Flashback On

Como de costume Bella ficava com as louças da janta e Seth com as do almoço, e naquele dia não havia sido diferente. Enquanto Bella ensaboava uma colher, Seth surgiu na cozinha, com um lindo sorriso na face e ficou ao lado dela.

— Oi! — Ele a cumprimentou feliz. Ela olhou para ele com uma sobrancelha arqueada.

— Oi! — Tentou soar tão entusiasmada quanto ele.

— O que você está fazendo? — Ele perguntou enquanto pegava outra colher, de dentro da pia.

— Eu estou... — Bella foi interrompida pelo Seth, na verdade pela colher de arroz que Seth segurava direcionado a ela. — O que você tem?

— Prepare sua espada, senhorita. — Ele cutucou a colher na barriga dela e Bella semicerrou os olhos, em seguida pegou a colher de salada que estava ensaboando e começou a manuseá-la como se fosse realmente uma espada.

Então estavam ambos na cozinha, cada um com uma colher, na qual imaginavam serem espadas e estavam duelando. Uma cena muito típica, onde todos veem em qualquer família, entre dois irmãos normais, com muita frequência. Diria até que duelo de espadas — colheres — entre irmãos é algo tão comum quanto camisetas escritas I Love NY.

— Nós não batemos muito bem da cabeça. — Bella disse entre risos, enquanto tirava a colher da mão de Seth e a colocava de volta dentro da pia, junto com a sua própria.

— Dúvidas? — Ele sorriu e arqueou uma sobrancelha. — Termina ai, pra gente jogar vídeo game.

— Ta bem, mas eu quero ficar com o play um! — Avisou.

— Não! — Balançou a cabeça negativamente. — Eu fico com o play um, você fica com o play dois!

— Por que você fica com o play um e eu com o dois?

— Porque o vídeo game é meu, oras. — Cruzou os braços e riu. — Nada mais justo.

Bella não disse nada, apenas espirrou água da torneira em Seth.

— Ah, eu não creio que você tenha feito isso. — Ele disse começando a ir à direção dela, porém ele não a alcançou, visto que, ela havia saído da cozinha as pressas.

— Você não me pega! — Ela gritou para ele entre risadas.

Ambos correram em volta do sofá — em que seus pais estavam deitados, assistindo ao noticiário — por varias vezes.

— As crianças querem parar, por favor? — Charlie pediu já acostumado com a infantilidade dos filhos.

— Só se o senhor me ajudar. — Seth disse ainda correndo.

Charlie jogou de ombros e esticou a perna na mesma hora em que Bella corria a sua frente e ela acabou caindo no chão.

— PAI! — Bella gritou indignada, mas não pôde se levantar e queixar-se mais, pois Seth estava em cima dela, lhe fazendo cócegas. — Ah! Para — ela ria e se debatia ao mesmo tempo — Seth!

Seth se divertia com o desespero de sua irmã.

— Mãe! Me dá uma ajuda aqui! — Ela pediu entre risadas.

Renée ria junto com Charlie, da brincadeira de seus filhos.

— O que eu ganho em troca? — Perguntou zombeteira.

— Vocês não me amam, né? É um colocando o pé para eu — ela estava quase sem ar de tanto que ria —, para Seth! Para eu cair, o outro quase me matando de rir e minha própria mãe se recusando a me ajudar!

Bella empurrou Seth com força e conseguiu sair de debaixo dele, que tinha um sorriso divertido nos lábios.

— Nos processe! — Seth falou puxando o pé dela e tirando seu tênis, depois voltou a lhe fazer cócegas.

— MÃE! — Ela gritou entre risadas.

— Só se você fizer as compras desse mês. — Cantarolou fazendo Charlie e Seth gargalharem.

Flashback Off

Lembranças, parece que foram as únicas coisas que restaram dela. De sua irmã caçula desaparecida um final de semana inteiro.

Seth abriu os olhos. Em sua testa o suou corria, seu coração estava acelerado e em sua cabeça a sonora de risos omitidos por Bella ainda soavam.

Ele se levantou da cama e caminhou até sua janela, que dava para a pequena quadra de basquete que eles tinham ao lado de fora da garagem. Recordava-se das vezes que brincou naquela quadra com Bella. Ela perdia quase sempre, ah, quem ele quer enganar? Ela perdia sempre. Mas se divertia mesmo assim, o que era intrigante, porque as pessoas — a maioria delas — não se divertem com as derrotadas, mas Bella sim. Sua irmã era diferente de qualquer outra pessoa e ele temia pela segurança dela agora.

