O Sol da manhã já começava a entrar pelas frestas da minha cortina, deixando o quarto mais quente que o possível. Não tanto assim para me fazer levantar da cama, mas o suficiente para me fazer olhar ao despertador no criado mudo. Péssima idéia.

Já eram 8:30 e eu teria de estar na escola ás 9:00, pois era o primeiro dia de aula. Sim eu já iria entrar com o pé direito naquela joça! Levantei com um desespero saído sei lá de onde peguei minhas roupas e comecei me arrumar com uma velocidade que impressionaria qualquer atleta.

Desci a escada de dois em dois degraus e parei na cozinha para pelo menos para pegar um bolinho de café-da-manhã, e notei que havia um bilhete:

“Bom dia Hanna! Só para lembrar que as aulas começam hoje e que nós já fomos. Boa sorte com o ônibus.

Mas que vadias! Que grandes vadias! Nem para me acordarem. Mas elas vão ver o quão divertido vai ser as marcas dos meus dedos em suas caras.

Corri para o ponto de ônibus perto de casa, e ainda por cima quase que o perco também. Enfiei-me naquele ônibus lotado, entre um garoto que estava de costas e um gordão com um copo de milk-shake. E o motorista do ônibus simplesmente não andava, e eu podia jurar que o gordão estava olhando para a minha bunda. Olhei para trás e vi duas garotas, uma delas alta, cabelos castanhos claros, completamente sem sal e sem açúcar, acompanhada de uma amiga. A garota era mais baixa, cabelos bem pretos na altura dos ombros e lisos, porém quando ela virou seu rosto, notei que seus olhos eram pequenos, puxados e cheios de delineador, ambos na cor preta, seu nariz era estranho e meio amassado na ponta, sua boca ridícula. Traduzindo, a garota era um perfeito travesti.As duas estavam com a mesma camiseta que a minha então deduzi, vão estudar no mesmo colégio que eu,e espero que não na mesma classe.

Cheguei à escola e notei que atrás de mim estavam as duas meninas e o garoto que estava do lado do gordão com o copo de milk-shake. Estava muito perdida pelos corredores tentando encontrar minha sala e acabei indo parar no ginásio. Voltei correndo como uma louca, e acabei escutando as risadas que já conheço desde o útero de mamãe, aquelas risadas escandalosas que somente três pessoas poderiam fazer.

Olhei pelo vidro da porta e não tive dúvidas, aquela era minha sala até que senti dois dedos tocando meus ombros me virei para trás e vi o garoto do ônibus, que tinha cabelos castanhos claros, pele bronzeada, olhos verdes e alto aproximadamente 1.85, e perguntou:
– Aqui é a sala 304? – perguntou apontando para a porta.

–Pelo visto acho que sim. - respondi dando um sorrisinho, afinal o cara era um gato.

–Então, acho que somos da mesma sala. - Ele deu um sorrisinho de canto, e posso dizer que meus joelhos bambearam.

–Pois é! – Foi a única coisa que me veio a cabeça. Sim eu sou uma tapada.

–Damas primeiro. - Ele abriu a porta e eu entrei sendo seguida por ele.

Um homem baixinho de cabelos grisalhos e óculos parou de ler o que estava lendo e ficou nos encarando e finalmente falou:

–Acho que está um pouco atrasada senhorita...?

–Mackenzie. – respondi

– E o senhor seria?

–Mason, senhor. - o garoto respondeu.

–Precisam de ajuda para acharem seus lugares?

–Não senhor. - respondemos juntos e fomos nos sentar nos dois lugares disponíveis, que para sorte ou azar, eram perto de minhas irmãs. Sim, eu disse irmãs. Somos trigêmeas, ou como somos conhecidas “As irmãs Mackenzie”. Realmente acho que foi uma noite muito boa para nossos pais.

Passei ao lado da carteira de Lucy e fiz questão de derrubar seu estojo. Abaixei-me e peguei seu estojo quando fui devolvê-lo sussurrei: Você me paga vadia. Mas a sala só pode ouvir um pedido de desculpas.

Sentei em meu lugar atrás de Heather ao lado da janela. Era uma vista maravilhosa. A escola era toda arborizada, pois era na divisa de um parque florestal. Mas também era perto da praia de forma que eu conseguia enxergar todo o mar. Estava olhando pela janela quando um papel apareceu em minha carteira:

Além de chegar atrasada, fica ai boiando na aula?

Era uma caligrafia diferente das que eu conhecia. Olhei para o lado e o garoto do ônibus estava batucando com a caneta na carteira e me dando um sorrisinho zombeteiro.

Pelo visto não sou a única, até um bilhete está mais interessante não é? – respondi e entreguei o bilhete.

Ele deu um risinho abafado e devolveu o bilhete, e eu mais do que rapidamente comecei a ler.

Com certeza conversar com você é mais interessante. Então, qual é o seu nome?

Hanna e o seu? – Respondi rapidamente e entreguei o bilhete. Ele também não demorou tanto assim para responder.

Nome bonito. Eu me chamo Blake. – Foi só o tempo de ler a resposta e o sinal tocou e junto com ele quatro cabeças se viraram e me encaravam com sorrisinhos maliciosos e falaram em coro:

–Quem é ele?

Droga! O interrogatório iria começar.