Passaram mais alguns segundos naquela posição, apenas apreciando conforto proporciado por aquela proximidade que tanto sentiram falta. Se dependesse deles, jamais se separariam, porém tiveram seu abraço interrompido por algo vibrando no bolso de Hyukjae.

Donghae afastou-se para que o mais velho pudesse pegar o que quer que fosse que os estava interrompendo e observou Hyukjae enfiar a mão no bolso da calça e retirar seu celular, ainda vibrando. Ambos olharam o visor do aparelho. “엄마” ligando.

– Hm Omma – disse Hyukjae após apertar o botão de receber chamada e levá-lo a seu ouvido direito para que Donghae também pudesse ouvir, apesar deste não parecer mais tão interessando, observando o jardim a sua volta.

– Hyukjae, eu e seu pai vamos sair para resolver alguns assuntos e depois passaremos no supermercado para comprar comida, devemos estar de volta apenas em torno das 8:30 ou 9h. – disse a mãe de Hyukjae ao telefone.

– Hm, okay – respondeu Hyukjae simplesmente, porém ela contiuou.

– Até voltarmos, por favor fique em casa, filho. – pediu ela e Hyukjae franziu o cenho de leve – Sei que voltamos hoje e você quer ficar um tempo com Donghae e seus outros amigos, mas, por favor, fique em casa essa noite, Hyukjae. – pediu novamente – Pode levar quem quiser para lá e quando voltarmos levaremos bastante comida. – disse ela.

– Ah, tudo bem, mas e quanto à noona? – perguntou Hyukjae.

– Sora está cuidando de alguns assuntos pendentes na faculdade que devem levar algum tempo. Passaremos lá para buscá-la quando estivermos indo para casa. – disse a mãe de Hyukjae e este assentiu.

– Hm.

– Você vai poder ficar em casa, filho? – perguntou ela. Hyukjae não entendia a necessidade de haver alguem em casa essa noite, mas decidiu não questionar. Perguntaria mais tarde a ela o motivo.

– Ah, claro omma. – falou ele – Vou chamar Donghae e iremos agora mesmo – disse e ouviu sua mãe suspirar aliviada do outro lado da linha.

– Ah, obrigada filho. Vá com segurança, certo? E fique bem, voltaremos logo. – disse ela. Hyukjae estava quase desligando quando ela continuou – Ah, e aproveite e desfaça logo suas malas também. – disse ela e ele assentiu.

– Arasso omma. – falou Hyukjae e então desligaram.

Hyukjae passou ainda alguns poucos segundos confuso, perguntando-se sobre o motivo disse tudo, mas deixou tudo de lado ao ver Donghae entretido brincando com uma borboleta. Apesar de geralmente haver algumas delas no seu jardim, Donghae parecia fascinado com a pequena criatura, como se fosse a primeira vez que via uma delas. Não pôde conter um sorriso ao ver Donghae com aquela expressão que tanto amava em seu rosto.

Ao sentir que Hyukjae o encarava, olhou para ele rapidamente com um sorriso, logo voltando sua atenção à borboleta. Hyukjae apenas o olhava com um largo sorriso que formara-se em seu rosto de maneira irreversível. Donghae era simplesmente maravilhoso em tudo que fazia

– Não é linda, Hyukkie? – perguntou Donghae brincando com o pequeno inseto voador com um largo sorriso em seu rosto.

– É sim – disse Hyukjae, sorrindo também. Era incapaz de não sorrir sempre que via Donghae sorrindo desse modo tão feliz e encantado.

Donghae pessoa mais fascinante e encantadora que conhecera em sua vida inteira. Tudo que o mais novo fazia o cativava e envolvia de tantas maneiras que Hyukjae sequer era capaz de compreender como isso era possível. Como era possível que alguem amasse outro tanto assim? Mas ele era seu. Sempre fora seu. Seu Donghae. Assim como sempre o seria. Sorriu mais com esses pensamentos e, sem pensar muito, entrelaçou seus dedos com os de uma das mãos de Donghae, que repousava em seu colo.

