Duas semanas se passaram, foi como um estalo. O tempo passou tão rápido, também, com a faculdade, família, amigos e empresa só sobrava tempo pra eu dormir e sempre achava que não tinha dividido o tempo entre eles corretamente. Meu pai, Jéssica e Dan voltaram no primeiro sábado depois do meu aniversário, já tínhamos resolvido onde Daniel ficaria na empresa, ele iria ter sua própria equipe para o desenvolvimento de propagandas. Ele voltou na quarta feira seguinte para começar a trabalhar, estava sendo muito tranquilo dividir apartamento com ele. Tínhamos combinado de irmos comprar algumas coisas para redecorar o quarto, já que ele acabou ficando com o antigo de Jerry. Ele queria arrumar um apartamento nas redondezas, mas não deixei. Fiquei chateada com a reação de Harry, realmente chateada.

Flashback on

Era sexta de manhã, Ed e Harry estavam arrumando as coisas para saírem em turnê, no domingo à noite eles iriam para os Estados Unidos começar a turnê, eles estavam bastante animados e mais animados do que eles só os fãs mesmo. Ed tinha ficado todo esse tempo em casa e dizia que quando voltasse da turnê iria ficar em casa, porque já tinha se desacostumado com a casa dele, também, a farra que eles e os meninos faziam era enorme! E todos nós moramos praticamente juntos, quem não iria querer ficar em casa?

Na mesa da cozinha Dan e eu tomávamos café da manhã enquanto liamos jornal. Estava vendo que teria a estreia de um espetáculo da Broadway, não sou apaixonada por peças musicais, mas era da Broadway, iria de todos os jeitos tentar assistir. Terminei a sessão cotidiano e dei uma olhada nas resenhas de alguns filmes e livros, memorizei o nome de um ou dois títulos, tinha que passar em alguma livraria ainda hoje, assim me lembraria deles. Harry entrou na cozinha, beijou o topo de minha cabeça e foi em direção a geladeira, a qual ele abriu e começou a fuçar.

— Quer ler essa? — perguntei antes de dar um gole no meu suco. Dan fez que não e continuou a ler. — Mas o que você tá tão concentrado ai? — me levantei e debrucei na mesa para ver o que ele estava lendo e para eu não ver ele dobrou o jornal ao meio e o colocou entre ele e o encosto da cadeira enquanto fazia um sorriso de criança que estava inventando alguma coisa.

— Sessão de imóveis. — disse Harry de frente para o fogão enquanto tomava suco e olhava pela janela, já fazia alguns dias que ele estava diferente comigo, as vezes ele estava normal, mas outras ele parecia que não estava focado no que estava acontecendo, ficava completamente com o pensamento longe. Provavelmente isso estava acontecendo por causa da turnê, eles estavam preocupados com cada mínimo detalhe, tinham que inovar a cada turnê, mas cá entre nós, acho que além disso ele estava assim porque ficaríamos longe quase um mês.

— Mas porque?

— Vally, não vou ficar aqui né. — me sentei novamente e prestei atenção no que ele dizia. — Pelo menos não por muito tempo. Você tem sua vida, eu não vou ficar aqui atrapalhando vocês.

— Você vai procurar um apartamento aqui pra alugar?

— Vou ver um pequeno perto da empresa. Já até consegui falar com um senhor aqui por perto e vou ver o apartamento. — ele se levantou e colocou a louça que ele usou na máquina de lavar louça e se virou para mim.

— Se desse iria com você. — entreguei meu copo a ele e me levantei. Ia aproveitar esse dia com Harry, tínhamos combinado de passar o dia juntos, sem ninguém atrapalhar, mas com a casa cheia era um pouco difícil.

— Fica tranquila, te conto como é quando eu chegar. — ele pegou o casaco que estava no encosto da cadeira que estava sentado e o vestiu.

— Não vai fazer nenhuma loucura. Você sabe que pode muito bem ficar aqui. — cheguei mais perto dele e peguei suas mãos.

— Não Vally, sabe que odeio ser um peso pros outros.

— Se você fosse um peso não estaria falando pra você ficar aqui. Dan pensa bem. Tem dois quartos sobrando, se você ficar com um ainda tem um de hóspedes, não vai ficar apertado pra ninguém..

— Vou pensar. — ele me cortou. — Não quero tirar a privacidade de vocês.

