Riddle viu-se sendo arrastado para a festa de Halloween de Hogwarts todos os anos. A maioria das pessoas do castelo ficava feliz em simplesmente celebrar a data com o banquete, os doces e o doces-ou-travessuras, mas algumas, como Malfoy havia explicado, usavam aquela noite como forma de prestar homenagem aos seus ancestrais. Era um negócio religioso e Tom nunca fora uma pessoa muito religiosa, um fato que fez com que Malfoy o enchesse de conhecimentos novos sobre tudo aquilo. Por exemplo, Abraxas lhe explicara que a maioria das famílias bruxas que seguiam a mesma religião que ele acreditavam que os alunos deveriam ser mandados para casa naquela data, para poderem comemorar o Samhain junto com suas famílias; ele também sabia que eles acreditavam que, na noite do dia 31 de Outubro, os mortos estavam entre os vivos outra vez. Outra informação muito útil sobre aquele dia era que ninguém deveria brincar com as crenças de Abraxas Malfoy. Quando eles tinham quinze anos, um grifinório acabou com um olho roxo depois que teve a infelicidade de fazer graça com Abraxas por este ter deixado o banquete mais cedo para ir cuidar das suas oferendas. Haviam poucas coisas que deixavam Malfoy irritado e brincar com a sua religião era uma delas.

Depois de observar Abraxas acender a vela na mesa de cabeceira, Riddle olhou ao redor do quarto, seu olhar recaindo nas janelas. O Lago Negro estava esverdeado do lado de fora e ele conseguiu ver, de relance, um cardume de peixes passar nadando por ali. O fato do salão comunal da Sonserina ser debaixo do lago sempre fora sua coisa favorita sobre ele e, de vez em quando, ao ficar olhando pelas janelas de dormitório de monitor, observando os terrenos de Hogwarts, ele sentia falta de seu antigo quarto, mesmo que ele tivesse que dividi-lo com outras pessoas.

"Então," disse Abraxas, finalmente se erguendo do chão, onde ele estava ajoelhado em frente à mesinha. "Preciso falar com você."

"Eu não estaria aqui se não precisasse." Riddle sentou-se na cama de Alphard. "Onde estão os outros?"

"No Grande Salão," explicou Malfoy, sentando-se no fim de sua cama, oposta à de Black. "Lembra do homem sobre o qual Canopus falou? O russso, Dolohov?"

"Sim, o que tem ele?"

"Diga a Lestrange para não falar com ele." Tom franziu o cenho. "Eu faço isso."

"Acho que Canopus consegue fazer isso sozinho…"

"Eu conheço Dolohov, Tom. A mãe dele é uma velha conhecida da minha. Acredite, vai ser melhor que alguém que o conheça fale com ele sobre tudo isso," disse Abraxas. "Ele é um pouco paranóico. Acha que todo mundo está armando para assassiná-lo ou coisa assim. Mas ele é um bom bruxo… Digo, bom com magia."

"O quão bom?"

"Bom, ele conseguiu entrar na mente de Canopus sem ser notado, isso já é algo, não? E ele é ótimo com maldições. Ele gosta de… experimentar com fórmulas novas e criar feitiços suspeitos em seu tempo livre." Abraxas riu baixo. "E ele não gosta de trouxas. Nem um pouquinho."

"A maioria dos bruxos puro-sangue não gosta."

"Oh, não, mas com Antonin é diferente. O ódio dele é mais… passional." Tom estreitou os olhos, inclinando a cabeça para um lado. "Ele tinha uma irmã, sabe, o nome dela era Tatiana, Tatiana Dolohov. Ela morreu há alguns anos. Não sei o que aconteceu - já tive sorte de saber que ela morreu, ele nunca fala dela -, mas tem algo a ver com trouxas, pelo que entendi. Ele meio que jurou vingança depois disso, pela sua querida Tanya, e agora ele se diverte torturando trouxas que ele encontra nas ruas de Moscou e São Petesburgo."

Certo, o tal Dolohov parecia ser mais interessante agora. Pessoas como Malfoy, os primos Black, Avery e Lestrange sempre tinham um certo desgosto em relação a trouxas, mas gente como Dolohov… Bem, eles não só não gostavam de trouxas, eles os odiavam por algo que estes lhes fizeram. Era o tipo de gente que iria adorar ainda mais estar sob o seu comando.