Temia por ela desde sexta-feira à noite, quando ele voltou à escola dela —, visto que, já estava muito tarde e ela ainda não havia retornado — para saber o que havia acontecido. O pior! Ninguém havia visto Bella. E Sarah havia desaparecido também. Quando seus pais souberam ficaram enlouquecido, com tudo, principalmente Charlie, que não hesitou em colocar viaturas atrás delas.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, eles encontraram James, o garoto que havia levado Bella ao baile. Na delegacia ele confessou tudo o que planejara com Bella. Seth queria espancá-lo até a morte pelo simples fato dele ter tido pensamentos tão repugnantes com sua irmã. Mas ele se conteve quando o louro disse que não havia feito nada a ela, porque um homem apareceu o deixando desacordado e a levando.

Tudo o que ele disse apenas piorou o desespero dos Swan! James não sabia nem mesmo dizer quem fora o homem que surgira e levara Bella, o que era tremendamente agonizante! E quando perguntaram por Sarah, James nada soube dizer, o que enredou ainda mais toda aquela investigação.

Em fim, sábado passou e agora era domingo e nenhuma pista do aparecimento de Bella e/ou de Sarah — já que possuíam teorias de que ambas, talvez não estivessem juntas.

Flashback On

— Bob Esponja é muito idiota. — Seth disse aparecendo no quarto de Bella, sem bater. Ela estava deitada em sua cama lendo um livro de inglês e com um caderno sobre seu colo.

— Pode entrar se quiser, ah, é. — Ela olhou para ele. — Você já entrou. — Ele riu e se jogou ao lado dela na cama. — E por que você acha Bob Esponja idiota?

— Porque é idiota. — Suspirou. — Mas é muito legal, divertido e eu gosto! — Entusiasmou-se.

— Então por que você acha idiota, já que você gosta? — Bella franziu o cenho.

— Não sei, acho que eu me identifico com coisas idiotas. — Sorriu sorrateiramente.

— Isso explica muita coisa. — Bella voltou a ler o livro.

— Claro. — Concordou. — Viu por que eu te acho legal, me divirto com você e te gosto? — Bella olhou para ele com os olhos semicerrados e ele sussurrou: — Porque você é idiotinha. — Sorriu. — Minha idiotinha!

Bella pegou seu travesseiro e jogou no irmão.

— Ai! — Ele riu junto com ela e subiu em cima dela, cutucando sua barriga e a fazendo rir.

— Ah, qual é você não sabe fazer outra coisa não? Só cócegas? — Gargalhou! — Sai de cima de mim Seth! — Disse enquanto se contorcia de tanto rir.

Flashback Off

O que restou para Seth fora as lembranças? Nada, a não ser a risada dela, que ainda ecoava nitidamente dentro de sua cabeça.

~*~*~

— E seu pai? — Bella perguntou enquanto pisava em cima das folhas das arvores, que estavam espalhadas pelo chão.

— O que tem meu pai? — Edward respondeu com outra pergunta, totalmente desinteressado.

— Onde ele está?

— Não sei e também não faço questão de saber. — Ele segurou o galho de uma arvore para passar e em seguida o soltou.

— Ai! — O galho foi exatamente na direção do rosto de Bella. — Seu idiota! — Ela segurou o galho e atravessou o caminho, depois o soltou. — Por que fez isso? — Ela bateu no braço dele.

— Só pelo prazer de ouvir você me insultar, princesa. — Arqueou uma sobrancelha e voltou a andar. Bella revirou os olhos e o seguiu.

Uma brisa suave soprou na direção deles, e apesar de ter sido suave, fez todos os pelos do corpo de Bella se eriçarem. De repente ela se pegou tremendo de frio. Suas roupas ainda estavam molhadas, o que não ajudava em nada.

— Consigo ouvir seus dentes rangerem daqui. Acho que foi uma ideia estúpida te tirar da cabana, sendo que você está doente. — Comentou Edward, ainda caminhando.

— Não, foi uma ideia estúpida você ter me levado para a cabana. —Contra atacou, abraçando seu próprio corpo.

Edward nada respondeu.

Não demorou muito para eles chegarem ao seu destino.

— É melhor você tomou um banho e vestir roupas secas. — Edward entregou para ela a toalha.

Bella não disse nada apenas pegou a toalha e foi para o banheiro. Ela tirou as roupas molhadas e o tênis, depois entrou debaixo do chuveiro e sentiu seus músculos relaxarem com a água quente banhando seu corpo por inteiro.

Edward refletiu por algum tempo, que para ele pareceu longo, sobre o fato dele ter aceitado capturar Bella. Para ela fora uma ideia estúpida. Estúpida talvez tenha sido a “qualidade” mais sutil para o que ela realmente queria dizer: Ideia repugnante, fria, imprudente, asquerosa!

