Londres, 09:49

Acordei com um barulho muito irritante e contínuo, depois de alguns segundos percebo que é a campainha. Sento na cama e vejo os lençóis do lado oposto ao meu bagunçado, um sorriso escapa de meus lábios quando escuto o barulho do chuveiro vindo do meu banheiro, havia me esquecido que Harry havia passado a noite aqui. A campainha voltou a tocar e agora estava esmurrando a porta, corri até a sala e a abri.

                Um vulto entrou enquanto falava — O Harry sumiu, não dá notícias desde ontem na hora que deixou os meninos aqui. Eu fiquei esperando ele, você foi a primeira pessoa que vim contar, eu não queria assustar os meninos, mas agora temos. — Louis estava parado na frente do sofá, parecia não ter dormido nada durante a noite.

                — Lou, calma! — me sentei no sofá e o puxei junto, suas mãos estavam geladas e tremendo um pouco. — O Harry passou a noite aqui comigo. — nisso ele suspirou e me abraçou — Nem me passou pela cabeça que ele não tinha avisado. Não fica assim. — estava passando a mão em seus cabelos. Ele suspirou, deu um meio sorriso forçado pra mim se levantou e ficou olhando para o corredor.

                — Ainda mato esse moleque pervertido! Só quer saber de ficar aqui com você e eu quase morro de preocupação. — ele foi em direção aos quartos e foi abrindo as portas até que. — Ai. Meu Deus, você não é o Harry! — ele disse tampando os olhos com as mãos segundo após abrir a porta do quarto do meu irmão. A causa foi meu irmão ter acabado de sair do banho e não ter nem meio pedaço de pano envolvendo o corpo, mas ele agiu como se nada tivesse acontecido, continuou andando até o closet depois que disse “Bom dia”. Me virei e fui para meu quarto.

                Louis estava na frente da porta do banheiro enquanto brigava com Harry pelo sumiço, ele ainda não tinha saído de lá. Me sentei na janela e fiquei vendo as pessoas passando enquanto ouvia apenas Lou falar.

                — Terminou?

                — Harry, não consegui dormir essa noite de preocupação. Estava até começando a imaginar que você tinha sido sequestrado ou sei lá! Não faça isso nunca mais. — Lou parecia uma menina histérica falando antes, mas agora sua voz estava falhando, como se ele estivesse quase ao ponto de chorar.

                Depois de alguns minutos de silêncio não aguentei, andei até a porta do banheiro para ver o que tinha acontecido. Os dois estavam de olhos fechados e abraçados fortemente, algumas lágrimas caíam do rosto de Lou e Harry estava com uma cara de culpa gigantesca.

                Também me senti um pouco culpada, se não tivesse insistido para ele ficar nada disso teria acontecido. Me sentei na beirada da cama e continuei olhando eles. Louis suspirou e eles se separaram, Harry saiu do meu campo de visão, pelo barulho de água ele estava lavando o rosto. Lou se jogou em minha cama.

Depois de longos minutos em silêncio...

                — Bom, depois desse susto que passei vocês me devem alguma coisa. — Lou estava mais calmo, dava para perceber pelo seu tom que já estava querendo aprontar alguma.

                — Boo Bear, pelo menos deixa eu dar um bom dia para a minha namorada. — disse Harry enquanto saia do banheiro e andava em direção a mim, ele tinha acabado de sair do banho, seu cabelo ainda estava úmido e ele estava sem camisa. Ainda estava com uma expressão triste no rosto, mas quando olhou para mim sorriu, parou em minha frente e me deu a mão, me levantei e nos juntamos, não demorou mais de cinco segundos para nos beijarmos, depois de algum tempo nos separamos. Incrível o efeito que ele tem sobre mim, não via o tempo passar, tudo era tão certo e simples.

                — Hum, namorada? — eu disse com meio sorriso nos lábios, minhas mãos estavam em sua nuca e ele me abraçava.

                — Você acha rápido demais? — ele perguntou colocando seu pescoço um pouco para trás tentando ver meu rosto, quando encontramos nossos olhares percebi que ele estava um pouco preocupado.

                — Um pouco, mas posso me acostumar com isso. — lhe abracei e lhe dei um selinho. Nos sentamos na cama, onde Louis ainda estava deitado. Ele segurou minha mão e eu encostei minha cabeça em seu ombro.

