O Homem Invencível escrita por slytherina


Capítulo 8
Capítulo 7: A armadilha


Notas iniciais do capítulo

Nossos heróis se vêem em apuros, pois a aldeia não é um lugar seguro para homens.



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Naquela pequena aldeia perdida no meio de densa floresta, longe das cidades mais evoluídas e prósperas, a vida seguia seu ritmo usual. As mulheres continuavam tomando conta de seus afazeres domésticos e do campo, lavrando e pastoreando cabras e carneiros. Algumas delas além de suas tarefas normais, tinham outras de cunho religioso. Eram encarregadas de apaziguar a ira dos deuses, de barganhar tratos e angariar favores. Eram as sacerdotisas da aldeia. Zelavam os altares, ofereciam presentes e imolavam animais em honra aos deuses. Também eram as encarregadas de instruir os aldeãos quanto aos costumes de sua religião. Todos obedeciam às orientações de teor religioso, e voluntariavam-se para penitências e pequenos sacrifícios.

Sua mais antiga sacerdotisa era Thibaudea, uma matrona alta e magra, atualmente com negros cabelos curtos e arrepiados. Todos na aldeia a obedeciam. Ela era secundada e auxiliada por Hostia, uma sacerdotisa estrangeira, negra e careca, proveniente do sudoeste. Elas controlavam as atividades da aldeia, e ditavam seus passos e destinos.

Thibaudea procurou assegurar-se de que seu novo prisioneiro estava bem guardado, que não oferecia ameaça ou estivesse em risco de fuga. Foi até uma choupana próxima à floresta e cumprimentou sua companheira de religião, a também sacerdotisa Loremae, uma jovem magra e baixa, de curtos e cacheados cabelos ruivos. Esta a guiou até um alçapão que dava para uma galeria subterrânea. No fim daquele antro, estavam alguns homens presos pelos pulsos em correntes penduradas na parede. Alguns começaram uma algazarra de palavras ásperas, ameaças e zombarias. Outros estavam tão fracos que mal se sustinham em pé. Estes permaneciam calados. Quando falavam era para pedir água ou comida.

Declan, um guerreiro mercenário barbudo, de ensebados cabelos cor de areia, vestido com calção de pele de urso, botas de pele de lobo, e correas de couro, que prendiam a bainha de espada em suas costas, era recém-chegado naquela aldeia. Encontrava-se entre o grupo que xingava e desafiava as sacerdotisas. Ele fora capturado alcoolizado, por isso fora presa fácil para aquele grupo de mulheres frágeis. Atualmente estava sóbrio, mas infelizmente estava acorrentado sem sua espada. Dificilmente poderia sair dali sem a ajuda de outra pessoa.

_Diga-me velha coroca, por que acha que homens são descartáveis, han? Não sabe que precisa de homens para fazer filhos? Oh, desculpe-me, você é velha demais para isso. VOCÊ não precisa de homens. - Declan provocou Thibaudea.

_Não fale nesses termos com ela, seu insolente. - Loremae deu uma bofetada tão leve em Declan, que este quase achou que fosse um tipo de carícia. Franziu os lábios em um beijo para Loremae, que virou a cara em desagrado.

_Deixe estar Loremae. Guerreiro, nós sabemos que precisamos de homens. Nem todos vocês serão oferecidos em sacrifício. Soltaremos alguns, os mais cordatos, para que sigam suas vidas ao nosso lado. Os mais agressivos como você serão um ótimo presente para nossos deuses. - Thibaudea falou tranquilamente.

_Vocês não têm medo de serem atacadas por uma horda insana? Quem as protegerá de criminosos, estupradores e saqueadores? - Declan não acreditava que aquelas mulheres pudessem ser tão burras.

_Nossos deuses. Veja, nós gostamos quando indivíduos como você e seu amigo chegam a nossa aldeia. Vocês são troféus mais valiosos do que o normal, pois costumam ser criminosos, estupradores e saqueadores. - Thibaudea saboreava cada palavra que dizia a Declan, como se já o visse morto e exposto como troféu.

_Diga-me, onde está seu deus agora? A única coisa que eu vejo é uma velha ardilosa achando que é imortal. Vocês apenas tiveram sorte. Não existe deus algum. Solte-me destas correntes e eu vou mostrar-lhes o verdadeiro deus. - Declan se irritava e as provocava. Pensava em seu amigo que se soubesse onde estava, já teria desbaratado toda aquela trama.

_Não se preocupe. Você terá a chance de conhecer nosso deus, assim como seu amigo, que o está conhecendo na carne nesse instante. - Thibaudea regozijou-se.

_Sua velha bruxa. CONAN! CONAN! CONAN! - Declan se pôs a gritar até que Hostia atirou um balde de água em sua cara, para que se calasse.

Longe dali, uma águia garbosa e enorme pairava no céu cinzento e gelado. Não havia ventania, mas mesmo assim, andar em velocidade naquele clima poderia deixá-lo com o peito dolorido pelo frio. A águia parecia observar o homem no chão, enclausurado por algo que não era visível apenas sentido. Ele havia caído em uma armadilha, e agora esperava pelo seu destino de presa fácil. Se a águia não suspeitasse que o predador que o aprisionou fosse um ser terrível, ela mesma teria dado cabo do infeliz, com bicadas e garras, levando naco de suas carnes para seu ninho.