— Esqueci minha roupa. — Edward levantou seu olhar na direção da porta do banheiro e se deparou com Bella, enrolada a toalha. — A seca, me refiro. — Explicou-se.

— Ah! — Edward pegou em cima da cama as roupas que ela tinha usado para dormir na noite passada. Camisa preta de mangas longas e calça jeans.

Ele lhe entregou a roupa.

— Pega. — Ela recolheu as peças de roupa. — Ah, espere. — Ele voltou até a cama e pegou a mochila e de lá tirou peças de roupa intima feminina. — Pra você, percebi que quando tirei a sua hoje mais cedo ela estava molhada e...

— Ta, ta! — Bella caminhou até ele e tirou as peças limpas da mão dele, um pouco vermelha.

— Está com raiva? — Ele perguntou inocentemente.

— Não! — Ela deu as costas, mas ele a puxou, bem, mais especificamente puxou a toalha. — Edward! — Ela se virou para ele e tentou se tampar como podia.

— Não foi minha intenção puxar a toalha. — Ele disse risonho, se divertindo com as manobras que ela fazia para tentar se cobrir. — Ah, pare de hipocrisia, acabamos de transar, te vi completamente nua e agora você está ai, com raiva por eu estar te vendo nua. — Revirou os olhos e bufou. Ele parecia realmente irritado, na verdade mais parecia chateado.

Sentimento de culpa voltou a tomar conta dele, mas dessa vez ele não tentou dissipá-la. Eles transaram. Ele tirou a virgindade dela, talvez ela realmente tivesse motivos para estar com raiva.

Ele sorriu sem humor.

— Não estou com raiva, só... — Ela engoliu em seco, parando de tentar se cobrir e deixando as peças de roupas caírem ao chão.

— O que? — Edward arqueou uma sobrancelha. — Eu tenho certeza que o que você tem é raiva sim, mas eu não a culpo, você tem todo o direito, afinal eu tirei a sua virgindade! — Passou a mão pelo cabelo.

— Como é que é? — Ela cruzou os braços sobre os seios e o olhar de Edward logo os fitou.

— Hã, é melhor você se vestir logo. — Ele se abaixou e voltou a pegar as roupas, mas Bella deu um safanão em sua mão, o fazendo derrubar novamente as peças de roupa.

— E agora quem é que ta sendo o hipócrita? — Ela estava irritada. — Não estou brava pelo fato de você ter me tirado a virgindade! Estava apenas com vergonha, sei que é estanho já que, como você disse, nós transamos, mas eu estou caramba! Eu tenho culpa de estar envergonhada por um cara, mesmo que tenha sido o que me tirou a virgindade, me ver nua? É algum crime? — Ela jogou as mãos para o ar.

— Não estar com vergonha agora.

— Cala a boca! — Ela ficou na ponta do pé e o encarou. — Agora não estou com vergonha, mas estou irritada pelo fato de você achar que eu esteja com raiva por você ter feito o que fez. Porque pelo o que eu sei você não me agarrou a força, ambos fizemos e eu estou consciente disso, não me arrependo! Até por que foi uma das melhores, se não a melhor, sensação que algum dia eu poderia sentir em toda minha existência. — Seu halito batia contra a face de Edward, fazendo todos os pelos do corpo dele se eriçar. — Nós dois estávamos conscientes. — Finalizou tão perto dele que seus lábios se tocaram.

— Mas eu pensei com a cabeça debaixo.

Foi à vez de Bella rir sem humor e se afastar.

— Vai à merda! — Okay, ela não estava envergonhada ou irritada, mas sim magoada, pois ela acabara de ser sincera com ele, em relação ao que fizeram e tudo o que ele diz é isso. Frase na qual para Bella tinha este significado: Se eu não estivesse tão excitado e com uma vontade absurda de extravasar esse desejo que sentir naquele momento, eu não teria feito nada, absolutamente nada com você, porque você não me interessa.

Ou algo do tipo, mas magoou de qualquer forma. E ela não queria estar se sentindo daquele jeito! Não por Edward Cullen! Afinal ela já devia esperar uma reação idiota de um completo idiota ao falar de seus sentimentos com UM IDIOTA!

Sem pensar duas vezes Edward agarrou o pulso de Bella a fazendo se virar — ela havia lhe dado às costas.

— Está tudo muito confuso. — Ele sussurrou quase suplicante. Bella nunca o havia visto daquela forma. — Foi uma das melhores sensações para mim também. Com você foi diferente. — Acrescentou. Ela nem piscava. — Desculpe. — Ele a soltou.

