— Desculpe por isso Vall, não queria te expor dessa forma. Você deve estar brava comigo.  — ele estava encarando o saleiro enquanto o deslizava pela mesa de uma mão para outra. — Eu devia ter lhe protegido, fui um estúpido.

                — Harry, pare de se culpar. — peguei em suas mãos e ele instantaneamente olhou em meus olhos. — Nós erramos, só isso.

                — Erramos? Pensei que você também quisesse me beijar, pelo menos parecia. — ele encarava nossas mãos juntas e sorria, não consegui evitar de fazer o mesmo.

                — Sim, eu queria. Mas nós somos amigos, eu acabei de chegar na cidade e vocês são as únicas pessoas que tenho por perto. — ele olhava para mim e concordava. — Honestamente, eu não sei o que sinto por você. Não quero apressar as coisas, nem faz um dia que nos conhecemos. Me desculpe, mas não consigo entrar em um relacionamento assim tão rápido. — sua expressão estava triste, me soltei de sua mão e fui me sentar ao seu lado. Lhe abracei de lado e ele retribuiu.

                — E agora? Nós podemos continuar sendo amigos e depois vemos onde o destino nos leva? — seus olhos verdes encaravam os meus e eu não conseguia lhe responder, depois de longos segundos consegui voltar ao normal.

                — Podemos. — ele me abraçou mais forte, agora estávamos felizes novamente. Do nada ele me soltou e apontou para o outro lado do restaurante. — Nossa, olha quem tá ali! — me virei e comecei a procurar.

                — Quem Harry? — não achava ninguém de diferente pra onde ele apontava, até que quando ele me atacou com cócegas novamente. — Isso é jogar sujo. Tua mãe não te ensinou a falar a verdade pras pessoas? — Eu falava no meio de risadas e algumas coisas nem saiam direito de minha boca. Estava praticamente deitada no sofá com ele em cima de mim.

                — Ok, parei. Prometo não fazer isso até depois do almoço. — e deu um beijo em minha bochecha que estava queimando. Quando percebemos a garçonete estava ao lado da mesa esperando o pedido, ele me ajudou a sentar e arrumar minha roupa que estava amassada. Pedimos o almoço e comemos conversando. De vez em quanto ele pegava na minha mão e entrelaçava nossos dedos. Quando terminamos cruzei seu braço no meu e encostei minha cabeça em seu ombro, ele fazia cafuné na minha cabeça, estava quase cochilando, mas me lembre de algo que precisava perguntar.

                — Estou curiosa sobre uma coisa.

                — Posso saber sobre o que? — estávamos tão confortáveis, nem nos mexíamos muito.

                — Aquela hora que eu estava abraçando os meninos, Zayn estava te dizendo algo e o sorriso dele era... não tenho certeza, mas parecia malicioso. E você estava olhando para mim e sorrindo de uma forma tão encantadora. — estava um pouco sem jeito de lhe perguntar isso, mas aquela cena não saia da minha cabeça.

Ele suspirou e me respondeu — Ele estava me zoando. Porque sempre as pessoas que eu saio são mais velhas e você só tem dezessete. Sei que você é emancipada e que entrou na escola dois anos mais cedo, por isso que está aqui com essa idade. Mas ele estava dizendo aquela hora que eu seria a má influência. — olhei para ele, que estava mordendo o lábio inferior e estava um pouco, bem pouco corado.

— Mas aquele Zayn não presta mesmo hein.

— Hey, eu quem tenho essa fama!

— É, eu sei disso Harry... —ele se aproximou e me deu um selinho, não me deixando terminar o que tinha para lhe dizer.

— Me desculpe, não consegui me conter. — ele disse segurando meu rosto com sua mão direita e seu dedão fazia o desenho do contorno de meus lábios enquanto me encarava sorrindo, eu estava completamente sem graça, mas adorei a atitude dele.

