Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Hi peoples! Voltei! Vocês não sabem o buraco que eu tinha me enfiado, uma cidade lá nos cafundó de Goiás. Mega desatualizada. Mas pelo menos escrevi a fic. Esses meninos do interior são tão assanhados né não? Tava até com medo. Nem sei porque estou falando isso, mas vamos lá!



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-Não! Não! Johanna, por favor! Reaja, Cato!

 É a terceira vez que acordo com esse pesadelo. Não importa o que faça, ele acaba sempre voltando. Começo a me arrepender de ter proibido Cato de aparecer aqui e me “resgatar”. Mas isso faz sentido, porque tenho que me acostumar novamente a me virar sozinha.

 Afinal, quando ele estiver na arena, não vai poder me salvar. Só vai existir o vice-versa. Já basta de bancar o Peeta. Não preciso que ninguém fique me protegendo e me impedindo de fazer idiotices. Se a Katniss precisa fazer isso com o Conquistador, acabaram aqui as semelhanças. Cato não precisa mais fazer isso comigo.

 As imagens do pesadelo voltam a me assombrar. Johanna matando Cato, aliada com Layran, torturando ele exatamente como eu pretendia fazer com Katniss. Eu ouço alguns passos do outro lado da porta. Tomara que ninguém tenha escutado meus gritos.

  Amanhã é o primeiro dia o treinamento. Espero que Johanna Mason apenas o ignore. Como eu gostaria de também estar lá, treinando arremesso de facas... Com alvos vivos. Um certo Snow, uma certa Johanna que gosta de tirar a roupa, um certo Plutarch que fica de segredinhos...

 Mas ficar desejando a morte alheia não vai me poupar da do Cato. Calço uma sandália felpuda que fica aos pés da minha cama, ponho um robe e arregaço a janela.

 A Capital nunca para. Ela sempre tem pessoas andando, fazendo compras e berrando. Me pergunto o porque de toda essa felicidade. Eu vou dando zoom em algumas figuras particularmente estranhas, como sempre gostei de fazer quando estou aqui. Tem uma mulher que está andando com um chapéu que parece um braço de macaco enlaçando sua cabeça. E acho que essa é a ideia. 

Eu estou passando tranquilamente o zoom, quando uma figura me faz pular. Uranius Snow. Ele se realça naquela multidão. Imediatamente fecho a janela e as cortinas e torço para ele ter olhando para outro andar no Centro e não esse. Mas pouca diferença iria fazer, ele me ver ou não. Se ele quiser alguma coisa, basta falar para Snow e pronto, estou em suas mãos. Ele está conversando com um cara de pele prateada e aponta para o Centro de Treinamento. Tento resistir ao impulso de me encolher cada vez mais, mas é impossível.

 Agora estou definitivamente arrependida de ter proibido Cato. Eu gostaria que ele estivesse aqui, me dizendo que ninguém iria encostar em mim enquanto ele estivesse vivo. Mas até essa segurança Snow me tirou. Nem para os Jogos ele me deixa ir com ele. Eu iria me sentir muito menos perdida se isso acontecesse. Saberia que um de nós iria sair vivo e pronto, era o suficiente. Mas isso não vai acontecer aqui. Se Cato morrer nos Jogos estou morta.

 Fico rondando pelo quarto sentindo muito falta da minha faca. Eu poderia fazer alvos e imaginar que eles eram Snow. Mas eu vou ser a mentora mais fracassada de todos os tempos se não conseguir dormir ao menos.

Eu respiro bela boca e tento me convencer que tudo isso é idiotice. Eu nem deveria estar assim. Porque amanhã só começam os treinamentos e Cato se garante. Então não entendo porque estou quase morrendo sem sentir dor nenhuma.  Durante algum tempo, me encontro andando pelo quarto, algumas lágrimas ocasionalmente saindo dos meus olhos.

 Viro grande parte da jarra de água apoiada na minha mesa e viro-a rapidamente em um copo de cristal. Viro-o na minha boca. Olho novamente pela janela e encontro Uranius ainda parado, perto de um bar, conversando com o  mesmo cara. Minhas mãos soam cada vez mais.

 Depois de andar desesperadamente pelo quarto, minhas pernas começam a reclamar e eu me sento na cama. Após algum tempo relutando, consigo adormecer novamente. Os pesadelos voltaram, mas tive mais facilidade em dormir do que antes. Se foi costume ou pânico de Uranius eu não sei.

 Pela manhã, um rápido vislumbre do espelho me faz ter certeza de que não dormi mais  de três horas noite passada. Me pareço mais com um panda do que nunca. Mas tomo um banho e logo estou me precipitando pelo corredor, indo ao quarto de Cato, ao lado do meu.

 Bato três vezes na porta e quando alcanço uma resposta sonolenta, abro.

 -Cato? Porque você não está acordado? –eu pergunto, indo até sua cama e se sentando do seu lado. Ele está virado para cima, olhando para o telhado. Eu começo a mexer nos seus fios loiros.