                — Bom. Como estava dizendo, depois dessa experiência que foi nada legal, acho que vocês estão me devendo. — disse Lou quebrando o silencio. Olhamos para ele, que estava de olhos fechados e com um enorme sorriso no rosto.

                — O que estamos lhe devendo?

                — Então Harry, eu acho que vocês devem fazer tudo o que eu quiser por um dia. — nisso ele abriu os olhos e colocou seus dois braços em baixo da cabeça.

                — E se a gente num fizer? — eu perguntei olhando para Harry e depois para Louis.

                — Não tem como isso acontecer Vallerie. — disse Louis se sentando na cama com um sorriso encantador.

                — Lou sempre consegue tudo que quer, de um jeito ou de outro V. — disse Harry se levantando e andando até a porta do quarto. — Vou até a lavanderia pegar minha blusa na secadora, já volto.

                Quando ele saiu do quarto o ser ao meu lado gritou. — NÃO FAÇA ISSO HARRY, EU NÃO VOU COM A CARA DELA, EU TE AMO!! — não pude evitar rir daquela situação.

                — Eu sei disso, mas é que a V. não para de babar enquanto olha pra mim. Tô ficando sem graça. — ele gritou de volta, senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Fiquei olhando para a porta do armário, uma tentativa falha de Louis não me ver naquele estado.

                — Como foi a noite dos pombinhos? — ele começou a me cutucar e fazer cócegas e ainda riu mais quando percebeu o quanto ainda estava envergonhada por causa do comentário de Harry, quando ele parou respondi, mas ele parecia não acreditar que Harry havia se ‘comportado’, depois da terceira vez que respondi a mesma coisa parece que ele acreditou.

                — Foi isso Lou. Uma noite normal, deitamos e dormimos.

                — Você pegou o coração desse menino de jeito hein? — ele disse sorrindo, lhe acompanhei e encarei o chão. Depois de alguns segundos Harry entra e aparentemente não escutou.

                — Ok, são quase dez horas. O que vamos fazer?

                — Bom Harry, primeiro a Vallerie precisa tirar o pijama para podermos sair de casa. — nisso ele se levantou da cama e foi andando em direção ao Harry e o empurrando para fora do quarto. — Depois resolvemos o que fazer. — Os dois piscaram para mim e saíram do quarto dançando uma espécie de valsa e depois fecharam a porta.

                Tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans, uma blusa de manga curta azul, por cima um casaco bege e sapatilhas. Me maqueei, peguei a bolsa, coloquei algumas coisas dentro e fui pra sala. Chegando lá meu irmão e os meninos estavam conversando sobre a temporada de futebol. Jeremy e Louis já estavam se dando bem, os três conversavam como amigos antigos.

                — Bom, nós já vamos. — disse Louis se levantando. — Cara, foi muito bom ter te conhecido. Vamos marcar de ver um jogo J?

                — Só dizer o dia que tô dentro.

                — Ok, pego teu número com a V.

                Conversamos um pouco e quando eram quase onze horas resolvemos ir almoçar em algum lugar por ali perto, depois de tantas voltas pelo bairro enquanto ninguém queria escolher onde comer Harry parou na porta de um restaurante de comida japonesa. Entregou a chave do carro para o vallet e depois deu a volta no carro quase que correndo e se juntou a mim. Louis entrava em nossa frente e já estávamos indo para a mesa, Lou estava andando rapidamente em nossa frente, como se não quisesse ser reconhecido. Já Harry estava com o braço em volta da minha cintura me abraçando e eu coloquei minha mão em suas costas. Ele andava normalmente e quando algumas pessoas começaram a olhar não mudou sua postura e assim fomos para uma sala com poucas mesas, ela estava mais vazia. Lou já nos esperava sentado.

                — Qual será a programação do dia? — eu disse logo após sentarmos e pedirmos os refrigerantes. Harry estava sentado do meu lado, seu braço estava no encosto da minha cadeira, enquanto Louis estava sentado na nossa frente.

                — Vamos almoçar, vocês vão me deixar na casa da Eleonor, vão fazer o que vocês quiserem e mais tarde vamos jantar nos meninos.

