Não aprofundaram o beijo. Fora apenas um sucessão curta de selinhos ternos e gentis. Também, sequer podiam fazê-lo, estavam em um local aberto demais. E com pessoas não tão cientes da profundidade do relacionamento dos dois.

As únicas pessoas de suas famílias que realmente sabiam era a mãe de Donghae, a mãe de Hyukjae e Sora. Donghwa às vezes desconfiava de algo, e tinha suas dúvidas, mas jamais perguntara diretamente ao irmão, tão pouco sua mãe falara. Os pais de ambos, Donghae e Hyukjae, apenas viam como uma enorme amizade e por vezes tentavam se preparar para se ocorresse de os dois terem um relacionamento além de amizade. O pai de Hyukjae bem menos, ainda não havia perdido por completo a pequena aversão, devido a religião, ao homossexualismo, mas o pai de Donghae, por outro lado, jamais tivera de fato tão aversão e, ao ver o relacionamento do filho com Hyukjae desde pequeno, aceitava e de certo modo até apoiava; Sabia o quanto Hyukjae era importante para Donghae e do quanto ele era bom para seu filho. Via o carinho e amor mútuo, apesar de ainda não saber que haviam chegado a de fato se relacionar romanticamente.

Desse modo, por não ser algo tão aberto, não podiam se empolgar muito em locais assim. Se Donghae e Hyukjae estivessem sozinhos em casa seria tudo diferente. Porém Donghwa e os pais de Donghae estavam lá. Conscientes do cuidado que sempre precisavam tomar, se separaram, trocando sorrisos. Hyukjae acariciou a mão de Donghae assim como ele fizera anteriormente e um lindo sorriso formou-se nos lábios do mais novo. Passaram alguns minutos assim, apenas sentados lado a lado aproveitando a brisa com as mãos entrelaçadas e os corpos próximos. Sentiram saudade de apenas sentir um ao outro, ter o outro perto de si. Sentir o calor do outro emanar e ter assim a certeza de que ele estava ao seu lado sem ao menos precisar olhar. Saber que o outro sempre estaria lá era a mais maravilhosa sensação.

– Ainda não consigo acreditar que abri mão disso por um mês apenas para viajar para a Europa com a minha família – disse Hyukjae provavelmente pela vigésima vez, mas Donghae apenas deu um meio sorriso.

– Você precisa parar de dizer isso, se sua mãe escutar ela vai ficar triste e achar que você não gostou de viajar com a família. – censurou Donghae de leve e Hyukjae riu baixo. 

– Não se preocupe, ela não vai ouvir – disse Hyukjae seguro, olhando para Donghae, que apenas assentiu, como se dissesse “assim espero”.

Era engraçado como de uma hora para outra Donghae passava da criança habitual que era para uma figura materna, paterna ou o mais próximo disso. Como podia passar de dongsaeng para hyung. Era realmente interessante, atraente e envolvente para Hyukjae essas peculiaridades e características específicas e únicas do mais novo.

– Mas... Se bem que eu sei que não foi bem assim. – disse Donghae, em um tom baixo, olhando para a grama.

Hyukjae franziu a testa, seu sorriso sumindo.

– O que você quer dizer com isso? – perguntou Hyukjae virando-se completamente para Donghae, que continuava a encarar a grama – Hae? – ele chamou.

Viu então Donghae suspirar de leve e o olhar.

– Hyukkie, não queria que discutíssemos logo no dia que você voltou... – falou Donghae e isso incomodou Hyukjae. Discutir? Quem estava falando em discutir?

– Mas... sobre o que você está falando Donghae? – perguntou o mais velho, observando atentamente o mais novo.

– É só que... você continua falando que preferia ter ficado, mas... – viu Donghae morder o lábio inferior, parando de falar por um segundo, hesitante.

– Mas...? – perguntou, incentivando o outro a continuar.

– Mas francamente? Sabemos que não é assim. A viagem foi incrível Hyukkie, e você não trocaria isso apenas para ficar comigo dois meses inteiros na mesma cidade na qual que vivemos nossa vida toda. – disse Donghae com uma certeza que Hyukjae não entendeu e realmente não gostou.

Donghae realmente achava que ele estava mentindo quando dizia que preferia muito mais ficar com ele a ir para qualquer lugar do mundo onde ele não estivesse? Como Donghae podia ter duvidas sobre isso? Como ele podia não acreditar quando Hyukjae dizia que tudo que mais queria era estar ao lado dele, não importando onde? Agora entendeu o que o mais novo havia dito sobre discutir. Guardou esse pensamentos para si e pensou em uma maneira mais suave de responder.

