Acordei em cima do Harry, o que prova que o beijo da noite passada não foi um sonho. Ele ainda estava dormindo calmamente. Olhei para a cômoda, onde ficava o rádio-relógio. 7:30 da manhã piscavam em uma luz verde fluorescente. Ainda era cedo para um domingo. Encostei minha cabeça no ombro do Harry novamente. Não consegui pensar em nada sobre a noite passada. Depois do beijo, um silêncio enorme se instalou no quarto e a gente dormiu.

Senti o Harry fazer carinho no meu cabelo de leve.

– Já acordou? - Perguntei.

– Aham. - Resmungou.

– Harry, sobre ontem... - Hesitei em continuar. - Você, ahn... - Ele me interrompeu.

– Kath, desculpa. Eu sei que não era pra eu ter te beijad... - Dessa vez, eu o interrompi.

– Não, não é isso. Eu não achei ruim, só que...

– Não achou ruim? - Pude percebeu um sorriso imenso se formando no rosto do Harry.

– Não. Foi bom! - Sorri.

Depois disso, não conseguimos dizer mais nada. Esse momento foi meio estranho.

Harry olhou para o relógio e se levantou rapidamente.

– Tenho que ir.

– Mas já?! - Fiz biquinho.

– É, minha mãe deve estar preocupada!

– Então tá...

Ele me deu vários selinhos rápidos e pulou pela janela. Desse jeito, até parecia que ele estava ali escondido! Mas se bem que... Ele estava ali escondido!

Fui tomar um banho, para organizar minhas idéias e relaxar. Quando voltei, o celular piscava, dando sinal de que havia um sms novo.

" Posso te ver hoje? Na praça, perto da minha casa ás 14:00 horas. -Brian-"

Ele não desiste? Onde ele conseguiu meu número? Ah, esqueci! É o Brian, consegue tudo o que quer e é justamente por isso que eu não posso dar o que ele quer hoje. Ele deveria estar perdendo tempo com uma ficante fútil dele ao invés de mim.

Me arrumei e peguei o skate. Ás 14:00 horas eu estava lá, como o combinado. Eu nem sabia o por que de eu estar fazendo isso. Algo me dizia que eu precisava ir. Brian já estava lá. Para um moleque mimadinho, o garoto até que é pontual.

– O que você quer?! - Sentei do seu lado, colocando o skate sobre minhas pernas.

– Oi pra você também! - Brian sorriu irônico.

– Se for pra ser ignorante, eu já vou indo... - Me levantei.

Brian me puxou pela cintura, me fazendo sentar novamente.

Suspirei e arqueei uma sobrancelha.

– Qual é o seu problema?! Nunca mais faça isso, ou se não vou fazer seu nariz parar no seu cérebro, se é que você tem um cérebro. - Ameacei.

– Desculpa! - Brian levantou as mãos.

– Definitivamente a gente não consegue ficar no mesmo lugar sem se machucar, ou ameaçar um ao outro. - Olhei para o céu.

– Só porque você quer! A gente podia estar fazendo outra coisa agora ao invés de estarmos aqui, nos xingando...

– Outras coisas? Tipo o quê? - Disse sem intenção alguma, já que estava distraída.

– Tipo isso... - Brian me puxou pela cintura e ficamos a centímetros colados.

Os olhos azuis fitavam meus olhos. Brian me beijou calmamente. Os beijos do Harry tinham mais sentimento, já os do Brian eram frios e tão normais. Ouvi alguém batendo palmas, o que prendeu minha atenção.

– Parabéns Brian! Você conseguiu mesmo. - Era um dos amiguinhos idiotas do Brian do qual eu não me recordo o nome.

Brian olhava com uma cara de: Não faça isso! para o amigo dele. Eu, óbviamente, fiquei com cara de babaca no meio disso, porque não estava entendendo nada.

– Você ganhou a aposta! É, você nunca perde mesmo. - O menino prosseguiu.

– Aposta? - Perguntei confusa.

– Ele não te contou?

– Cara, não faz isso! - Brian pediu. - Depois eu explico tudo.

– Deixa que eu mesmo falo! Até porque, isso foi constragedor pra você, Brian.

– É sério, sai daqui, Patrick! - Brian disse bagunçando o cabelo.

Ele só bagunçava o cabelo, quando estava nervoso.

– Então, a gente apostou se ele conseguia ficar com você e, não é que ele conseguiu?! - Patrick ignorou o Brian.

Me levantei lentamente tentando me recuperar do choque. Uma aposta?! Eu pensei que o Brian não podia ficar mais ridículo do que já é.

– Então você gosta de brincar com o sentimento das pessoas? Parabéns Brian, tanto por ter ganhado a aposta, quanto por ter subido seu nível de infantilidade. - Senti meus olhos se encherem de lágrimas.

Eu não ia chorar. Não na frente do Brian, não ia dar esse gostinho pra ele.

– Kath, me escuta! Eu não quis que você saisse machucada, eu não quis nada disso, porque eu... - Brian travou.

– Eu sabia que era impossível algum menino se apaixonar por mim, porque eu sempre fui a esquisita, sempre me chamavam de menino. - Limpei uma lágrima. - Mas quer saber? Vocês que são idiotas!

– Kath, você não é esquisita! Para com isso. Não tem que dar atenção para o que os outros dizem, não tem que dar atenção para o que EU digo! Mas que droga, eu estraguei tudo.

– Verdade, desde que você apareceu na minha vida, você estragou tudo. - Peguei o skate e coloquei no chão.

– Desculpa, eu...

– Sério que o garoto mimado e idiota está pedindo desculpas? Sai da frente... - Subi no skate e desci com toda força.