Kolybelnaya escrita por themuggleriddle


Capítulo 16
Bats and Ashwinder Eggs


Notas iniciais do capítulo

POR FAVOR, dêem uma olhada nas notas finais, eu preciso falar uma coisinha ali, ok?



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“O que mais você pegou? O que mais!?” Hermione se encolheu no chão enquanto Bellatrix Lestrange gritava, os saltos de suas botas estalando contra o chão de madeira a cada passo que ela dava. “ME DIGA!”

 

“Nada! Não pegamos nada!” A bruxa mais nova gritou quando a o bico da bota de Lestrange atingiu-a debaixo de suas costelas, fazendo com que uma pontada de dor irrompesse dali. “Nunca estivemos no seu cofre!”

 

“MENTIROSA! Sua sangue-ruim nojenta, não ouse mentir para mim!” Outro chute e Hermione gritou novamente, antes da comensal se ajoelhar em frente a ela, segurando o seu rosto e afundando suas unhas longas na pele da garota. “Você vai me dizer como você entrou no meu cofre.” Granger sentiu seu estômago embrulhar quando conseguiu sentir a respiração de Bellatrix em seu rosto. “E o que pegou de lá. E, se não fizer isso, acho que terei que falar com outra pessoa.”

 

A mulher acenou com a cabeça para alguém atrás da grifinória e, antes que Hermione pudesse tentar adivinhar o que ia acontecer, Fenrir Greyback apareceu ao lado de Bellatrix, arrastando alguém pelo chão. A pessoa, uma mulher cujo rosto estava escondido por detrás dos cabelos escuros e embaraçados, estava gritando e chutando, tentando se livrar das mãos do homem. Foi apenas uma questão de tempo até a menina perceber quem era aquela.

 

“Não!” Ela tentou alcançar a mulher, mas o aperto de Bellatrix em seu rosto se intensificou, antes de ser jogada no chão pela bruxa. Fenrir estava sorrindo agora, deixando a mostra os seus dentes amarelados e tortos enquanto empurrava a sua vítimia para o chão. “Não, por favor!”

 

“O outro, onde está?” Lestrange cuspiu as palavras e, rapidamente, Scabior apareceu, empurrando um homem na sua frente e fazendo-o se ajoelhar ao lado da mulher. “Agora, sangue-ruim, temos um acordo? Minhas respostas pela vida dos seus pais trouxas imundos.”

 

Hermione soluçou, olhando para os seus pais. O rosto do Sr. Granger estava coberto de arranhões e hematomas, seu nariz estava torto e sangrando e um dos seus dentes da frente estava trincado do meio. A esposa deste não estava muito melhor; seu rosto estava sujo e manchado de lágrimas enquanto ela chorava sem parar, um corte longo descia pela sua testa, suas mãos estavam cheias de pequenos cortes e uma ou duas de suas unhas estavam perdidas. Bellatrix deu um risinho enquanto parava ao lado da Sra. Granger, deixando uma mão passar pelos cabelos dela.

 

“Não encoste nela!” a garota gritou e tentou se levantar, apenas para ser jogada de volta no chão por um feitiço de Scabior.

 

“Diga-me como entrou lá,” sibilou Lestrange, afastando a mão e apontando a varinha para a mulher trouxa. “Diga-me o que mais levou.”

 

“Eu não entrei no seu cofre!”

 

“MENTIRA! CRUCIO!” A Sra. Granger gritou de dor, seu corpo se contorcendo devido à maldição enquanto seu marido e filha observavam, horrorizados. Sem perceber, Hermione viu-se gritando e implorando para que a bruxa parasse. “Sabe o que é mais engraçado de tudo isso, Srta. Sabe-Tudo?” perguntou Bellatrix, parando a maldição e deixando sua mãe cair no chão enquanto respirava com dificuldade e gemia de dor. “É que você implora e implora, mas não faz nada. Você não levanta e luta! Você não reage!”

 

A risada agudaa da comensal foi o suficiente para fazer Hermione tentar levantar outra vez. Dessa vez, Scabior não ergueu a varinha, mas a garota não conseguia mexer um músculo sequer quando tentava. Ela apenas ficou sentada no chão, sem conseguir mexer seus braços e pernas, mesmo que sua mente a ordenasse para o fazer.

