This Wasnt Planned escrita por Luíza and Lari Chase


Capítulo 6
This isn't happening.




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–Sério Larissa, aquele pedido de casamento de mais cedo ainda está de pé? – Niall perguntou engolindo as panquecas. Eles já tinham aprendido a falar meu nome direitinho.
–Sim, quer se casar comigo? – perguntei docemente
–Quero! Mas você vai ter que cozinhar sempre.
–Serei sua prostituta de comida? Eu mereço mais. –riram. Eles começaram a me pedir em casamento e eu fiquei rindo. –Parem, eu só tenho 17. Só vou casar depois da faculdade.
–Dá pra acreditar que ela é mais responsável que todos nós tendo só 17 anos? –Liam disse.
–Ei, eu sou responsável. –Harry protestou. Todos ali na mesa riram como se ele tivesse feito uma piada. Harry cruzou os braços ofendido.
Acabamos de tomar café e Harry e Louis foram lavar a louça, enquanto eu e os outros três dávamos apoio moral. Já eram duas da tarde, eu já tinha tomado banho e nós estávamos jogados pelo quarto de Harry, conversando quando eu me lembrei de algo.
–Harold. – ele já me olhava, ignorei aquilo.
–Hm? – ele estava receoso. Estendi a mão pra ele,
–Minha foto. – Harry fez bico. –Cadê? –ele bufou, procurou a foto e me entregou. Daniel Radcliffe passou a mão aqui! Sorri sozinha e reparei que eles me encaravam.
–Quê?
–Você é estranha. –Louis concluiu.
–Olha quem fala. –rimos.
–Qual seu twitter? –Harry perguntou mexendo em seu celular.
–Lari_Chase. –meu celular estava carregando, então peguei o notebook da mão de Zayn, que me chamou de abusada e entrei na minha conta. Vi que todos eles estavam me seguindo e nós começamos a mandar tweets idiotas um para o outro. –Meninos. –eles me olharam. –Estou com fome. E nem pensem em juntar as palavras “você” e “cozinha”. –falei quando vi Liam abrindo a boca. –Vamos sair pra comer alguma coisa. –concordaram. Levantei-me, puxei Harry e Zayn que estavam ao meu lado e os outros nos seguiram. –Aonde vamos?
–Essa menina tá ficando muito autoritária não acham não? –Louis perguntou. Empinei o nariz, os fazendo rir.
–Ela ainda não conhece nada pela cidade, vamos leva-la pra conhecer alguma coisa. – Harry sugeriu.
–Então vamos comer e depois a levamos em algum lugar. – Zayn disse e eu concordei. Resolvemos nos dividir em dois carros. Chegamos ao Nando’s e sentamos ao fundo para não reconhecerem eles. Não deu muito certo e umas pessoas se aproximavam, pedindo fotos. Não só pra eles, pra mim também. Estava começando a achar que era porque eu estava com eles, mas depois Louis apontou pro outro lado da rua, onde eu estava em um outdoor estampando pra uma marca.
–Incrível. –falei e balancei a cabeça. Afundei na minha cadeira, querendo sumir.
–Você não gosta muito disso. – Zayn disse atencioso
–Não se esconda Lari. – falou Niall.
–Se você não gosta da atenção por que ser modelo? – Liam perguntou.
–Eu gosto, mas não é como as outras garotas que só entram nessa pra ficar famosa. Não sei se me agrada a ideia de ficar famosa por ter um rostinho bonito.
–Você acha que é uma profissão fútil. –Harry concluiu. Assenti surpresa por ele ter entendido meu ponto.
–Todas as modelos que eu conheço são assim. E eu sou muito inteligente pra ser lembrada só como uma garota bonitinha. –falei e dei de ombros. Eles concordaram comigo, aprofundando o assunto.
*
Nós chegamos à noite e ficamos no chão jogando alguns jogos de tabuleiros. Começamos por Scotland Yard e eu solucionava todos os crimes, fazendo-os achar que eu estava roubando.
Jogamos jogo da vida, uno, banco imobiliário, uma porrada de jogos e eu ganhava todos. Até truco eu ganhei.
–Ah, sério. Cansei de ganhar de vocês!
–Roubando é fácil! – Harry tentou me acusar
–Deixa de ser perdedor, Harry. –riram. –Vocês são péssimos.
–Quero ver no videogame!
–Esta me desafiando criança? – perguntei ameaçando-o.
–Por quê? Está com medo? – desafiou. Cerrei os olhos pra ele. Ele já tinha aprendido a conseguir as coisas de mim.
–Vamos lá então. –Harry me conduziu pro videogame deles, falando pra eu não correr pra minha mãe chorando quando eu perdesse.
–Já estou shippando os dois e vocês? –ouvi Niall falar, fazendo-os rir.
–Niall, shh. Assistam Harry perder. E eu escolho o jogo.
–Tá, mas não vale super mário. –Louis disse, me zoando.
–Haha.-falei e revirei os olhos, fazendo-os rir. Dei uma olhada nos jogos que eles tinham e vi um em que eu era muito boa. –Esse.
–Call of duty? Hm... Ok. –Harry disse desconfiado, colocando o jogo. Fomos jogando um contra o outro, eu joguei com Harry, Louis e Zayn, e acabei perdendo pra Zayn no final.
–Mas como você ganhou do Louis e perdeu pro Zayn? –Liam perguntou sem entender. –Louis é o melhor e Zayn é horrível.
–Para de inveja, Liam, isso faz mal. –Zayn disse, me fazendo rir. Nós jogamos twister e foi hilário. Minha mão enroscada no Niall, cabeça por baixo de Liam, pé direito por cima de Zayn, orelha esquerda no amarelo. Não conseguíamos para de rir, tanto que caímos todos um por cima do outro.
