-Ficou louca Alice?- perguntei alterada, largando meu copo de leite no balcão

- Uma festa de aniversário Nessie, como todos os anos – Alice respondeu tranquila, sentada no balcão da cozinha

- Eu sei que todos os anos vocês fazem festa para mim. Mas esse ano nós não temos número suficiente para isso. - Tentei argumentar em vão.

- Claro que temos número suficiente! Estou calculando 200 pessoas. - Ela respondeu sorrindo.

- Alice, Você não ... - mamãe tentou falar mas foi interrompida por papai.

- Ela vai convidar boa parte da escola – papai explicou.

Meu sangue gelou ao ouvir essas palavras, claro que eu queria me misturar com os humanos, mas uma festa depois do incidente com Soraia não era o melhor a se fazer. Papai estava certo quando falou que eu iria avançar nela, me restava pouco auto controle naquele momento. Não havia se passado nem uma semana que eu havia caçado e estava precisando de sangue novamente, conviver tão próxima aos humanos, aliada com as minhas oscilações de humor, fazia a minha sede aumentar. Estar em evidência tornaria a antipatia que a bruxa da Soraia nutria por mim maior que já era.

-Alice, não seria melhor uma festa de caça? - perguntei insegura enquanto íamos para a garagem.

-Não!!!!!!!- Rosalie e Alice responderam juntas.

Ótimo! Alice arrumara uma cúmplice, Rosalie, não consegui compreender porque elas se aliaram. Será que esta festa era tão importante? Não, na minha visão naquele momento. Agradecia aos céus por ser sexta-feira, depois da aula eu iria caçar com Jasper e Emmett e passaria um feliz fim de semana, sorrir já estava difícil conversar com a sede tão intensa. Me sentia tão vampira com sede. Era como se meu lado vampiro suplantasse o humano. Fui no Jipe com Rosalie e Emmett para ter privacidade com a minha sede.

- Você está ouvindo o que eu estou falando? - Rosalie gritou comigo.

- Hã, não! - respondi envergonhada – estava tentando desligar por causa da sede.

- Tudo bem! Isso é um pouco demais pra você – ela me respondeu com um sorriso tão terno, que era só meu.

- O que você estava falando?

- Sobre o que você quer pra festa. Precisamos segurar a Alice.

- Pensarei nisso depois que eu caçar.

- Cuidado monstrenga! Se segura para não massacrar a escola.

- Eu nunca matarei um humano! Sou muito controlada. - falei com um sorriso torto.

Chegamos a escola, eu já estava acostumada com essa rotina, fui para a aula de cálculo sentei onde sentara nas outras aulas. Milla já estava em seu lugar estudando.

- Bom dia! - Cumprimentei rígida.

- Bom dia! Como vai Daniel? - assustei com essa pergunta, onde ela queria chegar com essa pergunta?

- Acho que bem, não o vi hoje, por que não pergunta para Beth. - tentei me esquivar.

- Você entendeu o que estou falando. - ela me respondeu segura.

- Somos amigos! - respondi resignada, querendo acabar com a conversa.

- Ele não está interpretando dessa maneira, cuidado para não dar esperança se você não quer.

Fiquei pasma com a calma que ela falara. Ela era muito observadora, era como um talento latente ou não tão latente assim. Alguns minutos se passaram até que Beth e Hannah chegaram muito animadas na sala.

- Nessie!- Hannah praticamente gritou meu nome sentando do meu lado e jogando o corpo todo para frente – encontramos com Alice e ela falou da festa! A-DO-REI! - ela terminando dando pulinhos na carteira.

Tive vontade de matar Alice, claro! Minha big festa de aniversário. Me senti uma criança de 4 anos sendo obrigada a fazer algo que não queria, que hilário! Eu era uma criança de 4 anos se eu fosse analisar a minha data de nascimento, 10 de setembro me rodava como um fantasma.

-Me fala tudo sobre a festa! - pediu Hannah animada.

- Eu não sei nada sobre a festa – falei tentando encerrar o assunto.

- Como assim você não sabe? - Beth perguntou incrédula.

- Alice é muito festeira e exagerada, tenho até medo do que vai sair nessa festa. - Nós rimos com esse comentário.

