Red Soil escrita por koala_die


Capítulo 2
Chapter Two.


Notas iniciais do capítulo

Atualizei mais rápido que o esperado :B



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    -Ojii-san! – Kaoru sorriu, abraçando o mais velho.

    -Como cê cresceu, Kaoru-chan! – seu tio bagunçou seus cabelos loiros, sorrindo.

    -Tia! – o garoto loiro riu, se dirigindo a tia.

    -Ka-chan! – abraçou o garoto, animada.

 

 

 

Além deles três, não havia mais ninguém na estação, a não ser um garoto provavelmente da idade de Kaoru sentado no banco da plataforma, jogando Game Boy, concentrado.

“Graças a deus o Daisuke não veio...”

 

 

 

    -Nee, e o Daisuke? – não resistiu, queria ter certeza de que ou o moleque estava em casa roncando ou que ele havia viajado ou tivesse ido dormir na casa de alguém.

   -Oras! – Andou-san riu divertido, seguido da esposa. – Daisuke, vem cá!

   -Nani? – uma voz levemente grave foi ouvida.

 

 

 

Kaoru se virou, vendo o garoto que antes jogava Game Boy se levantar, indo de encontro aos pais, sorrindo levemente.

 

 

 

    -Ah, Kaoru-kun. – Daisuke sorriu, cumprimentando o primo.

 

 

 

O garoto ficara sem reação.

Não acreditava que aquele garoto bonitão de porte atlético e sorriso cativante era o mesmo moleque franzino que sempre queria chamar sua atenção.

Mas aquela cara de pentelho não mudara.

 

 

 

    -Não reconheceu o Daidai, Ka-chan? – sua tia disse, sorrindo, afagando os cabelos do filho.

    -N-não. – Kaoru ainda estava impressionado. Mas não era por causa daquilo que voltaria a ser amiguinho do outro garoto. – Oi, Daisuke.

 

 

 

Daisuke riu divertido, abaixando a cabeça.

 

 

 

    -Nee, tudo bem.

    -Então vamos logo que eu to com fome e não vejo a hora de comer e... – o tio de Kaoru começara. – Que tal comermos numa pizzaria perto de casa?!

 

 

 

Kaoru sorriu, seu tio era sempre tão animado.

Saíram da estação e foram de carro até a pizzaria.

 

Passou metade do caminho observando Daisuke, ao seu lado no banco de trás.

O que mais chamara a atenção de Kaoru não era a atual beleza do primo e sim...O semblante diferente que o adolescente possuía atualmente. Antes ele era tão animado. Era o espoleta da família. Agora parecia tão quieto, tão...Triste.

 

 

 

    -Nee, Kaoru-kun, gosta de Game Boy? –Daisuke sorriu sem jeito, tentando puxar um assunto.

    -N-não sei. – desviou o olhar do garoto, olhando para a janela. – Nunca joguei um.

    -Quer jogar? – o garoto estendeu o aparelho eletrônico para o primo.

    -Não. – respondera seco, sem nem cogitar a possibilidade.

 

 

 

Daisuke se encolheu e recolheu o Game Boy, o guardando. Passaram o resto do caminho e do passeio em silêncio, até chegar na casa dos pais de Daisuke.

Desceram do carro, satisfeitos com as pizzas que comeram.

 

 

 

    -Nee, Dai, filho, ajude o Kaoru com a bagagem e arrume o quarto, ele deve estar cansado. – a mulher disse, descendo do carro.

    -Certo, okaa-san. – o primo de Kaoru pegou a mochila e a bagagem de mão do garoto e começou a caminhar, chamando Kaoru, que o seguiu em silêncio.

 

 

 

Quando chegaram na porta, Daisuke pôs a mochila nas costas para deixar a mão livre para abri-la.

Entraram, tiraram os sapatos e seguiram pela sala, até a escada que dava para o andar de cima, onde ficavam os quartos.

 

 

 

    -Como você deve ter percebido... – começou Daisuke novamente, subindo os degraus. – Mudamos de casa.

    -É, percebi. – Kaoru disse com um ânimo evidente.

    -Então... – o garoto parou no fim da escada, olhando para o primo, receoso. – Só temos dois quartos agora, eu sei que você vai odiar, mas vai ter que dormir no mesmo quarto que eu, gomen...Aliás, se não quiser... – o garoto voltou a andar. – Posso dormir na sala.

 

 

 

Kaoru o seguiu em silêncio.

 

 

 

    -Não roncando e não tendo que dividir a mesma cama, por mim tudo bem dividir o quarto. – não podia mandar o dono da casa ir dormir na sala.

 

 

 

Daisuke soltou uma risadinha, abrindo a porta do quarto.

 

 

 

    -Nee, tudo bem, não ronco e tenho um tatame sobrando. – o garoto entrou no quarto, acendendo a luz e deixando a mochila do outro no chão, escorada na parede.

 

 

 

Kaoru observou o quarto do primo.

As paredes brancas eram cobertas por alguns pôsters; uma cama, um guarda-roupas e uma escrivaninha eram peças únicas da mobília, sua tv ficando pendurada em um suporte e seu vídeo game apoiado na parte de cima de sua escrivaninha.

Um quarto simples.

 

 

 

    -O banheiro é no fim do corredor, Kaoru-kun. – Daisuke sorriu, explicando pro primo. – Se quiser tomar um banho - -

    -Claro. – não deixou o primo terminar, fuçando em sua mochila e pegando seu pijama e uma toalha de banho, saindo do quarto.

 

 

 

Entrou no banheiro e trancou a porta, se sentando chão do lugar. Suspirou, olhando a sua volta. Banheiro comum.

Suspirou de novo, quase chorando. Passou a mão pelo cabelo. Estava decidido a ignorar Daisuke e aproveitar ao máximo sua estadia em Mie.

Logo começaria a nevar e Kaoru adorava neve, se sentiria melhor.

 

 

Se levantou e começou a se despir lentamente, preguiçoso, se olhando no espelho do banheiro sobre a pia. A imagem refletida dava aflição no garoto. O corpo magro e pálido passava uma impressão doentia, sem contar as cicatrizes que possuía não apenas em seu tórax como em seu abdômen e pulsos e coxas e qualquer parte de seu corpo que se interessasse em passar a navalha.

Gemeu em reprovação e angústia e entrou embaixo do chuveiro, abrindo o registro e sentindo a água quente bater nas costas. Fechou os olhos, se apoiando no azulejo, apreciando a carícia que a água lhe proporcionava.

Ficara no banho por mais ou menos trinta minutos. Se trocou no cubículo mesmo e se arrastou de volta até o quarto de Daisuke.

 

 

Seu primo dormia encolhido no tatame no chão. Usava uma samba-canção de cetim e uma camiseta velha. Havia deixado a cama arrumada para Kaoru, com o cobertor mais espesso e quente e os travesseiros mais fofos que tinha.

 

 

O loiro não resistiu e sorriu.

Talvez Daisuke tivesse mudado. Cobriu o primo e se deitou na cama, puxando o cobertor para si, se apegando ao travesseiro. Logo pegou no sono.

 

 

 

 


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