Sieghart abriu o portão. Estavam oficialmente no “Templo da Sintonia”, o lugar mais misterioso que pisaram desde o Castelo de Cazeaje.

– As essências estão se espalhando em fragmentos por todo o campo. Elas realmente vão tentar nos ajudar. – Sieghart reparou.

– A essência do Deus da Luz vai nos devolver todo tipo de perda de energia que tivermos, incluindo cansaço... – Amy falou.

– Então vou analisar as outras. – a companheira sem nome ligou seu “computador” (uma tela que a seguia com informações importantes, flutuando magicamente sem ocupar fisicamente o espaço) – Aparentemente, a segunda essência nos mata em troco de matar o inimigo. Ela é terminantemente proibida. A terceira nos concede aumento temporário de força. A quarta nos deixa intangível por cinco segundos. A reutilização demora um minuto inteiro. A última, ainda, espalhará a vida a todos que considerar aliados. Nesse caso, se eu for me curar, todos serão curados juntamente.

Era incrível ela saber de tudo isso olhando para uma telinha apenas. Elesis tinha certeza que as informações contariam pontos no teste de Arme para entrar oficialmente na Grand Chase.

– O lugar é muito complexo. Imagino que novamente vamos nos dividir a cada empecilho que aparecer, Sieghart? – Ronan levantava hipóteses. Sieghart concordou.

– No primeiro ponto, Ronan ficará guardando Grand Chase, para que as tropas não avancem. Logo vocês entenderão. – explicou. – No segundo, Arme conterá a nova leva de inimigos. No terceiro, Lire vai ter que destruir mais um grupo, no menor tempo possível. No quarto, Elesis e Ryan abrirão o caminho para todos os que restarem. No caso, eu, Jin, Lass, Amy e “ela”. Nós cuidaremos do Thanatos pessoalmente.

Elesis ficou sentida por ser deixada cuidando de um problema secundário. Sieghart novamente ficaria com o trabalho principal para ele. Enfim, começaram a caminhada. O computador mostrava um mapa do local, para não se perderem.

– É a sua vez, Ronan. – Lass avisou vendo que os outros correram do primeiro problema.

Um novo grupo de inimigos apareceu lá na frente assim que desarmaram a armadilha. Arme cuidaria daqueles ali.

Não demorou muito até que os inimigos de Lire aparecessem. Agora ela entendeu porque foi instigada a essa tarefa. Ninguém seria melhor do que ela para lutar à longa distância contra alguém com muito poder. Mas certamente ela se sentiria melhor se fosse contra guerreiros de curta distância, pois assim ela não deixaria ninguém acertá-la mantendo um espaço.

– E essa é Evilis. Cada um atacará por um canto, para podermos seguir sem ela ter brechas. – Sieghart finalizou as ordens, sabendo que pela porta seguinte, encontraria Thanatos.

***

Os problemas de Ronan se resumiam a quantidade: As estátuas ali criaram vida todas de uma vez para reforçar o ataque dos Sataniels, monstros míticos portadores de chifres demoníacos e peritos no uso de machados – simultaneamente em suas duas mãos.

Como daria conta do enorme contingente, ainda estava por descobrir.

– Benção Divina! – e estava mais poderoso, bem como sua lâmina que agora alcançou uma esfera: o fragmento de essência de Deus. Era a terceira essência, aquela que aumentaria ainda mais a força. – Agora estou pronto, venham!

Estava confiante. Era como se estivesse três, quatro vezes mais poderoso do que costumava ser. Avançava e a cada ataque derrubava um inimigo. As aparências deixavam claro que não podia ser atingido: Eles também poderiam derrotá-lo em um ataque!

***

Arme podia ser a pessoa certa a cuidar daquele grupo de inimigos em específico: era a única capaz de decifrar as magias deles, com possível exceção daquela que usava um livro como arma, que não conhecia.

A primeira coisa a ressaltar era que eles atacavam todos ao mesmo tempo de lados diferentes, na tentativa de pelo menos um deles acertar em cada ocasião. Isso não seria fácil para Arme. Ela, que já tinha a terceira essência – da força – ativada, teria que usar ataques de grandes proporções.

Sem notar, foi atingida. Não foi dor o que sentiu: Estava sem forças!

– Nesse caso, a primeira essência é a minha próxima jogada. – Deixou-se ser atingida por ataques iguais agora que estava sem nenhum poder mágico, e ativando outra essência recuperou-se.

– Nevasca. – Apelou às magias proibidas de Cazeaje, congelando todas e criando ferimentos. O tempo de congelamento ainda serviria para criar novos ferimentos: – Impacto Profundo!

Arme caiu. Não desmaiou. Apenas não conseguiria mais andar depois de usar toda sua força. Felizmente, deu conta de todos os inimigos daquela forma. Repentinamente sentia-se mal. Havia restado um! Ele usou uma magia de maldição. Se atacasse o restante, ela também poderia morrer.

– Está tudo bem, Arme? – Ronan indagou acabando com o sacerdote de Thanatos que esteve vivo.

– Obrigado, Ronan. – Agradeceu por ele carregá-la.

– Agora nós não temos um mapa até Thanatos, e ambos estamos fracos. Sieghart subestimou os inimigos iniciais. – estava preocupado.

– Não acho que possamos nos perder por aqui. Só precisamos seguir rastros de inimigos. E talvez... Sieghart não esteja subestimando os inimigos iniciais. Pode ser o contrário.