Conversamos muito durante a aula, banalidades, assuntos como festas legais ou não tão legais. Milla estava extremamente concentrada na aula e nos ignorou completamente. Conversar com elas era como conversar com a maioria dos lobos, como Seth, era só deixá-los fluir e você se divertia. Minha garganta ardia com a sede.

Quando a aula acabou um grupo de 15 pessoas me circulou querendo saber da festa e se seriam convidados, assenti para todos e me joguei para fora da sala tentando chegar o mais rápido que me era permitido na sala de literatura, queria me encontrar com meus pais.

Toquei o rosto de minha mãe quando consegui chegar até eles, mostrei todas as imagens do que havia acontecido no intervalo das aulas, papai acompanhava tudo.

- Ela fixou cartazes pela escola. - papai respondeu a direção dos meus pensamentos, antes que eu conseguisse bolar a pergunta.

- Hã?! .... Vou matar a Alice – respondi depois de alguns segundos para processar a informação.

Com tantos problemas eu ainda teria que me preocupar com a festa. Uma festa diferente de todas que eu tive até ali, sem lobos. Não conseguia tirar Jacob da minha cabeça, pelo contrário a cada segundo a saudade aumentava, não conseguia entender a fonte de tanta saudade, afinal ele me traíra. Descobri o porque de não querer uma festa, era simples. Aniversário comemora o seu nascimento, um dia especial só seu. Eu não queria comemorar o dia que conheci Jacob ainda um bebê.

Passei a aula de literatura divagando entre essas e outras questões sem resposta em minha vida ( existência). Papai estava monitorando meus pensamentos, mas eu não importei, pelo contrário. Eu queria que meu pai visse meu sofrimento e passasse para Jacob. Eu queria que ele estivesse sofrendo minha falta como eu estava sofrendo a dele. Eu não entendia como meu pai deixara Jacob vivo. Eram tantas perguntas sem resposta.

Saí da aula de literatura muito rápido, eu precisava ir ao banheiro lavar meu rosto, Jacob fluía em minha mente como o sangue pelo meu corpo. Eu estava a ponto de chorar quando entrei no banheiro, a sede me deixava mais sensível. “Me deixem sozinha”. Enviei esse aviso mental. Liguei meu MP3 coloquei os fones e lavei meu rosto, deixem as lágrimas jorrarem, eu não chorava desde que saí de Forks.

“Você traiu meu coração; Você crucificou minha alma”. Essas palavras ecoavam em minha mente junto com as imagens de Jacob, senti uma mão morna em meu ombro.

- Calma! Você quer água?

- Obrigado Milla, mas não.

-Quer falar ou ficar sozinha?

- Preciso me acalmar e ir para aula.

Ela me olhou de uma maneira paciente, porém diferente do olhar da minha família. Eu agradeci mentalmente esse gesto dela. O quanto eu sabia sobre aquela garota? Cheguei a conclusão que nada.

- Você tem namorado? - perguntei para tentar conhecê-la

- Não.

- Nunca teve?

- Não, nunca estive com ninguém – ela me respondeu sincera parecendo não se importar. Saímos do banheiro e caminhamos para a aula de física.

- Por que? - resolvi arriscar

- Eu tenho outras prioridades do que sofrer por amor, como você está sofrendo agora, e chorar por alguém como você estava no banheiro. - Ela me respondeu com tanta naturalidade que parei em choque. Depois de alguns segundos ela percebeu o que falara. - Desculpa! - Ela me pediu pra tentar consertar.

- Como você sabe que estava chorando por alguém e não por TPM?

- Minha avó fala que eu consigo ver o coração das pessoas mas não consigo ver o meu.

- O que você vê em meu coração? - perguntei curiosa.

- Dúvida, rancor e medo.

Dúvida ela estava certa meu coração estava com uma interrogação enorme desenhado. Rancor como ela estava certa, eu não conseguia entender o por que que Jacob me traíra, ainda mais perdoa-lo. Medo? Claro que eu não estava com medo. Do que eu teria medo, se eu era um dos seres mais perigosos do planeta. Da próxima vez perguntaria a Jasper.

-Você deixou alguém em Forks? - ela me perguntou enquanto sentávamos.

-Não! - respondi rápido.

- Tem certeza? Não parece.

- Nós não temos mais nada. Ele me traiu, que ele fique com ela. - acabei cedendo a pressão dela.

- Você acha que se envolver com outra pessoa vai resolver seus problemas?

- Quem sabe?