 

“ ‘Mi-Mione...” Sua mãe soluçou, esticando uma mão na sua direção.

 

“Mãe,” ela murmurou, e depois olhou para o seu pai, que observava tudo de olhos arregalados. “Pai...”

 

“Vê? Você os está deixando à nossa mercê!” Outra risada de Bellatrix. “Você está deixando todos os seus amigos à nossa mercê, sangue-ruim! Onde está você quando eles precisam? Onde está você? Não aqui, certamente. Não lutando!”

 

“P-Pare...” Hermione sacudiu a cabeça, sentindo as lágrimas queimarem os seus olhos. “Pare!”

 

“Você está se escondendo feito uma covarde.” Os olhos da bruxa mais nova se arregalaram quando ouviu outra voz. Ela era fria e controlada, não louca e histérica como a de Lestrange. Erguendo a cabeça, Hermione perdeu o ar ao ver Tom Riddle ajoelhado ao lado de sua mãe. As mãos pálidas do rapaz estavam acariciando as costas da Sra. Granger de uma maneira confortante, e ela erguia o rosto sujo de lágrimas para ele como se o garoto fosse a sua única esperança. “Está tudo bem, Sra. Granger.”

 

“Não, mãe, não ouça o que ele diz!” Hermione gritou e Riddle simplesmente ergueu seus olhos azuis para olhá-la.

 

“Sua filha está fazendo um trabalho excelente na escola, sabia, Sra. Granger?” disse Tom com uma voz suave, antes de rir baixinho. “Ela está quase ficando com as mesmas notas que eu e eu sou o melhor aluno de lá agora. Ela está sendo uma boa aluna, fazendo suas tarefas e projetos enquanto permite que seus amigos e parentes sejam torturados e machucados em uma guerra.”

 

“Cala a boca! Mãe, não... Não ouça o que ele diz, por favor!” Os olhos da mulher deixaram o rosto do rapaz e encontraram os seus. A bruxa soluçou ao ver o quão machucada a mulher parecia. “Por favor...”

 

“Por que, Hermione?” A Sra. Granger perguntou em um murmúrio, antes de soluçar.

 

“Shh,” Riddle sussurrou, passando os braços ao redor dos ombros da mulher. “Não precisa chorar, Sra. Granger.”

 

“Não toque nela, seu bastardo!” Hermione gritou, outra vez tentando se levantar e falhando miseravelmente.

 

“Não vou deixar ninguém machucá-la, Sra. Granger, diferente de Hermione.” O garoto abaixou o rosto até que este estivesse escondido nos cabelos bagunçados da mulher. A grifinória sentiu seu estômago revirar. Como ele ousava tocar na sua mãe daquele jeito? Como ele ousava jogá-la contra a própria filha? Como ele ousava agir como... Como se fosse filho dela? Antes que seus pensamentos avançassem mais, Hermione viu algo pálido nas mãos de Tom. O bruxo olhou para a garota por um momento, antes de apontar a sua varinha para o pescoço da mulher trouxa. “Avada Kedavra.”

 

Hermione gritou ainda mais alto enquanto via o corpo de sua mãe cair mole nos braços de Riddle, seu rosto sujo já não mostrando mais vida e seus olhos escuros encarando o nada.

 

“Você deixou que ela morresse, Hermione,” sussurrou Tom, olhando para a Sra. Granger e depois colocando o corpo desta no chão. “Do mesmo jeito que está deixando todos os outros morrerem, todos os seus amigos.” Ele se levantou e olhou para Bellatrix, que se curvou para ele e saiu.”Greyback, você pode ficar com o homem.”

 

A única coisa que a bruxa pôde ver foi um sorriso sombrio nos lábios de Fenrir antes que este se jogasse na direção de seu pai, que gritou. Ela soluçou e gritou outra vez, vendo o corpo enorme do bruxo sobre o do trouxa, mas não conseguia mais observar, pois Tom havia se colocado entre ela e a cena, segurando o seu rosto com delicadeza. A única coisa que Hermione podia ver agora era o rosto bonito do rapaz, tão calmo que era quase possível acreditar que nada ruim havia acontecido.

 

“Você é uma covarde, Hermione.” Ele apoiou a testa contra a dela. “Você é uma covarde, entende isso?”

 

A garota não respondeu; ela não sabia se era possível para ela o fazer, não com os soluços fortes que sacudiam o seu corpo e o grande nó na sua garganta.

