Levantei em um pulo da cama assim que o maldito despertador começou a tocar. É... Agora eu teria de me acostumar, principalmente porque eu iria morar em outra casa e não poderia mais fazer as mesmas coisas que era de costume eu fazer na minha.

Segui para o banheiro e fiz minha higiene matinal, escolhi uma roupa confortável e peguei minhas malas que Kate havia arrumado ontem à noite, e desci para a sala. As deixei em um canto e fui para a cozinha tomar café, Kate já havia saído para trabalhar.

Estava quase me sentando no sofá quando ouço a campanhia tocar. Era Tom, provavelmente. E sim, eu estava nervosa e minhas mãos estavam começando a suar. Fui até a porta e a abri, ele sorriu para mim.

- Hanna, certo? - perguntou-me

- Sim! Prazer senhor Kaulitz! - falei estendendo a minha mão e ele me olhou estranho

- Senhor?! Acha-me velho? - perguntou-me gargalhando, me surpreendi quando fui puxada para um abraço - Me chame apenas de Tom, nada de senhor ou coisa do tipo!

-Ok! - sorri

Ele me olhou de cima a baixo e sorriu mexendo naquele piercing no canto de sua boca.

- Vejo que meu irmão se deu muito bem, arrumou uma fisioterapeuta gata! - falou e eu ruborizei - Ah, qual é? Só falei a verdade... Enfim, já está pronta?

- Já! - respondi

- Onde estão suas malas? - perguntou-me

- Ali naquele canto... - respondi e fui em direção a elas

Ele pegou uma e eu outra, e assim seguimos para seu carro que se encontrava estacionado em frente de minha casa.

Durante todo o percurso nós conversamos, ele era bem divertido, porém tarado... Mas enfim, ele era legal. Só espero que o irmão dele seja assim também.

Após alguns minutos chegamos a uma casa grande. Descemos e Tom pegou minhas malas, seguimos até a porta, entrando logo em seguida.

- Mãe! - gritou Tom

- Oh! - ela surgiu no topo da escada - Já chegaram! Seja bem vinda querida!

- Obrigada! - agradeci

- Venha, vou lhe mostrar seu quarto! - puxou-me pela mão me fazendo subir as escadas atrapalhadamente - Eu a coloquei em um quarto ao lado do de Bill...

- É lindo! - falei ao adentrar naquele cômodo - Obrigada!

- Fico feliz que tenha gostado... Vou deixar você arrumar suas coisas e volto daqui a pouco para lhe apresentar o Bill - disse ela saindo do quarto

Depois de quase uma hora arrumando minhas roupas no pequeno closet dali, ou ao menos tentando, finalmente eu havia acabado. Simone apareceu poucos minutos depois me chamando para ir conhecer o Bill.

Seguimos até o quarto ao lado do meu e entramos, ele estava deitado, parecia dormir.

- Bill? - chamou Simone e ele abriu os olhos

- Oi! - respondeu mal humorado

- Essa aqui é a Hanna! - falou empurrando-me para perto de sua cama - Hanna, esse é o Bill!

- Prazer em conhecê-lo! - falei sorrindo

- Igualmente... Minha babá! - falou revirando os olhos

Fiquei sem graça pela sua atitude... Acabo de perceber que não será nada fácil ter que conviver com ele, pelo menos de sua parte não será.

- Vou deixa-los conversando... Seja educado com ela Bill! - disse saindo do quarto

Ficamos nos encarando por vários minutos, até que ele quebrou o silêncio.

- Então... Vai ficar aí me olhando como se eu fosse uma aberração? - perguntou sorrindo cinicamente

- Como? Eu não estava te olhando como se fosse uma aberração! - retruquei - Eu só...

Nem eu mesma sabia o porquê de estar o olhando tanto, talvez fosse pela sua beleza extrema... O que foi que eu disse?!