–Que tal strip poker? – tente adivinhar quem sugeriu.
–Você é um pervertido, Harry – falei balançando a cabeça, os meninos riram. Ele deu um sorrisinho de canto.
–Topam? – os meninos concordaram e eu só fiquei olhando.
–Vai jogar com a gente? – Zayn perguntou pra mim. –Por que se não for, não topo.
–Bem, nem eu. Não acham que propus strip poker pra ver o Niall de cueca, acham? – Harry disse. Revirei os olhos e eles riram concordando.
–Eu vou jogar.
–Me diz por favor que você é muito ruim jogando isso. –Zayn disse e Harry concordou. Eu ri e fiquei quieta porque eu sou boa no poker. No fim do jogo, nosso status era:
Liam: De calça jeans.
Louis: De cueca.
Niall: De blusa e cueca.
Zayn: De bermuda.
Eu: Completamente vestida.
Harry: Nu. Exatamente isso que leu. Pelado! Ele é péssimo, e ele quem sugeriu o jogo, tão animado pra me ver sem uma peça de roupa que esqueceu que era ruim. Então, ele estava nu, não que eu ou ele estivesse reclamando. E claro, tinha uma almofadinha no meio da história.
Depois eles tiveram que dar uma entrevista pelo telefone e eu fiquei mexendo no meu twitter, comendo minha bala de gelatina que Liam comprou pra mim. Fiquei lendo algumas coisas aleatórias, notando que tinha algo estranho. Fiquei tentando identificar o quê e logo olhei o número de pessoas que me seguiam e meu queixo caiu.
–Mas... –falei sozinha e lembrei dos tweets de mais cedo. É claro que eu ia ganhar alguns milhares de seguidores depois de trocar tweets babacas com eles.
–Que foi Lari? –Zayn perguntou sentando ao meu lado.
–Ganhei uma porrada de seguidores de uma hora pra outra. –eles se entreolharam e ficaram quietos. Suspirei e olhei minhas mentions.
“Você é a best da 1D?” “Como os conheceu?” “Que sortuda!” “Fica de olhos abertos na rua, se eu te ver posso te dar um tiro”
Eram muitos. A maioria eram xingamentos divertidos. Isso tudo porque tivemos uma conversa sem um pingo de lógica de alguns tweets.
–Vocês têm fãs curiosos. E criativos. –murmurei. Eles riram. – Olhem essa: “Tem alergia a amendoim? Se sim vou te entupir até você morrer, se não for pela alergia, vai ser asfixiada.” –rimos. –Merece crédito pela criatividade. Posso dar uma resposta malcriada pra elas?
–Você quem sabe. Mas elas só vão te perturbar ma... –Liam começou falando.
–Manda ver! – Louis gritou. Ri e respondi.
“Não costumo andar na rua de olhos fechados. Mas obrigada, vou me lembrar do seu conselho, quando for piscar.”
“Não tenho alergia a a mendoim. Tenho a camarão. Mas eu amo camarão. Pode me entupir de camarão que eu vou amar, ainda te coloco no meu testamento.” Estava começando a ficar incomodada com as mensagens. Observei Harry pegar o celular e começar a digitar.
“Não tem necessidade de tweets ofensivos pra Larissa. Ela é uma garota legal.”
–Obrigada, Harry. –ele assentiu sorrindo um pouco.
–Vamos fazer um ask pra acalma-los. Incluindo você. –completou pra mim, fazendo-o olhar.
–Comeu merda? – riram. –Eles vão me torturar!
–É só responder do seu jeito malcriado. – Harry disse. Franzi o cenho e concordei.
–Tá. –comecei a ler algumas perguntas. –Aqui tudo se resume a: “Está tendo um caso com algum deles?”. –fiz uma pausa. –Como se fosse da sua conta. –murmurei e eles riram. Zayn respondeu “não ainda” e eu respondi pra ele não se iludir. Ficamos algum tempo por ali e depois eu saí, falando que estava com sono. –Onde vou dormir? –Niall foi o primeiro a me oferecer sua cama, e eu aceitei.
*
Quando acordei Niall não estava mais no quarto. Tomei banho, penteei o cabelo, escovei os dentes e desci após contornar os olhos com lápis de olho. Os meninos estavam na sala, com exceção de Harry.
–Bom dia, babes. – falei.
–Bom dia, Lari.
–Compramos café da manhã pra você. –Harry disse da cozinha. Fui pra cozinha, sentindo o olhar curioso dos outros nas minhas costas. –Bom dia. –disse quando me viu. Ele mexia no celular, conversando com alguém.
–Bom dia. –sentei a mesa e coloquei o celular do lado, começando a preparar meu prato. Rodrigo, aquele modelo gato me mandou outra mensagem. Apesar do nome comum no Brasil, ele não era brasileiro, sua mãe era brasileira. Ele queria me ver antes de viajar essa madrugada. Visualizei e ri do que ele estava falando. Vi que Harry me olhava e fiquei sem graça. Esses dias, eu tenho evitado pensar. Não quero enfrentar, meus sentimentos, a verdade. Então por enquanto vou só fingir que não estou gostando de forma “extracurricular” de nenhum deles. É estupidez e irônico, falar que não quer se envolver com ninguém e estar fazendo justamente isso dois dias depois.
Acabei aceitando encontrar Rodrigo em uma boate hoje. Não faria mal dar uns beijinhos nele.