"Obrigado pela informação, Abraxas," disse Tom, sorrindo antes de se levantar. "E, tudo bem, você fala com Dolohov."

"Vou fazer isso. Ele vai gostar de você, Tom. Você parece ser o tipo de pessoa que ele gosta," disse Malfoy, movendo-se para sentar-se no meio de sua cama e esticando o braço para alcançar um livro que estava sob o seu travesseiro.

"Vai ficar aqui?"

"Sim, não estou com cabeça para o banquete." O loiro deu de ombros. "Pedi para Canopus trazer alguns doces. E você?"

"Vou ficar na cozinha, pegar algo para comer lá. Não estou com vontade de ficar ouvindo os grifinórios gritando e fazendo piadas estúpida hoje."

"Certo. Boa noite, Tom."

" 'Noite, Abraxas."

***

Hermione empurrou o cabelo para trás, irritada, antes de olhar em volta. A cozinha estava cheia de pequenos elfos-domésticos correndo para lá e para cá com bandejas cheias de comidas. Ela poderia estar no banquete de Halloween, mas sua cabeça estava doendo e o barulho lá só piorava isso. A menina também não estava com vontade de se sentar em uma mesa cheia de docinhos de Halloween sem ter Ron Weasley comendo feito um louco ao seu lado. Parecia errado.

Então ela foi até a cozinha. O lugar era cheio de barulhos de louça batendo contra louça, mas ainda era melhor do que o barulho de conversas e risadas altas demais. E tinha os elfos. Ela gostava deles. Ela até conseguira começar a conversar com uma pequena elfa chamada Winny e esta lhe trouxe uma bandeja cheia de bolos de caldeirão.

"Como você conseguiu entrar aqui?" Hermione sentiu seu estômago se revirar ao reconhecer a voz que fez com que os elfos-domésticos entrassem em desespero. Toda vez que alguém entrava na cozinha, eles corriam para achar uma cadeira e perguntar o que a pessoa queria. Quando virou-se, viu um elfo fazendo uma referência à Tom Riddle. "Uma xícara de chá. Sem açúcar e sem leite," ele falou, antes de olhar para ela. "Então?"

"Charlus me disse como entrar. Você não é o único que conhece tudo sobre o castelo," Hermione respondeu, dando uma mordida no seu bolo de caldeirão enquanto o rapaz se aproximava dela, sentando na cadeira no lado oposto da mesa, à sua frente. A menina se arrumou no assento, de repente se sentindo desconfortável ao se lembrar da última aulas e Defesas.

"Pensei que você iria preferir passar o seu primeiro e último Halloween em Hogwarts com seus amigos," disse Riddle, olhando para a comida dela.

"Não estou me sentindo bem." Ela apontou para a própria cabeça. "Dor de cabeça."

"Tentou ir na Ala Hospitalar? Percebi que você não parece muito bem nos últimos dias. Abraxas disse que você saiu mais cedo na aula dos duelos."

"Não preciso ir lá." Ela empurrou a bandeja de bolos para ele. Voldemort ou não, dava quase pena de ver Riddle olhando aqueles bolinhos. "Sirva-se."

"Obrigado," ele murmurou, pegando um doce e o mordendo.

"E você? O Grande Salão não merece a sua ilustre presença?" ela perguntou e logo se arrependeu. Mais uma vez, ela estava brincando com fogo.

"Muito barulho, muita gente," disse Tom. "Não estou com cabeça."

"E seus amigos…?"

"Estão lá. Acha que eles perderiam a chance de comer e pregar peças nos outros alunos?" Riddle revirou os olhos. "Eles amam isso."

"Pregar peças e ganhar doces." Hermione riu. "Aposto que Malfoy está aproveitando. Algo me diz que ele gosta dessas coisas."

"Abraxas não está lá." A bruxa franziu a testa. Por que Abraxas não estaria no banquete com os amigos? Riddle havia feito algo com ele? "Ele ficou no dormitório. Abraxas não é muito fã do banquete de Halloween; ele prefere ficar sozinho durante o Samhain."