 

“Hermione.” Ela fechou os olhos, tentando ignorar a voz calma dele. Ela não queria ouvir aquele... Aquele monstro.

 

“Hermione...”

 

“Hermione!”

 

“FIQUE LONGE E MIM!” A garota gritou, jogando os braços para a frente e finalmente conseguindo se livrar de Riddle.

 

“Pelo amor de Merlin, Elston, o que houve!?”

 

Hermione piscou, sentindo seus olhos úmidos e bochechas molhadas, antes que sua visão voltasse a focar para que ela visse quem estava na sua frente. Não era Tom Riddle, não... O rapaz na sua frente era mais alto e tinha ombros mais largos, além de ter uma cabeça coberta de cabelos loiros.

 

“Abraxas? O que você fez com a garota?” Malfoy virou-se e outro garoto apareceu atrás dele. Ele tinha quase a mesma altura do loiro, tinha cabelos escuros e um rosto jovial.

 

“Não fiz nada! Era para nós nos encontrarmos há quinze minutos ali.” Abraxas apontou para a porta de uma das salas de aula. “Mas ela não apareceu, então eu vim ver se ela não tinha se perdido e encontrei ela aqui, dormindo. Não é minha culpa que ela teve um sonho ruim.”

 

“Você está bem?” perguntou o rapaz de cabelos escuros. Hermione se levantou, apoiando-se na parede.

 

“Sim... Sim, estou,” ela sussurrou, enxugando o rosto com o dorso da mão. “Não foi nada.”

 

“Podemos ver isso,” disse Malfoy, arqueando uma sobrancelha. “Se quiser, podemos deixar a poção para depois...”

 

“Não, eu já disse que estou bem!” Hermione respirou fundo e começou a andar na direção da sala onde havia planejado se encontrar com Abraxas. “É melhor começarmos ela hoje.”

 

“Se você diz,” murmurou o loiro, seguindo-a. “Te vejo depois, Al!”

 

“Certo.” O outro sonserino, Al, concordou com a cabeça, antes de se afastar.

 

Ao chegarem na sala de aula, as mãos de Hermione ainda tremiam um pouco e sua respiração continuava um pouco descompassada, mas pelo menos suas pernas estavam estáveis outra vez. Os olhos de Malfoy não saíram dela durante toda a caminhada e, agora que ambos estavam parados em frente à um caldeirão que ele já havia arrumado antes em uma das mesas, ele parecia estar querendo falar algo.

 

“O que?”

 

“Tem certeza de que ta tudo bem?”

 

“Pelo amor de Merlin, Malfoy.” Ela suspirou. “Eu dormi e tive um pesadelo, algo que acontece com todo mundo. Me assustei, mas isso não faz de mim uma boneca de porcelana que vai quebrar se tentar fazer uma poção.”

 

“Certo, certo, me desculpe!” Abraxas fez uma careta enquanto apanhava um Poções Mais Potentes e o abria na página sobre Amortentia.

 

“Oh, você conseguiu uma cópia. Riddle fez parecer que era impossível pegar esse livro na biblioteca,” disse Hermione, enfiando a mão no bolso e pgando uma fivela para prender os cabelos, para, então, olhar Abraxas, que agora observava o livro, ajustando um par de óculos em seu nariz.

 

“Tom gosta de drama.” O garoto riu, batendo os dedos sobre a lista de ingredientes escrita na página. “Slughorn só me deixou pegar alguns por enquanto, ele disse que o resto só vão ser necessários daqui algumas semanas.”

 

“Okay, o que você pegou?” perguntou Hermione, observando Malfoy colocar uma caixa de madeira sobre a mesa. Ele a abriu, revelando vários frascos, potes e o que parecia ser duas bolas escuras.

 

“Linhaça e ovos de Ashwinder.” Ele apontou para alguns frascos cheios de pequenas sementes e, depois, para alguns potes de vidro com pequenos ovos que pareciam ser feitos de madrepérola. “E morcegos.” O bruxo pegou uma das coisas escuras e a tirou da caixa, mostrando que aquilo, na verdade, era um morcego morto.

 

“Certo... De acordo com o livro, a primeira coisa é preparar os ingredientes,” disse a garota. “Limpar a linhaça com água de sereia, que vai... ‘aumentar as suas propriedades mágicas’. Você pegou isso?”