Percebemos que o pessoal ao redor estava prestando mais atenção em nós, resolvemos nos distanciar um pouco e continuamos a conversar.  As vezes ele colocava a mão em meu joelho, ou pegava em minha mão. Mas quando alguém passava perto nos separávamos de novo.

                Quando eram três horas resolvemos voltar para o apartamento, bom na verdade os meninos ligavam sem parar e perguntavam se já estávamos voltando. Harry pagou a conta e quando estávamos começando a descer as escadas.

                — Harry! — nos viramos e vimos que a garçonete que tinha nos atendido estava na beirada da escada e segurava com uma máquina na mão. — Posso te pedir uma foto e um autógrafo?

                — Claro. — ele subiu os degraus de novo e pegou a câmera da mão dela. — Tira pra gente?

                — Tudo bem. — tirei a foto, no visor apareceram os dois sorrindo largamente, não consegui evitar de sorrir para a imagem, sua imagem era perfeita, mas sua personalidade apenas com o tempo saberia. Saí de meu transe e devolvi a máquina para ela. Enquanto isso Harry pegou um papel que tinha em cima do balcão, escreveu algumas coisas para a garota e assinou em baixo, entregou em sua mão e ela lhe abraçou. 

                — Obrigada. — ela continuava com o sorriso enorme da foto, posso estar enganada, mas ela estava relutando para não chorar de alegria.— Vocês estão namorando? — eu e Harry nos entreolhamos.

                — Apenas amigos. — ele disse me abraçando de lado e dando um beijo em minha cabeça. — Agora precisamos ir. O almoço estava ótimo, obrigada.

                — Tchau. — nós duas dissemos juntas. Fomos para o andar de baixo, de mãos dadas, ele olhava para mim e sorria o que acabava me deixando sem graça. A entrada estava lotada de fãs e fotógrafos. Harry suspirou e parou atrás de uma coluna me puxando junto a ele.

                — Ok, o que faremos agora? Estamos sem carro e tem dezenas de fãs aqui na porta. — eu disse tentando não demonstrar desespero.

                — Se virem nós dois juntos vão nos seguir. — ele encostou a cabeça na parede, estava de olhos fechados e murmurando alguma coisa que não entendia. —Já sei. Tem um óculos ai na sua bolsa. — eu fiz que sim com a cabeça. — Prende o teu cabelo e coloca o óculos. Infelizmente vamos ter que sair pela frente, se não você vai se perder.

                — Como me perder? Nós vamos juntos...

                — Vamos embora juntos, mas sairmos juntos não tem como, algumas das meninas são possessivas, elas iriam te machucar. — ele disse olhando para chão e depois para mim, colocou uma mecha de meu cabelo para trás da minha orelha. Dei um meio sorriso em forma de agradecimento. — Não é por mal que elas fazem isso e é difícil disso acontecer. Mas é melhor prevenir do que remediar.

                — O que faremos? — ele me explicou seu plano e pediu para eu ser um pouco paciente. E que se eu me perdesse no meio do caminho pra eu ligar para ele ou para a casa dos meninos, mas era humanamente impossível de isso acontecer, o plano era simples demais.  — Não é melhor voltarmos pro apartamento? — eu fazia uma cara de cachorro pidão. — Os garotos estão esperando e não param de ligar.

                — Por favor, ainda não te disse a minha proposta. — ele me imitava agora. Até que ele suspirou e completou. — Ok, então vem vez de irmos para o Hyde, vamos para lá. — sorri e lhe dei um beijo em cada bochecha. — Mas amanhã a senhorita que me espere!

                — Ok. Então vamos acabar logo com isso. — ele me deu um beijo na bochecha e foi em direção a saída. Antes de passar pela porta ele olhou para trás e piscou para mim. As fãs começaram a lhe puxar e pedir fotos, autógrafos e tudo mais. Passaram cinco minutos, eu estava com o cabelo preso e de óculos, espero que ninguém me reconheça. Sai e logo comecei a descer a rua, virei uma rua para direita até que avisto um táxi. Faço sinal, ele para e eu entro. Liguei para Harry como combinado, no segundo toque desliguei.

