- Idiota, canalha, desgraçado... - entrei no quarto e encontrei Caroline destruindo uns preciosos chocolates e picotando u flores. 

- Caroline? - arqueei as sobrancelhas.

- Nunca. Mais. Fale. Comigo. - claramente Caroline não tinha me ouvindo e estava falando com as flores que estavam "mortas" e pisoteadas no chão. 

- Caroline?! - falei mais alto.

- Ah, oi Blake. - ela sorriu.

- Pode me dizer por que matou as pobres flores? - arqueei as sobrancelhas.

- POBRES FLORES? FOI O CANALHA DO LUCAS QUE MANDOU ELAS.

- O que?!

- Nem sei o que ele queria... Mas não me interessa.

- Tem um bilhete ali no chão, todo amassado. - ela se agachou e pegou o cartão.

Enquanto lia sua expressão continuava de raiva, mas acho que por um momento, só um pequeno momento ela... Sorriu?

- O que diz? 

- Besteira. - ela bufou e rasgou o bilhete. 

Peguei os pedaços que estavam no chão e os juntei, e deu pra ler perfeitamente.

"Rosas pra flor mais linda do mundo, xoxo - Lucas"

- Nos chocolate dizia: "Doces para garota mais doce do mundo". Dá pra ser um pouquinho mais original, Lucas?! - ela revirou os olhos.

- Calma, acho que ele esta se esforçando. Qual é, o Lucas? Mandar flores pra alguém? Uma garota ainda mais?!

- Não ligo, ele é um desgraçado. - ela deu de ombros e saiu. 

Me deixando sozinha encarando os coitados no chão que um dia foram chocolates tão suculentos.

Tomei um susto quando ouvi meu celular zumbindo no meu bolso.

- Alô? 

- Blake, nem fala mais comigo agora que tem namorado, não é?

- Jason, oi. - sorri ao pensar nele, era um bom amigo. A-m-i-g-o. Nunca mais que isso.

- Estou com saudades, minha pequena. - mais uma coisa que o Bernardo e o Jason tinham em comum, os dois me chamavam de "minha pequena".

- Também estou. 

- Não parece.

- Deixa de ser chato Jason, morro de saudades de ti.

- Prova.

- Hoje não posso, outro dia, ta bem?

- É sempre "outro dia".

- Eu prometo.

- Para de prometer o que não pode cumprir.

- Tchau, Jason. Até outro dia.

- Te amo. - me ama? ME AMA? O QUE EU RESPONDO? EU AMO CHOCOLATE, ISSO COM CERTEZA! MAS EU AMO O JASON? UMA PALAVRA: FUDEU.

- Hum... Tchau. - desliguei. Eu sou idiota. Sou mesmo. Eu devia ter dito alguma coisa. Qualquer coisa. Mas não "tchau", eu sou uma imbecil mesmo. 

- BLAKE, AI MEU DEUS BLAKE! - Caroline entrou pulando no quarto e começou a me sacudir, eu desajeitada do jeito que sou cai da cama, ela começou a pular em cima da minha cama e fazer uma dancinha idiota e cantarolar alguma musiquinha. 

- O que aconteceu?! 

- A matricula! Aqui! - ela colocou uma pedaço de papel na minha cara - Eu. vou. estudar. - vi lágrimas nos olhos dela e não pude deixar de sorrir. - eu finalmente vou pro colégio. - agora ela estava sentada do meu lado no chão me abraçando e sujando minha camiseta de lágrimas e o melhor... Lágrimas de felicidade. Não consegui impedir e antes que pudesse notar, estava chorando junto com ela, eu não sou de chorar, eu nunca choro, mas naquele momento, era como se eu... Se eu tivesse realizado meu sonho. E de algum modo era, Caroline tinha virado parte de mim e quando ela estava feliz eu estava feliz. 

- Eu estou tão feliz por voce. 

- Que droga. - ela jogou o papel no chão, o sorriso dela agora era diferente do de antes, agora era um pouco mais triste.

- O que foi?

