- Kenna! – Julia sorriu ao ver a amiga parada em frente a sua casa. – Entra.
Ela deu espaço para que a amiga, depois de um abraço apertado, entrasse em sua casa.
- Então, o que te trás aqui, pessoa? – Júlia brincou.
Kenna sorriu, dando os ombros.
- Pra falar a verdade, nada... Eu simplesmente senti que se ficasse mais um segundo sequer no meu quarto, em plenas férias e véspera de Natal, eu enlouqueceria. – ela disse.
Júlia tomou a frente, guiando a amiga até seu quarto.
- Não vai passar o Natal com a sua família?
- Vou, vou sim. – ela disse. – Só que se eu continuasse trancada no meu quarto durante as seis horas que faltam até a ceia, eu morreria, não tenho dúvidas disso.
Júlia pôde ver que a amiga tinha um sorriso triste sustentado no rosto.
- Certo, pode começar a contar o que esta acontecendo. – ela disse, finalmente sentando-se em sua cama.
Kenna riu olhando o quarto da menina, e tentando chegar à cama sem pisar nos vários livros e cadernos que estava no chão.
- Você estava estudando? – a amiga lhe confirmou. – Júlia, tudo bem que estudar dá ao ser humano mais tempo de vida, mas eu realmente acho que vale morrer mais cedo se for pra não estudar.
- Não mude de assunto, Kenna, desembucha.
A outra suspirou.
- O Andrew terminou comigo... – ela disse. Não havia nem tristeza nem felicidade na sua voz.
- Pensei que já tivessem terminado há algum tempo...
- Bom... – Kenna ponderou – O clima entre a gente tava meio estranho, mas nada havia terminado oficialmente, isso aconteceu hoje mesmo...
- Olha Kenna, você me desculpe, mas pra mim você não parece tão triste por isso. – Júlia observou, meio hesitante.
- Sabe que... Ah! Nem eu sei se estou ou não triste... Mas eu me sinto mal por ter me dedicado tanto pra fazer esse relacionamento dar certo enquanto o Andrew simplesmente parou de me tratar bem em um dia, e terminou comigo no outro.
Júlia sorriu forçadamente. Sabia que aquilo ia acontecer, fosse mais cedo ou mais tarde.

- É... – ela suspirou. – E a Win ta lá, trancada na mesma casa que o Jimmy, num clima super estranho de “vai-ou-não-vai?”.
Kenna riu.
- Acho que não foi uma boa idéia nós termos escolhido o mesmo momento pra ficarmos mal por amor... Fala sério... – Kenna disse. – No começo desse ano letivo eu nunca iria me imaginar nessa situação.
- Não acha que já está na hora de perdoar o Tony? Afinal, é Natal né?
Júlia e Kenna riram juntas.
- Não tire o seu da reta. – Kenna apontou para a amiga. – Eu sei do seu casinho de amizade colorida mal resolvida com o Zacky.
Júlia bufou e rolou os olhos.
- Okay, eu admito, aquele garotinho tosco mexe comigo... Demais... – acrescentou sob o olhar de Kenna.
- Ta, mas o meu caso é mais complicado...
- É nada! – Kenna protestou.
- Claro que é... Uma amizade está em jogo.
- E não meu não tem nada, né benhê? Você sabe quando eu, provavelmente, vou voltar a ser a melhor amiga do Tony?
- Claro, quando aceitar ser namorada dele também.
- Já disse que não é tão fácil assim.
- E eu já disse que é!

- Não é.
- É.
- Não é.
- É.
Kenna riu, e suspirou alto.
- Ótimo, façamos nós uma aposta então. – a menina propôs.
Júlia levou a mão ao queixo, pensativa.
- Que tipo de aposta? – ela perguntou.
- Eu aposto que você cata o Zacky antes...
Júlia corou e deu um tapa no braço da amiga.
- Se enxerga, você vai pegar o Tony bem antes disso.
- Ótimo! – Kenna estendeu a mão. – Isso é uma aposta. Se eu ganhar, você tem que arranjar o Jimmy pra Win!
Júlia gargalhou.
- Você já notou como usamos termos chulos ao nos referirmos a casais?
Kenna deu os ombros, rindo.
- Aceita a aposta ou não?
A menina estendeu a mão, tocando a da amiga.
- Mas se eu ganhar, McKenna, é você quem vai... Quem vai resolver os problemas diplomáticos Win-Jimmy! Fechado?
- Fechadíssimo!