Como acordaram cedo, ainda era de manhã quando chegaram ao território dito “Vale da Penumbra”. Sieghart guiava a todos e parecia saber onde encontraria quem deveriam derrotar.

– Então, realmente é “você”. – Sieghart disse ao inimigo. – Ryan, Lire, esse fica por conta de vocês dois.

Sieghart preparava para correr junto dos outros quando uma barreira o impediu de avançar.

– Esse cara... Mesmo segurando uma longa espada, usa magias? Ele parece ter o mesmo estilo de Ronan! – Arme reparou na pose do novo inimigo.

– Sim, eu realmente conheço essa magia. – Ronan notou pedindo que Lire fugisse. Se não falasse com tanta antecedência, Lire não teria escapado.

“Essa é a 'fúria de Canaban', como esse homem pode usá-la?”, raciocinou, sabendo que ele não parecia ser de Canaban.

– Sieghart, se quiser que tudo dê certo, vamos ter que acabar em instantes com esse homem. – Elesis sinalizou para se apressar, ainda mais perante o ataque de fagulhas que levantavam do chão que presenciaram, o mesmo ataque ameaçador de Ronan.

Sieghart sabia disso. Rapidamente avançou usando sua “punição ascendente”.

– Como imaginava, você é Sieghart. Se minha área for tão restrita, e meu dano maior do que aquele que você me forneceu ao simples ataque de raspão, julgo que posso perder. Nesse caso, vou desfazer minha barreira.

Todos aproveitaram para correr agora. Como combinado, somente Lire e Ryan ficariam.

– Deixá-los passar é uma grande preocupação, só que atualmente não posso fazer nada. Não com Sieghart por aí. – falou o homem. – Contudo, crianças. Vocês não são nada comparadas a mim, Astaroth!

Sieghart ainda daquela distância ouviu Astaroth falar que estava ali para impedir que avançassem, considerando que seu líder Thanatos não gostaria de vê-los vivos.

– Lire e Ryan estão ouvindo muitas mentiras. Eu tenho certeza absoluta que Thanatos não está por trás disso. Por enquanto, vamos deixá-lo de lado e partir para a próxima área. Quanto ao Astaroth, eu o conheço... Na hora certa, vou definir o quanto.

Sieghart já o viu. O que significava?

– E o tal “Deus da Penumbra” que existia aqui? – Lass quis saber.

– Se não estou enganado, vocês ouviram da boca de Lenacien que um décimo humano estava na atual área. Ele era Astaroth, mas algo aconteceu ao Deus. Não duvido nada que Astaroth filtrou a divindade para si, eliminando um Deus, que todos imaginavam imortal.

Já estavam longe demais para ouvir. Agora só restava deixar Lire e Ryan cuidando da situação.

– Que tal um poder esmagador, para acabar em instantes? – Astaroth provocou, soltando dezenas de gigantes meteoros.

“Não há área sem 'acerto' à vista. Vou morrer ao simples encostar!", falou Ryan, se segurando em Lire.

“Hãã”, exclamou uma voz conhecida. Era Venese. Ela usava seu impacto das almas, agora ainda maior do que da outra vez, para destruir qualquer meteoro que tentasse passar por ali.

– Essa magia está programada para se refazer a cada quinze segundos. Vocês só tem esse tempo para acertar Astaroth e retornar para minha proteção, a cada tentativa.

– Me acertar? Eu vou me mandar e derrotar as outras crianças. Fiquem com essa surpresinha.

Da última magia dele saiu um monstro, talvez dragão, com olhos frios, chifres brutos e asas médias. Não era certa a sua identidade de dragão pelo estranho fato de ficar de pé. Suas garras também era diferentes daquelas de dragões já vistos, mas eram tão afiadas quanto a dos outros.

– Bultaros? Estamos condenados. – Venese falou, com Astaroth já voando atrás dos outros.

Ryan e Lire teriam que tentar o intervalo dos quinze segundos.

Astaroth avançava quando sua espada se desintegrou.

– Uma barreira mágica que desintegra? Talvez seja forte demais para mim, mas vou tentar desativá-la. Será obra da maga violeta?

– Assim que vier o próximo conjunto de meteoros, vou me meter por lá e usar meu melhor poder. Lire: não hesite em perfurá-lo com o maior poder de penetração que tiver, que a vitória estará garantida. Caso contrário, não vamos ter outra chance. Vou usar todo meu poder agora!

Ryan sabia que usaria tanta força assim por estar sugando energia vital. Sempre que isso acontecia, tinha que se reunir com texugo para dar certo.

A leva de meteoros se passou ao mesmo tempo que a rajada de fogo do inimigo, intitulado Bultaros, atingiu o impacto das almas de Venese se anulando junto dos outros ataques.

– Vingança da Natureza! – e o ataque sugador de vida, de tamanha intensidade, puxou Bultaros para perto mesmo ele sendo muito pesado. Realmente o dano era tão devastador, que a Lire só restou finalizar enquanto ele ainda não se recuperava.

A aura de folhas de Ryan estava maior agora que ele tinha mais vida dentro de si, do que o habitual. Lire, aproveitando que o dragão estava sob constante dano e cada vez mais perto dela por ser atraído pelo ataque, usou sua flecha-de-luz e assim que viu o corpo dele sendo perfurado, deu uma de heroína e foi atacar de perto fincando sua flecha convencional com a própria mão.

Era raro aquilo acontecer: o inimigo nem mesmo pôde começar a mostrar seu potencial. Já estava morto!

– É isso aí! – e os dois elfos bateram suas mãos, esquecendo todos os problemas que tiveram um com o outro no dia anterior.

Não percebiam, mas assim como Lothos, Sieghart sempre separava os grupos com alguma razão. E agora, eles estavam mais uma vez unidos e alegres prosseguindo o caminho.

Passando por Astaroth, ele pôde observar que a barreira desintegradora só era nociva a quem ela considerava inimigo. Ryan e Lire já estavam à sua frente agora.