- Eu queria tanto estar com o Lucas agora. Imbecil. - ela revirou os olhos e respirou o fundo, fechou os olhos e parou de chorar - Nada de Lucas. Eu vou estudar, é... Melhor do que qualquer coisa. - abracei ela e nessa noite nós dormimos na mesma cama abraçadas, ela estava com medo de como seria o primeiro dia de aula dela e se as pessoas iam gostar dela (devo dizer que os garotos iam ama-la) e então ela pediu pra deitar na minha cama e eu dei espaço pra ela. Segurei sua mão e pegamos no sono lentamente. Juntas. Como irmãs. Ter uma amiga, não era assim tão ruim. Na verdade, era perfeito.

Acordei e me vesti pro colégio, a Caroline ia começar na escola no proximo semestre o que felizmente não demoraria muito pra começar (e isso significa: férias). Sim! Em duas semanas: férias! Minhas primeiras férias namorando, estou tão animada. Talvez eu vá com o Bernardo pra casa de campo dos avós dele, será que é assim que as garotas apaixonadas se sentem?

Carol já estava acordada e me ajudou a escolher uma roupa, respeitando meu gosto mas dando um toque "Caroline" a combinação. Acabei colocando um jeans skinny com um all star e uma blusa baby look preta. Sorri com o resultado, nem tão "Blake" e nem tão "Caroline". 

- Esta linda. - ela sorriu pra mim.

- Não tanto quanto voce. 

- Blake, se eu tivesse nascido com a sua bunda e seus peitos... Teria tido muito mais clientes que eu já tive. - espera, ela estava falando sério? Eu e ela? Comparadas, eu sou um bicho do mato e ela é Rapunzel. 

- Ei! Voce parece a Cinderela, com esse seu cabelo loiro até a cintura e seus olhos azuis brilhantes...

- Aparência não é tudo, Blake. Escute de alguém que já viveu muito pensando que era.

- Te amo, Rapunzel. - disse pra ela. 

- Te amo. Ah, e pro seu conhecimento, voce que parece a Cinderela. Apesar de ser morena, é linda como tal. 

- Antes que eu me esqueça, acho que devia dar uma chance pro Lucas. Vai no encontro com ele. 

- Blake, já conversamos sobre isso...

- Por favor, Caroline. Por mim. - antes que ela pudesse dizer alguma coisa, sai e fechei a porta atrás de mim.

Encontrei Rebecca na porta do colégio, a barriga dela já estava aparecendo um pouco, ela fazia questão de tentar esconder de todos os meios possíveis mas a galera da escola já estava começando a espalhar milhões de rumores sobre ela.

- Oi! - ela disse me abraçou, ela estava começando a me respeitar um pouco mais, ela me dava o espaço que eu queria, o que era muito bom - Estou pensando nos possiveis nomes dela, Gabriela ou Juliana?

- E for um menino? 

- Blake, eu me recuso a ter um menino, enfim... - revirei os olhos, essa é Rebecca, sempre achando que tem o controle de tudo.

- Viu o Bernardo?

- Hummmm... - ela deu um sorriso malicioso - Por ali. - ela apontou para a esquerda e eu me despedi dela.

Encontrei o Bernardo terminando o tema de geografia que eu, como sempre, me esqueci de fazer.

- Brigada. - falei arrancando o papel das respostas dele. 

- Ei! - ele disse e caminhou na minha direção para pegar de volta.

- Qual é tu sabe que eu esqueci de fazer. - fiz beicinho.

- Eu me esforço pra fazer e voce acha que pode pegar assim sem dar nada em troca? - ele sorriu malicioso.

- Acho sim. Esta no meus direitos de namorada. 

- E qual são seus outros direitos?

- Colar em provas, ter a resposta do tema de matemática e todos os outros, mas principalmente matematica, nunca pagar nos encontros, poder ficar dormindo quando quiser, ser mimada o tempo todo e ganhar um presente perfeito no dia dos namorados.

- E qual são os meus direitos?

- Me dar presentes e cola dos temas.

- E um beijo?

- Não. - sorri. 

- Por favor? - ele fez uma cara de cachorrinho pidão e eu dei um beijo na sua bochecha. 

- Agora deixa eu copiar isso aqui antes que professor me mate por não ter trazido o tema... De novo. 

Cheguei em casa e encontrei as coisas de Lucy no chão, essa mulher nem pra guardar as próprias coisas?!