O mais novo, acostumado com tais atos, apenas sorriu para o mais velho, olhando para ele rapidamente, mas logo voltando sua atenção a sua borboleta, com medo de perdê-la. Hyukjae assistiu ao fascínio de Donghae pela linda criatura que o cativava tanto até que esta fora lentamente voando para longe. Donghae pareceu se entristecer por alguns segundos ao perder sua pequena amiga, mas logo deixou isso de lado e virou-se para Hyukjae com um sorriso.

– O que sua mãe disse, Hyukkie? – perguntou Donghae.

– Ela me pediu para ficar em casa essa noite – respondeu Hyukjae – Mas disse que eu podia levá-lo e que trará comida para nós mais tarde, quando voltar. – falou ao mais novo, que assentiu com um leve sorriso – Noona saiu com eles também, então será só nós dois. – falou, um sorriso formando-se em seu rosto ao pensar em algo extremamente malicioso, porém Donghae continuou agindo inocentemente e apenas sorriu.

– Então... quer ir lá para casa me ajudar a desfazer as malas? – perguntou Hyukjae olhando para o mais novo com o mesmo sorriso no rosto, piscando de leve para o mais novo.

Donghae pareceu demorar alguns segundos para entender, mas enfim pareceu compreender as verdadeiras intenções do mais velho por trás daquele sorriso e piscadela, sorrindo de volta, não mais tão inocente.

– Bom, eu disse à sua mãe que iria, não é? – falou, seu sorriso se intensificando – Não posso deixar de cumprir minha palavra.

Os dois então trocaram outro sorriso e se levantaram do banco. Hyukjae, então, estendeu sua mão para Donghae, que a pegou, entrelaçando seus dedos nos do outro, e ambos saíram do jardim de mãos dadas, em direção à porta que dava acesso à casa.

Ao passarem pela porta, ainda trocando alguns sorrisos, levaram um susto ao verem Donghwa parado de frente para eles, há alguns metros da geladeira com um copo com água na mão e bebendo-a. Era como um choque de realidade após o tempo que passaram a sós, apenas em seu mundo.

Donghwa pareceu se surpreender por alguns segundos e arqueou uma sobrancelha de leve ao olhar para as mãos de Donghae e Hyukjae entrelaçadas. Os dois percebera aonde estevam os olhos de Donghwa e subitamente soltaram as mãos um do outro, ambos enrubescendo de leve. Donghwa então fingiu não ter visto nada e voltou a beber sua água.

Donghae e Hyukjae, apesar de ainda envergonhados por terem sido pegos de mãos dadas por Donghwa, se entreolharam. Hyukjae o lembrou que precisavam ir para sua casa e fez um gesto com a cabeça para que avisasse Donghwa e sibilou que pedisse a ele para avisar sua mãe. Donghae demorou alguns segundos para entender, mas quando o fez, assentiu.

– Hyung – Donghae o chamou, Donghwa levantou os olhos de seu copo de água para Donghae, terminando de bebê-lo e afastando-o de seu rosto. – Eu estou indo para a casa do Hyukkie, certo? – falou Donghae enquanto Donghwa levava o copo de vidro no qual acabara de beber água até a pia, porém o fitando enquanto o fazia. – Você avisa à omma e appa?

– Ah, tudo bem. – respondeu Donghwa e Donghae deu-lhe um fraco sorriso assentindo de leve, agradecendo.

Donghae então virou-se para Hyukjae e deu-lhe um sorriso.

– Vamos? – falou e Hyukjae assentiu, sorrindo de volta.

– Jalga hyung – disse Donghae a Donghwa.

– Annyeonghigyeseyo – falou Hyukjae fazendo uma pequena referencia.

Os dois estavam a ponto de andar para fora da cozinha quando ouviram a voz de Donghwa.

– Donghae ah – chamou ele e os dois se viraram para Donghwa – Que horas você vai voltar? – perguntou o irmão mais velho.

