Orientação Vocacional

Todos os quintanistas deverão ter uma breve reunião com o diretor de sua casa durante a primeira semana do trimestre de verão para discutir futuras carreiras. Os horários das consultas individuais estão listados abaixo.

Procurei meu nome na lista que estava pregada no quadro de avisos da Sonserina e vi que a minha reunião seria segunda de manhã no horário de História da Magia.

Ótimo, mais aulas perdidas.

(...)

Eu estava sentada em frente ao piano que ficava no Salão Comunal com dois folhetos, um para os interessados em ser Curandeiro e outro em ser Auror.

Eram os dois que mais me interessaram Auror por... Bem, não era uma coisa que eu queria mesmo fazer, mas seria útil durante a guerra - se ela não estourasse antes que eu terminasse Hogwarts claro - e o de Curandeiro era porque eu acho que me daria bem cuidando das pessoas.

Tá que eu não tenho muita paciência com gente - o que me fez desclassificar relações com trouxas - e que ultimamente eu tremo só de ver sangue, mas acho que me daria bem nisso.

Oh Merlin, a quem eu quero enganar? Duvido que eu me daria bem em qualquer uma dessas profissões.

Eu era boa em Defesa Contra as Artes das Trevas mas não queria trabalhar com isso, e fala sério, Curandeira? O único feitiço curativo que eu sei aprendi com Draco, do resto não sabia nada.

Apoiei meus cotovelos nas teclas do piano causando um barulho desregular de notas.

Bufei, desse jeito iria virar mendiga.

Não, mendiga não porque eu tinha uma fortuna no Gringotes que era herança dos meus pais, metade era do Harry, mas, com o que tinha ali eu podia viver uma vida boa sem precisar trabalhar por anos, mas um dia acaba né.

Perdida em pensamentos comecei a tocar a versão de uma musica trouxa adaptada para o piano.

Era meio tristinha no piano mas eu gostava.

(N/a: Pra quem quiser saber qual é: http://www.youtube.com/watch?v=4sZK4Hd28VA)

_Problemas pra decidir o que vai ser? - Malfoy perguntou baixo aparecendo do nada atrás de mim.

Errei uma nota mas logo me recuperei e continuei tocando com perfeição.

_Se quer uma dica, acho que você seria uma ótima Curandeira - Draco disse, percebi que ele estava parado a centímetros de mim.

Fechei os olhos fortemente e comecei a cantar a musica na minha cabeça com o acompanhamento do piano.

_Evolet? - Draco chamou algum tempo depois - Estou falando com você.

_Eu sei - me dei ao trabalho de responder - Estou te ignorando.

_Por? - perguntou.

_Talvez você não tenha sido informado, ou talvez tenha sido já que ela foi pra enfermaria depois que eu a azarei, - dei de ombros e abri os olhos para prestar mais atenção nas notas enquanto falava e vi que Draco tinha se sentado ao meu lado no banco do piano - mas a sua namoradinha se deu ao trabalho de me procurar para dizer que, segundo as próprias palavras dela, abre aspas “Draco sempre foi meu. Só começou a namorar você para te levar para cama.” Fecha aspas - repeti exatamente o que ela tinha me dito - E como se isso não bastasse ela me disse que você - dei ênfase no você - terminou comigo, o que nós dois sabemos que é mentira, então se por acaso você esta espalhando essas coisas pela escola é melhor começar a se retratar agora.

Terminei a musica e comecei a tocar outra.

_Primeiro; não estou namorando a Pansy, somos só... Amigos com benefícios. - tive vontade de bater nele quando disse isso - E segundo; sabe que eu não falei nada disso.

_Não, não sei - disse áspera - Percebi a um tempo que não sei o que você é capaz de dizer ou não, mas se você não disse nada disso então é melhor dar um jeito de calar a boca da Parkinson antes que eu faça isso.

Draco resolveu não dizer nada sobre isso.

Continuei a tocar e ele ficou parado ao meu lado observando atentamente, eu devia me sentir incomodada com isso, tínhamos terminado certo? Cada um para o seu lado. A vida continua. Ele não devia estar parado ao meu lado me observando tocar como fazia enquanto ainda namorávamos, ainda mais agora que ele estava com a Parkinson, não era certo.