 -Não, Clove, tá cedo ainda... –ele diz virando para o outro lado.

 -Não tá não. É sério, levanta, fortão.

 Ele não me responde.

 -É sério, Cato. Então tá bom, fica sem treinar e sem aprender um golpe novo com a espada que eu ouvi que vão ensinar. –eu digo, me virando para a parede.

 -Para de mentir, baixinha. Eu já vou levantar.

 Ele se levanta vagarosamente e se arrasta para o banheiro. Quero saber o que ele estava fazendo à noite que dormiu tão pouco. Quer dizer, ele nunca foi de não dormir à noite. Mas isso tudo é idiotice, os tributos não podem sair de seus andares sem acompanhantes.

 Saio do seu quarto e vou para a sala de jantar, onde o café está sendo servido. Desvio da mesa e me sento no sofá para esperar Cato. Justin e Layran estão sentados e não falaram nada. Eu não vou sentar ali sem falar nada com ninguém. Ficar calada nunca foi meu forte.

 Quando Cato chega com seu uniforme de treinamento, nós vamos para a mesa e conversamos apenas entre nós. Sobre assuntos bem banais, porque eu evito o máximo falar qualquer coisa importante perto deles.

 Eles saem para falar qualquer coisa longe de nós e então eu aproveito para empurrar Cato primeiro no elevador.

 -Você não vai me levar lá? –ele pergunta.

 Não, eu não ia. Mas quando olho para ele acabo entrando.

 -Vou. Satisfeito agora? –eu pergunto.

 -Não. –então Cato, assanhado como sempre, agarra a minha cintura e começa a me beijar, me segurando contra ele. Já estou ficando sem ar quando ele me empurra contra a parede do elevador, “aprofundando” o beijo.

 -Errr... Acho melhor esperarmos o próximo Peeta. –me desvencilho de Cato e me viro para o lado, vendo Katniss e Peeta.

 -Cato... O elevador estava subindo? –eu pergunto, me sentindo corar.

 -Não. –ele diz jogando meu cabelo que estava fora do lugar para o outro lado.

 -Podem entrar. Ele vai descer agora.

 -Tudo bem. –Katniss reluta um pouco para entrar, mas Peeta chega a empurrando delicadamente para dentro. Eu me encolho ao máximo no canto do elevador, evitando contato direto com Peeta e Katniss.

 -Clove, o que é isso no seu pescoço? –Peeta pergunta.

 -O que? –eu passo a mão e sinto um relevo no lugar. Mas como não tem espelho, resolvo esperar para ver no meu quarto. –Depois eu vejo o que é. Deve ser alergia a alguma coisa.

 Quando a viagem termina, Peeta e Katniss descem e eu fico sozinha com Cato.

 -Nunca mais faça isso. Olha a vergonha que passamos. Agora vai logo, era para você chegar cedo.

 Ele ri.

 -Vou tentar não fazer mais.

 -Trate de conseguir. Tchau.

Ele me dá um selinho e eu subo de volta para meu andar. Quando o elevador para no 2, dou de cara com o rosto carrancudo de Layran parada exatamente na minha frente.

 -Licença. –eu falo, empurrando seu ombro ao passar.

 -Espera, garota. Porque não mandou o Cato comigo? –ela diz, segurando meu braço.

 -Me solta. Eu não mandei porque não vi necessidade alguma.

 -Pare de fazer joguinho, Clove... Estou te avisando....

 -Eu não estou fazendo jogo nenhum. Agora se me dá licença tenho que ir.

 -Eu não te dou licença.

 -Então vai perder seu treinamento, imbecil.

 Ela rosna para mim e soca o botão do elevador. Vou para o meu quarto. Layran nunca teve nenhum poder sobre mim. Nem quando era minha mentora. Agora eu tenho um tributo e vou cuidar dele como eu puder.

 Espero que Justin não consiga nada para ela, apenas para vê-la na mesma situação que eu ano passado. Um patrocínio minúsculo no fim dos Jogos e pronto, exerceu sua complicada função de mentora.

 Vou ao banheiro e me apoio na pia para ver a tal marca. Jogo meu cabelo e vejo. É um chupão. Grande merda. Peeta falou como se fosse uma picada de cobra que tinha me rendido uma hemorragia ou coisa assim. Só um chupão. Mas Cato é ótimo também. Um chupão em uma mentora. Ótimo para minha imagem.

 Mas talvez seja mesmo. Eu nunca senti tanta vontade de ver o treinamento quanto agora. O que será que Johanna está fazendo agora? Ela pode fazer de tudo, longe do Cato.

 Vou para a sala e encontro Justin sentado assistindo um programa que exibe um quadro chamado “As mortes mais inusitadas dos Jogos Vorazes”. Me sento e assisto junto com ele. São exatamente 74 mortes, uma por cada edição. Têm avalanches, bestantes, passarinhos... Na vez que Haymitch foi, uma garota chamada Maysilee Donner foi atacada por um bando de passarinhos bestantes. Ela estava aliada com ele. Haymitch foi ao máximo que a arena permitia e ela era a favor de voltar, então a aliança foi desfeita. Mas nem por isso Haymitch deixou de correr ao teu socorro quando ela gritou. Talvez Haymitch tenha gostado de alguém. Muito, eu diria.