– Não tenho certeza hyung, mas acho que não muito tarde. – respondeu Donghae.

– Talvez seja melhor você levar uma chave. – disse Donghwa e Donghae franziu a testa.

– Por que? – perguntou Donghae e parecia realmente não entender o motido. Donghwa, acostumado com o irmão, sequer fez grande caso disso e Hyukjae apenas sorriu de leve. Donghae era fofo quando não entendia as coisas.

– Porque você não vai querer acordar omma e appa para abrirem a porta para você se chegar tarde. – falou Donghwa, simplesmente.

– Você vai sair, hyung? – perguntou Donghae e Donghwa assentiu.

– Ah, certo então. – falou Donghae dando um sorriso de leve e Donghwa assentiu.

– Annyonghigaseyo – falou Donghwa para os dois enquanto saiam da cozinha, em direção a porta da frente. Hyukjae fez outra pequena reverencia para Donghwa, que retribuiu e então virou-se para frente.

Ao chegarem à porta, Donghae a abriu, retirando a chave e colocando no bolso, e fez um gesto para que Hyukjae passasse, saindo após ele e fechando a porta atrás de si. Lá fora tudo parecia calmo, como de costume. O dia estava claro e não mais tão frio quanto de manhã. Desceram a pequena escadaria que leva à porta da casa de Donghae e prosseguiram pela calçada, em direção à casa de Hyukjae, alguns quarteirões dalí.

Mal haviam saído da casa de Donghae e Hyukjae voltou a envolver a mão do mais novo, entrelaçando seus dedos nos dele. Donghae sentia-se feliz por cada mero toque entre eles, principalmente quando Hyukjae iniciava. Sentira-se um pouco inseguro após passar dois meses sem o mais velho, apenas pensando nele e aguardando seu retorno, enquanto este viajava pelo mundo e conhecia diversas pessoas e lugares. Tinha medo de que Hyukjae expandisse seus horizontes demais e assim perdesse o interesse nele. Tinha medo de perder seu Hyukkie.

– Em que você está pensando Donghae? – perguntou Hyukjae, percebendo o silencio do mais novo e observando sua expressão um tanto pensativa.

Donghae imergiu de seus pensamentos e olhou para Hyukjae, que o olhava com um meio sorriso. Sentiu seu coração bater um pouco mais rápido. Hyukjae conseguia ser perfeito em cada pequeno detalhe. Não entendia como cada pequeno gesto ou expressão do mais velho era capaz de envolvê-lo tanto. Apenas sabia que Hyukjae significava mais para ele do que qualquer outro nesse mundo. Apenas sabia que o amava de maneira incondicional.

– Eu amo você – falou Donghae, sincero, seus olhos transmitindo o quanto ele realmente queria dizer cada uma dessas palavras e Hyukjae abriu um sorriso.

– Era nisso que você estava pensando? – perguntou Hyukjae com um tom divertido, mas Donghae apenas o olhava, seus olhos sinceros brilhando de leve.

Hyukjae então parou de andar, fazendo com que Donghae parasse também, e se colocou na frente do mais novo, suas mãos segurando os ombros de Donghae. Seu sorriso divertido deu lugar a um sorriso mais fraco, sincero e profundo.

– Eu também Hae. Muito. – falou Hyukjae, acariciando de leve o rosto do mais novo.

Em seguida seus rostos começaram a se aproximar, lentamente, até que seus lábios se encostaram novamente. Fora apenas um selinho terno, então se separaram não muito depois, trocando sorrisos e voltando a andar.

Donghae sentia-se feliz como não fora em um bom tempo. Tudo estava simplesmente tão perfeito que ele sequer se lembrava bem dos ultimos dois meses. Sentia agora como se nada tivesse acontecido nesse tempo. Em apenas um dia Hyukjae estava sendo capaz de apagar dois meses de saudade e solidão pelos quais Donghae passou. Agora ele sequer se lembrava de como era dar adeus a Hyukjae, mas sabia que isso não importava mais porque jamais voltaria a acontecer.