Ouvi uns barulhos vindo do quarto do meu pai e fui ver o que era e quando estava chegando lá a porta foi aberta com uma força absurda.

- ENTÃO VOLTA PRA ELA! IDIOTA! - Lucy saiu gritando pela sala, pegou sua bolsa e casaco e saiu porta a fora. Poupei um sorriso pra mais tarde... Será que ela estava mesmo indo embora?
- O que aconteceu? - perguntei.

- Nada. - ele disse e bateu a porta na minha cara. Dei de ombros, não é como se eu esperasse uma explicação mesmo, pelo menos aquela vadia tinha ido embora. 

Bati algumas vezes na porta do quarto dele e entrei. Ele estava sentado no canto da cama com as mãos no rosto, suspeito que estivesse chorando mas não tenho certeza.

- Pai? Tudo bem? - sentei ao seu lado e confirmei minhas suspeitas.

- Desculpa, Blake. Eu sei que eu sou um pessimo pai, e sei que a Lucy não era uma boa mãe pra voce. 

- O que aconteceu? Por que ela saiu correndo daquele jeito?

- Estraguei tudo. Ela não vai mais voltar. - abracei ele de lado, só porque ele nunca me ajudou quando eu estava triste não quer dizer que eu não deva ajuda-lo. 

- Não estragou não. Foi para nosso próprio bem.

- Blake, voce sabe que não tem um dia sequer, que eu não pense no Josh... Em sua mãe. - ele deixou mais lágrimas escorrerem pelo seu rosto e limpou com a parte de trás da mão - Eu... Eu... vi April ontem.

- O que?! Viu a mamãe?! Como ela esta?!

- Ela tem uma familia, estava com um homem mais velho, com duas crianças ao seu lado, Blake, ela seguiu em frente, devemos fazer o mesmo. - era obvio que não era isso que ele queria.

- Falou com ela?

- Não. Ela não merece passar por tudo aquilo de novo.

- E NÓS?! ELA ESQUECEU DE NÓS?! - gritei - C-como ela pode? - falei tremendo, foi meu pai que me abraçou dessa vez.

- Eu prometo Blake, vou ser um pai melhor. Vou compensar por todos esses anos. Mas me prometa uma coisa, entendeu?

- Claro.

- Esqueça da mamãe. Não pense mais nela, entendeu? Eu devia ter ti dito isso antes, voce não pode se prender ao passado, já esta na hora de seguirmos em frente. Voce me promete? - pensei por alguns minutos mas depois de um tempo, consegui pronunciar um fraco e baixo "prometo". 

- Por que a Lucy saiu daquele jeito?

- Já estava na hora dela ir, Blake. Ela não é uma mãe. Ela é praticamente uma adolescente, não sabe de quase nada da vida, ela merece viver primeiro.

- Tudo bem.

- Eu te amo, Blake. - sabe quanto tempo eu esperei ele dizer essas tres palavras pra mim?! Muito. Muito mesmo. Eu admito, eu não queria o Lucas, o Bernardo, a Caroline, o Jason dizendo isso pra mim. Eu queria que meu pai me dissesse isso. Eu queria saber que o meu pai me amava. Eu queria me sentir... Amada. 

- Também te amo, pai. - ele me deu um beijo na testa e eu sai. Fui para o meu quarto e me agarrei no meu travesseiro, em pouco tempo havia pegado no sono.

- Acorda Blake! Ai, estou tão nervosa. Minha barriga esta dando um giro de 360° e voce fica ai dormindo?! - Caroline gritou no meu ouvido. 

- O que aconteceu? - falei me espreguiçando. 

- Me ajuda escolher uma roupa. - ela me deu três opções e apontei para a menos pior delas.

- Espera... Por que estou pedindo sua opinião?! - ela disse - REGINA! VEM PRA CÁ AGORA! 

E em menos de cinco minutos com duas garotas no meu quarto falando sobre coisas inuteis, tipo "vermelho é a sua cor, devia usar esse" "mas esse não é muito curto? O que acha do amarelo ali do outro lado?" "muito praia. Talvez o verde com flores?" e blá, blá, blá. Juro que eu não entendo, como vermelho pode ser a cor de alguém? Como se descobre a cor de alguém? Por que o verde é muito praia? E como eu sei se um vestido é muito curto? Nunca vou entender isso.