Estava tudo tranquilo, até que escuto uma discussão. Eu e Harry reviramos os olhos irritados. Quem ousa atrapalhar a refeição mais importante do dia?
–O que está acontecendo? –pergunto aparecendo na sala com a mão na cintura.
–O Louis/Liam! – falaram os dois apontando um para o outro e se acusando infantilmente.
–Ahn?
– Louis não quer me deixar ver o canal que quero, quer ver desenho!
–O Liam quer ver um canal MUITO CHATO!
–Vamos nos resolver na cozinha. – os chamei com a mão. Eles me seguiram – Expliquem.
–Está passando um documentário muito legal sobre conspirações no...
–Não é nada legal Lari, é canal de nerd engomadinho.
–Que canal, Liam?
–History Chanel. – arregalei os olhos.
–Viu? É tão chato que ela... – peguei minha comida e fui pra sala, sentando e tomando o controle da mão de Zayn. Coloquei no History Chanel e fiquei assistindo o documentário. Senti alguém sentar ao meu lado e eu percebi que era Liam.
–Bom saber que gosta.
–Influência do meu pai, que ama. Minha mãe odeia. Ela chama o cara que narra de “o homem que fala”. –Liam riu alto. Ficamos assistindo até acabar e depois eu virei pra debater com ele. Esqueci-me dos outros porque estava muito silencioso. – Liam...
–Oi?
–Não acha que tá tudo meio... Quieto? – olhei para o outro sofá, onde os outros nos olhavam.
–Nerds. –Niall sussurrou pra Harry.
*
–Você tem um encontro? –Louis pergunta erguendo a sobrancelha.
–Não é bem um encontro. Só... Vamos conversar e beber alguma coisa. –justifiquei porque não dormiria aqui hoje.
–Quem é esse? –Niall pergunta cruzando os braços.
–De onde o conhece? –Liam perguntou. Revirei os olhos e não respondi. Eles estavam mesmo bancando os irmãos mais velhos. E cinco de uma vez, não ia aguentar.
–Sabe de uma coisa, eu estava querendo ir a uma boate hoje mesmo. Eu vou e posso vigia-la de longe. –Zayn disse para os outros, como se eu não estivesse ali.
–Ok, eu to bem aqui. Não preciso que me vigiem.
–Shh. –disse pra mim, enquanto combinava com os outros meninos que também decidiram ir. Eu bufei sem acreditar que eles iam arruinar meu encontro. Zayn escapou de novo pra fumar e eu fiquei o olhando cerrando os olhos.
–Então eu vou em casa...
–Não! – eles gritaram e eu me assustei.
–... Pegar uma roupa? –concluí indecisa. Harry, que esteve calado até então, ofereceu uma carona. Eu tentei recusar falando que pegaria um taxi, mas ele insistiu.
Eu percebia o que estava acontecendo comigo. Só precisava ignorar. Isso não pode estar acontecendo.


POV Harry

Observei Larissa subindo as escadas e suspirei. Isso não pode estar acontecendo.
As coisas não acontecem desse modo, simplesmente. Eu não estou sinceramente... Gostando dela, estou?
Para gostar de alguém, você deve conhecê-lo muito bem, e é um sentimento que se constrói com o tempo. Certo?
Niall sentou do meu lado e quando eu vi que ele não ia parar de me encarar, olhei pra ele.
–Quais suas intenções?
–Do que está falando? –perguntei erguendo a sobrancelha.
–Nem pense em se aproximar dela de modo malicioso. Você viu que ela virou uma irmãzinha e sei que todos nós vamos protegê-la de qualquer vigarista, mesmo que esse seja você.
–To sabendo, Niall. Não sou vigarista nenhum. –falei revirando os olhos. –Não se preocupe. Não estou com a intenção de comer ela.
–Não? –Zayn perguntou prestando atenção na conversa. –Porque parece. –hesitei.
–Não é como se eu estivesse interessado só nisso. –expliquei. Liam franziu os lábios e riu em seguida.
–A menina mal chega, surpreende todo mundo e surpreende mais ainda quando faz Harry Styles se apaixonar por ela. –as palavras dele me deixaram assustado. Eu tentei falar entre as risadas.
–Quem disse que estou apaixonado? –retruquei.
–Realmente. Olha pra sua cara, Harry. –Niall argumentou.
–No reflexo dos seus olhos? –ele revirou os olhos.
–O fato é: você está a fim dela. Sabe por quê? –franzi os lábios e murmurei “hm?” pra soar desinteressado. – Você disse que não quer só comer ela. –revirei os olhos.
–Oh uau, realmente isso diz muito. – Larissa apareceu na sala e nos olhou desconfiada.
–O que está rolando aqui?
–Nada, só estão... Sendo eles. –falei.
–Ah sim. Justifica. –sorri. Ela se despediu de todos e Zayn a puxou pra um abraço, sussurrando algo em seu ouvido. Larissa riu e balançou a cabeça. Eu observei aquilo apertando os lábios. Ciúmes. Os dois estavam muito amiguinhos, compartilhando segredos e dando risadas secretas.
Não queria ter que competir com Zayn pela atenção dela. Na verdade, não quero estar interessado nela, é isso. Vou parar agora antes que fique mais sério.
–Por que você está tão quieta? –questionei incomodado quando já estávamos no carro.
–Ahn... Estou? –ela parecia tensa.
–É algo que fiz ou falei?
–Não Harry. Não é nada que valha a pena comentar. Só... Lembra que eu te disse que me sinto atraída por você? – assenti, interessando em onde essa conversa iria nos levar. – Estou tentando controlar meus hormônios.
–Isso significa que está a fim de mim?
–Não falei isso. –ri.