 Na edição que Annie Cresta foi,  seu aliado morreu decapitado de forma brutal. Ela enlouqueceu depois disso e só venceu porque sabia nadar. Na edição e Enobaria, foi a morte do tributo que morreu pelos dentes de Enobaria. Bem nojento. Praticamente todas as mortes de Johanna foram inusitadas. Ela era tão indefesa, fraca... Então depois a garota aparece com um machado matando todo mundo. É como imaginar Rue nos matando. E por falar em Rue, ela inesperadamente não foi nossa morte mais inusitada. Glimmer venceu. Ela correu em círculos por um tempo, por causa do veneno e depois caiu morta. Toda inchada e deformada, longe da menina bonita que fora. Até pior que Megan.

 Quando acaba, Justin parece excepcionalmente orgulhoso por ter sido o causador da morte mais inusitada da sua edição. Como se isso fosse uma coisa boa.

 O resto do dia se arrasta de forma terrível. Eu não troco uma palavra sequer com Justin. Leio revistas idiotas, vejo programas, olho pela janela... No almoço, Justin e eu sentamos o máximo que podemos longe um do outro. Isso foi até bom, porque assim não somos obrigados a nos olhar.

 Dedico a tarde ao sono que não tive durante a noite. De tarde é mais difícil eu ter pesadelos.  Acordo quando ouço a porta do meu quarto abrir. Demoro um pouco para abrir meus olhos e quando o faço, Cato está sentado do meu lado na cama.

 -Você me deu um chupão enorme sabia? Não foi uma coisa muito inteligente. –eu falo, mostrando meu pescoço agora inchado.

 -Deixa eu ver. –ele diz, jogando meu cabelo no meu rosto de propósito. Eu tiro-o rindo.

 -Viu? Todo mundo vai perguntar o que é isso agora.

 -É só esconder, Clove, não faz drama.

 -Drama... Como foi lá?

 -Foi bem. Chaff é bem engraçado.

 -É? Hum... E Layran como estava?

 -Não falou com ninguém. Só com Gloss e Cashmere.

 -Uma possível aliança. Abre o olho com ela. E Johanna?

 -Nada. Ela tirou a roupa de novo para passar óleo no corpo pra uma luta.

 -Tirou a roupa? Vou colocar cola na roupa dela, então. (N/A :Beijinho para você, Rebecca Batista, que me deu a ideia... )

 Ele sorri.

 -Eu não olhei, baixinha.

 -Tá bom então. Se você diz...

 -É sério. –ele agora começa a rir.

 -Tudo bem então, Cato. Para de rir agora.

 -Você tem que ver sua cara agora, bebê.

  -Há-há. Vai jantar agora.

  -Você não vai vim?

 -Vou tomar banho.

 Ele sai ainda rindo. Muito insuportável, o Cato. Deveria ver sua própria cara. Depois de tomar banho, eu vou para a sala de jantar. Conversamos apenas entre nós novamente. Claro, isso é uma guerra declarada.

 Quando acabamos, vamos para o meu quarto e Cato fica me contando como foi o treinamento em detalhes, deitado na minha cama enquanto eu vou respondendo algumas cartas que me mandaram com propostas de patrocínio. Aceito todas, claro.

 -Então foi só isso, baixinha. Eu já vou então.

 -Não! Você não vai. –Pronto, já provei que posso dormir sozinha. Uma noite bastou. Se ainda tenho tempo, não há porque desperdiçar.

 -Você tinha dito que ia ver se conseguia dormir sozinha, lembra?

 -Lembro. Mas já vi. Consigo. Você fica.

 -Tudo bem, eu fico.

 Logo após responder a última carta, eu vou deitar com ele.

 -Cato sabe quem eu vi? –eu pergunto, quando ele acaricia o meu braço.

 -Quem, baixinha?

 -Uranius. Ele não sumiu para sempre que nem eu pensava.

 Viro para cima para ver sua reação. Ele está pensando em alguma coisa com uma cara de raiva.

 -Você me prometeu, Clove.

 -O que?

 -Que ele não ia encostar em você. Você vai ter que impedir isso por mim.

 -Eu sei. Vou fazer isso tá bom?

 -É sério, Clove. Por favor.

 -Tudo bem, Cato. É sério mesmo.

 Ele suspira e mexe no meu cabelo até eu adormecer. Isso não demora muito. 


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Notas finais do capítulo

Reparei que minhas indiretas para alguns ex-leitores fantasmas(assim espero) funcionaram. Vocês deixaram Reviews, meus muffins! Amei! Beijões sabor torta de sorvete que eu vou comer agora. Bye, amores!