O que aquela garota pensava que era, uma terapeuta barata? O que ela estava insinuando? Será que estava apaixonada por Daniel, depois de tanta insinuação sobre ele. Que fosse feliz com ele por que eu não queria.

Ela não era tola,eu teria que tomar muito cuidado. A aula de física foi chata como sempre, ficamos caladas, ela não conversava durante as aulas e eu não estava com ânimo para conversa. Eu gostava de Milla, o que era um grande erro. Estava começando a sentir a dificuldade de me passar por humana. Eu teria que ser uma ótima atriz o que eu não estava sendo até aquele momento.

Quando o suplicio – a aula – finalmente acabou, encontramos com minhas amigas malucas, Beth e Hannah paradas em frente a sala com uma pré-lista de convidados para minha festa. Elas estavam tão animadas que acabei contagiada pelo clima. Fomos para o refeitório pegamos nossos almoços e sentamos para trabalhar na lista, estávamos trabalhando nela quando Daniel chegou e se sentou ao lado de Milla.

- Qual é a loucura de hoje?

- Lista de convidados do aniversário da Nessie. - Hannah respondeu absorta

Milla estava ensinando cálculo para Daniel e dando uma ou outra opinião na lista. Minha família me observava de longe muito satisfeitos

- Os garotos do time de football. É bom para termos variedades de garotos. - Hannah sugeriu dando pulinhos na cadeira – Não são tão grandes e bonitos como seu irmão Emmett, mas já é algo.

Rimos com esse comentário de Hannah. Vi Soraia se aproximar ladeada pelas suas escudeiras. Me preparei para não perder o controle, com a sede que eu estava sentindo um milésimo seria fatal.

- Olá bando de perdedores! - Soraia falou – Então a mais nova perdedora, a integrante da família Adans. Vai dar uma festa.

- Sim! Mas você não será convidada. - respondi seca, minha família ficou inquieta com a aproximação dela, papai estava vindo para minha mesa em velocidade humana pra não chamar a atenção.

- Claro que não serei, eu não frequento lugares de baixo calão- estava virando moda Soraia me provocar todos os dias.

- Você nada de útil pra fazer? Procura algo útil! - Milla falou.

Soraia ficou vermelha e caminhou para onde Milla estava. Fechei minha mão em punho e travai meus dentes para manter o controle. A mão de Soraia atingiu a mesa e o almoço de Milla voou pra o chão.

-Oh! Caiu! - Soraia falou debochada

- Você derrubou o almoço dela! - Eu gritei e o refeitório todo olhou para mim, inclusive minha família.

- Eu estou de saco cheio de você garota! - Beth também gritou com Soraia

Milla não se mexia. Eu não entendia como alguém tão forte como ela não reagia a Soraia. Papai se colocou ao meu lado, me senti segura. Ele estava lá pra me proteger, não de Soraia mas de mim mesma. Milla olhou pra baixo muda. Os olhos dela mudaram de expressão a apatia deu lugar a outro sentimento que eu não consegui identificar.

-Você não vai brigar comigo? - Soraia perguntou sorrindo.

Olhei para papai depois que Jasper se colocou ao meu lado me acalmando com o seu talento

- Não sou tão baixa como você! - respondi segura.

Jasper estava com a bandeja de almoço intocada. Ele a colocou em frente à Milla. Me surpreendi com esse gesto. Jasper nunca se aproximava de humanos, no entanto ele deu a bandeja para ela e ainda sorriu. Tive vontade de ter o dom de papai para saber o que ele estava pensando.

Soraia ficou irada e saiu do refeitório pisando duro. Todos s presentes alternavam os olhares entre nós e minha família. Jasper saiu do refeitório seguido de papai. Alice deixou o refeitório rápido depois que Jasper saiu, com certeza ela fora atrás dele. Isso significava que eu teria que ir para aula de inglês apenas com Daniel. Perdemos o ânimo e o intervalo durou uma eternidade. Quando o horário de almoço finalmente acabou fui para aula com meu amigo loiro. Tentei ouvir a voz de alguém de minha família mas não obtive sucesso.

- Nessie eu estava pensando se você gostaria de ir ao cinema comigo hoje? - Daniel me perguntou vermelho.

- O quê? - respondi incrédula, ele estava me convidando para sair.

- Sair comigo, você quer. Só nós dois. - ele falou me encarando.