– Você diz... Que ele está superestimando o Thanatos? Que ele será um desafio... De nível extremo?

Realmente era isso que imaginava. Enquanto procuravam pelo caminho certo, Lire se complicava com suas inimigas, Heras. Livrando-se do gás tóxico (e paralisante também!) de uma delas, a outra repetiu o ataque. Lire não tinha absolutamente nenhum segundinho para fugir.

Outro gás tóxico acabou. Outro estava sendo preparado. Foi por uma fração de segundo: Lire usou a essência da intangibilidade!

– Estrelas Cadentes! – explodiu em todas, com a intangibilidade acabando.

Agora que estavam enfraquecidas, as heras se reuniram para atacar de um lado só evitando aproximação, diferente de antes que atacavam dispersas esperando atrair a inimiga e atacar por trás.

– Se vocês querem me manter longe, não há reclamações. Este é o meu estilo! – Preparava seu novo poder de longe. Demorou demais e ela foi quem foi enganada: era atingida por marcações de lasers.

Livrando-se dos lasers após ser carregada a um lugar alto o suficiente para ter medo de despencar, Lire foi marcada novamente. A outra marcação a elevou ainda mais.

Ela tinha medo de cair daquela altura, mas estava se habituando com situações assim, então agiu o mais certo que pôde: Atirou flechas múltiplas enfim acabando com as heras. Antes de cair, pegou no seu bolso a corda que costumava usar e a enrolou rápido na primeira flecha que viu. Soltou-a caindo sem um grande impacto.

Lire, que sentia como se logo fosse morrer, repentinamente se sentiu bem.

“Alguém deve ter usado a essência da vitalidade”, concluiu.

Esse alguém era Ryan. O elfo deixou-se atingir pelas garras da criatura que servia de armadura para a tal “Evilis”, guardiã de Thanatos. Aquilo devolveu vitalidade a todos os feridos.

– Obrigado por separar a armadura da verdadeira Evilis, Ryan. Desculpe por permitir que te ferissem, mas agora estamos perto de derrotá-la!

E enquanto eles a derrotavam, Sieghart já fazia todos se posicionarem taticamente em volta de Thanatos.

– Eu estava à sua espera, jovem. – Falou para Sieghart, com expressão gozadora.

“Thanatos sempre foi mencionado como gentil. Realmente, ele não é tão diferente de um humano”, Amy notava.

– Você poderia ter me recebido na porta, então. – Sieghart provocou começando a onda de ataques.

Como estavam em cinco, e o Deus que enfrentavam era soberano, foi tudo uma loucura. Piscando, explodindo, enfiando armas, cada movimento não era desperdiçado.

Sieghart fazia frente ao inimigo, mostrando que não relaxou os seus últimos 600 anos de vida.

Thanatos não deixava barato também. Criou uma onda de energia que expelia o inimigo na tentativa de se livrar do imortal, mas não foi possível. A onda no entanto levou Jin e foi aplicando, a cada metro que ele voava pelos ares, mais dor. Thanatos estava satisfeito. Focaria em Jin para ter um a menos.

Amy ficou na frente de Jin. Protegeria ele!

A última garota não parecia pertencer ao grupo ainda. Estava perdida no ideia do que fazer.

– Avance até a essência da cura, você aí. – Amy continuava sem saber o nome. – Por favor.

Como ela não obedeceu, Lass é quem tentava chegar à essência. Mesmo sua velocidade não era tão incrível agora que estavam lutando contra Thanatos.

Se Sieghart não dava conta, Lass tentava se focar em outra coisa sem sucesso e Amy protegia Jin. E o fardo recaiu sobre a garota da heterocromia.

– Por favor, nos ajude! – Sieghart pela primeira vez implorou.

Ela ainda não se sentia parte do grupo, mas achou interessante o que acabara de acontecer. Deveria estudar a possibilidade que se levantaria se ajudasse? Arriscaria. Sabia que sua ação demoraria, mas seria necessária para acabar com Thanatos facilmente.

Preparava algo. Primeiro suas facas, que já explicou se chamarem W.D.W., foram invocadas. Em seguida, preparava mais algo. Agora, deveria ficar imóvel por um longo período.

– Já que não dá para contar com sua ajuda, é minha última opção. – Sieghart entrou em fúria. Seus cabelos voavam para cima, sua atitude estava mais selvagem e seu olho direito brilhava e deixava rastos de brilho por onde passava. Seu primeiro ataque de longo alcance abateu Thanatos.

A garota continuava preparando seu ataque com seu W.D.W., mesmo depois que Sieghart o derrotou. Ela parecia não entender muito bem no que estava se metendo, então o trabalho em equipe estava parecendo falho.

– Chegamos. – Elesis falou, acompanhada de Lire e Ryan. – O que? Quem foi que derrotou Thanatos?

Surpresa, ouviu que Sieghart foi o autor da façanha. Foi o que restava, para Elesis marcar de vez Sieghart seu rival acima de Jin, que lutara com ela duas vezes. Enquanto isso Lass já restaurava a vida de Jin.

– As essências sempre se regeneram conforme formos usando, mas a velocidade é baixa e ela só é restaurada no caso de termos uma quantidade mínima. Nesse caso, foi aliviante termos acabado agora. – Sieghart apontou. As essências de vitalidade e força estavam quase se acabando.

– “Acabado agora”? – Uma voz estranha falou. Não reconheciam por estar muito maléfica... Seria ele... Thanatos outra vez?