O Príncipe e a Empregada escrita por nejisaku4ever


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eis o capítulo 3, espero que gostem.



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Sem olhar directamente para ninguém, Joyana pôs um bolo de framboesa à frente do príncipe. O faqueiro de prata e os copos de cristal brilhavam sobre o mais fino linho branco, mas mal reparava nisso. Servira todo o almoço como um robô, sem deixar de pensar em Hélio, que estava a entreter a sua substituta num dos camarotes.

Não vira a rapariga, mas tinha a certeza de que era loira e bonita. Não seria o tipo de pessoas cujo melhor amigo, num momento de crise, era um pacote de biscoitos de chocolate.

Teria estudos superiores? Seria inteligente?

De repente, as lágrimas toldavam a sua visão e pestanejou violentamente para as conter. Ia começar a chorar. Ali, à frente do príncipe. Ia ser o momento mais humilhante da sua vida…

Tentando controlar-se, Joyana concentrou-se nas sobremesas que estava a servir.

Rute tinha razão. Devia ter ficado na cama, escondida debaixo da colcha, até se ter recuperado o suficiente. Mas precisava daquele trabalho.

A gargalhada de alguém do grupo intensificou a sua sensação de solidão, de isolamento. E, depois de deixar o ultimo prato de bolo sobre a mesa, recuou, horrorizada ao sentir que uma lágrima caía pela sua face.

Oh, não, por favor, ali não.

O instinto dizia-lhe para se virar, mas o protocolo impedia-a de se ir embora sem mais nem menos, de modo que ficou a um metro da mesa, olhando para o tapete com o seu desenho de flores e consolando-se ao pensar que ninguém estava a olhar para ela.

As pessoas nunca reparavam nela. Era a mulher invisível, a mão que servia o champanhe ou os olhos que viam um copo vazio.

- Toma – uma mão masculina ofereceu-lhe um lenço. – Assoa o nariz.

Deixando de escapar um gemido de angústia, Joyana encontrou uns olhos tão negros como a noite do Inverno mais frio.

E aconteceu uma coisa estranha.

O tempo parou.

As lágrimas não continuaram a cair pelo seu rosto e o seu coração parou.

Era como se o seu corpo e a sua mente estivessem separados e, por um instante, esqueceu que estava prestes a fazer a figura mais ridícula da sua vida. Esqueceu-se de Hélio e da loira. Até se esqueceu do príncipe e do seu séquito.

A única coisa que havia no mundo era aquele homem.

Mas aquele homem, descobriu ao levantar o olhar, era o príncipe, um homem incrivelmente atraente. O seu rosto aristocrático mostrava uma perfeita composição de traços masculinos.

O olhar escuro fixou-se na sua boca e Joyana sentiu um formigueiro nos lábios enquanto o seu coração acelerava como se quisesse sair-lhe do peito.

Esses batimentos desenfreados foram a chamada de atenção de que precisava.

- Alteza…

Tinha de fazer uma reverência? Estava tão hipnotizada por aquele homem impossivelmente bonito que se esqueceu do protocolo. O que devia fazer?

Era tão injusto… Da única vez que realmente queria ser invisível, alguém reparara nela.

Precisamente o príncipe Luan de Londrina. [(Londrina aqui é um país)]

- Respira – replicou ele. – Devagar.

Só então é que percebeu que estava mesmo à frente dela e que os seus largos ombros evitavam que os outros a vissem a chorar.

Joyana assoou o nariz. O desespero misturava-se com a admissão fatalista de que acabara de criar um novo problema.

Certamente, o príncipe queixar-se-ia dela. E talvez fizesse com que a despedissem.

- Obrigada, Alteza – murmurou, guardando o lenço no bolso. – Estou bem.

- Estás bem? – repetiu ele.

Joyana respirou fundo porque lhe faltava o ar, mas a blusa branca justa não conseguiu suportar a pressão e dois dos botões abriram-se.

Ficou gelada, imóvel. Como se ainda não tivesse feito uma figura suficientemente ridícula à frente dele, agora ia ver-lhe o sutiã…

- Vou ter de me queixar de ti.

- Sim, Alteza. Compreendo.

- Uma empregada de mesa tão sexy, com meias pretas e sutiã de renda, é uma distracção – explicou ele, olhando descaradamente para o seu decote. – Agora será impossível concentrar-me na loira aborrecida que tenho ao meu lado.

Joyana abotoou os botões a toda a pressa.

- Está a brincar?

- Não, eu nunca brinco sobre as minhas fantasias. Especialmente sobre as fantasias eróticas.

A loira parecia-lhe aborrecida?

- Está a ter uma fantasia erótica?

- E parece-te estranho?

Joyana soube então que estava a gozar com ela. Não era das que provocavam fantasias eróticas.

- Não deve rir-se das pessoas, Alteza.

- Só tens de me chamar Alteza a primeira vez. Depois, podes chamar-me «senhor» - ele sorriu. – E acho que és tu que estás a rir-te de mim.

Estava a olhar para ela com a admiração que os homens reservavam para as mulheres excepcionalmente bonitas.

E ela não era bonita. Sabia que não era.

- Não comeu a sobremesa, senhor.

O príncipe sorriu.

- Ainda não, mas estou a olhar para ela.

Oh, não, estava a seduzi-la.

E era tão atraente que lhe tremiam as pernas. Mas olhava para ela como se ela fosse uma modelo e a sua auto-estima subiu em flecha. Aquele homem muito bonito, aquele príncipe, nem mais nem menos, que podia seduzir qualquer mulher, achava-a tão atraente que queria seduzi-la.

- Luan – chamou uma mulher. – Vem sentar-te.

Mas ele não se virou.

Os convidados estavam a olhar para ele… E, certamente, para ela também.

- Estão à sua espera, senhor.

O príncipe arqueou uma sobrancelha, como se não entendesse o problema, e Joyana teve de sorrir. Era o príncipe soberano de Londrina. As pessoas faziam fila para o cumprimentar, tinha empregados que atendiam todos os seus caprichos…

Mas os seus «caprichos» deviam ser mulheres muito bonitas e elegantes como a que olhava impaciente para ele.

Corada até à raiz do cabelo, Joyana pigarreou.

- Estão a perguntar-se o que se passa.

- Isso importa?

- Bom, em geral as pessoas importam-se com os que os outros pensam.

- Ah, sim?

- Sim.

- Importaste-te com o que os outros pensam?

- Sou empregada de mesa – Joyana sorriu. – Tenho de me importar. Se não me importar, não me dão gorjetas.

- Muito bem, então vamos livrar-nos deles. Não poderão julgar o que não podem ver – o príncipe virou-se para um homem muito alto que estava à frente da porta e essa ordem silenciosa pareceu ser suficiente.

A equipa de segurança entrou em acção e, alguns minutos depois, o séquito começou a desalojar o camarote, com olhares compreensivos dos homens e olhares irados das mulheres.

Ridiculamente impressionada com tal demostração de autoridade, Joyana perguntou-se o que se sentiria quando se era tão poderoso para esvaziar uma divisão com um simples olhar.

E como seria estar tão seguro de si próprio que não se importava com o que os outros pensavam.

Só quando a porta do camarote presidencial se fechou é que Joyana percebeu que estava a sós com ele.

Mandara imensas mulheres bonitas embora para ficar com ela?

O príncipe virou-se novamente para olhar para ela com um brilho nos olhos negros que lhe pareceu ao mesmo tempo excitante e perigoso.

- Bom, já estamos sozinhos. Como sugeres que passemos o tempo?


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Notas finais do capítulo

Beijos



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