Pela primeira vez, desde que ela o conhecera, ele lhe pediu sinceras desculpas. Aquilo era inacreditável.

— Você está me pedindo desculpas exatamente pelo o que?

— Por você ter me conhecido. — Ele se abaixou e voltou a pegar a tolha e as peças de roupa. — Troque-se. — Ele lhe entregou os pertences e indicou o banheiro com o queixo.

Ela não disse nada — o que ela poderia dizer? —, apenas pegou as coisas e foi para o banheiro, vestir-se.

Edward retirou seus sapatos e meias, depois a camisa social.

Sim, ele sentia muito por ter aceitado acatar com os pedidos de Fausto e ter capturado-a, mas o que ele poderia fazer? Afinal este era o trabalho dele.

Ele estava tão absorto em seus pensamentos que nem mesmo ouvira a porta da cabana se abrindo, ele olhou para lá e viu Sarah.

— Qual é o seu problema em manter-se vestido, Edward? — Perguntou com os olhos semicerrados.

— O que você está fazendo aqui? — Sarah fechou a porta e caminhou até onde ele estava: quarto.

— Almoço? — Ela levantou uma sacola verde musgo e dentro dela havia dois pratos feitos.

— Ah, claro. Obrigado. — Ele pegou a sacola e a deixou em cima da mesa da cozinha.

— Por que você está molhado? — Sarah questionou com uma sobrancelha arqueada.

— Porque eu não estou seco. — Respondeu sarcasticamente, fazendo Sarah revirar os olhos.

— Você é tão...

A porta do banheiro sendo aberta e a voz da Bella — que estava vestida — interrompeu Sarah:

— Edward você viu meu sutiã? Eu não o encontro em par... — Ela parou de falar quando viu Sarah ali. Parada. Com uma expressão assustada.

— Mas já estão a este nível? Como assim? — Sarah estava boquiaberta. — Puxa Edward, você não perde tempo, hein? — Cruzou os braços. — Como você pôde fazer isso? Isabella é vir...

Edward a interrompeu.

— Aqui. — Ele pegou o sutiã de Bella, que estava no chão. Ele havia se esquecido de recolhê-lo também. — Toma. — Ele lhe entregou a peça.

— Obrigada.

— Se vocês me dão licença, agora eu vou tomar banho. — Ele puxou Bella da porta do banheiro, fazendo-a entrar completamente no quarto.

Edward fechou a porta e as duas ficaram sozinhas no quarto. Em total silencio.

Aquilo estava um tanto que constrangedor. De fato aquilo era constrangedor. Era estranho também. Ambas não sabiam como agir, mas parece que Bella resolveu ignorar o fato de que Sarah estava ali e sentou na cama. Com as pernas esticadas e as costas na cabeceira, de frente para a porta do banheiro.

— Podemos conversar? — Sarah perguntou.

Bella franziu o cenho e olhou para ela com uma sobrancelha arqueada.

— Conversar? Agora você quer conversar? Acho que você vai ser paga só por ter me capturado, não precisa conversa. — Virou a cabeça para frente novamente.

— Leve nossa conversa como um bônus, um bônus não pago. — Sarah disse calmamente, com um pequeno sorriso nos lábios. Sarah ao se aproximar da cama, fez com que Bella recolhesse suas pernas para que pudesse se sentar. As costas encostadas na parede. — Como você está?

Bella trincou os dentes.

— Ta mesmo me perguntando isso? Sério? — Passou uma das mãos pelo cabelo. — Esquece esse bônus idiota, não quero conversar.

Na verdade ela sentia falta de conversar com Sarah.

— Desculpe. — Sarah sussurrou.

Bella levantou seus olhos para a face de Sarah e paralisou.

O que aconteceu com os irmãos Cullen para resolverem pedir desculpas hoje? Bella estava confusa.

— Por eu ter te conhecido? — A morena arriscou.

— Não, por ter usado sua escova de dente no acampamento da escola. — Disse a olhando seriamente, mas lá no fundo com um traço de diversão.

Aquela era Sarah, sendo Sarah, sua amiga da semana passada.

— Acho que posso te perdoar por isso. — Bella disse semicerrando os olhos.

— Obrigada. — Assentiu sorridente.

— Não por isso. — Bella jogou de ombros.

Evanescence - My Immortal

O silencio voltou a parar sobre elas, apenas o barulho do chuveiro dentro do banheiro era audível.

— Os quatro meses em San Francisco — Sarah começou vacilante —, foram os melhores que eu poderia vivenciar algum dia. Conhecer você então. — Ela olhou para suas mãos sobre seu colo, envergonhada. — Desculpe pelas minhas palavras e pela minha frieza, eu só queria provar a mim mesma que eu poderia ser tão indiferente quanto Edward.