– Mas porque você pensa isso? – perguntou, cuidadoso, avaliando cada reação de Donghae.

– Eu não penso, Hyukkie. Eu sei. – falou ele, olhando para o mais velho – O jeito como sua mãe, seu pai e Sora falavam da viagem... – falou Donghae, voltando a olhar para baixo, e Hyukjae entendeu tudo.

Um sorriso suave formou-se em seus lábios. Levou uma de suas mãos ao rosto do mais novo, acariciando delicadamente e então gentilmente segurou seu queixo e o virou para si, fazendo com que Donghae o fitasse; sua expressão estava triste.

– Hae, mas isso é o que eles acham. – falou Hyukjae gentilmente, sua voz suave, reconfortante. Donghae apenas o olhava, um tanto hesitante a se deixar levar pelo tom que Hyukjae usava, mas já começando a sentir-se reconfortado por suas palavras – Sim, a viagem foi incrível, e o que vi lá foi simplesmente maravilhoso, – disse Hyukjae e Donghae sentiu um aperto em seu coração. Queria que Hyukjae parasse de falar. Estava certo, enfim. Hyukjae preferira a viagem, pensou

– além do tempo que passei com a minha família, – continuou – mas Hae... – falou o mais velho, e a essa altura Donghae já estava ainda mais triste. Hyukjae acariciou de novo seu rosto – Você acha mesmo que eu trocaria isso por algo nesse mundo?

Donghae apenas o olhava, uma leve confusão em seus olhos. Hyukjae continuou.

– Você acha mesmo que qualquer vista maravilhosa de uma cidade ou uma paisagem, de monumentos históricos, museus, ou qualquer outra coisa que se veja em uma viagem se compara, mesmo que de longe, ao que eu sinto quando estou com você? – falou ele e Donghae sentiu seus batimentos cardíacos aos poucos ficarem mais rápidos – Ao quão incrívelmente feliz e completo você me faz sentir? Ao quanto meu coração acelera quando apenas olho para você? À sensação de realização quando você somente sorri para mim? – a cada pergunta que Hyukjae fazia, Donghae sentia uma enorme felicidade formar-se dentro de si, aumentando cada vez mais até e preenchê-lo por completo – Se sinto que não preciso de mais nada nessa vida só de ver seu sorriso, você consegue entender o quão forte são meus sentimentos por você? O impacto que um mero toque causa em mim? Você é capaz de entender isso? – perguntou Hyukjae e Donghae sentia que seu coração podia pular do peito a qualquer momento.

Não importava quantas vezes confessassem um ao outro o que sentiam, sempre parecia ser a primeira vez. Sem encontrar as palavras certas para tudo que Hyukjae acabara de lhe dizer, apenas pegou a mão do mais velho e a levou até seu peito, encostando-a no local onde fica seu coração e pressionando-a contra si. Donghae então sorriu de leve para Hyukjae e este retribuiu.

– Apenas alguém que sente exatamente o mesmo é capaz de entender, então sim, entendo Hyukkie. – disse Donghae suavemente, sua voz levemente rouca reverberando nos ouvidos do mais velho.

Trocaram mais alguns sorrisos e se aproximaram novamente para um beijo. Novamente apenas um toque leve, porém terno, quente e confortável. Nunca o suficiente, porém suportável por hora.

– Me promete que jamais vai duvidar novamente do que eu sinto por você? – perguntou Hyukjae ao se separarem e Donghae assentiu.

Hyukjae então estendeu seu dedo mindinho para Donghae e este o entralaçou com seu próprio, oficializando a promessa enquanto trocaram sorrisos delicados. Pouco depois se afastaram e Hyukjae passou um de seus braços ao redor dos ombros de Donghae, fazendo com que este recostasse a cabeça em seu ombro.

– Eu amo você, mais que tudo – disse Hyukjae olhando perifericamente para o mais novo na posição na qual estavam.

Donghae passou seus braços ao redor da cintura de Hyukjae.

– Eu também Hyukkie – disse Donghae, seu rosto enterrado no peito de Hyukjae e este apenas sorriu, envolvendo o mais novo com os dois braços e apertando-o contra si por alguns segundos, relaxando em seguida.

O calor que um emava ao outro, a proximidade tão imensamente confortável, as sensações que percorriam os corpos de ambos com cada simples contato... Tudo isso era apenas prova do quanto realmente amavam um ao outro.