Uma Aventura Para Recordar escrita por Ling


Capítulo 12
Sentimentos Conturbados


Notas iniciais do capítulo

Estou há um bom tempo sem escrever, mas ai vai, se não me engano, o maior capítulo da fanfic até agora.
Espero que gostem...
Ah, o que estiver entre "" são pensamentos, ok?



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Já faziam cerca de quatro dias desde o retorno de Tigresa, mas, apesar de todo o tempo livre que tivera para pensar enquanto permanecia em repouso, não era capaz de livrar sua própria mente da frustração.

Em um momento eles estavam lá... a sua frente.

Agora ela não fazia idéia se estavam vivos ou não.

E o que ela podia fazer a respeito disso? Nada.

Ou talvez ela pudesse fazer algo, mas o quê? Ela não fazia idéia.

Seu estado mental atualmente não se encontrava em condições muito boas.

Ela ainda tentava se lembrar de tudo o que sentiu durante o tempo que passou com eles.

Quando pensava que chegou até mesmo a usar um vestido, sua mente entrava em uma maré de algo que misturava vergonha e ironia. Como se todos os seus pensamentos já não fossem o bastante, ainda lhe faltava o que fazer; sem treinamento não havia nada que pudesse ocupar seu tempo, nada que merecesse sua atenção,e como consequência... tudo o que ela podia fazer era pensar, por mais que isso fosse o que ela mais desejasse evitar.

Sua mente era como seu cativeiro particular, as memórias, os sentimentos, as dúvidas... tudo parecia trabalhar em conjunto, apenas contribuindo para sua tortura interior.

Pensamentos irônicos não lhe faltavam, e ela queria desesperadamente tentar esquecer aqueles sorrisos e expressões felizes, toda a diversão... ela queria poder esquecer de tudo, pois sabia que não deveria voltar a acontecer. Mas por outro lado, aqueles eram sentimentos que ela queria preservar dentro de si, e ela tinha medo de nunca mais ser capaz de experimentá-los novamente.

"Um vestido... Mestre Tigresa jamais usaria um vestido... mas e eu? Eu usaria? Provavelmente não, mas... eu me deixei levar. Aquela foi a primeira vez que pude me sentir tão relaxada, tão..."

Tigresa estava em um monólogo interno, até ser interrompida por cinco figuras com olhares preocupados. Seus amigos andavam cautelosos desde seu retorno e apesar da imensa alegria em revê-la, nenhum deles era cego, de certa forma todos eram capazes de perceber que havia algo diferente; talvez fosse algo em seus olhos, ou talvez, na linguagem corporal... a verdade é que eles não sabiam ao certo o que era, mas sabiam que algo estava bem errado.


– Ei, Tigresa, veja isso! - Um panda de grande estatura atravessou a sala e contraiu o braço, tentando expor algum sinal de musculatura e falhando totalmente. O panda olhou para Tigresa com expectativa, esperando algum incentivo.

–Não vejo nada - foi a resposta seca que recebeu

–Hum, mas... huh! Olha, músculos! - O comentário fez Tigresa estreitar os olhos, na tentativa de achar algo. Quando terminou a inspeção, apenas encarou o panda flácido com uma careta que dizia claramente que não havia nada ali.

– Ah, vamos, Tigresa! Assuma que estou melhorando rápido!

–Não vi seus últimos treinos, não tenho como dizer nada

–Mas... ei! Aposto que poderia te derrotar agora

Um pensamento tentador cruzou a mente do tigre causando nela um sorriso sombrio, que permaneceu por um breve minuto antes de sumir como se nunca estivesse estado lá.

–... Certeza?

– Hã?

–Você tem certeza? - ela viu a expressão confusa do panda e se forçou a completar a frase

–Certeza que pode me vencer?

–Uh... ah! Claro! Eu sou o Guerreiro Dragão, eu sou invencível, bem.. uh... estou ficando invencível, mas to quase lá!

– Se você diz... bem, podemos descobrir

–Sério? Como?

Ela retorceu o rosto, quase gritando a resposta para o panda, que apenas permaneceu lá... com aquela cara de idiota que já provocara sua raiva por diversas vezes.

– Vamos lutar - ela disse como se fosse óbvio

– Ah... tá... não! Tigresa você não pode nem levantar! O guerreiro dragão não luta contra mocinhas debilitadas. - O pobre Po deixou escapar, sem idéia do quanto pagaria por seu último comentário.

Seus olhos brilharam como as próprias chamas, contribuindo para a expressão de raiva que agora possuía seu rosto.