-Quando ? - perguntei para não deixá-lo triste. Isso não era uma boa idéia.

- Hoje! - ele falou animado, fiquei com pena de partir o coração dele.

- Infelizmente eu não posso. Vou passar o fim de semana com Emmett e Jasper. Vamos fazer uma pequena viagem.

- Que pena! Pode ser outro dia?

- Claro. - menti para poupa-lo.

Eu fiquei triste por não sair com ele, mas eu não estava preparada para entregar meu coração a outra pessoa, Jacob estava impregnado em todas as células do meu corpo.

 

 

 

Caçar com Emmett e Jasper foi muito bom. O prazer de saciar minha sede, o clima agradável que Jasper favorecia e as brincadeiras de Emmett tornaram a caçada uma verdadeira diversão. O fim de semana foi um verdadeiro dia claro de verão em minha existência. Além de caçar jogamos basquete com cestas improvisadas.

Chegamos em casa no domingo a tarde, estava toda suja de barro devido ao banho de lama que Emmett me dera. Alice veio atrás de mim assim que cheguei falar que estava quase tudo pronto para festa.

Os dias passaram muito rápido, escola, os últimos preparativos para festa e a pilha de trabalhos escolares ocupavam meu tempo. Na escola praticamente todos me cumprimentavam, eu era o centro das atenções.

Acordei na quinta-feira muito cedo, com barulhos estranhos vindo da cozinha, estava acontecendo algo. Prendi meu cabelo para tentar domá-lo e corri para cozinha. Parei na escada alarmada com os cheiros familiares, eu não podia estar enganada, eles estavam aqui. Corri para verificar. A risada estrondosa de Emmett ecoou pela casa. Parei à porta da cozinha, senti meu rosto se iluminar com um sorriso.

- SETH!!!!- gritei me jogando nos braços do menino lobo que estava encostado n o balcão d cozinha.

- NESSIE! Que saudade! - Ele falou me apertando em um abraço de urso, melhor, de lobo.

-Você veio me ver! - falei alegre.

- Eu não ganho nem um bom dia? - fui interrompida por uma voz grave vindo da porta.

Me virei lentamente com um sorriso maroto, me jogando nos braços do dono da voz.

-EMBRY!!!!- gritei me atirando nos seus braços

- Assim está melhor, vampirinha! - ele falou sorrindo e me girando

- Porque ninguém me falou que vocês viriam?

- Nós não avisamos que estávamos a caminho. Ficamos com medo que não quisessem nos ver. - Embry explicou

- Por quê eu não iria querer vê-los? - perguntei indo abraçar Seth novamente.

Seth e Embry se olharam, havia algo a mais que uma simples visita, mas eu não queria saber o que era. Mas não custava nada sondar pra saber o que era.

- Seth aconteceu alguma coisa?

- Não! - Embry respondeu atropelando a resposta que Seth daria.

- Nessie! Trouxe uma lembrancinha para você – Seth falou me arrastando para sala onde havia uma sacola cheia de pacotes. Ele pegou uma caixa embalada com papel rosa e me entregou. - Feliz aniversário adiantado espero que goste.

Abri meu presente animada era um jogo de RPG em tabuleiro. abracei Seth feliz

- Obrigada!

- Nessie! Está na hora de ir para escola- Mamãe falou.

- Eu não quero ir! - choraminguei

- Quando você voltar eles estarão aqui – Esme falou confiante- já liguei pra sua casa e avisei sua mãe que vocês ficarão até o final da semana.

- Obrigado Esme! - Seth falou com animação e pulou em Esme beijando seu rosto – Não acho que Jacob ficará satisfeito.

- Não se preocupa irmão, ele não irá se opor – Embry falou tranquilo deitado no sofá.

Jacob. A saudade cortou meu peito, mas eu não poderia mudar a minha decisão de esquecê-lo. Fui para meu quarto me arrumar tomei banho e lavei meu cabelo. Mas não consegui lavar o que eu realmente queria, minha alma. O cheiro dos lobos estava exalando pela casa. Saí do banho sorrindo eu iria aproveitar a presença de duas pessoas que amava. Coloquei meu uniforme e prendi meu cabelo em um rabo alto e apertado, meus cachos caíram pelas minhas costas. Eu ainda tinha alguns minutos, corri para cozinha onde Seth e Embry comiam panquecas feitas por Esme. Era muito interessante onde houvesse lobos reinava um clima agradável.

