O Príncipe e a Empregada escrita por nejisaku4ever


Capítulo 2
Capítulo 2




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Luan entrou no camarote presidencial e olhou para o estádio impressionante através de uma parede inteiramente de vidro. Oitenta e duas mil pessoas estavam a ocupar os seus lugares a pouco e pouco para presenciarem a esperada final do prestigiado Torneio das Seis Nações.

Era um dia gelado de Fevereiro e os seus acompanhantes não paravam de se queixar do Inverno inglês.

Luan nem percebeu.

Ele estava habituado ao frio.

Passara oito longos anos a sentir frio.Eliton, o seu chefe de segurança, ofereceu-lhe um telemóvel.

- Beatriz, Alteza…

Luan encolheu os ombros, sem sequer se virar.

- Outro coração partido – a ruiva que estava ao seu lado deu uma gargalhada. – És frio como o gelo, Luan. Rico e bonito, mas totalmente inacessível. Porque vais acabar com ela? Está louca por ti.

- É por isso que vou acabar – Luan continuava a olhar para os jogadores que faziam o aquecimento no campo.

- Se acabas com a mulher mais bonita do mundo, que esperança há para as outras?

Nenhuma esperança.

Nenhuma esperança para elas nem para ele. Era tudo um jogo, pensava Luan. Um jogo a que estava farto de jogar.

O desporto era uma das suas poucas distracções, mas antes de o jogo começar tinha de suportar os gestos de hospitalidade.

Duas longas horas de mulheres esperançadas e conversa amável.Duas longas horas sem sentir nada.

O seu rosto apareceu no ecrã gigante do estádio e observou-se com curiosidade, surpreendido com o seu aspecto relaxado. Algumas mulheres começaram a gritar e Luan sorriu, como se esperava dele, perguntando-se se alguma delas estaria disposta a subir para o entreter um pouco.

Não importava qual.

Desde que não esperassem nada dele.

Depois olhou para trás, para a zona da sala de jantar do camarote presidencial, onde estavam a servir o almoço. Uma empregada de mesa excepcionalmente bonita verificava se não faltava nada na sua mesa, recitando em voz baixa o que havia nela.

Luan viu que levava uma mão à boca. Depois, viu-a respirar agitadamente e olhar para o tecto… Um comportamento estranho para algum que estava prestes a servir o almoço.

E, então, percebeu que a rapariga fazia todos os possíveis para não chorar.

Era uma parva, pensou, por ter emoções tão profundas.

Claro que, não era verdade que ele também fora assim com vinte anos, quando a vida lhe parecia cheia de oportunidades?

Mas mais tarde aprendera uma lição mais útil do que todas as lições que aprendera enquanto estudara Direito, Economia ou História Internacional.

Aprendera que as emoções eram a maior fraqueza de um homem e que podiam destrui-lo de maneira tão eficaz como a bala de um assassino.

De modo que, sem piedade, escondera para sempre as suas, protegendo-se sob camadas de amargura. Enterrara as suas emoções tão profundamente, que já não conseguiria encontra-las, mesmo que quisesse.

E não queria fazê-lo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Beijinhos



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