– Mocinha... debilitada?! - ela cuspiu as palavras com o tom de voz mais pesado e ameaçador que foi capaz de produzir. Por outro lado, o guerreiro dragão percebeu o quanto estaria encrencado caso irritasse demais o tigre, afinal, Mestre Shifu o castigaria severamente, e quanto a Tigresa... bem, não era um problema, afinal, ele poderia vencê-la com toda sua grandiosidade de guerreiro dragão.Não poderia?

O que o panda não sabia é que havia uma ameaça iminente muito pior que o próprio Shifu, e ela estava bem a sua frente.

O tigre rapidamente se livrou das cobertas e saltou pra fora da cama, dando passos pesados e lentos em direção ao panda que apenas recuava, de repente se caindo na real e temendo por sua vida.

"Calma Po... calma... isso, yeah... eu sou o guerreiro dragão e ela é... Mestre Tigresa! Eu to tão ferrado! Gah! Talvez ainda não seja hora de derrotá-la, mas eu vou e... eu posso! Eu sou um guerreiro lendário e... e-eu posso sim..."

–Não posso nem levantar, hein?- Tigresa disse provocante, e o panda apenas engoliu em seco assentindo lentamente, quase sem controle de seus próprios movimentos.

– D-desc... des... huh... eh... hum... - Po balbuciou abobadamente

–Hein? Eu não ouvi...

–Eu... e-eu...eu disse a verdade! - O guerreiro preto e branco disse fortemente, sendo tormado por um surto de coragem que ele mesmo nem sabia que tinha.

– Mocinha debilitada... vai me pagar por isso - ela sussurrou para si mesma, de forma que ninguém mais fosse capaz de ouvir. Seus olhos brilharam maldosamente como ela encarou o panda diretamente nos olhos, olhando-o com uma intensidade devastadora.

– Prove

–Hein?- o panda fez uma careta confusa

– Você disse que o que disse era a verdade... mas não tem provas? Não se deve afirmar algo, se não é capaz de provar que é verdade.

– Eu... sou capaz! Vou te derrotar! - Po disse animadamente, e Tigresa suspirou mentalmente, grata por não precisar explicar novamente.

–Mas Tigresa, você não pode...

– Eu posso. Estou ótima e não aguento mais ficar sem fazer nada - ela disse com um tom de voz pacífico, ainda encarando o panda nos olhos com certa diversão e desafio depositado neles.

Nenhum dos guerreiros restantes se atreveu a falar algo mais, assim todos caminharam em direção ao salão de treinamento no mais puro silêncio, mas por trás disso a curiosidade gritava na mente de cada um, aquela luta com certeza deveria ser interessante...

Não demorou para que alcançassem o local, assim um tigre e um panda se dirigiram ao centro em uma cena quase engraçada de se ver.

Po estava em posição de combate, com as pernas ligeiramente abertas e os braços juntos em um formato quase semelhante a um escudo. Já Tigresa não parecia nem mesmo estar no meio de uma luta, ela se encontrava de pé alguns a alguns metros de distância do panda, mas quando pareceu perceber o motivo de todos olharem diretamente para ela, rapidamente se pôs em um posição decente, porém, ainda assim desleixada.

"Ela nem mesmo fez a posição... não pode ser tão difícil...certo?" O panda imaginava sonhadoramente uma cena que o mostrava combatendo heroicamente o tigre com um sorriso galanteador, e por fim sendo elogiado por seu mestre. Ele quase sorriu com o pensamento, mas se obrigou a manter o foco.

A luta finalmente começou.

O panda correu para o tigre, confiança estampada em seus golpes. Ele tentou socos, chutes, golpes em seus pés, e até mesmo saltos. Tigresa não poderia negar que o panda havia melhorado, mas ainda não era o suficiente, não chegava nem perto de seu nível atual.

Ela bloqueou os golpes com facilidade, rapidamente se cansando do rumo da luta e tentando fazer algo para tornar mais emocionante.

" Ele vai pagar..." pensou

Ela se aproveitou de mais uma tentativa de soco e pôs o pé direito em sua mão, usando-a como impulso para seu salto por cima do panda. Quando estava prestes a aterrissar não se conteve, usou o joelho para golpear " forte" a coluna de seu parceiro, quase fazendo-o desabar, mas antes do acontecimento ela agarrou seu ombro esquerdo e chutou, fazendo com que Po caísse no chão com um baque.

O Guerreiro dragão gemeu de dor, ele tentou se levantar e só então percebeu o pé localizado no centro de sua coluna, exercendo uma forte pressão sobre ele e o impedindo de se levantar e causando ainda mais dor a ele.