–Então o que você falou?
–Olha pra você. Você é gato. –ri, gostando do elogio. –Esquece, Harry. – falou suspirando. Deixei o assunto de lado e puxei outro. Perguntei mais um pouco sobre ela e ela perguntou mais um pouco sobre mim. No flat dela, ela me puxou até seu quarto e enquanto ela entrava no closet, eu fiquei observando seu quarto. Era bonito e bem arrumado. Até seus livros estavam organizados. Notei que por tamanho, e percebi que ela tinha algum TOC.
–Yep, TOC também. –disse quando me viu observando seus livros.
–Por que por tamanho e não por ordem alfabética?
–Me importa a aparência. Assim parece organizado. –deu de ombros. Antes de voltamos pra casa, eu a levei em uma sorveteria porque vi os olhos dela quando passamos em frente ontem.
–Eu amo sorvete. – disse me olhando parecendo estar com fome e eu dei risada.
–Sim, você disse que gostava. – ela assentiu dando um sorriso bonitinho. Nós sentamos no fundo e fizemos nossos pedidos. Larissa pediu sorvete de flocos, e disse que era o preferido dela.
Fiz uma nota mental gravando isso.
Larissa era uma garota divertida, eu gostava de conversar com ela. Um tempo depois notei que ela estava pensativa, olhando para trás de mim. Achei que ela estava olhando pro cara bonito que estava a algumas mesas de distancia. Depois ela deu um sorriso sinistro e me olhou com as sobrancelhas levantadas.
–Vamos brincar um pouco. –assenti confuso. –Então, Harry Styles, o paquerador. – ergui as sobrancelhas e sorri pro apelido. – Está vendo aquela mulher ali? – olhei pra trás e vi uma mulher loira e alta, bonita.
–Sim, bonita. – disse sorrindo pra ela.
–Sim, do jeito que você gosta. Mais velha e loira. –notei uma nota de cinismo na voz dela e antes que eu a perguntasse por que, ela revirou os olhos completou. -Vá até ela e peça o celular. – arregalei os olhos.
–Por quê?
–Por que perder a oportunidade de ter o celular de uma mulher linda como ela?
–Mas... Eu não quero o...
–Está com medo? –provocou.
–Eu não quero o telefone dela.
–Mudou de opção sexual? – perguntou falsamente compreensiva, colocando a mão por cima da minha.
–Larissa. – repreendi e rimos.
–Harry, vá lá e prove que você é o cara.
–Não preciso provar, eu sou. – murmurei brincando e ela sorriu. Eu me levantei. – Eu vou lá.
–Ótimo, você tem dois minutos. – desafiou. Soltei um suspiro e fui. Cheguei perto da mulher e dei um sorriso que a maioria julga ser sedutor. Essa maioria me inclui.
–Hey. – a loira me olhou de cima a baixo e sorriu de canto.
–Oi.
–Qual seu nome? –ela corou e respondeu. Disse que estava a olhando de onde estava e que a achei bonita. Perguntei se poderia ter o número do seu celular e ela deu sem hesitar.
Voltei pra mesa onde eu estava com Larissa, sorrindo vitorioso. Larissa sorriu.
–Viu? Eu sou “o cara” – ela riu e depois ficou séria rapidamente. Viu? Bipolaridade.
–Vai ligar pra ela? –perguntou me encarando.
–Acho que não. – ela franziu a testa, questionando. Ok, e se eu mandar uma indireta e ela perceber, e retribuir? – Estou meio que... –cocei a nuca, constrangido. –A fim de outra garota.
–Entendo... –murmurou dando um sorriso sem graça. Isso é sim ou não? –Agora sua vez de me desafiar.
–Certo. –passei os olhos pela sorveteria algumas vezes pensando no que poderia mandar ela fazer. Aquele cara bonito estava olhando pra cá. Apertei os punhos, incomodado e depois fiquei incomodado comigo mesmo por isso.
Eu tenho que provar a mim mesmo que não estou sentindo nada demais e vai ser assim. É mais um desafio pra mim que pra ela.
–Vê aquele cara sentado no balcão ali atrás? – gesticulei pra ela. Ela olhou e o analisou.
–Uhun. Moreno, bonito, mais velho, continue. –ignore, Harry.
–Vá até ele e peça o celular. – ela franziu as sobrancelhas me avaliando por alguns segundos.
–Eu não sou de ter atitude, eu...– ela umedeceu os lábios e respirou fundo. –Ok. Desafio é desafio. – levantou-se, ajeitou seu casaco e saiu desfilando inconscientemente até o tal cara.

POV Larissa
Vamos lá, coragem. Você pediu por um desafio, ele te desafiou e você tem que cumprir e provar pra si mesma que não está sentindo nada por ele.
Nada. Além de amizade. Nada.
Oh Harry, você tem um ótimo gosto. Que moreno lindo. Sentei-me ao lado dele em uma cadeira do balcão e pedi outro sorvete. Ele levou os olhos até mim e eu fingi não perceber. Mas ele logo puxou assunto.
–Olá. – olhei pra ele e sorri.
–Oi.
–Larissa Chase? –assenti cerrando os olhos. Ele riu. –Sou um fã do seu trabalho.
–Obrigada. –sorri sem graça. –E seu nome é...
–Charles. –sorri novamente e virei-me pra pegar meu sorvete de flocos. Ele teria que cumprir o desafio por mim. Eu não sabia nem o que falar. –Ele é seu namorado? – perguntou gesticulando com a cabeça na direção de Harry. O moreno estava me observando?
–Não. Por quê?
–Eu estava te olhando. – sério? – Te acho muito bonita. – sério²?
