Meus Imortais escrita por Rafa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não posso prometer mais de um cap. por semana :|
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim, será melhor
Meu bem
O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver, devolva-me.
OMG. Essa musica não me sai da cabeça :
*******
Eu falo de mais.
Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/223695/chapter/1

Pessoas iam e viam apressadamente cortando caminho por entre as enormes filas que se formavam nos locais de embarque. Seus passos eram firmes e largos, seja qual for o lugar para onde iriam elas queriam chegar rápido.  Para ela todos estavam indo pra casa.


Cada metro quadrado daquele lugar era disputado pelas pessoas de passos largos e relógios tiquetaqueantes. Alguns esbravejavam qualquer coisa quando ela os empurrava, mas logo voltavam suas atenções para os relógios tiquetaqueantes que traziam nos pulsos. Todos ocupados de mais para vê-la e quem a via não a enxergava.


E ela corria. Corria.  Abria caminho por entre a multidão e corria. Quando se permitia olhar para os lados via as luzes da cidade por entre as árvores de porte médio que cercavam o local. Aquelas luzes brilhantes e coloridas a torturavam lhe dizendo que ali não era o seu lugar. O vento que fazia o cabelo negro de cachos longos chicotear seu rosto sussurrava  em seu ouvido o quão longe ela estava de casa.


Suas perninhas finas pediam descanso mas ela não as obedeciam. Corria. A mochila pesada em seu ombro fazia menção em cair mas ela a segurava com toda a força que uma menininha de sete anos poderia ter. O frio cortante batia nos seus bracinhos desprotegidos e os deixavam arrepiados. Os lábios estavam secos e rachados. As boxexas  rosadas.


Só parou com a correria quando a respiração ficou pesada de mais. Apoiou uma das mãos no joelho e a outra passou nos olhos em uma tentativa de secar as lágrimas que caiam. Tinha que sair daquela cidade. Precisava voltar pra casa.


Olhou para os lados e viu ônibus parado em ambos. Pessoas entravam e outras saiam. Voltando a posição normal juntou as mãozinhas as esfregando para esquenta-las. Sua mãe não poderia saber que estava sem agasalho, esse era um detalhe que ela omitira quando estivesse de volta da pequena viajem forçada.


Seu pai sempre dizia que se um dia ela estivesse na dúvida sempre deveria pegar o caminho da direita. E assim ela fez.


Saiu cortando caminho novamente. Ignorou a enorme fila que se formara para a entrada no ônibus. Seu pai estava certo, afinal, com todas aquelas pessoas na embarcação aquele não poderia ser o caminho errado.


- Ei! A garota não pagou passagem, ou pagou ? - O homem de aparência assustadora a barrou na entrada - Onde pensa que vai ?


-  Pra casa - Levantou a cabeça para olha-lo.


- Quem não paga não entra - saia fumaça de sua boca por conta da baixa temperatura


A garotinha apalpou sua roupa na esperança de encontrar algum dinheiro. Enfiou a mão no bolso de seu jeans e retirou tudo o que tinha lá dentro. Seus olhos suplicavam para que a quantia fosse o suficiente. Estendeu a mão para ele.


- Isso não paga nem um capuccino na máquina da plataforma secundaria - soprou dois ou três papeis de bala que estavam misturados entre as poucas moedas em sua mão.


- Eu preciso ir pra casa. Não quero ficar aqui - os olhos choravam - Por favor - sussurrou e depositou a mochila pesada no chão.


O homem de aparência assustadora e dono de um olhar vazio fitou a garotinha por alguns segundos.


- Onde estão seus pais mocinha ? - parecia mais sereno


- Eles... - desviou o olhar para o chão - eles se foram...


- E te deixaram aqui sozinha ?


-  Eles estão  me esperando perto de casa. Eles estão lá - uma lágrima escorreu pela boxexa e chegou a boca -  por isso preciso ir. Por favor.


- Não posso deixar uma criança embarcar sozinha - tentava não ser tão assustador. Parecia ter consciência de sua imagem - sem seus pais nada feito. Sinto muito.


- Mas eu preciso voltar pra casa... eles estão lá perto, eu sei onde fica.


- Sinto muito - Fez sinal para que a próxima pessoa entrasse.


- Eu quero ir pra casa, não posso ficar aqui - tudo o que se movia nela era a boca e as lágrimas que caiam insistentemente - preciso ficar perto deles. Não fica muito longe da minha casa, só preciso chegar lá. Por favor - os olhos cor de chocolate refletiam as luz do farol do automóvel fazendo-os brilhar mais que as luzes da cidade - Por favor. Eu só quero pedir desculpas. Preciso me desculpar, só isso - soluçava ainda imóvel -  Tenho que voltar.


- Zoe!


O homem corria em direção a garota  acompanhado por uma mulher que vinha um pouco mais atrás em um ritmo mais lento e com uma criança no ventre. Empurravam as pessoas que estavam no caminho. Repetiam seu nome a todo instante. Ora sorriam de leve, ora demonstravam uma aparência preocupada. Mas a todo instante pareciam aliviados.


Ao vê-los se aproximar a pequena quis correr em direção contrária. Chegou a pegar sua mochila que estava no chão mas suas pernas já se encontravam fracas. Não conseguiria chegar muito longe. Olhando por entre as pessoas ela conseguia ver as luzes da cidade novamente. E eles chegavam cada vez mais perto.


O ônibus foi saindo lentamente e ela virou-se para vê-lo ir embora e com ele a chance de estar em casa outra vez. Jogou a mochila no chão e  sentou-se em cima dela se encolhendo para espantar o frio. Chorava. Dobrou os joelhos e abraçou as pernas. Tudo o que conseguiu foi chorar.


- Está tudo bem Zoe. Tudo bem - O homem se aproximou e abaixou-se para ficar da mesma altura que ela. Passou a mão em seus cabelos.


- Estamos com você querida - a mulher que chegou logo depois  a abraçou - Oh, você está congelando meu anjo - apertou o abraço - Greg - fez sinal para que ele retirasse o casaco e a cobrisse.


A menina só chorava.


- Zoe, você está bem? Alguém te fez alguma coisa? - Greg estava desesperado. Ela apenas balançou a cabeça em resposta.


- Ficamos preocupados com você meu anjo - a mulher tinha os olhos lacrimejados. Zoe a abraçou forte enterrando a cabeça em seu cabelo loiro.


- Eu quero ir pra casa tia Morgan. Eu preciso deles. - Sussurrou. Morgan não se segurou e acabou deixando as lágrimas escorregarem de seus olhos - Eu sinto tanta falta - disse entre os soluços.


- Também sentimos Zoe. Eles fazem falta. - Greg acalentava as duas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, continuo ou pulo do quinto andar onde a Dona Maria mora?
Bjoooos.
_Rafa_