— A custo de que você queria ser tão idiota quanto seu irmão? — Sarah a olhou com um sorriso sem humor nos lábios.

— Parecia tão mais fácil agir com frieza e mentir.

— Parecia? Não é?

— Não. — Umedeceu os lábios. — Tentar não se importar dói mais do que se importar. É como querer chorar e se esforçar para não fazê-lo, consequentemente sua garganta se fecha e você sente uma necessidade maior ainda de chorar, mais do que no começo, quando você tentava evitar as lágrimas.

— Como tentar não se lembrar de momentos felizes com uma pessoa, porque essas lembranças te machucam e então acontece ao contrário? As lembranças se tornam mais nítidas... assim como a dor? — Bella engoliu em seco.

— É.

— Você me machucou.

— Eu sei e sinto muito por isso. — Os olhos verdes de Sarah começaram a arder.

— Pensei que você fosse minha amiga. — Uma lágrima desceu dos olhos de Bella.

— E eu sou. — Sussurrou.

Bella balançou a cabeça negativamente.

— Me desculpe, Bella. Eu sinto muito mesmo, se eu pudesse voltar no passado, mas já está feito. — As lagrimas já banhavam seu rosto. — Eu sempre te considerei minha amiga, por favor, nunca duvide disso. Eu sei que te machuquei e te magoei, não me orgulho de minhas atitudes, mas me deixei gostar de você, coisa que eu não deveria ter permitido. — Limpou as lagrimas com as costas da mão. — Mas você é encantadora e foi tão legal comigo, sempre. Nos tornamos melhores amigas e... — Falar estava se tornando difícil. —... Me desculpe, Bella. Você sabe que eu te amo. Me perdoe!

Bella não disse nada. Ela só tinha vontade de chorar e chorar.

— Eu gostaria de ter você nesse momento tão difícil que eu estou passando. Descobrir que não sou uma Swan e que sou uma princesa foi doloroso demais, mas como eu poderia ter você aqui comigo, sendo que foi você quem ajudou a me colocar nesse pesadelo? — A voz dela subiu algumas oitavas. — Mas nenhuma dessas atrocidades poderia ser pior do que a de descobrir que no final você me apunhalou pelas costas. — Olhou para o teto e limpou as lágrimas. — Eu sempre me sentir uma típica garota americana que possuía uma família feliz, uma melhor amiga que eu pensara ser tudo para mim, sonhos a ser realizados, a vontade de construir a minha própria família, poder salvar vidas, viajar pelo mundo! Eu tinha um futuro todo arquitetado! — Soluçou pelo constante choro. — Então de um dia para outro eu não sou quem eu sempre pensei ser, meu mundo virou de cabeça para baixo e a parte mais cruel disso tudo é que eu não tinha você para me apoiar, para me ajudar, me aconselhar ou me fazer rir! Dizer que tudo ficaria bem e me abraçar! VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI PARA ME ABRAÇAR E DIZER QUE TUDO FICARIA BEM! NÃO ESTAVA! — Sarah se levantou rapidamente e ficou de joelhos em cima da cama, de frente para Bella e então a puxou para que ela a abraçasse.

— Eu estou aqui agora, shhh. Eu estou aqui, Bells! — Sarah a apertou forte contra seus braços. Bella também a abraçou e deitou sua cabeça no ombro dela. — Me desculpe, por favor, me desculpe, eu te amo! Me perdoa! Tudo vai ficar bem, não vou deixar nada te acontecer.

— Eu não quero ser uma princesa Sarah, por favor, me tira daqui, me leva de volta para San Francisco. — Implorou.

— Me desculpa, me desculpa. — Sarah repetiu enquanto acariciava o cabelo dela.

***

Qual o valor da amizade para você? Já pensou nisso? O que você faria sem sua melhor amiga? Aquela pessoa que é tudo pra você? Você moveria montanhas para acabar com a tristeza dela e lhe fazer a pessoa mais feliz do mundo, mas e quando você é um dos motivos da tristeza dela? O que se fazer?

Pare e pense antes de fazer ou falar qualquer coisa para aquela pessoa que de certa maneira é o seu chão, porque ainda não se criou nenhum sábio homem que pudesse construir uma maquina do tempo.

***

O táxi estava em alta velocidade pela rodovia. Emmett olhou pela janela e arregalou os olhos quando leu a placa que indicava: Sejam bem vindos a Las Vegas!

— Las Vegas? — Ele exclamou para Rosalie — ao seu lado —  que tinha um sorriso sapeca nos lábios.