Zayn POV

Eu não estava acreditando no que tinha acabado de ouvir. Harry transou com Valerie? Como assim? Não pode ser verdade. Eu não acredito que ela preferiria o Harry do que eu. Eu vi o jeito como ela me olhava hoje de manhã e eu tenho certeza que era pra mim que ela olhava. Eu fiquei meio atordoado, aquelas palavras do Harry passando pela minha cabeça me deixaram pior. Eu não consegui ficar nem mais 1 minuto lá e sai correndo. Eu me senti traído e precisava chorar. Eu sei, sou um idiota. Eu nem conheço ela direito. Mas eu sabia que ela tinha algo de diferente, ela era diferente. Vocês não entendem. Eu precisava tê-la pra mim, eu precisava tocá-la, beijá-la. Eu precisava dela comigo. Mas pelo jeito eu não sou o único.

Harry falava da diversão que os dois tiveram na dispensa como se ela fosse um brinquedo. E eu sabia que pra ele ela era só mais uma. E eu não ia deixar que ele brincasse com os seus sentimentos. Nem pensar. Ela merecia alguém melhor, alguém que a desse seu devido valor. Eu. Mas como eu ia fazer com que ela percebesse isso? Eu ainda não sei, mas sabia que precisava pensar. Esfriar a cabeça, processar tudo aquilo que eu tinha acabado de ouvir e que lugar melhor do que ao lado do meu avô? Que tanto me ajudou quando estava vivo, mas infelizmente se foi há pouco tempo. Ele fazia falta, confesso. Mas sempre que eu quisesse matar a saudade ia até ao cemitério visitá-lo. E essa parecia a hora perfeita, pois eu sei que ele me escutaria, mesmo não podendo responder. Mas de alguma forma ir ao seu túmulo me confortava. Era como se eu conseguisse sentir sua presença. Como se eu conseguisse sentir seus braços em volta de mim enquanto ele fala: “Vai ficar tudo bem”.

Não pensei duas vezes e fui correndo em direção ao cemitério, eu sabia que era pra lá que eu deveria ir. Só meu avô me entenderia. Cheguei ofegante e ainda tive que pular o portão afinal já era 11:20p.m., mas não me importei. Entrei e fui direto ao túmulo do meu avô. Não aguentei por muito tempo e desabei de tanto chorar me deitando ali do seu lado. Eu chorava por causa dela, chorava por causa dele, chorava por vários motivos. Parecia que tudo estava indo de mal a pior e eu só conseguia chorar. Chorei por uma eternidade quando escuto um barulho. Enxugo minhas lágrimas e me levanto. Penso que pode ser o segurança, mas depois de um tempo comecei a ficar com medo. Eu ouvi passos se aproximando e então comecei a correr. Não sabia pra onde afinal estava tudo escuro, mas continuei. Quando de repente esbarro com alguém e caio no chão. Me levanto um pouco tonto e quando vejo era ela.

Valerie POV

Valerie? – Zayn fala me observando. – É você mesmo? – Ele pergunta enquanto esfrega seus olhos. – O-o que você tá fazendo aqui?

– Eu deveria perguntar o mesmo, não é? – Sorrio ironicamente.

– Eu só estava visitando meu avô.

– E por que não fez isso quando o cemitério ainda estava aberto? – Disse grossa.

– Porque eu não quis. Algum problema? – Ele disse na mesma altura. – Agora é sua vez.

– Minha vez de que? – Falo confusa.

– De explicar o que tá fazendo aqui. – Ele cruza os braços.

– Nada. Eu só estava sem sono e então saí de casa pra procurar um lugar pra passar o tempo e encontrei esse cemitério.

– E é assim que você passa o tempo? Num cemitério? – Ele disse.

– Sim, eu gosto de cemitérios. Por quê?

– Por nada. – Ele senta em uma pedra. – Mas algo me diz que você não está dizendo a verdade.

– E você por acaso me conhece pra saber se eu estou dizendo a verdade ou não? – Digo revirando os olhos e cruzando os braços.