                — Mas é isso que você quer que a gente faça? Pensei que fosse algo... — só depois percebi a besteira que tinha falado.

                — Eu resolvi passar para amanhã, já que temos uma entrevista seguida de um show aqui na cidade resolvi só pedir pro Harry dizer a verdade sobre vocês. — eu fiquei paralisada por alguns segundos, Harry pegou em minha mão, percebeu o quanto estava preocupada.

                — Calma amor. Não precisamos fazer isso. Não preciso dizer que estamos namorando ou sei lá. — ele disse olhando em meus olhos e depois beijando minha mão. — Eu posso falar que não quero comentar se me perguntarem. — ele olhou para Lou e completou — Não pega pesado, por favor.

                — Ah, alguma coisa você vai ter que falar. As fotos estão em todos os lugares.

                — Ok, Lou. Tenho um dia pra pensar no que dizer ainda. — nisso o garçom chega com os nossos pedidos. — Agora vamos almoçar. — ele disse sorrindo para nós, acho que foi uma tentativa de me deixar mais tranquila. E não é que depois de alguns segundos o seu sorriso me passou mais segurança...

                Continuamos conversando e terminamos de almoçar. Enquanto Louis foi pagar a conta ficamos perto da porta da sala que nos separava do resto do mundo, apenas nós dois estávamos lá e o silêncio também. Não estava tão calma quanto antes e Harry percebeu isso. Ele me abraçou, enterrei meu rosto em seu pescoço e ficamos ali por algum tempo.

                — Você tem medo de compromisso, é isso Vall? — ele colocou seu queixo em cima da minha cabeça.

                — Não é isso Harry. — eu disse contra seu corpo, minha voz saiu um pouco abafada. — Eu nunca tive sorte em relacionamentos e tenho medo disso se repetir. — ele suspirou.

                — Prometo que não serei igual aos outros. — ele me abraçou mais forte e beijou minha testa.

                — Obrigada por isso.

                — Podemos ir? — disse Louis que já deveria estar ali há algum tempo.

                — Sim. — eu disse após me separar dele. Ele pegou na minha mão e saímos de mãos dadas. Fomos paramos no hall do restaurante por duas fãs pedindo autógrafos, os meninos deram e ainda tiraram fotos, fiquei um pouco longe deles, não queria atrapalhar o momento com elas. Elas agradeceram e depois fomos andando do mesmo jeito de antes até quase a porta do restaurante. O carro estava na porta já, mas haviam umas 80 fãs.

                — Acho melhor sairmos pelos fundos. Estamos sem segurança, não quero que nenhum de nós se machuque. — Harry apenas assentiu, pedimos para que levassem o carro. Após 25 minutos já estávamos deixando Louis na casa de Eleonor. O caminho inteiro foi muito estranho, ninguém disse nada — Bom gente, até mais tarde.

                — Se vocês quiserem que a gente passe por aqui é só ligar. — disse Harry para Lou.

                — Combinado. Se divirtam! — creio que essa teria sido apenas mais uma tentativa de Louis acabar com o clima pesado, ele saiu do carro , atravessou a rua e foi andando calmamente até a porta da Eleonor e agora só nós dois estávamos no carro.

                Ainda estávamos parados na porta de Eleonor. Harry desligou o carro, soltou o cinto e se virou de lado de modo que estava olhando para mim de frente, imitei seu movimento. Ele pegou minhas mãos e entrelaçou com as suas.

                — O que te deixou triste V.? Eu não aguento te ver assim amor. Por favor, o que está errado? — ele estava um pouco desesperado, sua testa estava franzida, seus olhos pareciam implorar por uma explicação.

                — Eu acho que o certo é te contar por que não estou me entregando tão fácil em um relacionamento, medo de tudo aquilo se repetir. — ele olhava profundamente para mim. — Então estou pensando em como te dizer, porque para mim não é fácil. Não sinto mais nada por ele, mas o que aconteceu ainda me deixa muito abalada.

                — Você quer ir para minha casa? Lá podemos conversar com mais tranquilidade. — ele disse colocando um sorriso no rosto.

                Lhe acompanhei no sorriso. — Vamos, ainda não conheço lá. Quero muito ver como é sua casa com o Lou.