Aviões de Papel escrita por Ju Hayes


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Pois bem, depois de "Tudo Por Você", aqui estou eu com mais uma o/s fofurinha. Espero que gostem, já que eu estou pensando em fazer extras dela. :)



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Capítulo único.

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Narrado por Isabella Swan.

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Quando meu pai casou-se com Camille Brandon, eu nada esperei que acontecesse em minha vida. Não pressenti mudanças, muito menos as aspirei. Também não posso dizer que fiquei empolgada em receber uma nova família nesse ponto, contudo não fui contra. Papai estava feliz com Camille e isso era o que importava para mim. E eu ainda ganharia uma irmã, o que me fez ficar — embora não em todo — animada. Ele nunca me contara que havia tido uma filha com outra mulher, o que me causou certa resistência no início. Todavia, isso foi até conhecer Edward, um dos primos de Alice, minha recém-descoberta meia-irmã.

Edward é o modelo de homem que consegue arrancar suspiros fáceis de mim. A cada vez que íamos ver os Cullen, ou o contrário, meu coração batia leve feito pássaros no céu primaveril. Eu planejava cada passo que daria quando o tivesse por perto, cada piscada, cada respiração. Mas nada disso me favorecia. Era apenas eu sentir seu cheirinho adocicado de hortelã que o ar que entrava em meus pulmões parecia não ser o suficiente, forçando-me a respirar feito peixinhos dourados fora de seus aquários. Era apenas ele aparecer que meus olhos pareciam não querer perdê-lo de vista, forçando-me a mantê-los abertos por tempo o suficiente para deixá-los ressecados. Era apenas ele vir me cumprimentar — um pequeno beijo em uma de minhas bochechas escarlate como uma ameixa — para que minhas pernas ficassem gelatinosas e não me obedecessem mais. Eu sabia que estava me apaixonando por ele.

Quando passamos a nos ver com maior frequência, pude conhecê-lo realmente. Edward gosta de amarelo — porque é a cor do sol, ele diz que aquece o coração —, e diz que jamais rejeitaria algo rosa só por ter essa tonalidade. Ele não gosta de chocolate, amoras e geleia de morango são suas paixões e nunca teve coragem de experimentar sorvete de pistache. Edward deu o seu primeiro beijo com uma garota que ele não gostava, bebeu em excesso para enfrentar a sua primeira vez — a garota não sabia onde por a língua, reclama ele até hoje — e deseja casar-se no jardim de sua casa. Ele tem medo de palhaços e locais mal iluminados, mas é corajoso o suficiente para enfrentar uma naja com as mãos nuas. Meu quase ruivinho — que detesta que eu o chame assim — prefere beijos à sexo, abraços à palavras, sorrisos à olhares e família à dinheiro. E então eu soube que estava amando-o.

Meu mundo rachou um pouquinho quando notei que ele olhava para mim apenas como alguém que fazia parte de sua família — a qual ele amava, sem dúvida, mas nada mais que isso. Eu nunca quis forçar ninguém a nada e não seria agora que eu desenvolveria esse hábito, portanto fiquei feliz que ele possuísse algum sentimento especial em relação a mim, mesmo que fosse o de amizade. Eu me contentava em ser sua amiga, porque eu ainda tinha muito mais dele do que eu um dia pude imaginar que teria. Isso, é claro, foi somente até eu notar seu interesse por Alice.

Eu senti ciúmes quando notei seu primeiro olhar diferente para ela. Eu senti raiva quando vi o primeiro sorriso cálido — que quase gritava eu amo você! — que ele lhe lançou. Mas eu me conformei logo que vi que Ally — era assim que ela gostava de ser chamada — retribuiu seus sentimentos. Eles desejaram namorar, mas ninguém autorizou. “Vocês são primos!”, “Isso é errado!”, “Sangue do mesmo sangue, nada mais que pecado!”, todos apontavam. Mas eu aceitei e os ajudei a verem-se escondidos. Talvez alguns me chamem de tola por tudo o que fiz, mas ver Edward tão feliz acalentava meu coração consternado, mesmo que fosse com ela.

Depois de algum tempo tentando esquecer o sentimento que nutria por ele, passei a notá-lo, antes tão radiante, agora nada mais que abatido. E então ele me contou. Alice não era mais boa para ele, parecia nem mesmo um dia ter o amado. Não existia mais nada que os unia após a descoberta de todas as traições por parte dela. Edward se tornou amargo, toda palavra que saía por sua boca — tão bem desenhada, sempre senti vontade de tocá-la com a minha — possuía um tom acre. Ele quase não sorria, seu cabelo não possuía o mesmo brilho, seus olhos não tinham a mesma vida.

— Eu ainda a amo, Bella — sussurrou um dia, em meio a lágrimas. — E é isso o que m-me de-destrói. Eu não co-consigo odiá-la, ou ser i-indiferente. Eu só consigo a-amá-la. — Os soluços brotavam de sua garganta, o fazendo gaguejar, mas eu senti que ele não estava dando atenção a isso.

Eu nunca soube o que dizer. Alice não merecia o sentimento puro que Edward nutria por ela, não merecia um único pensamento direcionado a ela. Ela não merecia ser amada como era; eu tenho a certeza de que ela nem mesmo conhecia Edward. E então eu lembrei.

— Uma palavra ou um abraço? — questionei em uma tarde chuvosa, nervosa com a sua silhueta tão próxima a minha.

— Abraços. Mil deles! — ele respondeu antes de atirar-se em cima de mim, apertando-me com carinho.

A partir do dia daquela lembrança, eu sempre soube o que devia fazer. Quando via seus olhos verdes como jade brilharem mergulhados em gotinhas salgadas, eu me atirava sobre o seu corpo grande demais para o meu. Apertava-o entre os meus braços, pegava mechas de seu cabelo ruivinho e as encaracolava — apenas uma forma de dizer o que eu sentia — em meus dedos. E passávamos horas assim, comendo amoras com chantilly em um apreciado silêncio. Aquelas amoras eram cheias de significados para mim.

Levaram alguns meses para a vida renascer dentro de Edward, mas pouco a pouco um brilho de alegria passou a tomar conta de seus olhos. Em sua boca, sorrisos apareciam com mais frequência e cada vez mais sinceros. Suas bochechas tornavam-se rubras feito maçãs quando ele ria sem parar ou tornava-se tímido por algo que eu tenha dito. Até que, no meu aniversário — o qual eu decidi comemorar com uma maratona de filmes de terror ao lado de Edward —, aquecidos por um grosso cobertor, ele pegou minha mão e acariciou-a em círculos com seu polegar, enquanto eu sentia descargas elétricas percorrerem todo meu corpo.

— Bella? — ele me chamou, um sorriso acanhado iluminando seu rostinho de anjo.

— Sim?

— Eu acho que te amo — respondeu baixinho e eu podia sentir a sinceridade em sua voz enquanto via o sentimento que ele declarou por mim tomar conta de seus olhos claros.

Senti-me tão leve quanto uma pena transcorrendo o céu ensolarado.

— Eu sei que sinto o mesmo, Edward — respondi ao tirar uma mecha de seus olhos e colocando-a de volta ao despenteado ninho ruivo a que pertencia.

Embora eu saiba que talvez tenha que dividi-lo para sempre com a lembrança dela, eu também sei que comigo ele seria... simplesmente ele. Meu ruivinho.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Não gostaram? Deixem-me saber ao comentarem! :3