- Então... – começou sua professora depois de um treino exaustivo no final do dia. – Quanto tempo você tem?

            - Hã... – murmurou Grace cansada, mal conseguindo ficar em pé.

            - Quanto tempo você tem até voltar para a sua guilda?

            Momento de silêncio...

            - Guilda? Não! Eu apenas...

            - Por que tem uma marca no seu braço?

            Grace quase teve um susto, tinha se esquecido de completamente daquele detalhe.

            - Eu ia te contar... um dia... Talvez.

            Jane revirou os olhos e se sentou no chão, como se estivesse meditando ou algo assim.

- E pelo visto não vai nem mencionar o seu irmão, não é? O que aconteceu com ele?

            - Não posso contar... Ainda.

            - Hunf... Então, me responda: quanto tempo?

            - Não sei direito... Talvez apenas uma ou duas semanas...

            - Acho que dá tempo... Levanta-se.

            Grace se sentiu instantaneamente curiosa. Ficou em pé de frente à professora, esperando qualquer tipo de xingamento ou algo assim.

            - Me da um soco. – pediu.

            A maga do ferro instantaneamente estreitou as sobrancelhas. O que significava aquilo?

            - Um soco?

            - Um soco.

            A garota ficou mais desconfiada ainda.

- Como assim? Quero dizer... O que isso significa? Qual é o motivo...

- Dá pra dar o soco logo ou quer que eu faça isso pra você?

No segundo seguinte, Grace dera um soco certeiro na cara da professora, mas por algum motivo não a atingira... Fora como acertar o vento no lugar do corpo dela, atravessando-a e caindo no chão.

- Você era melhor do que isso... – murmurou Jane. – Antes podia ter acertado mais rápido e assim não daria tempo de você me atravessar... O que houve com você? Parou de treinar por quê?

- Eu... – disse se recuperando da queda. – As missões não são difíceis assim... Eu acho que não preciso me esforçar tanto... Por isso estou aqui de novo.

- Você esqueceu tudo que eu te ensinei? Tudo que nos ensinaram?

Grace ficou calada.

- Você tem um destino a cumprir... Eu sou aquela que te levarei a ele... Mas ficar em uma guilda... Não vai te ajudar em nada.

A maga do ferro continua calada.

- Bem, eu resolvi finalmente te ensinar a usar isso...

- Hã?

- Minha magia de transparência... Vai aprender ou não?

- Hã... Vou!  - disse com firmeza.

- Ótimo... Mas...

- Você quer que eu saia da guilda, não é?

Silêncio.

 - Por enquanto não.

Grace a olhou surpresa e por algum motivo, feliz.

- Pode voltar, mas... Já vou avisando, você não ficará lá para sempre... Precisamos de você aqui.

- Eu sei. Fiz uma promessa, não fiz?

Jane sorriu com orgulho. Talvez tudo finalmente pudesse dar certo para eles, sabia que fora uma boa ideia ter trago aquela garota.

- Ótimo... Agora vá dar cem voltas pela floresta inteira.

- Agora? Mas acabamos de treinar e...

- Você tem 10 minutos. Lembre-se: você não pode derrubar nenhuma árvore.

- O que?! Nenhuma árvore?! Mas... Se eu ficar desviando...

- Não é pra desviar. Se não conseguir hoje, pode tentar de novo amanhã mesmo. Mas com o dobro de numero de voltas com metade do tempo.

- Eu... Não posso ultrapassar coisas...

- Talvez pudesse se não ficasse perdendo seu tempo em uma guilda. Francamente... O que vocês, jovens de ultimamente, andam pensando? Já falei que irei te ensinar garota... Mas primeiro precisamos de pressão... A cada dia que você não conseguir, irei diminuir o tempo e dobrar as voltas, assim como disse antes. Uma hora você deve completar.

Grace ficou com raiva, aquilo seria um treinamento cansativo e praticamente impossível para qualquer um, se pelo menos pudesse bater nas arvores... A floresta não era tão grande, mas desviar a faria perder algum tempo e aquilo à atrapalharia... Se Okky estivesse ali, eles podiam ir voando.

- Se eu fosse você corria, já perdeu dois minutos aqui comigo. – disse a velha, fazendo Grace começar a correr mais rápido do que nunca.

***

Enquanto corria, a maga do ferro se sentia uma lesma. Desviar era tremendamente difícil naquele lugar... Havia árvores a cada espaço. Quando era menina, chegava a ficar presa em alguns galhos, mas o bom é que era pequena, então não havia muito perigo naquilo.

Naquele momento, se lembrou de quando Jane havia a obrigado a fazer aquela estranha promessa... Fora um pouco depois de começar a mostrar umas excelentes habilidades com espadas... Mas Okky não fora com ela, por algum motivo. Então, se sentia muito sozinha.

- Jane... – lembrou-se de ter perguntado naquele dia com apenas oito anos. – Para onde vamos?

- Você vai descobrir um dia. – explicou. – Só espero que tenha paciência... Pode demorar um pouco. E até eles marcarem você com sua promessa...

- Promessa? Do que está falando?

- Nada não, querida. Espere, por favor.

E continuaram andando sem parar.

Até que a garotinha havia percebido uma clareira no meio da floresta... Parecendo ser o único lugar onde não havia árvores demais. De inicio, o lugar parecia vazio, mas depois ela notou que havia alguém lá...

- Olá. – disse um homem. Ele parecia um velho daqueles que via em contos de fada... Como um bruxo ou algo assim. – É essa a garota, Jane? Tem certeza? Ela realmente pode ocupar um papel tão importante assim?

- Não tem ninguém melhor... E é a ultima pessoa para esse cargo, ninguém arriscaria...

- Se eu colocar esse poder nela... As coisas podem se complicar. Deixe-me explica-la primeiro...

- Não precisa, ela não deve estar entendendo nada e deixe-a assim. Só marque-a e pronto. Deixe que eu a ensino depois.

Grace lembrou-se de ter sentido medo naquele momento. Aquele homem... Não parecia ser uma boa pessoa. E demorou apenas alguns segundos para sentir aquele marcador vindo contra seu braço, exatamente no mesmo lugar em que o da Fairy Tail estava agora.

            - Pronto. – respondeu e Grace notou a marca em formato de alguma coisa redonda aparecer e segundos depois, sumir. – Feito. Agora repita comigo hã... Qual é o seu nome mesmo?

            - Grace. – respondeu a garota tremendo de medo.

            - Grace... Repita: eu prometo honrar e respeitar meu símbolo e meu dever, mesmo contra minha própria vontade, a respeito de que o mundo um dia, seja do jeito que deve ser.

A menina repetiu, sentindo que iria errar alguma coisa, mas acabou terminando de forma correta a frase.

            - Ótimo. – disse Jane. – Agora é esperar.

            - O que?

            - A marca terminar de fazer efeito. – respondeu o tal homem. – Que começa agora.

            E Grace sentiu uma dor como nunca sentira antes.

***

A maga do ferro não se sentia mais tão brava por aquilo, já entendera que seu destino sempre fora aquele e que fora também muito útil aquele poder. Afinal, fora com ele que podia transformar suas espadas em qualquer outra arma que quisesse, por algum motivo, ele permita-a mudar a forma e o tempo do que gostaria.

            Mudou até mesmo... O próprio irmão, mesmo que tenha sido por um horrível erro.

            Quando finalmente dera 100 voltas, se sentia horrível. Mas olhou no relógio. Fora bem mais do que 10 minutos. Voltara para casa se sentindo cansada e dolorida, sabendo que seria mil vezes pior no dia seguinte.