–O que você almoça? –ele jogou a cabeça pra trás rindo.
–Você poderia me dar o número do seu celular? – pensei rapidamente. Eu tinha que ter o número dele. Passei meu número pra ele e pedi pra ele mandar algo pra eu salvar o número dele e assim ele fez. Despedi-me dele e voltei pra mesa, onde Harry me encarava sem nenhuma expressão facial. Provei que tinha o número do moreno e Harry riu.
–O que conversaram?
–Me perguntou se você era meu namorado e disse que me acha bonita. –Harry balançou a cabeça com um sorriso e comeu um pouco de seu sorvete.
–Vai ligar pra ele? –olhei pro meu sorvete, de repente me sentindo enjoada.
–Não.
–Por que não? –pergunta erguendo o olhar pra mim.
–Eu não ligo pra eles, eles ligam pra mim. –falei brincando e Harry riu.
*
Será possível que sou corajosa o suficiente pra ponto de contar pra um cara rico, famoso, amado por milhões de mulheres no mundo que está sentindo algo por ele? Não, claro que não.
E é exatamente por isso que fingirei que nada está acontecendo. Eu só... Preciso conhecer alguns morenos, pra conseguir deixar de lado esse ataque hormonal.
É. O nome disso é ataque hormonal.
Louis e Liam disseram que ligaram para suas namoradas. Fiquei nervosa ao saber que conheceria as duas.
Estava rindo de Zayn e reparei os olhares de Harry.
–Ignora. Ele bebeu água da privada quando era pequeno. A irmã dele me contou. –Zayn disse. Dei risada.
Os garotos estavam conversando sobre coisas nada a ver, eu só escutava e acenava com a cabeça.
Eu praticamente fiz uma promessa. Eu tenho planos, coração. Você sabia disso? Nenhum deles envolve você.
Estudar pra caralho. Beijar alguns garotos. Perder a virgindade com um homem muito sensual. Estudar pra caralho. Beijar mais alguns garotos. Transar algumas vezes. Formar-me na faculdade. Ser minha própria chefe. Ficar zilhonária. Transar mais um pouco. Adotar uma criança e depois um cachorro. Trabalhar muito. Comprar sete gatos. Fim.
Tenho tudo isso anotado em um caderninho. Tem algumas outras opções. Tipo... Virar lésbica. Mas aí eu vejo um homem e risco aquilo. Malditos hormônios.
Suspirei irritada e me levantei indo até minha bolsa, pegando meu ipod.
Dei a desculpa de que iria ao banheiro, e fui até a sala de música deles. Só sabia que eles tinham aquela sala, porque aquela casa era da gravadora deles. Balancei os ombros e entrei. A sala tinha protetor acústico, o que era ótimo. Eu poderia ficar tocando ali e eles não escutariam.
Meus olhos brilharam ao ver a bateria deles. Animada fui correndo pra lá, pegando as baquetas, colocando o protetor auricular em um ouvido e me sentando.
Quando escolho as músicas que vou tocar reflito o que estou sentindo.
Ok, o que estou sentindo?
Estou confusa e irritada, animada e com raiva.
Tem uma música em especial que é bem barulhenta, minha preferida pra bateria.
Tentei umas vezes até conseguir acertar o ritmo. E fiquei surpresa por ainda conseguir tocar essa música, por que ela é de longe a mais difícil que aprendi, eu demorei um pouco pra conseguir toca-la. Eu escutava a música com um fone, tocava e cantarolava baixinho. Quando terminei, respirei recuperando o fôlego. Meu coração parecia querer sair, os músculos da minha perna e do meu braço tremiam, a palma da minha mão estava vermelha e cinco pares de olhos surpresos me observavam.
Fechei os olhos me repreendendo mentalmente. Larissa, o protetor acústico só funciona se você fechar a porta. Gênio.
–Você toca bateria. – Zayn diz. Louis deu um tapa na cabeça dele.
–Bem... – digo sem graça
–Woah. – fizeram um coro. Os cinco soltavam elogios de uma vez só enquanto eu vasculhava a sala a procura de um buraco para me enfiar.
–Fazia muito tempo que não tocava, estou enferrujada.
–E essa música parece muito difícil de tocar.
–É a mais difícil que já aprendi.
–Mas por que você escolheu tocar bateria? – Niall pergunta adentrando a sala e sentando em um dos banquinhos altos.
–Eu gosto. Extravasar a raiva. É legal.
–Você toca só bateria? – Harry perguntou curioso. Ergui as sobrancelhas e franzi os lábios.
–Não.
–O quê mais? – semicerrei os olhos. Não queria que eles ficassem me achando a menina prodígio.
–Violão... Piano. –parei por ali. Eles ainda esperavam eu terminar de falar. -Sei umas cordinhas de guitarra.
–Toca piano pra gente?
–Não tem piano aqui – falei esperançosa. Louis apontou para o outro lado da sala. Entediada, virei a cabeça pra olhar e vi um piano preto e mogno, novo. -Ah não.
–Por favor! Só mais uma na bateria e outra no piano. – neguei mais uma vez. Eles insistiram infinitamente até que eu aceitasse. Coloquei o fone novamente. Tocava Drive by da Train. Mordi os lábios bloqueando algumas lembranças e sentei a bateria percebendo que nunca havia tocado aquela musica em uma bateria. Só em bateria imaginária.
–Vou tentar tocar essa que estou escutando.
–E qual é?