"Oh…" Religião. Fazia sentido. "E você?"

"Eu? Halloween não significa nada para mim. Não é parte da minha religião e nem nada. Eu só respeito Abraxas nesse aspecto."

Hermione concordou com a cabeça, encarando o outro. Esse Tom parecia completamente diferente do Tom que quase matara Atlas Avery durante um duelo. Esse Tom era um garoto que parecia feliz com o simples fato de que tinha algo para comer, não o bruxo que parecia só ficar satisfeito quando deixasse Avery desmaiado no chão. Aquilo era curioso.

"Como estão indo as pesquisas da Amortentia?" perguntou Hermione, tentando se livrar do silêncio pesado que caíra sobre eles.

"Está indo bem, eu acho," ele falou quando o elfo-doméstico apareceu correndo e levitando uma xícara de chá. Riddle nem olhou a criatura.

"Obrigada!" disse a garota, esticando o pescoço para ver o elo, que agora corria para longe.

"Você disse 'obrigada' para um elfo-doméstico?" perguntou Tom, arqueando uma sobrancelha e tentando se conter para não rir.

"Você deveria ter feito isso," disse Hermione. "Mas como não fez-"

"É um elfo-doméstico; não precisa disso." Riddle olhou para as criaturas, parecendo um pouco enojado. "É o trabalho deles nos servir."

"Quando o Dr. Mazarovsky o curou, quando você pegou pneumonia, você o agradeceu?" a bruxa perguntou e, assim que o nome do trouxa saiu de sua boca, a cabeça do rapaz se ergueu.

"O que eu te disse? O que eu te disse sobre não…?"

"Você o agradeceu por salvar a sua vida ou não?" ela insistiu, ignorando o olhar furioso que Riddle lançava em sua direção. Hermione nem sabia como era a história completa de como ele ficara doente. O que sabia era apenas o que Anna havia lhe contado: que ele pegara pneumonia e que Alexei conseguira curá-lo.

"Sim."

"E o que ele fez foi apenas o trabalho dele," disse Hermione. "Assim como isso é o trabalho dos elfos."

"Alexei curou uma pneumonia, Elston." Tom franziu o cenho. "Ele não me serviu chá como esse elfo fez."

"Os dois trabalhos merecem agradecimentos."

"Ah, pare com isso…"

Hermione sacudiu a cabeça e usou uma mão para massagear as suas têmporas. Era incrível como uma pequena conversa com Riddle conseguia fazer com que ela perdesse o seu apetite com tanta rapidez. Ela quase pulou quando sentiu a mão de Tom cobrir a sua que estava apoiada na mesa.

"O que você está fazendo?" ela perguntou, tentando puxar a mão do aperto dele.

"Fique quieta." Os dedos de Riddle se fecharam ao redor de sua mão, deixando impossível para ela se afastar. Logo a menina sentiu uma sensação morna e confortável subindo pela sua mão e braço, deixando-os dormentes. Magia. A magia de Tom estava subindo pelo seu braço e pescoço, alcançando a sua cabeça em alguns minutos. Pouco tempo depois que a sensação morna atingiu sua cabeça, Hermione sentiu a dor aliviar. "Melhor?"

"O que você fez?" ela perguntou, sentindo-se leve demais de repente.

"Usei magia para relaxar os seus músculos," explicou Tom. "Assim os músculos ao redor do seu crânio pararam de pressioná-lo e a dor diminuiu."

Hermione encarou o sonserino, surpresa. Ela ainda sentia a magia dele trabalhando dentro de si e aquilo era estranho, mas, ao mesmo tempo, bom, já que a magia a estava fazendo se sentir tão relaxada.

"Isso é bem… Brilhante."

Riddle deixou um pequeno sorriso aparecer em seus lábios quando a bruxa sentiu um leve arrepio correr pelo lado de seu corpo. Ela tremeu um pouco e, logo, a mão do rapaz deixou a sua.

"Tente uma poção relaxaste muscular da próxima vez," disse Riddle, voltando para a sua comida.

"Vou lembrar disso- oh! Antes que eu esqueça: o livro que você pediu para Alexei mandar chegou. Está no meu dormitório, então se quiser subir lá comigo, eu posso pegar pra você…"

"Está me convidando para entrar na torre da Grifinória?" perguntou Tom, um sorriso convencido em seu rosto.