Nós não tínhamos dado certo, nunca daríamos, éramos de lados opostos e um não podia confiar no outro. Futuramente seriamos inimigos declarados quando a guerra estourasse. Eu deveria expulsa-lo dali aos berros, não devia?

Mas, ao mesmo tempo em que parecia errado o fato dele ficar ali parecia tão certo, parecia o lugar certo onde ele sempre deveria estar. Ao meu lado independente das circunstancias. Independente dos lados.

Meus cabelos estavam soltos e caindo no meu rosto colocando uma cortina entre mim e Draco.

Ele levou a mão aos meus cabelos e colocou a parte que o impedia de ver meu rosto para trás. Passou os nós dos dedos pela minha bochecha e desceu para o meu pescoço.

_Não devíamos ter terminado. - ele murmurou e afastou sua mão de mim.

Parei de tocar e virei o rosto para ele.

_Devia ter pensado nisso antes de ter feito o que fez. - murmurei de volta.

_Evolet... - ele começou.

_Sem Evolet - disse - Nós nunca daríamos certo Draco.

_Daríamos sim - ele protestou - Evolet... Se eu pelo menos pudesse te contar...

_Mas não pode - o cortei - Alias, pode, mas não quer.

Ele não disse nada, sabia que eu estava certa.

Deixei Draco lá e fui para o meu quarto. Não me incomodei nem em pegar as minhas coisas que estavam espalhadas em cima do piano.

(...)

_Meu cabelo tá uma bosta, minha cara tá uma bosta, minha vida tá uma bosta e como se isso não bastasse agora eu tenho espinhas – quase gritei para Boris deitado na cama que me olhava pelo reflexo do espelho.

Eu estava com uma espinha horrenda no queixo, daquelas vermelhas e com pontinho branco. Meus olhos estavam com olheiras mais horrendas ainda e meu cabelo estava dando um de adolescente rebelde.

Ai que vontade de chorar!

_Eu quero chorar Boris - choraminguei olhando pra ele pelo reflexo do espelho.

Boris soltou um miado resmungão e foi deitar de costas para mim no travesseiro como se dissesse “Bem feito, quem mandou passar tanto tempo comendo chocolate”.

_Gato imprestável, - resmunguei de volta - quando aparecer aqui três horas da manhã também vou te deixar pra fora.

Tá, era mentira.

E ele sabia pois deu outro miado do tipo “Ahan, sei”.

Resolvi parar de reclamar com Boris e fiz uma maquiagem bem feita pra esconder a espinha e prendi meu cabelo em uma trança embutida de lado.

_To horrível - reclamei pro espelho e sai do quarto.

Quando cheguei ao Salão Principal já era tarde e a maioria dos alunos já tinha ido para as salas mas Harry, Rony e Hermione ainda estavam lá e antes mesmo que eu chegasse a mesa da Sonserina eles me pararam.

_Evolet preciso que devolva a Capa da Invisibilidade. - Harry pediu olhando para os lados para ver se ninguém estava prestando atenção em nós.

_Evolet você tem que parar o Harry, ele não esta pensando direito e isso não vai dar certo. - Hermione pediu ansiosa acho que se esquecendo da nossa pequena discussão algumas semanas atrás.

_Hermione pare de dar palpites e deixe o Harry em paz. - Rony ralhou com Hermione.

Os três começaram a falar ao mesmo tempo me deixando louca, só consegui entender coisas como “Deixa ele Mione” e “Preciso da capa agora” e “Isso é loucura Harry, você vai se dar mal”

_Querem calar a boca os três. - mandei áspera tentando não gritar para não chamar atenção. - Primeiro - me virei para Harry - O que você esta aprontando?

_Não é nada dem...

_Se não se importa Potter - Snape brotou atrás de Hermione - Eu não tenho o dia todo para dar orientação vocacional e você já esta atrasada para a reunião. Deixe para ficar de papinho depois.

_Cinco minutos e eu vou estar na sua sala ok? Agora da licença que o assunto é de família - puxei Harry alguns metros longe dos outros, Snape lançou um olhar de desprezo para nós e saiu do Salão.

Rony e Hermione fizeram o mesmo, a garota praticamente sendo arrastada por Rony.

_Que merda você vai fazer agora? - perguntei impaciente.