–Drive By da Train. – eles se entreolharam. – Mas eu acho que não sei tocar... Um minuto. – pedi, voltei à bateria, escutando a música e olhando as partes do equipamento conforme o ritmo da bateria na música. Eu já sabia a música de cor, o ritmo também, então seria fácil. Depois coloquei novamente a música e olhei pra eles. – Em minha defesa, nunca toquei essa. – peguei a baqueta e comecei a tocar, o que eu consegui pegar. Eu me sentia incrivelmente bem tocando a bateria. Conseguia imaginar a cara de algumas pessoas e batia as baquetas com força. Maravilhoso.
Respirei fundo algumas vezes recuperando o ar.
–Isso foi incrível. –Niall disse. Eu sorri e ergui um dedo pedindo um segundo.
–Asma. –riram. –Obrigada. –eles continuavam me olhando com aquela cara. Ergui a sobrancelha. –Vamos descer?
–Primeiro. –Louis gesticulou pro piano. Não ia convencê-los do contrário, então sentei no banco do piano. Eles ficaram a minha volta. Batuquei os dedos na tampa do teclado pensando em uma música.
Fez-me lembrar dele, Caio. Como ele ficava me escutando tocar. Cerrei os olhos pra ninguém em especial e bloqueei as memórias. Não estou aqui em Londres pra ficar lembrando, e sim pra ter um novo começo.
Levantei a tampa e estiquei meus dedos, faz uns dois meses que não toco piano e já podia me considerar enferrujada porque piano precisa de prática.
Comecei tocando algumas notas tentando encontrar os tons e comecei a tocar algum ensaio francês que aprendi há um tempo.
Estava um pouco enferrujada, mas dava pra tocar. Finalizei a musica e fiquei encarando o teclado. Os meninos elogiaram e eu agradeci, sem graça. Depois eles voltaram pra sala e eu continuei lá, dessa vez na bateria. Quando olhei pra porta, Harry estava lá me encarando.
–Está aí há quanto tempo? – ele sorriu.
–Eu não desci.– sorri envergonhada. Ele veio e sentou do meu lado. – Toca mais? – pediu.
–Por quê?
–Gostei de escutar você tocar. – ok, eu derreti. Sorri assentindo. Pensei um pouco e comecei a tocar Californication do Red Hot Chilly Peppers. Algumas músicas ele reconhecia e cantava junto comigo. Depois de mais ou menos uma hora, nós sentamos no chão e ficamos conversando até ele me perguntar como comecei a tocar os instrumentos que sei.
–Minha mãe não me deixava aprender bateria por que achava coisa de garoto. – revirei os olhos. – Mas eu insisti até ela deixar e comecei a ter aulas. Piano era quase obrigatório em uma escola que frequentei. Violão o meu... –fiz uma pausa. Harry notou. –Meu ex-namorado me ensinou. E guitarra, minha melhor amiga Rebeca toca e me ensinou um pouco, em troca ensinei um pouco de bateria pra ela.
–Você é um prodígio.– franzi a testa incomodada.
–Por quê?
–Por quê? Você é muito inteligente. Fala cinco idiomas e toca quatro instrumentos, se isso não é ser prodígio, não sei o que é. –sorri. –Além disso, vai fazer arquitetura, que envolve exatas. Eu odeio exatas. E você ainda consegue trabalhar.
–Ainda consigo tempo pra assistir séries. –falei brincando. Harry riu.
–Ok, sou seu fã.
–Eu gosto de aprender as coisas. – dei de ombros. – Eu sempre fui inteligente. –ele exclamou mais uma vez. –Chega Harry. – ele riu, suspirei e deitei minha cabeça no colo dele, ele ficou em silêncio e começou a mexer no meu cabelo.
Só há seis pessoas nesse mundo que eu já deixei fazer isso comigo em algum momento da minha vida. Meus amigos mais íntimos que são Júlia, Matt e Ryan; minha mãe e meu ex, Caio. Pra mexer em meu cabelo eu tinha que gostar muito dessa pessoa ou confiar muito nela. Das duas uma: eu confiava muito em Harry ou eu estava realmente gostando desse babaca. Vamos torcer pra que seja só a primeira opção.
–Lari?
–Hm?
–Eu estou com algo na cabeça e preciso da sua ajuda.
–Pode soltar. – falei receosa.
–Aquilo que disse no carro. – suspirei, e abri os olhos o encarando. Lembrei-me de todas as vezes onde o medo me impedia de dizer o que eu queria e acabei falando.
–Eu disse que me sinto atraída por você. – ele assentiu surpreso por eu ter aceitado facilmente. –Eu tenho 17 anos, o que significa que meus hormônios estão à flor da pele. Você é bonito e beija bem. –ele sorriu. –Eu vim pra Londres estudar e trabalhar, não posso me envolver de nenhuma forma com ninguém. Até abri uma exceção pra Matt e vocês para serem meus amigos... Acontece que costumo me decepcionar constantemente com qualquer tipo de relacionamento e eu não quero estragar nossa amizade que mal começou. – ele franziu a testa.
–Tá apaixonada por mim ou algo do tipo?
–Se eu tivesse acha mesmo que eu te falaria? – ele sorriu, ri. – O problema é: Eu não quero. Não nasci pra gostar de alguém e não ser correspondida e se eu começar a gostar de você vai ser pra valer mesmo. Não quero ficar magoada e chorando.
–Como sabe que não é correspondida? –Harry perguntou erguendo a sobrancelha. Eu sentei e prendi o cabelo, me sentindo arrepiar da cabeça aos pés. Sério, coração. Só fique no lugar.
–Eu sou uma pessoa apaixonada, Harry. –tentei explicar. Ele prestava atenção. –Quando eu gosto de alguém, eu vivo pra essa pessoa e isso não é saudável pra mim.