O infeliz que havia caído na armadilha, um homenzarrão bronzeado, com olhos de um azul metálico, e longos cabelos lisos e negros, vestido apenas com um calção de pele de urso, botas de pele de alce e faixas cruzando o seu tronco, para segurar a bainha da espada em suas costas, atendia pelo nome de Conan e estava longe de ser um fracote, indefeso e desesperançado. Na verdade, aqueles que o aprisionaram e os que planejavam dar cabo dele, deveriam temer por suas vidas. Era uma questão de tempo até que ele conseguisse se libertar daquela arapuca, isso se a fera que o espreitava não o atacasse primeiro.

Conan, de espada em punho, preparou-se para o pior. Não poderia sair do círculo de pedras, para onde aquela mulher o havia atraído. A velha e pacata aldeã, que se prontificara em mostrar-lhe os altares de sua religião, para em seguida revelar-se fingida e perigosa. Ela com certeza estava por trás dos desaparecimentos dos homens de sua aldeia. Como também o resto daquelas mulheres. Infelizmente seu leal amigo Declan havia caído primeiro nas garras daquele clã. Somente Crom, o deus de devoção de Conan nascido na Ciméria, poderia saber em que estado Declan se encontrava naquele momento.

O valente cimeriano intuiu que algo ou alguém iria até lá para pegá-lo. Então, como se atendendo às suas expectativas, o ambiente se turvou, enchendo-se de névoa. Conan não moveu um músculo e apurou os sentidos. Esperava pelo bote. Logo uma planta trepadeira, vinda não se sabe de onde, enlaçou-o pela cintura. Ele imediatamente decepou o arbusto, mas outros apareceram e enrolaram-se em suas pernas e braços. Conan ceifou vários com sua espada, enquanto tentava evitar o próximo ataque. Em meio às brumas, divisou uma forma humana, ou assim lhe pareceu.

Um ser sem face, tão alto quanto uma árvore, coberto de trapos que imitavam vestimentas, permanecia estático próximo ao altar. Conan avançou e brandiu sua espada contra a criatura. O impacto produziu faíscas, mas não causou nenhum arranhão naquele monstro. Mais ervas surgiram do nada e enroscaram-se nas pernas do guerreiro bronzeado. Este as cortou o mais rápido que pôde. Temia a criatura imóvel, que inexplicavelmente não contra-atacara. Outras plantas surgiram e atingiram o pescoço de Conan, puxando-o para baixo. Ele resistiu fincando firmemente os pés no chão, pois temia cair e virar presa fácil para o monstro. Cortou as folhagens com sua lâmina, até que uma delas enroscou-se no braço que a manejava. Ele então passou a empunhar a espada com o outro membro. Outras trepadeiras enroscaram-se no outro braço, impossibilitando-o de usar a espada.

O gigante bronzeado então reuniu todas as forças do seu ser, e puxou os arbustos com seus braços fortemente tracionados, quase rompendo a pele que recobria os músculos, até que os arrancou. Concluiu que aquela briga contra as ervas era infrutífera. Deveria atacar o monstro inerte. Ele deveria estar controlando as plantas. Conan abaixou a cabeça um pouco e curvou-se para frente, deu um grito de guerra e arremeteu contra a criatura. O choque produziu um barulho forte. O cimeriano foi atirado para trás caindo no chão. Ele teve quase certeza que havia ferido o monstro. Levantou-se prontamente, a tempo de fugir de mais folhagens que se enroscaram em suas pernas. Conan decepou-as.

Avançou novamente para o ser imóvel, mas dessa vez decidira atingi-lo com um soco. Colocou toda a sua força no punho e atacou o monstro. Conan escutou um CRAAC. A criatura havia rachado e uma lasca de sua cabeça havia se soltado. Era um tipo de totem. O cimeriano resolveu continuar com os socos, mas foi agarrado novamente por arbustos. Eles prenderam seus braços e pernas ao mesmo tempo, levando-o ao chão. Outra erva enroscou-se no seu pescoço, estrangulando-o. Conan fez tanta força que mais uma vez, arrancou as trepadeiras que prendiam seus braços. Agarrou a espada e passou a golpear em volta de sua cabeça, cortando a planta que o estrangulava e também seus longos cabelos. A seguir procurou cortar as folhagens de suas pernas, mas elas recolheram-se, como se houvessem murchado.

A névoa que envolvia tudo se dissipou. Conan procurou pelo totem, mas este havia sumido também, sobrando apenas a lasca de sua cabeça no chão. Ele não entendia por que a luta tinha sido interrompida. Tentou sair do círculo de pedra novamente e surpreendentemente, a barreira invisível havia sumido. Conan saiu da armadilha e assobiou para seu cavalo, que veio correndo de entre as árvores da floresta. Montou-o e decidiu circundar a aldeia, em busca de outros altares-armadilhas. Lembrou-se de Declan. Sabia que o amigo era duro na queda, mas ele estava bêbado, dificilmente teria sobrevivido àquele monstro.



Fim do Capítulo

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Notas finais do capítulo

Apesar de não ter leitores pretendo continuar escrevendo aventuras para Conan.



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