Até os meus 16 anos eu era uma pessoa muito realista. Qualquer tipo de anormalidade que eu visse sempre tentava achar uma explicação cientifica ou qualquer coisa. O engraçado é que eu sempre encontrava a tal explicação. Hoje, aos 18 anos eu me pergunto se não era eu quem me forçava a acreditar nas minhas próprias explicações porque a minha mente era simplesmente incapaz de se abrir para algo que estivesse fora dos meus padrões de normalidade.

Para uma típica adolescente de quase 17 anos eu era perfeitamente normal, tinha notas boas e um comportamento perfeito, porém todos nós temos que deixar de ser tão perfeitinhos um dia. Isso aconteceu comigo, de uma forma que eu certamente não esperava. Em uma noite chuvosa e tenebrosa quando eu tinha apenas 16 anos e alguns meses, eu o vi, belo e caloroso como qualquer ser humano deveria ser, ele me fitava com curiosidade enquanto mordiscava seus lábios rosados. No instante ele estava ali e no outro não mais. Poucos meses depois eu descobri que naquela noite o meu tormento havia começado.

Faltava um mês para o meu aniversário de 17 anos quando eu sonhei com ele pela primeira vez, um sonho bonito e real, eu pude sentir o toque quente dele e seus beijos em meus lábios. Havia sido algo tão real que pela manhã, quando acordei, pude notar meus lábios vermelhos e inchados por seus beijos e até o frio na barriga por pensar que com apenas mais um toque eu poderia ter ido mais longe do que a pessoa cética que eu era aceitaria.

Durante a noite eu trocava caricias ardentes com um homem que eu nem sequer conhecia, pelo menos não pessoalmente, e durante o dia eu me entregava a uma depressão e a ilusão dolorosa. E isso levou meus pais a me internarem em clinica psiquiátrica no auge dos meus 17 anos e exatos seis meses. O que não me ajudou em nada, pois lá eu não tinha nada que me distraísse, eu apenas esperava a noite pra sentir o toque dele em meu corpo.

Logo que completei 18 anos recebi o direito de sair daquela clinica, afinal eu era maior de idade, não representava perigo à sociedade e nem a mim mesma. Lembro que a primeira coisa que fiz foi sair de casa, sem demais explicações eu peguei poucas roupas e passei a dividir apartamento com uma amiga antiga, trabalhei duro por três meses, poupando dinheiro aponto de passar fome e então eu finalmente comprei a minha passagem para Los angeles com a certeza de que eu poderia descobrir meu amor ou entrar novamente em depressão ao constatar que eu era, como todos diziam, louca.