 

“Claro.” Abraxas lhe entregou um frasco verde escuro.

 

“E temos que pegar a carne de morcego...”

 

“Temos que cortá-los?”

 

“Obviamente. Não podemos enfiar morcegos inteiros dentro de uma poção.” A menina abriu a sua bolsa, procurando por seu kit de poções. Assim que o encontrou, Hermione tirou de lá duas pequenas facas, colocando-as sobre a mesa. “E temos que limpar com água de sereia também.”

 

“E depois conservar a linhaça e os morcegos em solução de formoldeído,” disse Abraxas. “Imagina o gosto dessa coisa.”

 

“É sem gosto, por isso pode ser colocada em comidas ou bebidas e ninguém perceber. Bom, você começa com os morcegos e eu vou colocando a linhaça na água.”

 

Enquanto Hermione se ocupava em encher uma tigela com o líquido esbranquiçado com um leve brilho que vinha no frasco verde escuro, o rapaz se ajeitou na cadeira, colocando um dos morcegos na sua frente e começando a cortá-lo.

 

“Então, acredito que esteja gostando de Hogwarts?”

 

Hermione encarou o sonserino enquanto colocava o frasco de lado para pegar outro, cheio de linhaça.

 

“Hm, sim, é meio difícil não gostar.”

 

“Acretide, Srta. Elston, aposto que existe muita gente que odiou Hogwarts no seu primeiro ano.” Malfoy riu. “Eles sentiam falta de casa e dos pais, ficavam frustrados com como era o colégio, percebiam que não era só uma brincadeira de bruxos, não se davam com seus colegas...”

 

“Isso acontece em todas as escolas do mundo,” disse Hermione. Trouxas e bruxas.”

 

“Eu sei.” O rapaz deu de ombros. “Mas têm gente que acha que Hogwarts será diferente por ser uma escola de magia. Na maioria das vezes, são os nascidos trouxas.”

 

“Você não pode culpá-los.” A bruxa deixou o frasco de lado e sacudiu a varinha para mexer os ingredientes da tigela. Ela tinha que se conter para não revelar o seu real status de sangue. Riddle e Minerva eram os únicos que sabiam e já era ruim isso. Ela não queria que outro sonserino puro-sangue soubesse que seus pais eram trouxas. “Eles vêm de um lugar onde magia não existe e, de repente, OH! Uma escola que ensina magia! Eles acham que é a coisa mais incrível do mundo e que a única tarefa que terão será transformar xícaras em sapos e voar em vassouras, porque é isso o que trouxas pensam que bruxas fariam se existissem.”

 

“Mas eles não são os únicos, sabe?” Um sorriso fraco apareceu nos lábios de Abraxas. “Alguns puro-sangues também passam pela mesma coisa ao chegarem em Hogwarts, por ser a primeira vez que se vêem longe de casa.”

 

“Hm.”

 

“Você não fala muito, não é, Srta. Elston?” Ele riu. O rapaz ergueu a mão para empurrar seus óculos em seu nariz, apenas errando a parte metálica e acertando em cheio uma das lentes. “Oh, por Merlin!”

 

“Scourgify,” Hermione sussurrou, apontando a varinha para os óculos do sonserino.

 

“Obrigado,” ele falou, sorrindo, antes de voltar a olhar o morcego. “Odeio esses óculos com toda a força, você não tem idéia. Eles são terrivelmente inconvenientes.”

 

“Não são tão ruins.”

 

“Oh, são. Não posso ler sem ter que colocá-los. Queria que ainda fosse míope...” resmungou Malfoy.

 

“Como assim?”

 

“Eu sou naturalmente míope, peguei isso da família da minha mãe, mas, anos atrás, um curandeiro conhecido de meu pai descobriu um feitiço que poderia curar miopia e, como ele estava procurando gente em quem testar, eu me voluntariei. Imagine que ótimo não me preocupar com óculos em um duelo!?” Abraxas riu e sacudiu a cabeça. “O feitiço funcionou, sabe, até transformar minha miopia em hipermetropia. Ele não conseguiu que o feitiço fosse aprovado pelos Conselho de Cura depois outros voluntários tiveram o mesmo efeito colateral. Um até ficou cego.”

 

“Oh... Me desculpe por isso, eu acho.” Hermione franziu o cenho.