— Tenho certeza que o Harry não vai se importar Dan. — ele me abraçou.

— Do mesmo jeito eu vou ver esses apartamentos. — nos separamos. —Até mais tarde pessoal. — e ele saiu de casa.

Tirei a mesa do café e Harry ainda estava olhando pela janela. — Tá tudo bem Hazza?

— Mais ou menos, estou inseguro em deixar ele morar com você. Vocês vão ficar juntos o dia todo, no trabalho, aqui. — ele virou para mim com os olhos forçados a ficarem mais abertos que o usual, deu um grande suspiro, estávamos frente a frente.

— Harry, nós somos melhores amigos. Só isso. — passei minhas mãos por cima dos ombros dele e entrelacei meus dedos atrás de sua nuca, depois de longos segundos ele fez o mesmo, só que na minha cintura.

— Pode me chamar de lunático, mas eu percebo algo diferente quando ele te olha. Não sei como explicar Vally, mas ele deve gostar de você.

— É coisa da tua cabeça Harry. Nós nos conhecemos desde pequenos, sei que nada mais acontecerá.

— Como assim ‘nada mais acontecerá’? — ele parecia muito irritado. — Já aconteceu algo entre vocês? — não lhe respondi, meu olhar entregou. Claro que não queria mentir para Harry, mas não o queria estressado com coisas insignificantes do passado. — Era disso que tinha medo.

— Nós nunca ficamos juntos, assim, de namorar. Mas as vezes rolava alguma coisa. — a última frase eu praticamente sussurrei, lógico que ele escutou, e estava realmente bravo por causa disso. Ele me soltou e se virou de costas para mim enquanto parecia pensar.

— Vallerie, como vou deixar só os dois aqui? Me diz, como terei minha cabeça no lugar? — ele estava aumentando o tom e olhava diretamente em meus olhos, os dele pareciam segurar lágrimas.

— Ele é meu melhor amigo, nada vai acontecer Harry!

— Como você pode ter tanta certeza? Você viu o jeito que ele te olha? Já reparou? — ele estava fora do controle, e nós estávamos tendo nossa primeira briga.

— Você está paranoico Harry! — me virei e sai andando em direção ao meu quarto.

— E você está sendo ingênua! — ele disse quando estávamos passando pela sala. — Chamando ele pra vir morar aqui com a gente e ainda mais sem ao menos perguntar se eu concordo com isso. — estava já segurando as lágrimas que estavam prestes a sair. — Você tem ideia do quanto isso será prejudicial pra nós, para as nossas carreiras quando descobrirem que você passa mais tempo com ele do que com seu namorado? Já estou até imaginando as manchetes! — quando ele disse isso não aguentei.

— Você quer saber o porque chamei ele pra morar aqui? — as lágrimas eram de raiva agora, elas escorriam rapidamente. Harry nem respondeu e não me dei o favor de perguntar novamente. — Ele não tem o apoio da família em nada, ele sempre que teve que se virar. Se não fosse o avó ele nem tinha terminado o ensino médio. Ele odeia que a gente comente isso porque não querem que sintam pena dele. — Harry olhava para mim com uma expressão limpa, não conseguia lhe decifrar. — E quanto as manchetes, nós dois sabemos muito bem que a maioria delas são faltas. Para de pensar na sua carreira por um minuto! — me arrependi de ter dito essa última frase, ele não disse nada, deu um sorriso forçado enquanto olhava para o próprio pé.

— Eu preciso ir. — ele me olhou friamente, se aproximou e deu um beijo na minha testa. — Se cuida.

Antes de ele abrir a porta consegui me recompor. — Harry me des..

— Eu preciso ir. — ele me cortou e saiu.

Flashback off

                Londres —  Sábado 22:32 PM

                Eu não tinha conseguido falar com Harry desde aquela manhã de sexta, fui uma estúpida por ter falado aquilo para ele. Estava inconsolável, não fui na faculdade nem no trabalho. Os meninos (Ed, Dan, Louis, Niall, Zayn, Liam) e até Els tentavam conversar comigo, mas nem respondia, apenas fiquei em meu quarto. Não sentia nada, apenas chorei muito.

Cada um ficava comigo um pouco, trazia comida, tentava me fazer rir de algo ou ao menos tentar prender minha atenção, o que não aconteceu uma única vez. A única pessoa que queria conversar não me atendia e tinha medo de perguntar onde ele estava para os outros.