"Estou perguntando se você não subiria comigo e esperaria na frente do retrato da Mulher Gorda até eu pegar o livro e voltar para te entregar," ela o corrigiu, levantando-se. "Aposto que pode começar a lê-lo hoje a noite. Ainda é cedo."

Riddle olhou para a comida e virou-se para pedir que um dos elfos levasse os restos para o seu dormitório, antes de seguir a garota. A caminhada até a torre da Grifinória fora silenciosa, o que foi bom, porque Hermione já estava achando que Riddle estava falante demais naquela noite. Quando finalmente conseguiu ver a Mulher Gorda ao fim do corredor, a bruxa apressou o passo para chegar ao retrato antes do outro, murmurando a senha para que ele não a ouvisse. Tom suspirou ao se ver parado na frente da dama do quadro, esperando enquanto a mulher ficava tagarelando sobre ópera.

"Aqui!" Ele ouviu a voz de Hermione e o retrato se abriu, dando passagem para a sala comunal da Grifinória. A menina pulou para fora do buraco na parede de pedra e entregou-lhe um livro escuro e pesado. "Neurofisiologia."

"Obrigado, Srta. Elston." Ele pegou o livro e deixou os dedos acariciarem a espinha deste.

"Espero que sua noite seja bem divertida com isso." Ela apontou para o livro. "E com os doces que você pediu para os elfos levarem para você. Eu, ao contrário, vou ir direto para a cama. Seu truquezinho me deixou com sono demais."

"Então, boa noite, Srta. Elston."

"Boa noite, Riddle."

***

A magia dela ainda fazia a sua mão formigar. Tom havia usado a sua própria magia, forçado-a no corpo dela para melhorar a dor de cabeça que ela sentia e, ainda assim, a magia dela conseguira se embrenhar em seu corpo. Era algo silencioso e lento, que ia e vinha, mas era forte. Ele estava acostumado a sentir a magia dos outros, mas esta normalmente não forçava passagem para dentro do seu corpo como a de Hermione, não com tanta facilidade… A magia de Abraxas, por exemplo, precisava da sua permissão para afetá-lo, enquanto a de Avery era como um tipo de energia que batia em sua pele, mas nunca conseguia entrar. A de Hermione parecia a de Malfoy, só que ela não precisava de permissão alguma, entrando em seu corpo e permanecendo ali por quanto tempo quisesse.

Era interessante, ele não podia negar. Em momentos como aquele, o rapaz via o quão poderosa a bruxa era. E não apenas poderosa, mas inteligente. Ela sabia usar o seu poder, sabia moldá-lo da maneira que fosse preciso.

Era apenas nisso que conseguia pensar enquanto ficava sentado em sua cama, olhando o livro aberto em seu colo. O formigamento leve em sua mão o impedia de prestar atenção no que lia, fazendo com que todos os seus pensamentos se desviassem para Hermione. Tom suspirou, encostando-se contra a cabeceira e encarando o anel dourado em seu dedo anelar, girando este ali. Hermione Elston poderia ser de grande uso caso ele conseguisse que ela confiasse em si. Deus sabia o quão importante poderia ser ter alguém inteligente como Elston ao seu lado.

Riddle fechou o livro, deixando-o de lado, antes de se levantar. Olhando para o seu relógio, o garoto viu ainda era o dia 31 de Outubro. Apesar de que pensar sobre Hermione parecia ser interessante, ele achou que talvez fosse melhor fazer isso em outra hora, quando estivesse completamente descansado, e não quando uma leve dor de cabeça começava a aparecer na sua nuca. O rapaz foi até a sua escrivaninha, abrindo uma caixa de papelão que uma coruja lhe entregara mais cedo. Abraxas havia lhe enviado uma vela como a que ele havia usado no seu pequeno altar. Tom já havia se mostrado curioso em relação ao fato de que o amigo acreditava que o Samhain era a noite na qual os mortos voltavam ao mundo dos vivos e, aparentemente, Malfoy lembrou-se disso.

