Enfim, pegamos o trem, finalmente essa missão ia acabar, mas ainda sem nenhum sinal da minha namorada e do irmão dela, eu arrumo outra quando chegar ao acampamento, eu ia entregar a loira meiga, fofa de bem com a vida e que eu odeio do fundo da minha alma pro pai dela, eles iam pro Olimpo, Hélios ia chutar a bundado Apolo pra fora do carro do Sol e eu ia ter a melhor semana da minha vida rindo sem parar disso.

-Gente, vocês não acham estranho nada ter atacado dois semideuses e um projeto divino durante todo esse tempo? –perguntou Alice.

-Vai ver eles cansaram de morrer 500 vezes por ano e se aposentaram. –eu disse.

-Séria bom demais para ser verdade. –ela respondeu.

Sim, nada tinha atacado a gente enquanto pegavamos o trem e nem durante a viagem, por alguma razão desconhecida, mas isso não significava paz, Luna de vez em quando começava a fazer perguntas sobre o Olimpo que me enchiam o saco, ela podia esperar e perguntar direto pros pais dela não podia?

-O olimpo é legal? Como são os deuses? Minha mãe é bonita? Hefesto é feio mesmo? Como é Athena? Hermes usa aquele chápeu com asinhas? Zeus é barbudo? Poseidon é azul como nos dese...

-CALA ESSA BOCA MULHER! –eu odeio gente que não consegue calar a boca.

-Mas eu só queria umas...

-Não interessa! Você só irrita.

-Acho que você faz isso por que no fundo gosta de mim.

-No.

-Ah... Então tá...

-Os pombinhos pararam a DR agora? –disse Alice, bati na mão dela.

-Calada você também! Engraçadinha...

-Eu? Eu sou um anjinho... –ela arregalou seus grandes e expressivos olhos e colocou as mãos no rosto, como uma criança de desenho animado. –Eu sou fofa. Não é mesmo?

-Mulher diabo. –falei, ela deu risada e se endireitou na cadeira.

Depois de muito, muito, muito tempo de viagem de trem, com Alice e Luna conversando sem parar (e nem respirar, como as mulheres conseguem?) sobre o Olimpo e os deuses, elas passaram das conversas históricas depois de um tempo, e foram direto para algumas coisas atuais:

-Apolo é lindo? Nas histórias dizem que ele é lindo.

-Apolo pode ser bonito para uma mulher normal, mas eu acho ele uma bicha, sem mais, aposto que quando ele não tá fazendo pose de pegador, ele trabalha de stripper em boate gay, ou é cliente sei lá, só sei que fundo ele tem vontade de liberar o negócio.

-Que horror... Como é o pai de vocês?

-Grande cabelo preto e oleoso que chega até os ombros, com uma barba mal feita muito preta, olhos escuros, sorriso de estrupador, sério, meio pavio curto e no fundo uma boa pessoa.

-Véi... Uh uh! Os deuses usam saia como nos desenhos?!

-Hoje em dia não, eles preferem ternos e coisas assim, mesmo o papai, papai anda com capa e cara de mal, só falta à música de fundo do Darth Vader.

-Eu acho que vou adorar isso, como é o acampamento de vocês?

-Bem, eu e o Órion somos de acampamentos diferentes, o meu é um lugar grande e maravilhoso, tem uma cidade, templos grandes, lugares enormes, restaurantes, tem fantasmas que falam elefantes. O do Íon tem umas casinhas e uma rede de voléi e... Bem é só isso mesmo.

-Acampamento pobre, oh desgraça... –eu falei.

E elas continuaram conversando por um longo e tedioso tempo, passamos por diferentes paradas, Alice comprava alguma coisa cheia de açúcar e voltávamos para o trem, até chegarmos novamente à Grécia (foi uma viajem realmente tediosa, não vou entrar em detalhes...), descemos do trem, e saímos da estação, estava um dia ensolarado e sem nuvens, o dia perfeito pra ir encontrar com o deus do sol, Alice comprou mais doces e começamos a caminhar para a casa do Hélios, estava a tanto tempo sentado no trem que demorei cinco minutos pra fazer o sangue voltar a circular nas minhas pernas, mas depois foi tranquilo.

