JPN Pride escrita por Thata-chan


Capítulo 5
Rain


Notas iniciais do capítulo

DESCULPE. OKAY, DESCULPE. Esse capítulo não é lá muito útil, mas é bem interessante. EXPLOREI O MÁXIMO DE DESCRIÇÃO POSSÍVEL DESCULPE AOSIDJIOFH´GOIODFGHJK



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Quinze de setembro de mil novecentos e quarenta e cinco.

O dia havia amanhecido triste, carregando a mágoa dos recentes falecidos e feridos. Estava chorando. O céu estava chorando.

            Típico início de setembro. O país oriental iniciara uma longa e cansativa jornada de chuvas que atrapalhariam não só uma, mas a vida de muitos ali.

            Acordaram ansiosos, por volta de oito da manhã. O despertador não havia feito seu trabalho direito, os dois jovens não dormiram muito bem a noite passada.

            Há de se mencionar do dia passado! Haviam assado um bolo, conversado bastante e tiveram uma demasiada diversão! O dia especial do tocador de shamisen nunca fora tão diferente. Em seus outros aniversários comumente passava caminhando pela cidade, dando autógrafos, tocando shamisen sozinho ou mesmo lendo algum livro em paz. Não era algo do qual ele estufava o peito para falar, mas tinha orgulho de ser do jeito que era e não se incomodava com o que pensavam disso.

            Reviu a foto de sua amada família que não se comunicava há tempos. Emocionou-se ao ler o poema que teria perdido em meio de alguns anos. O dia teria sido ótimo.

            Mas agora era outro dia, outro objetivo. Miyavi teria que ser forte para aguentar as mágoas (ou a felicidade) da pequena. Seria hoje que encontrariam a irmã de Akane?

            O assoalho de madeira era frio. Dois pares de pés descalços percorriam por ele. Logo, o lugar estava sozinho, vazio, parado. Sem presença de nem sequer uma alma penada. Os dois haviam partido de Kyoto.

            Algum tempo se passou. A mente de ambos os jovens permanecia ocupada por mil pensamentos. Nenhum deles seria finalizado naquele momento, pareciam igualmente apreensivos, porém o mais velho não deixava exalar esse aroma de medo.

            O tempo não os perdoava. Parecia remoer dois minutos durante uma hora.

            Finalmente, um campo vazio. Um enorme vazio. Restos de destroços e algumas edificações quase caindo aos pedaços.

            Por outro lado não tão vazio. Casas ainda permaneciam apesar do imenso(!) perigo de se manter na região. Muitas pessoas apesar dos riscos.

            Duas pessoas.

            Eles já haviam chego à Hiroshima. Não os tomou muito tempo para chegar lá, era por volta de meio dia quando começaram as atividades.

            -Akane, você está bem? –Disse o jovem coberto de casacos e tecidos que o preveniam do frio.

            -Estou sim. –Ela passava a mão pela terra e deixava a areia escorrer dentre seus dedos.

            -Bom... –Sacou papéis amarelos de dentro do bolso. –O que eu achei foi que... Na urgência, uma funcionária da cruz vermelha a colocou no hospital militar e logo após foi transferida para a filial da escola Primária Ono. Ela provavelmente deve estar lá.

            -Vamos lá.

            -Entretanto... Hoje não poderemos visitar o hospital. As informações que consegui foram que hoje e amanhã eles estarão fechados para visitas tanto para a manutenção do lugar quanto para organização da equipe de médicos e enfermeiros. Desculpe-me, se soubesse antes não teríamos vindo aqui hoje. Recebi a informação algumas horas atrás.

            -Não, tudo bem.

            O dia seria longo. O que fazer? Nenhum dos dois havia pensado nisso. Ficaram em um hotel barato ao longo das redondezas (que aliás haveria de se desvalorizar bastante daqui pra frente...) e resolveram conversar por algum tempo até que pudessem dormir finalmente.

            -Você está bem, pequena? –Perguntou o tocador de shamisen sentado diante de uma mesa redonda, apoiando seu rosto com o braço.

            -Sim, não se preocupe. –Disse na “cozinha”, que na verdade não era uma cozinha, e sim apenas um lugar para preparar condimentos como o sanduíche que estaria fazendo agora.

            Alguns minutos se passaram rapidamente. Um silêncio vagava pelo lugar...