— Para onde senhorita? — disse o taxista

       — Vire a esquerda e pare na porta de uma lanchonete que não me lembro o nome.  — o taxista fazia uma expressão confusa, mas atendeu meu pedido. Quando foi chegando perto do restaurante ele diminuiu a velocidade. — Pare um pouco mais para frente, por favor.

                As fãs estavam ainda em torno dele, acho que ele não sairia de lá tão cedo.

                — Você está esperando alguém?          

                — Sim.

                — Sabe que o marcador vai continuar girando ne?

                — Fique tranquilo senhor, você terá seu pagamento por completo. — olhava pelo vidro de trás do carro. Após uns dez minutos vi que ele começou a andar em direção ao táxi, com algumas garotas ainda atrás dele, olhei em seu rosto e sua expressão era de quem tinha fracassado. Ele encarava o chão e corria, algumas garotas desistiram, poucas, mas os paparazzis não desistiram, um deles foi esperto, veio do lado oposto do que ele ia entrar no carro e acabamos ficando cara a cara. Virei ficando de costas para ele, mas não rápido o suficiente para não sentir o clarão do flash. Harry entrou correndo, estavam tirando fotos de nós, ele pareceu não se importar, passou seu braço por trás do meu ombro e me puxou para mais perto. Fingi não escutar as perguntas e ameaças que as pessoas gritavam.

                Harry disse o endereço e ele logo saiu com o carro deixando os paparazis para trás.

                — Não consegui me esconder deles.

                — Não quero te esconder, só não quero que você se machuque, ou tenha sua vida perseguida por esses fotógrafos e que tenha fotos suas em tabloides com legendas dizendo algo completamente diferente do que você estava fazendo. — ele passou seus dedos na minha bochecha, seu toque me arrepiou. — Tudo o que eu quero é ter uma vida normal com você. Quero ser o Harry, aquele garoto que te surpreendeu no restaurante, não aquele cantor famoso que te conquistou por causa da fama e os benefícios que ela trouxe. Por isso e por muito mais que estamos indo devagar, pra nós nos conhecemos do jeito que somos, não da imagem que criam.

                Nem sabia o que dizer a ele apenas sorri e me aproximei dele pegando sua outra mão. Encostei minha cabeça em seu peito e fiquei ali até chegarmos ao prédio. Harry pagou o taxista e saímos de mãos dadas.

                Até chegarmos na porta do apartamento dos meninos ficamos em silêncio.  Apenas sorríamos. Não quero de perto dele, sei que isso é um costume terrível de se criar e quase impossível, mas o que sinto por ele jamais senti por ninguém.

                — Até que enfim vocês chegaram. — disse Louis abrindo a porta. — Já viram as notícias?

                — Já as fotos? — Harry perguntou com um tom de voz um pouco triste.

                — Sim, vocês precisam ver as legendas, estão hilárias! Cada site está inventando uma coisa. — eu fiquei surpreendida e não escondi isso. — Fica tranquila V., nós daremos um jeito nisso. Não se preocupe com o que dizem, nada como uma entrevista e uns tweets que não resolva essa situação.

                — Tudo bem, só não quero que Harry se prejudique por causa disso. — apertei a mão dele quando disse isso. Louis não tinha percebido que estávamos tão próximos assim.

                — Ow, vocês estão... é — ele deu uma tossida falsa e completou — juntos?

                — Somos amigos e se o destino quiser ficaremos juntos. Iremos com calma, certo Vall? — Harry beijou minha mão e eu concordei.

                — Ow, que lindos. — ele disse apertando uma bochecha de cada um de nós.