Fazia algumas horas que ninguém entrava aqui, ouvia apenas alguma conversa na sala, mas nem me esforcei para ouvir, afinal a voz que eu queria ouvir lá não estava. Resolvi tirar mais um cochilo, as lágrimas pareciam ter acabado, mas o vazio no meu peito e o sentimento de culpa não tinha cessado. Em algum momento acordei com Zayn entrando no quarto e ligando a luz do banheiro e logo depois ouvi o barulho de água.

— Que bom que você está acordada. — ele acendeu a luz do quarto e foi para o closet. — Vim te obrigar a tomar um banho, não aguento mais entrar aqui e saber que faz quase uns dois dias que você não toma banho e está com esse pijama. — ele me puxou para fora da cama e me deu duas toalhas. — Vou deixar uma troca de roupa em cima da tua cama, depois vai pra sala, pelo menos ver um pouco de tv.

Tomei um longo banho, lavei meu cabelo, sequei e me troquei. Quando me olhei no espelho estava acabada, as olheiras estavam enormes e profundas, cheguei mais perto e pude ver que em volta da íris estava vermelho de tanto chorar, escovei mais uma vez meu cabelo como tentativa de me acalmar. Antes de ir para a sala tentei ligar mais uma vez para ele, ninguém atendeu. Fui para sala, Zayn estava sentado sozinho, a única luz da casa vinha da tv que estava em um volume mínimo.— Cade todo mundo?

— Niall e Liam estão lá em cima e Daniel está dormindo provavelmente. — ele levantou a coberta e fez um gesto com a cabeça para eu sentar ao seu lado, fiz o que pediu e ele me abraçou de lado.

— E o resto?

— Estão com o Harry. — me doeu quando ele disse o nome dele.

— Eu sou uma burra, besta, idiota, não deveria ter falado aquilo pra ele. — enterrei meu rosto no peito de Zayn.

— Sabe, se você está se sentindo culpada e se você fez coisa errada você tem que ir pedir desculpas.

— Como ele está? — disse depois de um longo suspiro.

— Serei bem sincero com você. Entre nós sabemos que ele está triste, ele não conversa muito, mas não deixou ninguém de fora perceber isso. Quando perguntam de você nas entrevistas ele apenas diz que te ama muito, mas não diz como vocês estão. Daniel conversou com ele e explicou que realmente não sente nada além que um melhor amigo sente. Harry percebeu que estava errado, mas ainda está chateado com você, ele é cabeça dura, ele não quer vir falar com você.

— Eu sei o quanto ele é cabeça dura. — me separei de Zayn. — Mas ele não querer vir falar comigo me surpreende um pouco.

                — Ele acha que você merece alguém melhor, que possa ficar mais tempo com você e te dar mais atenção. — Zayn desligou a tv e a sala ficou por alguns segundos escura, ouvi algo caindo no chão e depois de alguns segundos ele ligou um dos abajures. — Honestamente, ele está inseguro por te deixar tanto tempo aqui sem a supervisão de nenhum de nós. Vocês estão juntos desde quando você chegou, ele não quer te perder. — as lágrimas voltaram a escorrer.

                — Ele não quer acreditar o quanto eu o amo e que eu só tenho olhos para ele.

                — Ele te ama, eu sei disso. — ele limpou minhas lágrimas e me abraçou. — Só que ele é difícil, ele gosta de ser mimado e gosta de ter provas de amor todo o tempo. Sei que você não se incomoda em mostrar o quanto o ama, mas ai ele pensa que se você fizer isso os fãs e paparazzis vão te incomodar e fica nesse vai num vai.

                — Tem certeza que é isso?

                — Ele disse Vally. — nos soltamos e ele secou as outras lágrimas. — Chega de chorar, por favor.

— Ele está na casa dele?

— Provavelmente, já é um pouco tarde. — ele mandou sms pra alguém. — Hum.. a Els tá com o Louis, Ed e o Hazza lá na casa deles.

— Ele tá lá? — repeti a pergunta.

— Vally, você acha que ele sumiu? Ele está triste, mas os meninos estão de olho nele para não perder a cabeça e sair para beber até ficar inconsciente. Provavelmente jogado no quarto dele do mesmo jeito que ele estava quando sai de lá mais cedo. — ele voltou a digitar, no seu rosto apareceu uma expressão de arrependimento. — Ops, Harry não está lá. — ele olhou no relógio. — São quinze pra uma, onde ele deve estar? — ele sentou novamente no sofá e eu comecei a ter um treco.