-Falta muito? –Luna perguntava isso de 10 em 10 minutos, não podia culpa-la, estávamos andando por ai em um lugar que ele nunca viu em um calor do cão... Na verdade posso culpar sim, essa vagabunda não cala a boca!

-Luna, por favor, cale-se, você vai saber quando chegarmos... –e assim viajamos, durante muito tempo, até avistar a cabana de Hélios ao longe, Luna abriu um sorriso radiante, e saiu apressada na frente, mas por alguma razão, a casa não tinha aquele brilho que tinha quando Hélios e Selene estavam lá, ela parecia mais escura, tinha alguma coisa errada... –Luna, espere! –tarde demais.

Uma flecha apareceu cravada no ventre da pequena deusa, obviamente isso não seria nada pra ela, mas por alguma razão, ela não parecia conseguir se mexer, outra flecha passou zunindo, essa atingiu Alice no ombro, ela caiu e também parecia não conseguir se mexer.

-Bem, Órion, temos um problema aqui. - eu me virei para minhas costas, onde encontrei um cara jovem de cabelos negros com profundos olhos azuis marinho.

-Yakusa, você sabe o quê isso significa? –ele tinha uma espada em mãos, era uma longa e curva espada japonesa, era estranho, ele não usava espadas, aquela tinha uma coisa diferente, algo ruim.

-Relaxe, é veneno de Hidra, mas eu o diluí, está mais fraco, vai deixa-las paralisado por algum tempo, não vai matar a sua irmã, mas vamos ter tempo de conversar.

-Você fez isso? –Perguntei.

-Não, sua namorada fez. –ele apontou para onde estava uma menina com um arco.

-Nina?! –eu a vi.

-Olá Órion. –ela disse, andando e indo parar do lado do irmão.

-Qual o sentido disso?!

-Bem Órion... Há alguns anos atrás o Titã Cronos foi derrotado por aquele filho de Hermes com uma pequena ajuda do Jackson e da menina filha de Athena, mas alguns simpatizantes de Cronos estavam tramando para juntar o pó que uma vez foi o senhor do tempo, digamos que eles estão chegando perto disso, e que me convenceram e ir pro lado deles.

-Nos traiu!

-Oh... Isso é uma palavra ruim de dizer... Sabe essa história de sequestro era mentira, eu só estava saindo do acampamento, bem depois recebi a missão de ir atrás da pequena deusa ali. –Apontou para Luna. –Mas eu fiquei esperando vocês chegarem até ela, e agora eu vim cumprir minha meta, se quiser tentar me impedir... Tente.

-Eu vou, sabe... Não vou ficar bravo por ter trocado de lado, estou feliz na verdade.

-Por quê? –ele sorriu.

-Porque eu sempre quis matar você, e agora eu tenho um motivo pra isso. –saquei Fenrir.

-Gostei do motivo. –Ele pegou sua espada.

Eu ataquei, mas ele bloqueou com um balanço ele fez um corte raso no meu peito, foi rápido, mas não foi profundo, aquilo que ele usava não era bronze, era diferente...

-Vai ter que fazer cortes mais profundos se quiser me parar! –eu falei.

-Como quiser. –uma estocada no meu estomago, a espada entrou cortando e senti-a abrir minhas costas, foi tão rápido que não consegui perceber, estava no chão quando vi o corte, mas juntei minhas forças e ataquei novamente, foi facilmente bloqueado, e Yakusa fez um arco de baixo para cima com a espada, senti meu peito arder, o sangue não parava de sair, o corte começava na minha cintura e terminava no ombro, cai sem nem poder respirar direito.

-Fraco Órion, muito fraco... –ele levantou a espada, dessa vez apontando para minha garganta, senti o calor do sangue, mas não senti nenhuma dor... De longe ouvi um grito, parecia que o efeito da paralisia tinha parado... Mas foi a última coisa que eu ouvi...