 

“Pelo menos eu consigo enxergar.”

 

E ele voltou a cortar o seu morcego morto.



***



“Merda.” Tom olhou para a ponta da pena que usava, vendo-a torta e quebrada graças à pressão exagerada que ele usara, e depois para o pergaminho que agora tinha uma enorme mancha escura de tinta. “Posso usar a sua?”

 

“Claro,” disse Lestrange, entregando sua pena à Tom, antes de voltar a lera revista que trazia consigo.

 

“O Curandeiro Octavian diria que você tem que controlar os seus nervos, Tom.” Atlas deixou uma risada baixa escapar de sua boca. “O que houve? Penas quebradas não está no seu repertório de ações.”

 

“Avery, por favor,” Riddle sibilou, respirando fundo.

 

“Certo, me desculpe. Agora, Tom, não fique irritado comigo, eu só estou curioso... Mas, você descobriu algo sobre a menina Elston? Estava falando com Nott e ele disse que ela é meio esquisita. Toda vez que tentamos falar com ela...”

 

“Vocês tentaram falar com ela?” Os olhos de Tom se estreitaram.

 

“Só um ou dois ‘bom dia’ e ‘boa noite’, só.” Dessa vez fora Lestrange quem falara.

 

“Mas ela sempre age como se nos odiasse. É como se ela soubesse de algo, Riddle.”

 

“Ela não sabe de nada, não se preocupe.” Era verdade. Hermione Elston não sabia nada sobre os Cavaleiros de Walpurgis, ele tinha certeza disso, e a única razão de ela ser rude com seus colegas era porque... Bom, eles eram seus colegas. Ela não gostava dele, nem um pouco; logo, Hermione devia pensar que todos os seus colegas não eram dignos de atenção. Exceto Malfoy, mas isso porque ela estava presa à eles naquele projeto de Slughorn. “Aposto que os grifinórios lhe disseram que nós somos serpentes malignas ou coisa parecida.”

 

“Ainda acho que ela é uma sangue-ruim.” Avery deu de ombros. “Você tem razão, é difícil de ela saber sobre nós, mas é plausível pensar que ela é uma sangue-ruim e nos evita por saber que viemos de famílias tradicionais e puras.”

 

Riddle concordou com a cabeça, antes de erguer os olhos e ver Atlas o encarando.

 

“O que?”

 

“Você sabe se ela é? Uma sangue-ruim, digo.”

 

“Merlin, Avery, eu já disse que não sei!” Tom levantou-se, pegando todos os seus pertences e os segurando debaixo do braço.

 

“Eu só perguntei porque você sempre sabe tudo sobre todos!” disse Avery, rolando os olhos. “Não precisa ficar assim! Parece que você sabe de algo e não quer nos contar!”

 

“Eu já disse, Avery, eu não sou uma merda de profeta. Eu não posso saber de tudo e não preciso de você me dizendo que eu devia!” gritou Riddle, se afastando deles, mas não sem receber um ‘shhhh!’ da bibliotecária enquanto saía da biblioteca.

 

Era como se todo o mundo estivesse conspirando contra ele. Tudo parecia o irritar mais do que o normal, até o comportamento idiota de Avery, o qual já lhe era bem conhecido. Tom culpava as noites sem dormir e as recentes notícias do orfanato. E isso não devia lhe afetar tanto. Martha e Alexei não eram seus, não eram sua família e nem seus amigos, eles eram apenas seus cuidadores e só porque esse era o trabalho deles. Não era problema dele se eles iriam ter um filho – e Deus sabia que Martha queria um filho, ela sempre quis, ele já havia visto isso na mente dela – e também não era como se ele fosse ficar vivendo sob o mesmo teto que eles por muito tempo... Ele fazia dezoito anos em Dezembro e, assim que Hogwarts terminasse, ele deixaria o orfanato e nunca mais veria Martha, o Dr. Mazarovsky ou o filho deles outra vez.

 

Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém esbarrou nele no meio do corredor.

 

“Ah, desculpe!” Riddle ergueu o rosto para ver um garoto mais alto e de cabelos bagunçados e escuros olhando para ele. O outro estava segurando os ombros do sonserino para evitar que ele caísse, mas logo o soltou ao ver o rosto de Tom. “Riddle...”