- Nessie, você vai querer panquecas? - Seth me perguntou de boca cheia

- Claro! Se eu não comer agora não vai sobrar nada pra mim. - falei enquanto puxava um banco e me sentava ao lado de Embry. Esme já me servia panquecas com chocolate.

- Cheguei pra festa sem saber, vou me divertir um bocado – Seth falou animado.

- Os humanos comparecerão, terão muitas garotas para vocês -Alice falou bagunçando o cabelo de Seth.

- Quil vai ficar chateado de ficar de fora dessa- Embry falou rindo – problema é dele ele que não quis vir – concluiu o índio mais velho dando de ombros.

- Por que ele não quis vir? - perguntei alarmada, será que ele estava chateado comigo?

- Ele não queria ficar longe de Clair essa coisa de Imprinting – Seth falou indiferente.

Dei de ombros, pela minha visão periférica vi Embry alarmado. Ele era fiel a Jacob, o melhor amigo. Terminei minha panqueca brincando com Seth.

- Vamos Nessie! - Roasalie me chamou.

Peguei meu material, me despedi de Carlisle que acabara de chegar do hospital, Esme. Embry e Seth. Fui para a aula com Emmett e Rosalie no carro dela.

Beth e Hannah estavam extremamente eufóricas, a escola estava animada com a festa cochilei na aula de filosofia, eu detestava aquela aula. As demais aulas foram normais. À tarde quando voltei para casa, Seth estava dormindo no sofá e Embry estava no computador.

Troquei de roupa, vesti uma calça de malha marrom e uma camiseta camuflada, desci as escadas correndo com uma bola de basquete nas mãos.

- Acorda dorminhoco! - falei sacudindo Seth

- Já chegou? - ele perguntou me puxando para o sofá

- Não! - ri da pergunta de Seth

- Pergunta idiota – ele concordou rindo

- Vamos jogar basquete!- chamei alegre, finalmente alguém para jogar comigo durante o dia e sol ainda estava muito forte e só podíamos nos locomover graças ao insulfilmes nos vidros dos carros.

Fomos para o fundo da casa ode colocamos cestas de basquete, estávamos jogando um contra o outro, brincávamos e conversávamos e ao mesmo tempo ele me colocava a par das últimas novidades de La Push, até entrarmos no assunto delicado, Jacob.

- Jacob foi à sua casa, logo depois que vocês partiram diferença de 30 minutos, contrariando o pedido de Edward. - Seth estava com o modo passar informação ligado.

- Como assim contrariando o pedido do meu pai? - perguntei alarmada, o que eu deixei passar?

- Seu pai pediu a Jacob que ele não te procurasse por um tempo

- Quando meu pai falou com Jacob?

- No mesmo dia, acho que pouco depois que você chegou em casa.

Então naquele dia meu pai falou com Jacob. Ele foi até a fronteira dos territórios – meu pai não tem autorização de ultrapassa-la.

- Se meu pai proibiu Jacob de falar comigo, por que ele liga?

- Ele não aceitou a proibição, é claro! - Seth respondeu naturalmente, mas seu rosto ficou sombrio muito rápido. - Você não reparou que ele parou de ligar? – sua voz saiu dolorosa

Era verdade tinha uma semana que Jacob parara de ligar e ele só começara quinze dias depois da mudança.

- Nessie! Jacob está sofrendo muito. Quando ele descobriu que vocês haviam mudado ele praticamente enlouqueceu.

- Eu também quase enlouqueci e foi ele que deu causa, não eu.

- A Leah .... - Seth começou a se torcer sufocando, ele não podia falar o que ele queria.

- Ordens do Alpha. - concluí com repulsa eu queria saber o que Seth queria me dizer.

- Ordens da Beta. Um pouco pior.

Revirei os olhos e o rosto em nojo. Eu odiava Leah. Era estranho como Seth e Leah eram irmãos, tão diferentes entre si.

- Nessie! Tenta conversar com Jacob, esclarecer o que aconteceu.

- Já está tudo esclarecido.

- Para de ignorar o Jake ele está sofrendo e para a alcatéia está insuportável, ele passa a maioria do tempo como lobo para tentar diminuir a dor, ele só não fica como lobo por tempo integral, para tentar te ligar o que sempre é em vão você nunca atende o telefone.