- Espera, pra que tudo isso? - falei.

- Estou fazendo isso só por voce, entendeu?! Não é como se eu fosse perdoar ele. 

- Ele quem?

- O Lucas. Vou sair com ele hoje. - dei um sorriso de bochecha a bochecha e abracei ela, estou louca pra ganhar minha aposta. Fazer o que? Sou competitiva. 

Passou-se dez minutos, vinte, trinta, uma hora, duas e finalmente a Caroline estava pronta. Olhei pra ela, estava com um vestido azul (que para mim era muito curto, mas isso é só minha opinião que acho que ninguém liga) e um salto prateado com brilhos. O cabelo loiro dela estava liso invés de com cachinhos e por causa disso ia até a cintura e nos seus olhos ela passou sombra azul (é, eu sei o que é sombra) que só realçou o verdadeiro azul deles. Admito, ela parecia um anjo, só faltava as asas. 

- O que acha, Blake? - ela arqueou as sobrancelhas enquanto se olhava no espelho.

- Eu acho... Que o Lucas vai ser um idiota se não te beijar. - ela riu e pegou a bolsa. Eram oito da noite e alguém bateu na porta, ela olhou pra mim assustada e eu sorri pra ela encorajando-a, ela agradeceu e correu pra porta mas eu cheguei antes e abri. 

POV'Lucas 

Ouvi algumas risadas vindo do andar de cima, fiquei curioso pra saber o que será que estava acontecendo lá em cima. Será que eu consigo ganhar a aposta com a Blake? Ela tem razão, não sou o tipo de garoto romantico, na verdade, acho até meio idiota quem é, mas eu não queria perder a amizade da Caroline. 

Respirei fundo e bati na porta, esperei alguns segundos e logo Blake abri a porta. Ela estava usando pijamas, ri internamente, a Blake é tão... Blake. Ela usa pijamas o dia todo, é desse jeito mesmo, ela chega do colégio e coloca os pijamas, eu já estou até acostumado, admito que o pijama dela era muito sexy as vezes... Brincadeira, era de vaquinhas na maioria das vezes, outra coisa estranha: todos os pijamas dela eram de animais. Um era do Garfield, outro de tigres, um de macaquinhos e a maioria de vaquinha. E como eu sei disso? Eu sei praticamente tudo da Blake, mesmo que ela não me conte as coisas mais profundas, eu conheço ela. Sei que no momento em que ela abriu a porta tudo o que ela queria dizer era "aposto que vai perder a aposta" mas não podia porque a Caroline ia ouvir, sei que ela fica com as bochechas rosadas sempre que fica timida, que ela usa boné até em casa, e sim, eu sei da cicatriz. Eu sei que no fundo, bem no fundo, ela gosta daquela cantora Taylor Swift, eu sei que mesmo ela dizendo que ama hamburguer ela só come com carne de soja porque é vegetariana desde os doze anos, eu sei que ela gosta de matemática e que ela que ela não faz a minima ideia do que vai fazer no futuro. Eu conheço minha melhor amiga.

- Oi chato. - eu sei que ela não vai me abraçar neste momento porque odeia abraçar pessoas, mas eu vou abraçar ela. - Grudento. - ela disse e me deixa passar.

- Duas ofensas e você só falou três palavras até agora. 

- Esta aqui pra falar comigo ou sair com a Caroline? - eu amo o jeito irritante da Blake, eu amo o fato dela não ser igual as outras garotas, dela gostar das coisas que quase nenhuma garota gosta e não se importar com o que os outros pensam. 

- Oi. - Caroline sorriu enquanto aparecia de trás da Blake, sabe cena de filme? Quando a garota desce as escadas e voce só tem olhos pra ela? Foi mais ou menos assim... Se não fosse pelo fato da Blake estar ali também, a Caroline parou do lado da Blake e fiquei olhando as duas, uma do lado da outra, as duas são tão diferentes... A Blake é a virgem louca e a Caroline a prostituta inocente. Posso revelar um segredo meu agora? As vezes sinto vontade de beijar as duas.