–Não é uma coisa ruim, se quer saber minha opinião. –suspirei um tanto frustrada.
–Quando é recíproco, e infelizmente eu não tenho sorte pra isso.
–Parece pra mim que você ergue muros pra impedir os outros. -franzi a sobrancelha pra ele, desconfiada. Era exatamente isso o que eu fazia.
–Eu tenho um certo trauma com pessoas me abandonando, então eu faço o que posso pra isso não acontecer, começando pela parte de conhecer pessoas. –expliquei. Harry não parecia que ia deixar isso pra lá. –Que tal nós descermos? –mudei de assunto. Não queria falar disso nem por mais um minuto senão depois estaria ferrada.
–Certo. –levantei e estendi minha mão pra ele, que me puxou de propósito, me fazendo cair por cima dele. –Só uma coisa.
–Harry. –repreendi. Olhei pra sua boca e fechei os olhos. Deus, por favor, não. Não deixe que eu goste dele.
Senti seus lábios macios pressionando os meus levemente. O que ele acha que está fazendo? Se Harry está querendo me confundir e acabar com o meu controle, ele realmente está conseguindo. O pior é que eu não conseguia me afastar, em vez disso, eu entreabri meus lábios permitindo a passagem que ele pedia. Um exército de mariposas no meu estômago. Porra de borboletas.
Com certeza, tarde demais.
Ele retribuía com mais intensidade se possível. Afastei-me um pouco buscando ar. Harry mais uma vez inclinou-se colando nossos lábios em alguns selinhos.
Acorda, sua estúpida. Ele só quer beija-la, come-la e usa-la.
Mas até que ser usada por ele não seria uma má id...
Afastei-me de vez e sentei no chão recuperando o ar. Ergui o olhar vendo-o me olhar um pouco ofegante. Harry levantou e sorriu, estendendo a mão pra mim. Hesitei, mas não consegui deixar de sorrir. Levantei-me com a sua ajuda e saí antes dele. Percorri o corredor indo até um banheiro.
É o terceiro beijo e não vai passar daí.
Apoiei-me na pia e respirei fundo algumas vezes até me recompor.
Levantei a cabeça, olhando-me no espelho. Isso não podia estar acontecendo. Simplesmente não podia.
Eu não sei se estou pronta pra gostar de alguém. Vai acontecer tudo de novo.
Fechei os olhos tentando me controlar. Puxei o celular do bolso e mandei uma mensagem pro meu psicólogo perguntando se poderia vê-lo essa semana.
Isso não pode estar acontecendo.
*
Estava jogada no sofá escutando a conversa deles. Zayn percebeu que eu estava estranha, mas deixou de lado quando eu não comentei nada. Estava cantando uma música qualquer sozinha, olhando pro teto quando meu celular começou a tocar. Peguei-o no bolso e sorri ao reconhecer o número.
–Oi! – gritei em português. Os meninos pularam de susto.
–Hey!– ela gritou de volta – Tudo bem?
–Sim, tudo maravilhosamente bem.
–Hm, sei. – ela maliciou, coisa que não funciona com ela – Tem homem no meio!
–Homens... No plural
–Woah, que rápida! – rimos.
–Suruba! –rimos mais uma vez. –Estou brincando, sou decente, não sei nem o que é isso.
–Sei. E aquele pobre coitado que você esbarrou?
–Estou na casa dele.
–Você não tirou a inocência dele não é?
–Rebeca! Como você sabe se ele não tirou a minha inocência?
–Simples... Você não tem inocência. – rimos. –Enfim... Eu tenho novidades pra te contar. Quando aconteceu, eu desmaiei, tive um quase infarto, na verdade foi um ataque de asma... Que seja...
–Só fala, pelo amor de Deus. Eu vou colocar um ovo aqui.
–Ok, eu vou fazer um look pra um carinha famoso.
–Quem?? –perguntei me sentando no sofá rapidamente com a mão no peito.
–Adivinha quem é. –meu coração falhou uma batida. –É exatamente quem você tá pensando que é.
–Não! Logan Lerman? Não creio! –gritei.
–Sim! – nós duas começamos a gritar. Nem preciso dizer que os garotos que estavam no sofá caíram no chão, certo? Certo.
–Eu... Ai meu Deus! Eu to tipo sabe sei lá cara, acho que –ela riu alto. Continuávamos gritando enquanto ela me contava e eu pulava provocando risadas nos meninos. -E o que você vai criar pra ele?
–Um smoking... Tem algum notebook ou sei lá por perto?
–Não...
–Ahh, queria que você ligasse o Skype, aí eu te mostrava o que desenhei.
–Espere aí.
–Ok
–Zayn lindo, vou usar seu notebook! –falei subindo correndo pro quarto dele. O quarto de Zayn era excessivamente Zayn. Um armário branco com duas portas de vidro preto, a cama com uma colcha preta. Uma parede preta. Uma escrivaninha, um criado mudo, uma estante com livros que eu sabia que ele não lia. Peguei o notebook e sentei na cama, liguei-o e abri a janela do skype. –Conectando – falei pra ela.
–Já estou conectada. – desliguei. Entrei na minha conta e recebi a chamada de vídeo dela. –Lari. – ela falou. –Cortou a franja de novo.
–Ahan. –falei rindo.
–Você é doente.
–Novidade nenhuma. Cadê o rascunho?
–Olhe – me mostrou o rascunho do desenho que fez. Estava realmente lindo. Ela tem talento. Ela me olhou, analisando, e começou. –Muito bem, o que está acontecendo? – suspirei e balancei a mão.