                Bom, pelo resto da tarde ficamos espalhados pelo quarto de Liam e lendo alguns sites de fofoca enquanto ríamos. Um dizia que eu era a nova namorada dele, outro que eu era um caso dele e que tinha aparecido porque estava grávida. Outro mencionava até o nome da empresa do meu pai falando que era um almoço de negócios com o novo garoto propaganda. Honestamente, era cada comentário que até Deus duvidava. Claro que os maldosos também começaram a aparecer, na mesma hora os meninos fecharam o notebook e começaram a querer me animar de qualquer outra forma.

                — Não fique triste Vall, eles inventam coisas para ganhar dinheiro. — disse Zayn enquanto me abraçava, eu estava com meu nariz encostado em seu pescoço, ele era tão cheiroso..

                — Hey chega de ficar se agarrando com a minha garota. Vamos fazer o que? — Harry disse, mesmo assim não saí dos braços de Zayn, mas agora olhava para Harry enquanto ele nos ignorava. Aquilo me machucou um pouco, percebi que ele também não estava gostando.

                — Que horas são? — perguntei enquanto saia do abraço.

                — Quinze pras seis. — disse Niall olhando o relógio. — Vamos pedir alguma coisa pra comer? Eu tô morrendo de fome...

                — Vamos Nialler. — nisso Liam foi para sala junto com Niall e Louis. Deixando Harry, Zayn e eu sozinhos.

                — Bom, vou ver se eles precisam de alguma coisa.

                Estávamos apenas eu e Harry no quarto, ele estava sentado na cama enquanto encarava a janela.

                — Você está triste comigo? — ele se levantou e pegou minha mão ele brincava com os meus dedos enquanto os encarava. Depois de alguns minutos suspirou e olhou em meus olhos.

                — Não estou triste, é que eu não quero te perder. Sei que combinamos para ir devagar. — nisso ele para e suspira novamente. — E se você encontrar alguém e acabar se apaixonando por ele? São tantos ‘e se’ Vall, eu quero ter você só pra mim. Quero te chamar de minha, ter certeza que.. — eu lhe interrompi com um beijo, nunca tinha feito aquilo daquele jeito com ninguém. Nossos lábios começaram gentis, mas após algum tempo pareciam que precisavam um do outro, e que se sentiam completos enquanto se tocavam. Sua língua me pediu passagem e eu cedi. Um braço seu estava em minha cintura me trazendo para mais perto de seu corpo e percorria do meu pescoço até meu quadril, sua outra mão segurava meu rosto. Eu estava com uma mão em seu pescoço e outra puxava levemente seu cabelo. Estávamos em perfeita sintonia, sentia nossos corações baterem juntos. Mas tivemos que nos separar por causa da falta de ar. Ele estava um pouco descabelado e eu estava um pouco sem fôlego.

                — Isso é o suficiente para você perceber que eu vou ficar ao seu lado? Que eu não vou te trocar por ninguém? — ele abriu um grande sorriso e fez que sim, nos abraçamos e depois demos um selinho. — Agora vamos pra sala ver o que eles resolveram pedir que eu quero ficar mais um pouco com todos antes de ir embora.

                — Mas já? Devem ser sete horas. — ele disse me soltando do abraço e fazendo uma casa triste.

                — Sim, eu ainda não consegui desfazer nenhuma das minhas malas, nem abri a geladeira ainda... na verdade eu nem entrei na cozinha. — eu disse rindo.

                — Mas amanhã nós vamos sair certo?

                — Claro que sim Harry. — eu disse sorrindo e lhe dando um beijo. — Agora vamos para sala.

                — Não, vamos para o meu quarto. — ele disse piscando um olho.

                — Se controle Harold, hoje não será teu dia ok? — ele ficou com uma cara triste, ignorei-o e fui andando até a sala com Harry me abraçando pelas costas, fiquei um pouco desconfortável por ele querer aquilo, isso já era de se esperar dele, mas se ele gosta tanto de mim quanto diz, ele esperará o momento certo.