Tigresa sabia que o ponto em que pressionava era um "ponto-chave" para causar dor em seu inimigo. Durante o tempo com Yumie refletira muitas vezes sobre maneiras melhores de atingir seus adversários, agora estava pondo todos os pensamento em prática.

Po não desistiu de levantar, tentando acreditar profundamente em sua teoria de "quase-invencibilidade", e perdendo cada vez mais a esperança de vitória.

Tigresa suspirou e retirou seu pé de cima do panda, recuando curtos passos, esperando a próxima ação do oponente.

Po recuou lentamente tentando encontrar a "paz" ou então o resultado de todos os meses que passara treinando duramente. Ele era o Dragão guerreiro, ele não perderia facilmente!

O panda avançou velozmente para Tigresa, não se importando em ser golpeado, apenas vitória o interessava no momento. Ele recebeu uma forte joelhada na região do abdômen e se curvou ligeiramente, segurando a mão do tigre a sua frente. Ele levantou a cabeça quase com triunfo e começou a usar seus dedos numa série de movimentos. Tigresa entendeu suas intenções, e se permitiu um sorriso quase imperceptível, aquela luta estava lhe fazendo muito bem.

Po rezava silenciosamente para estar fazendo os movimentos certos. Quando terminou ele olhou para a guerreira a sua frente, apenas para descobrir que ela permanecera imóvel.

O panda sorriu um pouco, se declarando vitorioso, mas quando menos esperava sentiu um conjunto forte de pés amassando seu rosto, e assim caiu para trás, dessa vez sem nenhum peso o mantendo caído.

Ele suspirou pesadamente, isso não iria ficar assim, ele precisavam vencer... se o golpe nervoso em suas mãos não funcionara, provavelmente ele estava fazendo errado, ou será que ela apenas bloqueara, como Shifu disse que poucos eram capazes?

Ele ignorou os pensamentos e se levantou girando lentamente o pescoço e forçando um sorriso.

– Ha! É tudo que você tem?Precisa de mais se quiser derrotar o Guerreiro... - ele não foi capaz de terminar a frase.

Tigresa correu em direção ao panda, o "dragão" tentou bloquear, protegendo seu próprio rosto, mas foi chutado em cheio na barriga, indo parar longe.

Ele logo se levantou e foi capaz de visualizar um tigre se aproximando em alta velocidade, ele se manteve de pé, eperando sua chegada.

Ambos ficaram apenas com golpes mais leves e bloqueios, ela queria ser capaz de ver alguma melhora em Po, por isso começara a pegar mais leve, coisa que não duraria muito.

No meio de "pequenos" golpes, ela chutou seu braço afastando a si mesma do panda. Em quase um flash Po pôde enxergar um punho a poucos milímetros de seu rosto, mas, para sua surpresa, apesar da dor incessante, o soco não o derrubara. Tigresa não derrubaria o panda tão cedo, ela tentaria fazer uma seqüência de golpes e acabar logo com isso, algo que seria impossível se Po caísse a cada novo golpe.

O panda não teve tempo para pensar nisso, pois antes que se desse conta ela já estava atrás de si,realizando um salto e chutando a parte superior de sua coluna com ambos os pés. Ela não esperou reação, apenas reapareceu na frente dele e golpeou seu peito com ambas as mãos abertas, fazendo-o recuar mais um pouco. Insatisfeita tomou impulso e deu um salto semi-lateral , chutando duramente sua face no processo. Quando já estava no chão novamente, se esgueirou rapidamente e golpeou forte seu peito com o cotovelo esquerdo, enquanto o direito ficava na mesma posição, quase em uma dança.

Antes do panda poder captar suar localização, ela já se encontrava no ar, a impressão era que ela estava andando, mas Po somente percebeu a extensão do golpe no momento em que foi chutado quase que lateralmente com seu pé direito.

Ela aproveitou o golpe e empurrou duramente o corpo do panda para baixo, com certo controle, não querendo que ele caísse.

Enquanto Po tentava concertar sua postura foi atingido novamente, dessa vez na parte inferior da coluna, enquanto Tigresa parecia quase correr em cima dele.

Com o último golpe o panda rolou no chão, sentindo como se de repente várias áreas de seu corpo não fossem mais capazes de lutar.

Ele levantou-se com dificuldade e correu o mais rápido que pôde para Tigresa, tentando desesperadamente acertar um único golpe que fosse, e no fim tendo ambas as suas mãos agarradas e forçadas, até que pudesse sentir seus ossos quase rachando.

