Insanity - Bad Bye escrita por Annie Hirano


Capítulo 14
Capítulo 14




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Rin POV

 Eu acordo com aquele sentimento atordoante de que alguma coisa está errada. Alguma coisa vai dar errado.
 Enfio uma torrada pura na boca, enquanto espero Len terminar de se arrumar. Sinto meu estomago reagir por causa da comida ingerida no estado nervoso que ele está, me fazendo querer vomitar. Tomo bons goles do meu copo de água que havia deixado sob a mesa de vidro da cozinha. Sequer noto quando Len chegou na porta, já arrumado.
- Rin? Aconteceu alguma coisa? – Ele pergunta, preocupado com a minha reação nervosa que vinha desde ontem à noite.
- Não, não é nada... – Eu digo, mas depois de olhar um tempo pra ele vejo que ele sente o mesmo que eu estou sentindo. Nos encaramos fixamente por alguns segundos, e eu me perdi nos seus olhos azuis, como sempre acontecia. Ele afasta a minha franja, que caía insistentemente em meus olhos de meu rosto, e permanecemos assim até que eu, num movimento brusco, o abraço. O abraço como se nossa vida dependesse disso, e ele não demora para retribuí-lo.
- Não se preocupe... – Ele sussurra pra mim, enquanto alisava meu cabelo – Eu vou proteger você.
 Fecho os olhos, me perguntando até onde poderia confiar em suas palavras.
- Temos que ir, ou minha mãe vai nos ver. – Digo baixo, enquanto pego minha mochila preta
- Nós não vamos ao colégio hoje – Ele me lembrou
- Ah, é mesmo... – Eu digo, largando a mochila ali e rio nervosamente. Vou até a porta, e nos olhamos, cúmplices e logo depois, nos damos as mãos, entrelaçando nossos dedos com tanta força que quase os deixava completamente brancos.
 Algo nos dizia que essa era a última vez que estaríamos juntos. Mas não estávamos prontos pra isso. Eu dependia dele, e ele de mim. Ele me tirou de mim, e eu o salvei dele. Ele me tirou de minha depressão, e eu consegui fazê-lo sentir novamente. Se formos separados de novo, o mundo preto-e-branco vai voltar para ambos. Mais doído dessa vez porque sabemos como é a cor, mas não conseguimos mais enxergá-la. Ele é a minha cor. Eu sou a cor dele.
 Minha mão já está formigando por causa da falta de circulação, mas eu não ligo.
 Andamos pela rua, ambos tensos. Sem trocar uma palavra. Prestando atenção ao nosso redor...
 No final das contas paramos em uma praça. Sento-me no balanço enferrujado, e Len se senta do meu lado. Eu iria falar algo quando ele de repente, me faz sinal de silêncio enquanto olha pra trás, com uma cara que não consegui ler. Ele levantou do banco, e eu olhei para trás.
 O pai dele. Segurando um facão. Sentado de costas para nós.
Olhando para o caminho que nós passaríamos caso estivéssemos indo para o colégio.
 Eu prendo a respiração por causa do medo. Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia o que Len estava fazendo. Eu só sabia que queria fugir dali rápido.
 Len estava indo por trás dele. Ele ia tentar pegar a faca? Matá-lo em público?
No momento só haviam duas opções:
Matar e ser preso, ou não matar e sermos mortos. E eu não queria nenhum dos dois. Eu queria acreditar que havia uma terceira opção.
 Tento pensar em algo rápido para chamar a atenção de Len e não de seu pai, mas a questão era tão difícil e eu estava sob tanta pressão que eu não conseguia raciocinar. Eu sabia que se Len chegasse até ali ia ser morto.
‘’Não, por favor, não!’’ – Eu pedi em meus pensamentos, sentido as lágrimas pelo meu rosto.
 Eu não podia correr até ali. Não podia chamar a atenção de Len e avisá-lo, até porque eu tinha certeza que o mesmo ignoraria o meu aviso.
 O mesmo olha pra trás, e dá um sorriso triste.
 Ele queria que enquanto o outro estivesse ocupado com ele, que eu fugisse para o mais longe possível.
 Balanço a cabeça negativamente, gesticulando para ele sair dali.
 Eu não quero perde-lo!
 Ele se vira de costas para mim novamente, e eu fecho os olhos, tentando reprimir a dor de um momento que ainda não veio. Aguardando o momento que eu ia fugir como uma covarde.
 Mas algo também me dizia que não ia ser bem assim. Escuto um baque e abro os olhos, vendo o pai de Len no chão, e Len apontando a faca para o pescoço dele, com uma cara um tanto psicótica. Suspiro aliviada, mas profundamente, queria que ele se apressasse logo e o matasse, por um motivo que eu não reconhecia.
 E então aconteceu.
 O homem tirou uma faca sobressalente de seu Jeans. A blusa de Len encharcada de sangue. Os olhos antes azuis do garoto que eu gostava agora brancos.
 Eu não conseguia sair dali. Meus pés não se moviam. O homem olha pra mim.
 Ele o matou.
 Ele matou a única pessoa que tinha valor pra mim. Um valor que ninguém nunca teve ou irá ter.
 Minha respiração se descompassa, ao mesmo tempo que eu sinto minha sanidade ir se apagando aos poucos, e minha expressão se retorcia pra uma de ódio e nojo. Eu queria vê-lo morto.
‘’Mate-o’’
 O homem riu enquanto eu me aproximo, fazendo minha ira aumentar. Piso em seu no pulso que segurava a faca ensangüentada tão forte, e tão repentinamente que pude ouvir-lo os ossos estalarem e se quebrarem, enquanto ele solta um grito de dor. Pego a faca que ele segurava e a de Len que estava caída no chão de granito da praça, e só então o velho nota que eu não estava para brincadeiras, e se arrasta um pouco pra trás. Somente dou um sorriso sádico enquanto enterro as facas afiadas em seu peito, assim como fez com Len, mas fiz questão de fazê-lo durar mais. Queria vê-lo sofrer mais. Ele solta seu último grito arrastado e eu tiro uma das facas dele, logo rastejando para perto de onde o corpo frio de Len estava. Abraço-o cautelosamente, como se ainda estivesse vivo e choro silenciosamente, com um pequeno sorriso no rosto. E não demora muito até que eu leve a faca que havia pego a meu próprio pescoço.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim, pessoal...Obrigada a todos que acompanharam até aqui ^^
Mereço reviews?