–Depois te explico. – ela assentiu contrariada. Conversamos mais um pouco e ela ficou contando como conheceu Logan. Eu quase arrepiei de escutar, quando ela disse, que ele se ofereceu pra mostrar a cidade a ela. Eu dei um grito agudo que fez os meninos entrarem no quarto pra ver se eu estava sendo morta.
–Larissa?!
–Você está bem?
–Alguém morreu?
–Que feio entrar no quarto sem bater! Eu podia estar pelada. –repreendi olhando pra eles.
–Aí mesmo que eu não bateria na porta – Harry disse brincando. Todos nós rimos, inclusive Rebeca. Mas ela logo parou ao se dar conta da realidade. Ela olhou pra mim, e para eles. Para mim. Para eles. Para mim. Para eles.
–Ok. Estou tonto. – reclamou Louis. Rimos
–Ahn... Larissa? O que a 1D faz no seu quarto? – perguntou em inglês.
–Na verdade, ela está no meu quarto. - falou Zayn. Harry sentou ao meu lado e envolveu minha cintura com seu braço, deitando a cabeça no meu ombro. Tentei disfarçar o arrepio e se Harry reparou, não demonstrou. Revirei os olhos pra Rebeca.
–Liga não, ele é carente. –os meninos riram.
–Mas que diabos você... – continuou em português. –O que está acontecendo que você não me contou? –eles franziram a testa, ao perceber que estávamos falando em português.
–Ei, o que estão falando? – Harry perguntou levantando a cabeça.
–É, eu gosto de saber o que falam perto de mim. – Niall falou.
–Lari, traduz pra nós. – pediu no meu ouvido, com aquela voz roucamente sexy, eu ia arrepiar, mas me controlei e falei.
–Não é nada interessante, crianças. – voltei a falar em português. – Lembra o garoto que me derrubou?
–Sim. O que você abusou?
–Não Rebeca, quer dizer, sim, ele, mas eu não abusei dele.
–Sei. – ela falou semicerrando os olhos, claramente desconfiada. Revirei os olhos.
–Já? – ela riu – Então... Era o Niall. – ele me olhou ao reconhecer o nome dele. –Coincidentemente fiz um ensaio com eles e cara, eles são tão... Adoráveis! –ela riu. –É sério, eles são uns amores. Eu dormi esses últimos dias na casa deles.
–Hm... Já beijou algum deles? –sorri.
–Quem você acha que eu já beijei? –Rebeca desviou o olhar pra Harry, que me olhou.
–Ok, vocês estão falando de mim, não sou idiota. –nós rimos.
–Se ache menos, Harry.
–Nossa, eu sabia. Sabia muito. –ela continuou. Os garotos ainda nos olhavam confusos e com cara de bunda, pois estavam sem entender nada.
–Se ache menos você também. –Rebeca riu. –Meninos, essa é minha amiga Rebeca. – eles se apresentaram e nós conversamos um pouco.
–Ah, sairemos às onze. –Louis avisou e eu assenti.
–Que horas são?
–Oito e meia.– assenti mais uma vez.
–Não vai se arrumar agora? – Harry perguntou. Eu olhei pra ele, e quase esqueci o que ia falar.
–Faltam três horas, não tem tanta coisa pra fazer. Quando for umas dez horas me avisem.
–Consegue se arrumar em menos de uma hora? – Liam perguntou duvidando.
–Consegue. Em menos até. – Rebeca disse.
–Viu. –eles reviraram os olhos pra mim e eu ri. -Eu sou a rainha de revirar os olhos e não deixei vocês fazerem isso. –eles riram. Os meninos disseram que iriam descer e assim que eles desceram, e Rebeca desviou os olhos da porta, ela soltou.
–Harry. Explica agora. –suspirei.
–Eu meio que prometi não gostar de mais ninguém ou virar lésbica, mas acho que estou começando a... Talvez gostar dele. – ela sorriu.
–Que gracinha. Eu sempre disse que isso iria acontecer.
–Você viaja, Rebeca.
–Que lindinho!
–Lindinho? O que você vê de lindinho nisso? Eu não posso gostar dele.
–Por que não?
–Por onde começo? – disse irônica. Ela fez cara de tédio pra mim. –Por que eu tenho medo de gostar dos outros? Principalmente dele! Ele é o Harry. Ele é famoso, lindo, rico e ainda por cima, muito gente boa. Opções de mulher ele tem de sobra, não tem porque ele dar atenção pra mim.
–Para com isso! Você nem sabe se ele gosta de você. E pare com essa falta de autoestima, por favor?
–Falou a garota com a autoestima lá em cima. – ela fez careta.
–Já basta eu, não?
–Não. Eu não posso gostar dele, estou decidida. Vou beijar muitos morenos hoje a noite e vou esquecer isso rapidinho. – ela suspirou.
–Você é cabeça dura – sorri.
–Ah, eu tenho um encontro hoje com um cara muito gato.
*
Já eram dez horas e eu me despedia de Rebeca, pra ir me arrumar, quando escutei me gritando.
–Larissa, a Dani chegou!- gritaram lá em baixo. Umedeci os lábios.
–Nos falamos outro dia?
–Ok. Comporte-se hoje, beijos.
–Beijos. - desliguei o notebook e desci. Os garotos estavam tortos no sofá. Harry estava de cabeça para baixo e pernas pra cima. Liam estava sentado ao lado de uma mulher. Descendo as escadas, a barra do meu vestido ficou preso na escada. Quando eu puxei, tenho certeza que a minha calcinha apareceu. Rezei com todas as minhas forças pra ninguém ter visto... E a partir de hoje, eu sei que o universo está contra mim.


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