A guerreira deixou que as mãos do amigos escapassem e apenas observou o que ele faria agora. Não foi surpreendida quando ele tentou socá-la em cheio, apenas bloqueou o golpe com sua própria mão sem um mínimo de dificuldade.

Agora ela via aquilo nos olhos dele.

Aquele olhar...

Aquilo era quase o mesmo que já estivera em seus olhos um dia.

Ela chutou Po em cheio na barriga, ainda pressionando sua mão, causando o panda a desabar, caindo de joelhos com uma expressão de derrota.

Ela não queria que ele se sentisse um derrotado, mas não lhe agradava nenhum pouco sua linha de pensamento, sua crença de ser mais forte que os outros, ela havia a subestimado...

Ela não deixaria isso impune.

Seu amigo precisava de uma longa sessão de reflexão, parece que seu posto lhe subira a cabeça, aquela animação cega agora era direcionada não só a lutar.

Agora era direcionada diretamente em sua determinação em ser melhor que os outros.

Era normal um guerreiro querer ser o melhor, mas da maneira que Po o fazia... simplesmente não era saudável, para nenhum deles.

Mas não era aquilo que se encontrava em seus olhos, era outra coisa, e de certa forma ela entendia, pois já se sentira assim antes.

Ela pôde sentir o corpo dele se movendo, se contorcendo em dor, e graças a sua audição aguçada foi capaz de ouvir seus balbucios.

– E-eu... não posso... perder... - sussurrava com voz fraca, quase como um mantra.

Ela não moveu um músculo, apenas ouviria por agora.

– Eu... sou o g-guerreiro dragão... e-eu... salvei a C-China... e-e-eu s-sou incrível...

Ela suspirou mentalmente. O que acontecera com ele afinal?

O panda pareceu se dar conta de que a felina podia o ouvir, mas as próximas palavras seriam para ela, e Po sentia que elas haviam necessidade de ser ditas.

– Eu devia te derrotar...eu devia ser o mais forte... muito mais forte que você...

Ela balançou a cabeça negativamente, desaprovando totalmente sua escolha de palavras.

"Po... o que aconteceu com você?"

Ele continuou.

– Eu devia... não é justo

"O que não é justo?"

–Não é justo Tigresa...

Ela afrouxou o apertou na mão dele, incentivando-o a prosseguir.

–Eu cresci em uma loja de macarrão... eu precisei... eu nem sei como, mas derrotei Tai Lung, apesar de todos vocês me olhando feio... eu descobri sobre o meu passado e precisei derrotar Shen também... eu... soube de tudo... fui separado de meus pais...eles estão... mas e vocês? Vocês não precisaram passar por nada disso, você cresceu no Palácio de Jade e teve sorte de poder conviver com kung fu desde pequena, e você pode ainda... me vencer assim tão fácil? Não é justo que eu tenha passado por tanta coisa e tudo tenha caído dos céus pra você, e mesmo assim eu ainda perc...

Seu balbucio foi interrompido por um chute bem no meio da face, o panda apenas caiu para trás sem resistência.

– Você não sabe o que está dizendo - O tigre disse em um tom de voz que somente Po seria capaz de escutar.

O panda olhou diretamente para ela, mas foi apenas capaz de enxergar suas costas.

O panda suspirou, tentando controlar a dor.

Onde estava o resultado da paz interior agora?

Onde quer que estivesse, ele não parecia capaz de encontrá-la.

O tigre se virou e fez uma reverência para o panda ainda caído, logo depois se virou e caminhou tranquilamente até o pessegueiro.

Ela se sentou por lá e fechou os olhos por um breve momento, já em sua posição de meditação.

Tigresa perdeu a noção de quanto tempo esteve lá, apenas tentando encontrar uma paz que parecera inexistente antes... mas, de alguma forma, aquela luta tinha sido de alguma ajuda...

Aquele panda idiota...

Desde quando sua vida fora um mar de rosas?

Nunca, ela nunca fora tão boa quanto...

Quer dizer, ela tivera uma ótima vida, de certa forma não podia negar isso.

Apesar de todos os momentos de angústia, ela também tinha seus momentos felizes.

Mas...

Nunca foi daquele jeito.

Descobrir a verdade sobre si mesma, sobre seu passado...

Experimentar aqueles sentimentos...

A sensação havia sido ótima.

No momento, ela tentava esvaziar a mente, encontrar algo que precisasse ser feito, talvez houvesse algo...

– Hum...er...Tigresa?