_Não é nada, Hermione só é desesperada - Harry afirmou tentando parecer confiante - Preciso da capa Eve.

_E eu preciso que você pare de me chamar assim - resmunguei - Não da tempo de pegar tenho uma reunião com Snape. Sabe onde é a entrada para o Salão Comunal da Sonserina? - perguntei não pensando muito nas consequências.

Harry confirmou com a cabeça.

_Ótimo, a senha é “Puro-Sangue”, e eu sei, eles não tem criatividade pra senhas - disse quando vi a carreta que Harry fez.

Expliquei a Harry como chegar ao meu quarto e onde estava a capa.

_Pense duas vezes no que vai fazer - pedi - Você já esta a beira de ser expulso Harry.

Não perguntei o que Harry ia fazer estava querendo ficar longe de encrenca mas fiquei preocupada com isso. Não ia ser nada bom se Harry fosse pego fazendo qualquer coisa ilegal na escola depois de Dumbledore ter se sacrificado pra salvar a pele dele.

Corri ate a sala de Snape sabendo que já estava atrasada.

_Atrasada - Snape disse suavemente quando eu entrei.

Passamos meia hora com ele tentando - de muita má vontade - me ajudar a escolher alguma profissão mas nada me interessava.

_Se você não sabe o que quer, então não há nada que eu possa fazer para ajuda-la - Snape disse já irritado com a minha indecisão profissional.

Snape já tinha falado todas as profissões que ele se lembrava de existir mas eu não sabia o que queria.

De repente um estrondo foi escutado vindo dos andares de cima e gritos ecoaram. Automaticamente eu olhei para o teto como se pudesse ver o que estava acontecendo.

_Weasley - Snape resmungou também olhando para o teto - Fique aqui, vou ver o que está acontecendo. - dito isso Snape saiu da sala.

Vai achando que eu vou ficar aqui, pensei.

Fiz o caminho de para o Saguão de onde o barulho estava vindo e me espantei com a bagunça que encontrei. Alunos cobertos de alguma coisa verde e estranha, o chão do mesmo jeito só que pior e os gêmeos Weasley em pé lado a lado com sorrisos no rosto enquanto Umbridge berrava em frente a eles.

_Muito bem Argo - Umbridge parabenizou quando Filch apareceu com um pergaminho enrolado e selado.

Harry apareceu de mansinho atrás dele mas eu tinha certeza que ele não estava parado ali o tempo todo, ele tinha aprontado alguma coisa e eu não queria nem saber o que era.

_Vocês vão ver o que acontece com malfeitores na minha escola - Umbridge disse com aquele sorrisinho no rosto.

_Acho que não vamos não. - um deles disse, ainda não conseguia diferencia-los mas estava começando a perceber as diferenças, um era mais sorridente. - Acho que já passamos da idade de receber educação em período integral não acha? - perguntou ao irmão.

_Tenho sentido isso também - o outro concordou.

_Esta na hora de testarmos os nossos talentos no mundo real, concorda?

_Decididamente.

Umbridge fez menção de dizer alguma coisa mas antes os dois levantaram as varinhas e falaram juntos:

_Accio vassouras!

Outro estrondo foi ouvido e em segundos as vassouras de Fred e Jorge apareceram, uma ainda arrastando um pedaço da corrente que a prendia na sala de Umbridge. Ambas pararam a frente dos gêmeos.

_Se alguém tiver vontade de comprar um Pântano Portátil, conforme demonstramos, pode nos procurar no Beco Diagonal número 93, Gemialidades Weasley - o mais sorridente disse - Nossa nova instalação.

_Descontos especiais para alunos de Hogwarts que prometerem usar nossos produtos para acabar com essa morcega velha - o outro disse apontando para Umbridge.

_IMPEÇA-OS - Umbridge berrou para a Brigada Inquisitorial.

Tarde demais, quando se moveram Fred e Jorge já estavam em cima de suas vassouras a cinco metros do ar, realmente eram ótimos voadores.

_Infernize ela por nós Pirraça - um deles mandou ao Poltergeist que flutuava na mesma altura que eles.

Pirraça tirou o chapéu e saudou os meninos enquanto eles voavam para fora de Hogwarts.

Eu e os outros alunos aplaudimos com vontade enquanto eles saiam de vista e Umbridge berrava de raiva.