 

“Será que não pode ver por onde anda, Hagrid?” O bruxo menor voltou a se equilibrar e encarou o outro, estufando o peito e erguendo o queixo em uma tentativa um tanto falha de parecer mais alto perto do meio-gigante. “O que você está fazendo aqui de qualquer jeito? Não devia estar lá fora com Ogg?”

 

“Desculpe, Riddle. O Sr. Ogg pediu para que eu viesse ‘qui e encontrasse o Professor Kettleburn pra dizer que ele encontrou os Explosivins...”

 

“Eu realmente não preciso saber das grandes tarefas de um guardião-das-chaves, seu grande id-“

 

“Sr. Riddle?” O garoto sentiu seu corpo enrijecer e parou de falar imediatamente.

 

“Professor Dumbledore, senhor.” Hagrid sorriu e, logo, Albus Dumbledore estava ao lado deles.

 

“Ouvi que está procurando por Silvanus, Hagrid.” O vice-diretor sorriu para o garoto. “Ele está na sua sala de aula, sinta-se a vontade para ir lá. Como sabe, você tem permissão total de andar por toda Hogwarts como qualquer aluno ou professor.”

 

“Sim, senhor. Obrigado, senhor!”

 

O rapaz mais alto afastou-se dos dois e Riddle sentiu seu rosto esquentar enquanto o observava. Aquilo era tudo o que ele precisava: um Dumbledore irritante o no seu pé quando a única coisa que ele queria era ficar sozinho.

 

“Isso é algo que o senhor também deve saber, Tom. Rubeus pode não ser mais um aluno, mas ele ainda tem o seu lugar aqui em Hogwarts e, assim, ele tem o direito de andar pelo castelo e pelos terrenos sem ser repreendido por professores ou outros funcionários da escola, e muito menos por um aluno.”

 

“Eu entendo, senhor,” disse o sonserino, abaixando a cabeça e evitando fazer contato visual com Dumbledore. “Me desculpe pelo meu comportamento, senhor.’

 

“Desde que não repita.” A mão do professor apoiou-se em seu ombro e ele teve que se conter para não se afastar do toque. “Tom, olhe para mim.”

 

“Senhor?” Riddle manteve seu rosto sem nenhuma expressão enquanto erguia o rosto e encarava o bruxo mais velho. Dumbledore era a única pessoa cujo olhar conseguia fazê-lo ficar desconfortável, quase como se ele estivesse sob o efeito de Legilimência. Ele sempre se perguntava se todo mundo se sentia assim perto do professor.

 

“Está tudo bem, Tom?” perguntou Dumbledore com uma voz calma e suave. “Há algo que você queira me contar?”

 

“Não, senhor,” respondeu Tom, piscando e tentando fazer parecer como se não soubesse a razão da pergunta. “Está tudo bem.”

 

“Oh, que bom.” Um sorriso sutil apareceu nos lábios do homem e ele soltou o ombro do rapaz. “Tenho que ir, os primeiranistas me esperam. Tenha um bom dia, Tom.”

 

Riddle não conseguiu responder, então simplesmente observou enquanto Albus Dumbledore se afastava, cantando baixinho uma das músicas que ele sempre ouvia o coral de Hogwarts ensaiar pelo que ele conseguir reconhecer pela letra – ferte in noctem animam meam illustre stellae viam mam ou algo assim.




***



Minerva McGonagall estava tendo um bom dia. Ela conseguira praticar Quadribol e terminar suas tarefas, o que significava que, agora, ela estava livre para fazer seja lá o que lhe viesse em mente até a hora de ir para a cama. Isso era bom. Não era todo dia que ela conseguia fazer tudo o que precisava. Era nisso que pensava enquanto passava por um grupo de sonserinos que se amontoava em um canto de um dos corredores, conversando. Reconhecendo Canopus Lestrange e Atlas Avery, a bruxa decidiu que não valia a pena cumprimentá-los – se fosse Alphard Black, seria outra história. Alphard era muito melhor que seus colegas de casa – e continuou andando, ignorando as risadinhas irritantes dos garotos até que uma única palavra chegou aos seus ouvidos, fazendo com que ela parasse e se virasse para eles. A força que fazia para segurar a sua vassoura aumentou enquanto ela os encarava.

 

“Do que me chamou?”