Todos os seus pensamentos tinham sido interrompidos novamente. O tigre se virou lentamente até ser capaz de enxergar uma figura grande com pelagem preta e branca.

Ela não respondeu, apenas olhou de soslaio para o lugar vazio ao seu lado, convidando-o a se sentar.

Po entendeu a mensagem e sentou-se desconfortavelmente enquanto coçava a dobra de seu pescoço.

–Er... desculpa pelo que eu disse...

A felina nem mesmo se deu ao trabalho de encará-lo, ela queria ouvir o que ele tinha a dizer, por isso, com um aceno leve de cabeça o incentivou ao continuar.

–Tigresa, eu..ah, me desculpe...

Ela não se moveu, aguardando o resto.

–Eu... eu fui... estúpido, o Guerreiro Dragão não devia agir assim...

Ela virou a cabeça lentamente até ter contato quase total com seus olhos, estava claro que ela não aprovara a última parte.

–He he... -O panda riu ligeiramente, tentando amenizar a situação

Ele percebeu que ela ainda estava séria, e um olhar de culpa atravessou seu rosto.

– Eu falei muita besteira lá dentro, né?

–Muita - ela confirmou

–Eu... não foi tão ruim ter crescido em uma loja de macarrão, sabe? Era divertido cozinhar e... ah... sobre o que eu disse de você... por favor me desculpa! Eu não pensei direito, eu fui idiota, eu falei besteira, eu sei que não é nada disso, e ah!Quer dizer... eu só falei o que me veio a cabeça sem pensar muito... como eu faço sempre.

– Você realmente pensou aquilo?

– Eu... Tigresa... tava nervoso e pensei muita besteira... - Po tentou explicar da melhor maneira que pôde.

Ele abaixou a cabeça, de repente achando o chão algo digno de ser admirado.

–Tudo bem, Po. -ela disse no tom de voz mais calmo que foi capaz

O panda sorriu de orelha a orelha com seus olhos verdes brilhando em demasiada intensidade.

Ele não esperou uma reação, um aceno ou qualquer outra coisa... ele apenas avançou e a envolveu em um abraço de urso.

Naquele momento ela foi capaz de sentir o calor que ele emitia,e era reconfortante, mas, sem vontade de deixar ele perceber algo assim, apenas permaneceu parada, sem fazer nada para o impedir de continuar.

Ela não sabe por quanto tempo ficaram daquele jeito, ela pôde sentir o panda a abraçando com força, muitas vezes esfregando sua própria cabeça na dobra de seu pescoço inocentemente, sem uma mínima noção do que pensaria que observasse de longe.Até mesmo a posição de suas pernas eram constrangedoras,e agora, o estômago de Po estava pressionado contra o seu, mas isso tudo... só parecia tornar o abraço ainda mais aconchegante.

Seu próprio corpo parecia mais relaxado, e ela permitiu que sua cabeça se inclinasse ligeiramente para se encaixar próximo ao ombro de Po, mas ele não pareceu perceber.

– Tigresa... eu senti saudades... - foi tudo o que ele conseguiu dizer com uma voz rouca

O tigre sentiu algo líquido em seu ombro, eram lágrimas.

–Eu queria ficar mais forte... pra não deixar isso acontecer de novo - ele sussurrou

–Po...

Tudo o que ele fez foi abraçá-la o mais forte que pôde, e agora Tigresa podia sentir o braço do panda por baixo do seu, enquanto o outro se encontrava por cima de seu braço imóvel.

"Po..."

Ela ouviu passos a distância e relutantemente se afastou. O panda seguiu seu olhar e, mesmo sem entender muito bem, sabia que era hora de ir.

Ele sorriu ligeiramente com seus olhos marejados, tentando conter um soluço. Com um último aceno ele se dirigiu para a cozinha.

Tigresa se recompôs e voltou a meditar, abrindo os olhos por uma vez e murmurando com um sorriso discreto.

–Po, seu idiota... - disse totalmente alheia ao fato de estar sendo observada por um conhecido panda vermelho.


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Notas finais do capítulo

Nesse capítulo tentei expor todos os sentimentos dela em relação a tudo o que aconteceu e até mesmo em relação a lutas e habilidades.
Então é isso...
Quando puder posto o próximo capítulo (que é onde a ação deve realmente recomeçar, a arma espiritual deve voltar u.u) e gostaria muito de saber a opnião de vocês em realção a isso.
Alguma crítica, sugestão, comentário, idéia... seja o que for vou ler com a maior boa vontade.
Obrigada por ler e até o próximo capítulo o/