– Não, me desculpa. – Ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo. – Você fica linda brava sabia? – Ele sorri e eu imediatamente disfarço fingindo que não ouvi.

– Eu tenho que ir. – Eu disse sem esperar uma resposta e indo embora.

– Espera. – Ele me segura pelo braço e eu me viro. – Você disse que estava sem sono e procurando um lugar pra passar o tempo não é? – Eu assenti. – Pois então, agora que você já achou esse cemitério e eu, nós podemos ficar aqui conversando o que acha? Eu também estou sem sono então...

Me soltei de suas mãos e sentei em uma pedra ao lado da que ele estava sentado antes e ele veio logo em seguida voltando a se sentar.

[...]

– Então sempre que você está triste você vem ao cemitério visitar o seu avô? – Eu pergunto.

– Sim, porque eu sei que sempre posso contar com ele. – Ele sorri, mas parece estar triste.

– E qual o motivo pra você estar tão triste? – E porque diabos de repente eu me importava? Eu não sei, talvez fosse o sono.

– Uma pessoa.

– Quem? – Tá, eu sei eu já tava me intrometendo demais, mas nem eu sei por que. Saiu meio que espontaneamente. Quando eu percebi já tinha perguntado.

– Uma garota por quem eu estou apaixonado. – Ele diz abaixando a cabeça.

– Entendi. O amor fode mesmo com a cabeça. – De repente Zayn fica sério e o clima fica meio tenso. – Já está quase amanhecendo e nós ainda temos aula hoje. Acho melhor irmos embora. – Me levantei saindo do cemitério, mas Zayn continuou lá parado sem dizer nada. Não me importei e continuei andando.

Minutos depois já estava em casa. Entrei pela porta e encontrei Jack dormindo no sofá.

– Jack? Jack acorda! – Eu tento o acordar calmamente e ele finalmente acorda. – Você tá bem? Dormiu a noite inteira aqui deve estar dolorido.

– Pelo menos não fui eu que passei a noite inteira fora de casa de novo. – Ele disse dando ênfase no de novo.

– Não começa...

– Relaxa, por mim tudo bem. Desde que você não beba, use drogas ou faça sexo com qualquer um. – Ele diz rindo e eu não pude me conter e ri também. – Vai pra aula hoje? – E por mais que eu não queira eu assenti. – Então já vai se arrumando que saímos de casa daqui 1 hora mais ou menos.

– Tony vai nos levar? – Disse triste.

– Não e por que iria? – Jack sorriu como se me dissesse: “Não se preocupa.”

– Falando nele, cadê o Tony?

– Eu não sei. Não o vejo desde quando cheguei ontem da escola. Deve estar trabalhando como sempre. Melhor pra nós. – Ele diz indo em direção à cozinha para preparar o café e eu subi pro meu quarto pra tomar um banho.

Me troquei e desci. Jack já estava comendo e me esperava. Só tomei um suco de laranja e já fomos direto pra escola. Ainda não tive nenhum sinal de Tony, mas quem se importa? Quanto menos tempo eu conviver com ele, melhor. Como Jack disse.

Fomos o caminho inteiro em silêncio. Jack sabia que tinha acontecido alguma coisa. Quando chegamos ele resolveu perguntar o que era.

– Ok, então te vejo em casa mais tarde. – Falei apressada.

– Nada disso. – Ele me puxa pelo braço. – Antes você vai ter que me contar o que está acontecendo.

– Não sei do que você está falando.

– É claro que sabe. Você está estranha desde que chegou hoje de manhã Valerie. O que aconteceu? – Droga. Jack me conhecia bem. Nem adiantava tentar, eu não consiga mesmo enganá-lo.

– Nada, é só sono mesmo. – Me virei entrando na escola.

A verdade era que Jack estava certo. Eu estava estranha mesmo. Tinha alguma coisa acontecendo, mas nem eu sei o que. Fiquei assim depois da noite no cemitério com Zayn e por algum motivo não conseguia parar de pensar nisso.