Já que não conseguia se concentrar em sua leitura e não queria pensar sobre Elston ainda, Tom pensou que talvez não fosse machucar se ele fizesse o mesmo que seu colega fizera mais cedo naquela noite. Limpando sua escrivaninha, o bruxo tirou a vela da caixa e colocou-a no canto da mesa, antes de voltar para a sua cama, puxando seu malho debaixo desta e o abrindo. Ele havia colocado inúmeros feitiços de proteção ali, criando vários bolsos mágicos para que conseguisse esconder alguns objetos pessoais. Abrindo um deles, Riddle tirou dali dois pedaços de um pedaço de madeira. A Sra. Cole havia lhe dado quando ele completara dez anos, dizendo-lhe que aquilo era um dos poucos pertences de sua mãe. Os outros eram o vestido e os sapatos que ela usava e que foram jogados fora depois que ela morreu. Os funcionários do orfanato nunca souberam o que diabos era aquele pedaço de madeira, claro, mas o guardaram, como faziam com a maioria dos pertences dos pais das crianças.

Depois de deixar a varinha quebrada em cima de sua cama com cuidado, Tom voltou a remexer por entre os bolsos do malão, tentando achar a terceira - e menor - parte da varinha quebrada, mas, ao invés disso, sentiu seus dedos roçarem contra algo que parecia ser feito de couro. Franzindo o cenho, o bruxo agarrou o objeto e o tirou dali de dentro. Era um pequeno caderno de capa de couro preto. Trancando o maxilar, o garoto abriu-o apenas para dar uma rápida olhada em o que parecia ser o rascunho de um rosto, antes de fechá-lo e jogá-lo dentro do malho de novo. Ele fechou a tampa e o empurrou para debaixo da cama, antes de pegar a varinha com todo o cuidado possível e voltar para a escrivaninha.

Colocando-a ao lado da vela, ele observou o conjunto ali por um momento, antes de se ajoelhar na frente do altar improvisado e usar sua varinha para acender a vela.

"Eu dedico este espaço para aqueles cujo sangue correm dentro de mim," ele sussurrou, repetindo as palavras que ouvira Abraxas falando.

Tom ergueu uma mão para deixar os dedos encostarem na varinha quebrada, acariciando-a de leve. Assim que realizou tal movimento, um arrepio suave subiu por sua mão até o seu pulso. Tom riu de leve. Ele não sabia se isso era para acontecer, nem sabia o que era para acontecer mesmo, mas algo dentro de si ficou feliz com o que ganhou em resposta.


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Notas finais do capítulo

1) Hermione estava com uma dor de cabeça tensional, que é quando você está tão tenso que os músculos ao redor da sua cabeça pressionam o seu crânio e isso dói muito, o que é diferente de uma enxaqueca. O Tom, no final do capítulo, também estava começando com uma tensional ali. O feitiço que Tom usou é como se Hermione tomasse um Dorflex, relaxou todos os músculos por onde passou, deixando ela toda "mole".

2) A religião do Abraxas: Brax é pagão e essa idéia veio da Vicky (highonbooks), depois que nós ficamos um bom tempo conversando sobre religião bruxa por mensagem ehehe.


On a random note, eu recebi uma ask linda no tumblr esses dias sobre Koly e aisuhdsiad basicamente, falando sobre como a pessoa curtia que eu colocava na fic informações adicionais sobre o mundo bruxo, principalmente sobre a Europa oriental, e personagens de lá, etc etc... E, por curiosidade, queria saber com vocês se vocês curtem isso? Essa inclusão de coisas a mais que o velho romance Tomione? Digo, os personagens adicionais como Minnie, Brax, Helena, o povo do orfanato, etc... As (longas) aulas de história trouxa/bruxa, as explicações sobre os feitiços e tals... Eu curto escrever isso, mas as vezes tenho medo de sobrecarregar de coisa alheia D: e... eu também estou pensando em fazer um playlist no 8tracks pra Koly, mas... Vocês acham que ainda está muito cedo pra isso? Eu pensei em começar a organizar isso a partir do capítulo 20 (que eu já tenho escrito), mas minha mão está coçando D:

Anyway, muito obrigado quem deixou review até agora :DD Como sempre, digam o que acharam, é sempre legal ouvir a opinião de vocês :)