Tive pena de Jacob mas a minha dor ainda era muito intensa.

- Jacob escolheu Leah, que ele fique com ela.

- Eles não estão bem nem como amigos. Eles brigaram feio assim que você foi embora. Ele só não a escorraçou da alcatéia, por que é ela que está cuidando de tudo. Ele não se importa mais com a alcatéia, alias Nessie, com nada. Ele é mais um animal, um lobo, que um homem. Ele está partindo aos poucos, cada vez se tornando mais um lobo e menos humano. Jacob está se perdendo...- Seth queria prosseguir mas foi interrompido pelo choro

Eu gelei com a afirmação de Seth, senti o mundo rodar o meu Jacob estava partindo, se perdendo, se tornando um animal. Vi o grande lobo castanho avermelhado se tornando um minusculo lobo comum. Fechei meus olhos e pude sentir o calor dos braços do meu Jacob me envolverem.

- Nessie! Perdoa o Jake. - Seth me pediu

- Eu não posso perdoá-lo.

- Mas ...

- A culpa é da sua irmã! - gritei e me virei

- Espera Nessie! Ele te mandou um presente.

- Eu não quero nada. - respondi entre os dentes eu estava tremendo

- Pelo menos receba Nessie, se você receber eu tenho certeza que o Jake vai voltar um pouco a si e não irá se perder tão rápido, cada minuto é um caminho sem volta pra ele.

Eu fiquei parada, congelada no lugar. As imagens se misturavam em minha mente. A primeira Jake estava com uma camiseta colada no corpo, calça jeans e um sorriso bem largo no rosto, aquele que iluminava até o ambiente mais trevoso. Foi no último natal. A segunda imagem era o grande lobo castanho avermelhado, eu brincava com ele na floresta bem próxima a minha casa, eu ainda era muito pequena. A outra imagem era Jacob nu na cama com Leah. Essas imagens rodavam em minha mente em uma velocidade espetacular.

Papai estava parado na porta me vigiando, Seth se aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro.

-Nessie! Eu queria não ter que fazer isso, mas eu tive que fazer, nada que falei é mentira, Edward sabe de tudo ele pode ver minha mente e te falar.

-Me entrega isso logo. Eu não vou querer mais ouvir o nome dele.

- Tudo bem! Desculpa!

Entramos em casa em silêncio, fomos para o quarto que eles estavam hospedados. Seth pegou um pacote dourado fechado com um laço vermelho. Peguei o pacote com um pacote com um misto de alegria e raiva. Alegria por Jake ter se lembrado de mim, raiva por estar alegre. Abri o pacote exitante sem olhar para dentro.

- Você não vai olhar? - papai me perguntou parado no batente da porta.

Olhei para Seth em duvida,ele sacudiu a cabeça afirmativamente. Puxei meu presente de dentro do pacote e em deparei com um lobo castanho avermelhado peludo.

- “Longe dos olhos, longe do coração”. Foi o que ele pensou – Seth me falou.

Não respondi e saí do quarto indo para o meu do outro lado da casa, entrei e joguei o lobo onde ficavam meus ursos, deixei meu corpo desabar no chão, eu não tinha mais forças. Meu coração estava comprimido. Não! Meu coração estava comprimido a muito tempo mas agora ele queria expandir e não havia espaço. O choro que tanto evitara rompeu, as lágrimas rolaram, lágrimas de dor, lágrimas de saudade, lágrimas de amor, lágrimas de despedida. Jacob estava se perdendo e eu não podia fazer nada, eu não podia fazer nada. Eu não suportaria olhá-lo. Eu não podia deixar que meu amor se perdesse.

Em um impulso peguei o telefone e disquei o número que iria arrepender depois. Dois toques e a voz rouca que tanto sonhara estava ecoando por mim.

-Alô. - ele falou com a voz pesada de tristeza.

- Jake! - falei ainda chorando – não se perca, por favor, por mim...

- Nessie! Eu te amo! Escuta...

- Eu não quero escutar, eu não posso. Não se perca, eu preciso de você, mas ainda não.

- Nessie, eu preciso de você também...

- Não se perca...

Desliguei o telefone a tempo de ouvi-lo falar que me amava mais uma vez. Chorei por horas, até o cansaço tomar conta de mim e adormeci um sono pesado e negro, onde só um rosto passava por mim, Jacob Black desfigurado pela tristeza.