            -Sabe o que mais me intriga? –Perguntou Akane.

            -Hm? –Levantou a cabeça, surpreso.

            -Se me permite... O que aconteceu com seus pais? –Sentou-se diante da mesa também, de frente para o tatuado.

            -É uma longa história... –Ajeitou o cabelo. –Eu sempre sonhei em ser um astro. Mas isso não era possível. Ganhei um shamisen quando era pequeno... Não me acostumei com violão. Sempre quis saber como aquele instrumento parecia, em termos de som... E comecei a praticar.

            “Minha mãe era japonesa, era gentil e delicada. Meu pai era coreano, um pouco orgulhoso e rígido. Nem sempre as coisas eram do jeito que eu esperava. Eu queria me tornar um artista, mas para isso eu precisaria sair dali. Eu queria tocar para as pessoas, queria começar a minha carreira, queria fazer o que me desse na telha. Meu pai não aceitava isso muito bem. Queria que eu seguisse suas ordens não importasse o quê. Eu simplesmente não conseguia aceitar isso. Então em um dia... eu fugi de casa. Saí de Osaka. Vim para cá. Para Kyoto. Pouco tempo depois eu fali. Estava sem dinheiro, morava de lar em lar... Só com o meu shamisen. Até então nunca mais soube dos meus pais. Minha irmã eu me comuniquei pouco tempo atrás, mas meus pais... Nunca mais entrei em contato.”

            -Isso é... triste..

            -Não... Eu escolhi por isso, sabia quais seriam as consequências, não se preocupe!

            -Por que não se comunica com eles?

            -... Ainda não.           

            Akane não se viu no direito de perguntar mais. O jovem tocador estava esboçando tédio, porém sabia que por dentro, ele havia cavado a própria tristeza. Sentia-se culpada por isso. O jovem de vinte e quatro anos (sim, agora são quatro!) parecia mais uma criança de oito. Não que fosse bobo (mas era) mas sim de possuir um coração frágil, assim como o da criança.

            Miyavi só continuou do mesmo jeito que estava. Apoiando sua cabeça com um braço, o outro apenas desenhava círculos imaginários na madeira desgastada da mesa.

            -Quer que eu faça um sanduíche para você?

            -Pode ser.

            A atmosfera parecia pressionar. Akane queria dizer algo, mas não achava que deveria. Não importasse o assunto que fosse, sentia que deveria permanecer calada. Miyavi não pensava em nada. Realmente, aquele assunto não havia o tocado de uma maneira tão intensa quanto Akane imaginara. Ele parecia refletir aquilo, mas não em um tom de tristeza. Como se estivesse rebatendo aquilo em sua mente apenas para se ocupar do tédio.

            Seus olhos não demonstravam nenhum brilho. A tarde estava cinzenta. O tempo estava frio.

            Tudo parecia... vago.

            O dia seria longo e silencioso. No dia seguinte seria feita mais alguma pesquisa.

Dezesseis de setembro de mil novecentos e quarenta e cinco. O dia novamente seria triste e chuvoso. Mas desta vez parecia uma chuva mais forte.

Uma fina camada de água cobria as ruas e calçadas da cidade de Hiroshima, afetada de inúmeras maneiras.

A manhã não presenciava nenhum ruído. Os pássaros não cantavam. Akane despertara mais cedo. Talvez por ansiedade? Não sabia, apenas abriu os orbes e encarou aquela visão cinzenta, não da cidade, mas do clima.

Acordara faminta. Levantou da cama e foi à “cozinha”. Viu que em sua bolsa não havia mais sanduíches, então trocou suas roupas e sentou-se diante da mesa, apenas olhando o jovem tatuado dormir.

Pele branca feito neve. Olhos puxados... Um oriental, de fato! Suas tatuagens... tão bem feitas... tão artísticas... Dava-lhe vontade de passar os dedos nelas. Seus braços magricelos e compridos... Parecia uma caveira. Sua boca aberta... Sua face infantil...

Aquilo lhe deu um sentimento de nostalgia. Não sabia de onde, nem como ou quando, mas conseguia sentir aquilo de um jeito muito especial. Sentia que algo estaria no fim, mas se sentia bem naquele momento.

Mesmo se tudo acabasse ali, ela seria feliz por ter conhecido Ishihara.


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Notas finais do capítulo

Reviews? O que vai acontecer? q



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