- Você só... - insistiu

- Eu nada. - respondi

- Então... Já que não tem nada para fazer aqui, por que não vai embora? - falou

- Porque eu fui contratada para cuidar de você, não irei embora! - falei sentando-me na ponta de sua cama e ele me olhou estranho

- Se não se importa... Será que dá para levantar? - perguntou

- Não... - respondi cínica – Uhm... Tenho que te conhecer melhor, afinal a partir de hoje passarei a conviver com você!
- Suponho que já me conheça... – disse seco

- Apenas sei que você canta em uma banda famosa. Não te conheço! – afirmei

- Olha, eu estava muito bem sem precisar de uma fisioterapeuta, então... Seria muito melhor para ambas as partes se fosse embora! – falou rude

- Fale por você então... Eu estou aqui porque gosto, escolhi essa área porque acho fascinante e... – ele me interrompeu

- Acha fascinante ter que cuidar de uma pessoa impossibilitada de andar? – riu sem humor

- Acho fascinante poder fazer parte da recuperação de um paciente, não há nada melhor do que você chegar ao final de um tratamento tendo êxito e saber que ajudou aquela pessoa a voltar ao que era antes! – expliquei

- Uhm... – murmurou

Ficamos em silêncio por alguns minutos novamente, vendo que ele não iria falar mais nada, tomei a iniciativa.

- Bom, você tem de começar as sessões de fisioterapia agora, já ficou muito tempo sem praticar movimentos. – falei levantando-me da cama e pondo-me de frente as suas pernas

- Eu não tenho nada! Saia do meu quarto, por favor... - falou firme

- Não! - falei puxando o lençol dele, revelando suas pernas brancas, eu só não esperava que ele estivesse apenas com uma boxer.

- Hey! Quem lhe deu permissão para fazer isso? Cubra-me novamente, agora! - retrucou ele ficando um pouco envergonhado

- Não! Vou pegar algo para você vestir e começaremos a sua fisioterapia, quer você queira ou não! - falei firme e ele me olhou com espanto

Peguei uma calça de moletom e fui em sua direção com a intenção de vesti-lo.

- Você não irá fazer o que eu estou pensando que vai fazer não é? - perguntou

- Exatamente isso! - sorri cínica 

Enquanto eu o vestia, ele reclamava de todas as formas que podia. 

- Isso é ridículo! Minha mãe não deveria ter te contratado! - reclamou

- Ótimo! Se ela não tivesse me contratado, você demoraria séculos para voltar a andar, ou talvez nem voltasse! - falei

- E quem lhe disse que voltarei a andar? Os médicos disseram que eu tinha chances de voltar, não que tinha certeza! - falou

- Pare de ser pessimista Bill! Se você não acredita, como poderá ter forças para voltar a andar? - falei erguendo sua perna direita e fazendo alguns movimentos - Sente algo?

- Não... Não sinto absolutamente nada! - respondeu triste

- Eu vou dar o melhor de mim, garanto a você que voltará a andar... - falei

- Por que se importa tanto com isso? - perguntou

- Por que você é meu paciente e é minha obrigação fazer o melhor para que você fique totalmente bom. - respondi

Ele não falou mais nada, apenas virou o rosto para o lado da janela e assim permaneceu até eu terminar a sessão de exercícios. Durante toda a sessão ele permaneceu com o mesmo olhar triste e distante, talvez pensando nos momentos antes do acidente que o deixou assim. Imagino como seja doloroso de uma hora para outra não poder mais andar, depender de alguém para tudo... Mas as pessoas superam e criam forças para lutar e voltar a andar.

Durante a faculdade, estudei sobre casos muito piores que o dele e que após algum tempo, as pessoas voltavam a andar, ela só precisaram acreditar que iriam recuperar os movimentos de volta e fazer por onde.

Depois de quase uma hora, parei com os exercícios. Ele olhou pra mim com aqueles olhos tristes, mas em poucos minutos sua expressão séria havia voltado.

- Pronto... Vou deixar você descansar agora. Voltarei mais tarde! - falei

- Seria ótimo se você fosse e nunca mais voltasse! – disse me olhando cínico

- Sinto lhe informar que seu desejo não poderá ser atendido meu senhor! – ironizei fazendo uma breve reverência e ele me olhou com ódio no olhar - Tchauzinho!

Não esperei sua resposta, apenas me retirei dali e segui para meu quarto. É... Seria bem trabalhoso manter uma boa convivência com ele, e olha que eu estava aqui há menos de três horas!