— Eles não sabem onde ele está?

— Deixa eu ver. — ele digitou e quando terminou ficou olhando para mim, esperando a sms com a resposta, parece que demorou horas para o celular dele avisar que havia uma nova mensagem. — Não.

— Vou atrás dele. — me levantei e comecei a procurar as chaves do carro no escuro, o que não foi uma boa ideia, afinal, não via muita coisa na cozinha e acabei chutando uma cadeira e quase caindo. — Estou bem!

— Vally, está muito tarde é perigoso agora. Tem muita gente bêbada essa hora dirigindo. Amanhã cedo nós vamos atrás dele, ele tem que aparecer. — ele gritou da sala.

— Zayn, se alguma coisa acontecer com ele eu me sentirei culpada pelo resto da vida, vê se você consegue descobrir algo. Liga pra ele, não sei..

— Vallerie, vamos esperar. — ele me cortou.

—Tudo bem Zayn, se você não quiser me ajudar fique aqui.

— Não, eu vou com você! — ele começou a mexer no celular de novo.

— Então vamos! — ele apenas fez um sinal com a mão para eu parar.

— Olha isso. — ele entregou o celular na minha mão, o twitter de Harry estava aberto e há poucos minutos ele tinha postado uma foto do céu estrelado.

— Pera, eu conheço esse lugar... ele está na casa dos pais dele.

— Certeza? — devolvi o celular e ele olhou a foto. — Você soube por causa das árvores do lado?

— Sim, nós estivemos exatamente ali quando eu fui conhecer a família dele.

— ‘Ela ainda está bem ali’. — ele leu no visor. — Vocês escreveram em alguma das árvores o nome dos dois?

— Não, escolhemos duas estrelas para simbolizar nós mesmos, assim de qualquer lugar do mundo que estivermos poderemos ver o outro. Olhe aqui. — eu apontei uma delas. — essa sou eu e essa ao lado é ele.

— Dá a chave do carro. — Zayn guardou o celular no bolso.

— Não Zayn, nós temos que ir atrás dele. — ele foi andando em direção a porta e a abriu.

— Mas nós vamos Vally, dá a chave que eu dirijo. — abracei ele com força e lhe entreguei a chave.

— Te amo Zayn!

— Vamos logo acabar com essa depressão e não quero mais ver ninguém brigando com ninguém. Poxa vida Vallerie, ele te deu uma estrela, para sempre que estiver longe olhar para ela e lembrar de você. — estávamos descendo pelo elevador e enquanto ele dava um sermão com razão tinham duas senhoras descendo junto.

— Eu fui uma besta, agi sem pensar e falei para ele tudo aquilo, já te disse isso.

— Então peças desculpas, ele te ama menina! — uma das senhoras disse, até trocamos umas palavras e rimos por causa dos três me dando lição de moral.

Demorou um pouco para chegarmos na casa dos pais de Harry, era tarde e não tínhamos avisado que íamos até lá.

— Olha lá, a luz do quarto dele está acesa. — Zayn disse quando viramos a rua.

— Santos olhos, eu não enxergo muito de tão longe.

— Sua velha rabugenta e briguenta. — ele disse enquanto mostrava a língua para mim. — Prontinho, tá entregue.

— Me espera aqui?

— Não Vally. Ou você se entende com ele ou vai ficar ai até amanhã.

— Mas Zayn, eu..

— Nós dois sabemos como essa conversa vai terminar Vallerie. — arqueei as duas sobrancelhas, como se duvidasse dele, ele deu um sorriso malicioso e completou. — Na cama!

— Insensível! — eu disse corada, lhe dei um beijo na bochecha e sai do carro. — Vê se não corre e quando chegar me liga. LIGA, não manda sms! Vou ficar preocupada.

— Pode deixar. — e ele saiu com o carro e nem se despediu direito e só depois de alguns minutos encarando a casa percebi que estava sem minha bolsa e meu celular. Certeza que Zayn fez isso de propósito, agora nem poderia ligar para a casa dos Styles para pedir para alguém abrir a porta, ia bater e aparecer do além. Xinguei Zayn várias vezes em minha mente.