 

“Apenas a chamamos do que você realmente é,” disse Atlas, rindo baixo. “Você é uma sangue-ruim, não é, Minerva?”

 

“E você é um babaca, Avery.” Ela rolou os olhos. McGongall era inteligente o suficiente para saber que não adiantava puxar briga com gente como avery. Melhor: ela sabia que podia se vingar no campo de Quadribol.

 

“Viram? É por isso que eles devem ser controlados por nós.” Ela ouviu Avery falar quando ela começou a andar outra vez. “Eles não conseguem se manter sozinhos. Eles sabem o seu lugar.”

 

“Atlas, cale a boca, por Merlin!” McGonagall gritou, tentando conter a sua vontade de acertar o sonserino na cabeça com a sua vassoura. “Será que você sabe do que está falando?”

 

“Claro que sei.” Outra risada escapou da boca do rapaz. “Você é mestiça, não? Você tem sangue trouxa nas veias, logo você é uma sangue-ruim, e todos sabem que o lugar de vocês é abaixo de nós.” Ele gesticulou para si e os outros sonserinos. Todos vinham de famílias bruxas tradicionais.

 

“Sim, claro, diga o que quiser.” Ela suspirou.

 

“Você vai ver, McGonagall.” O sorriso que apareceu nos lábios de Avery quase assustou a garota. Ele parecia sombrio e quase maníaco. “Um dia, pessoas como você irão se curvar aos nossos pés. Guarde as minhas palavras. É apenas uma questão de tempo e, logo, nós iremos atrás de gente como você, a sujeira do mund-“

 

“Avery!”

 

Minerva não sabia se ficava aliviada ou mais preocupada ao ver Tom Riddle se aproximando deles. Atlas ficaria quieto agora, ele sempre se acalmava quando Riddle estava perto, mas a expressão no rosto de Tom fez ela sentir um arrepio descer pelas suas costas. Sim, ele parecia calmo como sempre, mas ela podia ver uma leve ruga entre as suas sobrancelhas e um pequeno e estranho brilho em seus olhos. Ele estava irritado. Na verdade, ele estava furioso, ela podia ver isso.

 

“Malfoy está procurando por você,” disse o Monitor Chefe, olhando rapidamente para Atlas e, depois, para Minerva. “Está tudo bem, Srta. McGongall?”

 

“Claro, Riddle,” ela disse. “Mas você deveria cuidar dos seus colegas e dizer para eles que não é muito bom andar por ai dizendo que um dia ele irá controlar todos nós, a ‘sujeira’ do mundo bruxo, como ele tão gentilmente me classificou. Desse jeito, as pessoas vão começar a achar que vocês estão aprontando algo.”

 

“Oh?” Tom arqueou uma sobrancelha, virando para olhar Avery e rindo. “Não dê atenção ao que ele fala, Minerva. Atlas gosta de fazer drama.”

 

“E que drama.” McGonagall estreitou os olhos, antes de voltar a andar, e afastando do grupo de rapazes, que ficaram em silencio enquanto ela atravessava o corredor.

 

De vez em quando, Minerva tinha que agradecer pela presença de Riddle. Sim, o garoto era um grande puxa-saco que conseguia fazer com que ela subisse pelas paredes de raiva por conta daquela falsidade dele, mas ele era o único que parecia conseguir controlar os sonserinos. Ela ainda se lembrava de quando Darius Nott decidira bater em Peter Brown, um grifinório do quarto ano, depois que Peter sem querer esbarrara nele no corredor, e como o sonserino só parou com seu show de brutalidade quando Riddle – menor do que Darius e armado apenas com sua varinha e inteligência enquanto seu colega tinha um bom par de punhos – apareceu e, calmamente, pediu para que ele se afastasse de Brown. Tom tirou cinqüenta pontos de sua própria casa e levou o menino grifinório para o curandeiro enquanto Nott desaparecera por dois dias, envergonhado de ter sido pego em flagrante por Riddle, as pessoas diziam. Em momentos como aqueles, ela sentia-se grata por ter alguém como Riddle por perto. Não que ela iria admitir isso, no entando.

 

“Oh, olá, Minerva!” A grifinória virou-se para ver Hermione aproximando-se dela, seguida por... Aquele era Abraxas Malfoy? “Pensei que estaria na torre.”

 

“Estava praticando.” Ela apontou para a sua vassoura e olhou para Malfoy. “Oi, Malfoy.”

 

“Oi. Espero que você não acabe conosco na próxima partida,” ele falou, franzindo o cenho.

 

“Pode apostar que nós vamos fazer exatamente isso. Oh, você estava procurando Avery, certo? Ele está perto das escadas, com Riddle,” disse Minerva.

 

“Eu estava procurando Avery?” O sonserino inclinou sua cabeça para o lado.

 

“Riddle disse que estava.” Minerva estreitou os olhos, vendo Hermione olhar para o rapaz com a mesma expressão confusa.

 

“Ah, sim!” Abraxas riu, sacudindo a cabeça. “Preciso falar com ele sobre a redação de Feitiços. Ele queria ver a minha. Preciso ir então... Te vejo depois, Srta. Elston!”

 

“Até depois, Malfoy.” As meninas observaram ele se afastar. “O que foi isso?”

 

“Isso foi a demonstração de que tem algo muito esquisito acontecendo com esses sonserinos,” sussurrou Minerna, ainda olhando para onde Abraxas havia virado no corredor. “E o que a senhorita estava fazendo com ele? Poções?”

 

“Isso mesmo. O que mais poderia estar fazendo com Abraxas Malfoy?”

 

“Oh, não sei.” McGonagall encolheu os ombros, rindo enquanto via a garota corar. “Seria legal ver alguém gostando de Malfoy ao invés de Riddle uma vez na vida. Deus sabe que toda alma viva feminina desse castelo tem uma queda por Tom Riddle... E ouso dizer que até algumas mortas também.”

 

“Oh, Merlin, fantasmas também?” Hermione riu baixinho.

 

“Apenas preste atenção em como a Dama Cinzenta fala com ele e verá o que quero dizer!” explicou Minerva.

 

“E quanto a você? Minerva McGonagall gosta de Tom Riddle?”

 

“Deus, não!” A grifinória riu alto. “Digo, sim, ele é bonito e inteligente, mas eu não vou ser enganada por aquele rostinho bonito dele. Acredite, Hermione, um dia todos vão pegar Riddle fazendo algo que vai completamente contra o que esperam dele. Slughorn diz que ele será o próximo Ministro da Magia. Eu digo que não vou me surpreender se um dia ver ele na primeira página do Profeta Diário, sendo procurado por ter feito algo ilegal. Ele é brilhante, sim, mas muito esplendor pode levar à coisas ruins nas mãos de certas pessoas.”

 

“Então você não gosta dele?” perguntou Hermione, rindo assim que viu a expressão de Minerva.

 

“Não, agora não.”

 

“Agora não?”

 

“Eu talvez tenha gostado dele quando tinha quatorze anos. Ou talvez não,” ela confessou, contendo uma risada. “Você não pode me culpar! No nosso quarto ano, Riddle parou de ser o menino isolado e esquisito que era nos primeiros três anos. E ele era bonito e inteligente, como é hoje em dia... A única coisa é que eu levei um tempinho para ver como ele manipulava os outros.” Minerva respirou fundo. “E, antes que pergunte, não, ele não fez nada comigo. Foi só observando mesmo, é fácil de ver isso quando vemos eles agindo com diferentes pessoas... Da próxima vez que o ver, preste atenção e veja como ele se comporta com um de seus amigos e, depois, com outra pessoa. Ele muda de pessoa para pessoa.”

 

Hermione simplesmente mordeu o seu lábio inferior e encolheu os ombros, tentando não dizer para Minerva que ela conhecia muito bem as muitas faces que Tom Riddle tinha.

 


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Notas finais do capítulo

Então, oi! Seguinte, uma coisa séria para falar aqui (ok, nem é tão séria)... Kolybel'naya foi indicada para um concurso de fanfics (Energize WIP Awards) na categoria de Fanfic Mais Promissora de Harry Potter/Most promising Harry Potter FanFiction e as votações começaram dia 13... Eu queria pedir encarecidamente para que vocês dessem uma força e votassem por ela, por favor! É só votar nesse link: ( http://www.energizewipawards.blogspot.com.br/ ), está ali nessa categoria que eu falei, muito obrigada! Eu não sei quem indicou ela, nem sabia desse concurso quando recebi a mensagem deles.


Espero que tenham gostado :DD Por favor, digam o que acharam :3